quinta-feira, 31 de maio de 2012

Se eu fosse burra, não sofria tanto!


Eu nunca julguei que as pessoas fossem realmente burras. Achava que talvez elas tivessem pensado pouco, ou nao se detivessem realmente a fundo em uma questão para proferir uma sentença ou uma opinião consistente. Eu sempre me senti inteligente por nao tarjar as pessoas de burras e nunca discriminar as pessoas que porventura, poderiam ser burras. Minha paciência chegou ao limite. Tem um nível de estultice que somos obrigados a denunciar. É como trabalho infantil, quando começa a adensar, você vai ao Conselho Tutelar. A burrice a gente denuncia a quem?
A burrice anda em escalada, tal qual a obesidade da população. A gordura mental atrapalha o raciocínio. Ó povo parvo (adoro essa palavra que conheci quando li Crime e Castigo e me identifiquei com Raskólnikov), que não lê e se orgulha de ir ao jogo de futebol. O estádio é a arena dos gladiadores romanos. Ninguém pensa, só age e reage a uma bola; ò patria de chuteiras de um Brasil que é o terceiro país do mundo em pior educação. Que droga é essa que  quando a gente pensa muito e chega a atingir um ponto de lucidez tamanho,  o mundo se volta contra você. Ou eu recuo na burrice ou contribuo para aumentar o índice de perceptivos. Mas é impossível: sete bilhões de pessoas no mundo e creio que esse planeta azul desmiolado atingiu o IME (Indice de Massa Estupida) superior a 30%: obesidade mórbida.
É por isso que hoje homenageio os burros, entre os quais eu me incluo por fazer parte desta especie humana estaferma.


Idioletices 

Eu sabia que você era idiota, mas não a nível executivo!Seu Madruga


O problema com o mundo é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, enquanto os estúpidos estão cheios de confiança.Charles Bukowski

Apenas duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Só tenho dúvidas quanto ao universo.Albert Einstein



Pense no quão estúpida uma pessoa normal é, e perceba que mais da metade das pessoas são mais estúpidas que isso.George Carlin


Se 5 bilhões de pessoas acreditam em uma coisa estúpida, essa coisa continua sendo estúpida.Anatole France

É melhor não dizer nada do que ter um diálogo estéril e burro em conversas com os bípedesArthur Schopenhauer


Desculpa, gente...eu vou melhorar
A partir de hoje começo a ler um livro para pacificar o espírito. Eu não creio ser tão estúpida a ponto de nao colocar um pingo de sabedoria na minha mente..Eu vou melhorar a ponto de parecer tão idiota quanto meus ouvintes, de modo que eles acreditem ser tão inteligentes quanto pensem. (Eu sou muito estúpida ao mostrar essa arrogância. Mas e aí..um a mais, um a menos, não faz mal)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Lajeado, cidade invisível


Fiz essa matéria inspirada no livro Fama e Anonimato, de Gay Talese. Foi uma tentativa de cravejar de informações e exercitar o olhar nao domesticado. Gostei do resultado....




 A capital do Vale do Taquari é uma usina de curiosidades, todas à mostra, mas por isso mesmo ocultas no anonimato da claridade.  Na cidade, 16 mil pessoas utilizam transporte coletivo todos os dias. As mulheres mais. Nas quase 25 mil residências existentes na cidade, difícil uma que não tenha animal de estimação. Mas o lajeadense gosta mais de cachorros do que de gatos. É a Lajeado humana, demasiado humana.



Há algo interessante em uma cidade com 71 mil habitantes? A rua dá uma lição jornalística: sim, sim, sim. Há sabor e dissabor na calçada, no céu, ao luar. Um cidadão precisa fugir do olhar domesticado para descobrir a riqueza das histórias anônimas.
Para falar de Lajeado vamos começar pelos anfitriões da cidade.  Não são homens, são imigrantes de concreto. Verdes. Habitam o primeiro canteiro da Avenida Senador Alberto Pasquallini, , dando as boas-vindas a quem entra na cidade. O Monumento ao Imigrante  é composto por quatro estátuas imponentes na entrada principal.  Feito pelo artista Marcos Datsch,, o monumento tem uma conotação significativa importante, que nem todos os habitantes de Lajeado se dão conta. Cada estátua tem uma representação: o agricultor com a foice na mão simboliza o início dos trabalhos dos migrantes. A mulher grávida, a maternidade e a fecundidade, a criança, a nova população que se sobressai em Lajeado e a estátua com o martelo, significa, a produção industrial que é a base do desenvolvimento da cidade.
São 14h de uma quarta-feira, a lixeira da Benjamin Constant está lotada, mas o caminhão de lixo só vai passar a noite.  Os gerenciadores de resíduos recicláveis reclamam: porque as pessoas colocam o lixo muito antes de o caminhão passar?  Entulho na rua dá espaço para gatos e mendigos futricarem e revolverem o lixo. Esta é uma concepção que as pessoas ainda não compreendem.
Os garis são companheiros da cidade. Eles iniciam o trabalho antes do amanhecer, param as 9h para fazer um lanche e tomar café e continuam a labuta de limpar as ruas, sempre de dois em dois. Na frente do antigo Fórum, os tocos de cigarro se instalavam nos paralelepípedos. Havia ali o maior número de “guimbas” por metro quadrado. E os varredores precisavam de esforço extra para colocá-los nas lixeiras. O fenômeno é explicado por hipóteses: como prisioneiros e advogados paravam ali, a espera das audiências, os tocos de cigarro eram jogados fora ao entrarem no prédio.  Lajeado, cidade humana..
Na Benjamin Constant, o número 1531 abriga  uma loja  de antiguidades, cheia de objetos velhos, caros e raros. Há adornos de mais de cem anos. O local atrai muita gente de fora da cidade, ávidos por pérolas de antigamente para decorar o lar. Lajeado, cidade antiga.
 Com 790 habitantes por quilômetro quadrado,  Lajeado tem muitas gente em pouco espaço. É  o décimo primeiro entre os 496 municípios do Estado com maior densidade demográfica. Isso significa que em algumas partes, a população vive “apertadinha”. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge) indicam que o número de habitantes por quilômetro quadrado é 20 vezes maior do que a média no Estado.Lajeado é um pólo regional, e devido ao grande desenvolvimento destas atividades, torna-se atrativo para pessoas de outros municípios em busca de trabalho.  Lajeado, cidade urbana.



Cidade Formigueiro

A vida é dia útil. E de segunda a sexta-feira, a sofreguidão  emperra o trânsito. Na cidade em média, para cada três lajeadenses há dois veículos para transitar numa cidade curta, mas pródiga em empreendedorismo. Todos os dias, as duas principais empresas de ônibus da cidade despejam 16 mil usuários. Em Lajeado, 25% da população costuma se deslocar por transporte público. As mulheres são maioria. . São também as mais exigentes. Querem pontualidade e não toleram superlotação.
Para  muitos o Centro é  local de comprar roupas, sapatos e jóias. Para corretores de imóveis e proprietários de prédios, de ganhar dinheiro: alugar uma loja por R$ 15 mil reais na Avenida Julio de Castilhos, com o metro quadrado mais caro da região e ver o investimento crescer. Para os lojistas, é o chamariz para atrair clientela, mulheres afoitas pela moda e oportunidade de abrir crediário. O Centro abriga 800 pessoas por quilômetro quadrado, mas a multidão está só na presença de si mesma. Enquanto a luz do sol banha a cidade, ruídos, descargas, buzinas, passos apressados, a diversidade está estampada num mosaico que ninguém vê: mas  há personagens que evocam curiosidade, dor, comiseração ou sensação de identificação. Lajeado, cidade formigueiro.
Os cachorros são os xodós da população de Lajeado. O Censo animal do município revela que em 70% das casas tem algum animal de estimação. Mas os cães disparam em popularidade.  Os lajeadenses gostam duas vezes mais de cães do que de gatos. Na carona dessa paixão animal, os pets se multiplicam em  Lajeado. Hoje são mais de 20. E o movimento não para. No Natal, o movimento nos pets aumentaram em até 30%.
Os donos estão dispostos a gastar com seu animal de estimação. Até as crianças levam os xodós para se enfeitarem. A prefeitura comprou 1.800 microchips para colocar nos cachorros da cidade,. Os chips vão ajudar  a localizar os animais se eles se perderem. Os animais que entram no Canil saem chipados e castrados, principalmente aqueles que se extraviaram nas enchentes. Lajeado, cidade animal.
Os lajeadenses gostam de engraxar seus sapatos. E o fazem na frente de uma padaria. Ali os jovens que engraxam ganham a clientela. Os fregueses da manhã aparecem por volta das 8h. São médicos, advogados, empresários que antes de rumar ao escritório, vão fazer o café-da-manhã.  Os engraxates percebem a  profissão do freguês pelo pé. Sapato bom e novo é usado por advogado ou doutor. As mulheres também engraxam suas botas, mas aquelas de canos altos tem valores maiores porque demandam o dobro de cera. Elas preferem a cor marrom, eles optam pelo preto. Sua freguesia se reveza entre esses dois tons. No verão o movimento diminui porque as mulheres trocam as botas pelas sandálias. Do promotor ao cobrador, a vida comum passa por cima da caixa de sapato do engraxate. Lajeado, cidade de malabares..

Lajeado tem mais de três mil pessoas morando sozinhas. São lares de uma pessoa só, que precisam apenas de meia dúzia de ovos, meia fatia de melancia, meio pão integral. Lajeado é a cidade pólo do Vale do Taquari e toda cidade pólo atrai pessoas que buscam novas oportunidades. A Univates hoje é um diferencial que Lajeado possui que potencializa a atração de pessoas, não só os estudantes mas também profissionais que investem sua carreira profissional na instituição. Muitos alunos e profissionais se transferem para Lajeado para residirem e exercerem suas atividades.  Lajeado, cidade dos “singles”



A união faz a renda

A renda conjunta das famílias lajeadenses é a maior do Vale do Taquari. O Censo 2010 identificou que dos 24.962 lares, 1.811 conseguem somar cinco salários mínimos por mês. Isso significa que a renda total de pai, mãe e filhos ultrapassa os R$ 2,725. Essa é uma característica de uma cidade urbanizada e com a economia diversificada.
Explica-se: enquanto Lajeado tem indústrias de alimentos, comércio forte, escritórios de advocacia, consultoria ou contabilidade, há mais chance de trabalhadores do Ensino Médio conseguirem cargos como atendentes, secretárias ou ajudantes de escritório. Nos supermercados, estabelecimentos pagam o mínimo para estudantes ou ocupam a terceira idade. As mulheres passaram de donas de casa a artesãs ou auxiliares de cozinha, farmácia ou balconistas. Todo mundo ajudando um pouquinho, avulta a renda no fim do mês. Lajeado tem cursos de aperfeiçoamento, diversas atividades e isso facilita a qualificação da mão de obra na cidade. Segundo o Ministério do Trabalho, mais de 30 mil pessoas estão empregadas com carteira assinada. 

Curiosidades
- Com 790 habitantes por quilômetro quadrado, Lajeado é o décimo primeiro em densidade demográfica entre os 496 municípios do Estado.
- O Estado tem 37,96  habitantes por quilômetro quadrado. Lajeado possui 20,82 vezes a densidade do RS.
- A cidade possui apenas 3% da área original. Há 120 anos tinha 3,5 mil quilômetros quadrados, hoje só tem 90. É decorrência das emancipações.


Jones: do IBGE
O que destaca o IBGE
- Em 1858  Lajeado possuía 188 pessoas, dos quais 112 alemães.
- 154 anos depois, Lajeado tem quase 72 mil pessoas: há mais alemães, mas os italianos também investiram na cidade

quinta-feira, 24 de maio de 2012

E o phi da questão



Missão de hoje: perceber a filosofia entre a vida Pitônica e o Pi. Comecei pesquisando e percebendo que cada vez mais, Deus é um palhaço. Se de fato Ele existir, tem um senso de humor apurado, muito mais de efeito do que Patati e Patata. Deus fez o pi e o PHi.

O PI é a eternidade (pq se repete sempre) e o Phi é o equilibrio das proporções. Estou ficando louca. Louca de pensar. Se penso, faço chiste.
O dia do Pi é comemorado em todo o mundo em 14 de março (3/14). Pi = 3,1415926
Teremos em breve um Pitônicas in Piday

o Pi..é legal mesmo, envolve mais filosofia do que matematica..serve ate como funk: eu quero pi, eu quero pi.

Phi que corresponde a 1,618, representa a beleza perfeita, a proporção ideal. Da Vinci pintou a Mona Lisa baseado no PHi; quanto mais um rosto tiver as proporções 1,618 mais perfeito e lindo ele sera.
Todo mundo quer ser Phi
Pouca gente viveria a vida em Pi. Pi é o eterno retorno que Nietzsche tanto fala. Viver em Pi é continuar sempre em linha reta, tendo um "como" para prosseguir.
Pi: o vínculo da perfeição- 3,14 Pi
Na Bilblia em Colossenses: 3,14:14 E, sobre tudo isto, revestí-vos do amor, que é o vínculo da perfeição...intrigante, instigante Pi+ tônicas=Pitonicas
Enquanto o Pi me intriga
O Phi me encanta. Seduz e se destaca. A vida em Phi, é a vida filosófica. É a vida em F. Não é a toa que no cadastro internacional de doenças - Cid 10 estou na letra F. Sou F31, bipolar. Somos todos F, porque estamos enquadrados todos la, toda população que sofre de algum mal psíquico. Somos todos F, entao somos todos Phi. Deus é um brincalhão.
Ele colocou o Phi no homem e na natureza, até na casinha do caracol, para que seguíssemos as pegadas dele e fossemos até ele. Deus deixa vestígios porque Ele quer que a gente O descubra. Deus, deus, somos tão ateus. Até que aparece o Phi e nos ensina que a matemática é filosofia e que toda vida em Pi é um cálculo irracional, feito para vivermos em proporção divina. Vida Pitônica. Está em nós pensar no Pi. Somos autores de nossa Propriedade Intelectual.
Muito embora nosso IP nos denuncie que mergulhamos obsessivamente no ciberespaço, a vida em Pi é aleatória e imprevisível, porque se repete sempre. Pi, o Eterno Retorno. Phi, a proporção ideal, equilbrio da vida. Deus fez os dois para que em equilibrio, conquistassemos o eterno retorno. Aquela vida na qual gostaríamos de viver sempre, em sucessivas vezes. Meu Deus, Deus é matemático. E filósofo. Então Deus fez a Terra com perímetro em 3,14. Deus é irracional. Mas se é Deus, Ele tem razão.
Eu penso, me descarto. Meu Deus eu vivo em Phi. 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

A carta (na visão da Marianna)

Minha filha teve a missão de reescrever a carta de Pero Vaz de Caminha. Fez um relato bem-humorado que todo mundo riu em sala de aula...Filha de escrevinhadora, escrevinhadorazinha é..

VOSSA ALTEZA, O REI
"Lhe peço absolvição por minha ignorância, porém vossa alteza admita que lhe estou sendo útil neste instante. Admita também que meu vocábulo é mais eficiente que o de vossa majestade. Pois bem, nao estamos aqui para falar de vossos feitos. Ofereceria muito trabalho a minha pessoa listar todas as deformidades de vosso rei.
A terra deparada, digamos que no fim do mundo há de muito verde, água, mulheres apetitosas, homens nus e brutos.
Os homens andavam armados com arcos e flechas. Andavam nus por toda a praia, por certo tempo ficamos apostando de qual era o maior. Apelidamos eles de índios. Infelizmente perdi 40 libras em 15 centímetros. 
Eles nos levaram a seus barracos um tanto cômodos, tentamos conversar mas nao deu muito certo. Nos ofereceram comida e água. Ofereceram-nos uma espécie de cama, feita de folhas e mais alguns trapos, parte da tripulação dormiu junto aos índios, a maioria voltou para os navios por medo.
Eu, bom, eu conheci a Darlene. A Vossa Alteza já sabe o resto. Lê a carta de um tal Pero Vaz.
Com respeito e dedicação, Tiririca"

terça-feira, 22 de maio de 2012

Não conheço a verdade




Todos os dias acordo cheia de dilemas. Não é do tipo: que roupa vou colocar. Pego a primeira calça, a bota surrada  que está no canto quarto  e o casaco do cabide. Simples assim. Meus dilemas não são confecções, mas são de vestir. É tipo assim: que moral vou ter hoje?Há tempo  desconfio que a moral é customizada. A gente ajusta daqui, encaixa dali e quando nos serve, fizemos o discurso politicamente correto.  Um deles é este: “Nossa como a prefeitura corta tantas árvores, que crime para a humanidade.” Nossa, como somos justos e bons.

No outro dia, estamos solicitando uma licença florestal para cortar a árvore da frente que cai folhas e suja o pátio. Quando ocorre com os outros, é desmatamento. Quando é conosco, é uma poda fundamental.
A gente se corrompe em  pequenos atos cotidianos. Tem uma frase de Nietzsche que lembro quando penso  na moral de cuecas: “Todo homem tem seu preço, diz a frase. Não é verdade. Mas para cada homem existe uma isca que ele não consegue deixar de morder.”
Somos iscas nesse planeta monetário.As vezes somos iscas apenas por vaidade e não é nem por dinheiro.  Eu tenho erros nos quais patino toda hora. Com frequencia me abate um surto de moral. Eu nunca sei se sou uma pessoa boa ou má. Sou alguém “BAH” (Boa/ Má/Híbrida). Algo que está na média popular. Ser médio é tão chinfrim.
Sempre briguei para não ser “mezzo”. Estar em cima do muro, não pender para lado algum é o local mais perigoso que se possa estar. Opinar pelo “não sei”, navegar em águas mornas, não ferir ninguém nunca. Não é meu feitio. É bíblico e eclesiástico que se tome algum partido: “Oxalá sejas frio ou quente se fores morno de vomitarei”.
Ou erro bastante ou acerto no alvo. Assim, luto uma batalha interna para manter a lucidez. Quando penso que tenho dó de crianças estupradas, mães desamparadas, cachorros esfaqueados me considero “do bem”. Me julgo má quando recrimino e julgo um colega meu, falo mal dele ou quando solto as patas. E vou te contar: é tão fácil falar mal. Acho até que é terapêutico falar mal do outro. Firo facilmente. Inúmeras vezes falei de meus colegas pelas costas. Li textos de jornalistas e me regozijei porque eles estavam mal escritos. Que má que sou.
Mas chorei no filme “A Espera de Um Milagre”, e na hora me senti um ser “bonzinho”. Aquele R$ 1 real que dei na sinaleira para o malabarista que brincava com as facas me fez sentir melhor. Por um níquel comprei minha redenção. Nossa, como sou cristã. 
Mas veja o quanto sou pecadora. Tenho inveja de quem ganha mais do que eu e só rezo quando estou desesperada. Então, clamo por Deus com o furor de um touro.  Quando estou bem, esqueço as rezas.Sou fiel a Deus só quando me convém. Porque  Deus  atenderia  um pedido meu em vez de o de uma  pessoa faminta do Haiti? Assim, me sinto malévola ao rezar. Estou tirando o lugar de alguém.
Eu choro.Choro verdadeiro, nao sou heroi, sou vulneravel e humana
Todos os dias acordo querendo ser boa. Mas a grossura de um colega meu não deixa. A palavra áspera da minha amiga da fila me pega desprevenida e lá estou eu retrucando. Xingo o carro da frente, a filha que se atrasa, o chefe que não sabe se comunicar.  Todas as noites deito-me me sentindo uma menina má.Então Cássia Eller me soma: “eu só peço a Deus, um pouco de malandragem. Sou criança e não conheço a verdade”.Esta crônica é um “mea culpa”, porque nesta semana foi aprovada a Lei de Acesso à Informação.Além do Executivo, Legislativo e Judiciário que agora vão ter de mostrar a cara (assim espero, mas não confio) quero ver os humanos confessar suas infâmias.
Só eu e o Fernando Pessoa estamos fartos dos semideuses do Facebook?Só eu e o poeta somos vis e infames nesta terra de gigantes que trocam vidas por diamantes? A humanidade é uma granja maquiada em uma propaganda de refrigerante.

3,14 tônicas

Ed, meu colega artista e jornalista, me fez uma surpresa que achei bem bolada: uma brincadeira com o Pitônicas. Colocou Rosa nos olhos da pintura e  uma arte com o nome "pItônicas". O símbolo ali em cima é o "pi", aquele da álgebra. Ficou descontraído: um conceito inteligente. Gostei...

domingo, 20 de maio de 2012

Quem nunca teve um amor barato?-




Dor de Cotovelo por amor de 1,99- Você ainda vai ter uma. 

Se não passou por ela, então não atingiu a maioridade. Não entrou realmente para o mundo dos humanos. Eu te digo, a experiência amorosa dos outros te diz: dor de cotovelo é inevitável. Não tem graça você amar e ser bem-amado até o fim da vida pela primeira pessoa que você abriu seu coração. É preciso ter um ...pouco de transtorno, de dor, de aflição. É preciso se matar soluçando no travesseiro, querer se esconder debaixo de um buraco, se remoer de amor. É necssário se lamentar com os amigos, pedir conselhos, não saber o que fazer e até mesmo se rebaixar para pedir para a pessoa voltar. Isso é viver. É ruim na hora. Na verdade é terrível, mas depois passa. Um ano após, quando a ferida estive cicatrizada, você vai reviver a experiência dolorosa e relembrar não da ferida, mas das sensações legais que a experiência de proporcionou. Vai ser até mais humano. E por ter vivência em dores de amor, vai cuidar para não brincar com os sentimentos de ninguém. Dizem que a dor é didática, ensina a viver. Eu sempre contestei esse tipo de afirmação porque acredito que todos temos nosso erros recorrentes, aqueles nos quais a gente cai sempre e não aprende. Mas nesse caso, sim, aprende-se com dores românticas. Elas podem ser o combustível para que você melhore, faça melhor da próxima vez. Talvez com mais carinho, tato e sensibilidade. Sim, porque as dores nos deixam mais sensível e por conseqüência, cuidaremos melhor do coração do outro. Dor de cotovelo. Você ainda vai passar por ela. Ei. Caaaaalma. Ela passa.!!
Ex-my love. Sempre vale 1,99

sábado, 19 de maio de 2012

Rede Nossa

Estou fazendo o trabalho do professor Francisco Menezes

Me veio uma reza forte:

Pai Nosso

Pai nosso que estais em rede
Globalizado seja vosso Ceo
Venha nós a vossa lista
Seja feito vosso compartilhamento
Assim no Facebook
Como no twitter

O curtir nosso milhares de vezes nos daí hoje
Abrigai nossas fotos e poses
Assim como nós abrigamos
A quem nos tem adicionado
E não nos deixei cair em tentação
E livrai-nos
Da espetacularização do eu
e-mém

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A Carta


 Pitônicas desta segunda-feira ficou incompreensível para muitas pessoas. Eu sabia que seria assim, que seria uma leitura difícil, mas optei por ela.  Baixei a carta de Pero Vaz de Caminha e em cima dela, escrevi o que vi sobre o Vale do Taquari e sua política...não quero 15 vereadores na cidade. Vejo o que Pero Vaz viu, que esse povo merece ser salvo. Me perdoem leitores pelo linguajar dificil, mas compreendam o objetivo: salvar esta terra chã e mui formosa..


**** Todas as palavras derivam do portugues de 1.500. Naquela epoca Pero vaz ja avisava que seria necessário uma salvação,,,,que nao veio...

A carta

(por Pita Jaz na Terrinha)

Majestades eleitores

Posto que não consigo ser capitã da minha rota, mas outros capitães virão e diremos: olá vossa alteza, comunico que eles conseguiram o achamento de uma teta nova. Não deixarei de dar conta disso, a vossa alteza, senhor do cofre público, ainda que para o bem contar e falar, seja eu uma das poucas a fazer,
Tome vossa alteza minha petulância por boa vontade. E creia que não quero mocozar nem onerar mais do que aquilo que vejo e me parece.
Da falcatruagem e urdiduras da boca de urna não darei aqui conta, porque não o saberei fazer e aqueles que pilotam a cidade e o país devem ter esse cuidado. Eis que começo a falar e digo:
A partida de 2013 é indigna. Houvemos vista mais cinco edis. Serão 15 a se acoplar na nau. Primeiramente duma grande mesa. mui alta e redonda, lançarão ancoras. Acudirão os homens? Dois, três, 71 mil? Eram pardos, açorianos, italianos, portugueses. Nas mãos trazem celulares e tablets. Vem rijos, sob seus volantes. Mas estão todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas, seus litígios, suas sangrias. Não é de todos que se tem um entendimento de proveito. A feição deles é serem políticos, antes fossem pardos. Bons rostos, bons partidos, bons photoshops, andam nus, nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas  vergonhas; e nisso não têm tanta inocência. Trazem os beiços risonhos. Um gasto agudo como furador. Aumentarão 500 mil a mordedura, mas vai estar ali encaixado de tal sorte que não os molesta nem os estorva no falar, comer ou beber. Tosquia alta. O povo começa a acenar com a mão. Mostram a eles, uma cruz, uma figa, uma urna, quase tiveram medo dela. Depois olharam o povo espantados.Votem em mim.
Deram-lhes ali de comer: cerveja, churrasco, confeitos.Trouxeram-lhes vinho numa taça; diziam que dariam emprego, o povo tomou aquilo por ouro. E lançou-lhes um manto por cima e veio de vitoria a urna. E com ele vieram os outros que o povo levou, os quais vinham já nus e sem carapuças.

Então se começaram de chegar muitos. Entravam pela beira da porta, pelos CCs,, até que mais não podiam;  traziam cabaços de água, cabides de empregos.

E assim, por melhor a todos parecer, ficou determinado.

Além do rio, andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante dos outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem.
Isto me faz presumir que o povo não têm casas nem moradas a que se acolham. Para muitos algumas  choupaninhas.

Andavam já mais mansos e seguros entre nó, o povos,  mais do que nós andávamos entre eles.

Eles não lavram, nem criam. Votam nomes de ruas.

Esta terra, Senhor, me parece é muito chã e muito formosa.

A terra em si é de muito bons ares, vale fértir, frio e temperado.

Águas são infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo.Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece  que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.

E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza  do que nesta vossa terra vi. E, se algum pouco  me alonguei,  me perdoe, que o desejo que tinha,  de Vos tudo dizer, mo fez assim pôr pelo miúdo.

E pois que, Senhor, é certo que, assim neste cargos que oneram, Vossa Alteza há de ser muito pouco servida. Faço singular pedido, não entre nesta nau mais mancebos de que se necessita.

Beijo as mãos de Vossa Alteza, O Uno.

Deste Vale do Taquari que considero meu Porto Seguro, sexta-feira, outubro de 1500 (mas poderia ser 2012).

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A esquina dos ventos uivantes

O mundo “trans” vive e palpita na esquina da minha casa. Volta e meia ouço conversas, buzinas e gritinhos. Nas quintas-feiras, o burburinho é mais alto. É noite em que todas se reúnem, inclusive com a presença da celebridade maior: a Mona de todas elas. A que é imitada, ouvida, elogiada. A que abriu o campo. Foi peituda o suficiente para se sobressair e para desfilar no Carnaval com o corpo pintado e um minúsculo tapa sexo.


O mundo transexual é apenas reativo. Se você vai a eles com um sorriso no rosto e disposto a conversar sem dogmas, preconceitos e deboche, eles o tratam ao seu nível: conversa aberta, tiram todas as suas dúvidas. Isso não é apologia. É fato real.

Há muitos meses que as meninas fazem o seu escritório a céu aberto perto da minha casa. Agora, vai ficar mais céu aberto ainda, porque tombaram as nogueiras. De certa forma ficarão mais visíveis. Uma vitrina a clientela. Não há uivos na noite trans, só murmurinhos. Elas não gritam e nem causam alarido.

Julgo salutar ter pré-conceito. Eu adoro pré-conceitos. Os meus pré-conceitos, enquanto são pré, significa que podem ser mudados. Significa que ainda não formei o conceito definitivo. Por isso, desistam de achar que me ofendam, quando me dizem que estou sendo pré-conceituosa. Pré-alfabetização é uma etapa anterior a alfabetização. Pré-conceito precede aquilo que a mente contem de “conpecput” – de conceber dentro de si.

O chato é quando tu fica apenas no pré-conceito e não te liga para ir buscar o próprio conceito. É aquela historia da zona de conforto. Tu não sai da tua para checar se as coisas realmente são como tu pensa.

Eu fui. Desci as escadas do edifício. Sempre fui mulher de esquina. Conheço as boites da Rua dos Marinheiros em Estrela. Era frequente na antiga Stilus. Sempre transitei confortavelmente entre os guetos. É o meu sofá predileto.

Quando desci para falar com as meninas debaixo de casa, fiquei constrangida. Eu me sentia mais traveca do que elas. Os caminhões e veículos descarregavam as buzinas, faziam acenos. Eu me senti excluída desse trottoir. Pô, tô valendo menos no mercado. Meus gestos são mais masculinos do que os delas. Meu caminhar é mais pesado. Meu comportamento italiano, gestos amplos e largos me fazer uma machinha. E isso piora quando engordo. Se eu não tivesse certeza de mim, eu iria falar mal de mim para os outros. Eu sento com as pernas abertas, abro até que dá. As coxas se esparramam, minhas mãos são pequenas e grossas. Eu caminho de um jeito truculento. Não sou páreo para Micaela que apesar dos 1,9 tem os gestos delicados. E a Michele é mais feminina do que muita gente.

Elas me falam que migraram para a entrada da cidade porque a clientela é maior. Micaela, 19 anos, de Caxias do Sul tira perto de R$ 3 mil por mês fazendo quatro programas noturnos. Elas só lidam com dinheiro vivo, nada de cheque ou cartão. E eu comprovei, cada carrão que para na esquina para buscá-las. Achei que temeriam a minha presença, mas que nada. Foi como se eu fosse uma delas. A mais jamanta da história. Micaela diz que é assediada porque como é alta, os homens a procuram pressupondo que tem um brinquedo grande. E é, embora não goste de falar disso. Há um acordo de damas entre prostitutas e travestis. Um grupo não invade a área do outro. Há espaço para todas. Michele veio de Parobé, formada, diz que o destino comum é esse: negociar o corpo, poucas são as chances de se erguer em uma profissão.

A nossa conversa é sempre entrecortada, porque a cada quatro minutos um veículo para para conversar com as moças. Eu então reinicio o diálogo. Mas desta vez, Michele sai. Arrumou cliente e não era café pequeno. Micaela diz que no futuro, todos vamos ser bis ou homos. Muitos homens já estão a caminho mas simplesmente não compactuam com ia idéia de se sentirem menos machos. Bis, tris, homos ou pan. Todos somos sexuais. Menos a Oprah, que se diz, calçou as sandálias da assexualidade. Que mal tem? Eu, hein, neném.



terça-feira, 8 de maio de 2012

Que grilo falante temos na cachola?



O meu grilo falante nunca foi carola: quando eu fazia alguma coisa fora do eixo, não ficava em cima de mim, “isso é errado, isso é errado”.  Em parte porque nunca fiz nada de tão errado assim, só loucuras que a sociedade julgava rebeldia. Já tomei banho no chafariz no Unicshopping e não estava chapada, nem bêbada. Creio que sempre fui louca de cara. E isso sempre foi bom porque nunca botei meu dinheiro fora com alucinógenos.. 

Hoje, me acomodei em casa. Há anos não vou a baladas e as minhas transgressões são sintoma da minha paixão pela escrita: eu furto adoidadamente canetas.  Me faço de salame e roubo na cara dura. Não pode ser qualquer caneta, dou preferência às de laboratórios farmacêuticos. Então, a minha mira são as farmácias. O pessoal onde frequento fica atento e as  retira ao me ver entrar.  Vez ou outra esquecem no balcão e eu nhac, já era.
Quando roubei a primeira caneta, meu grilo falante falou alto: isso é errado. Me lembro como se fosse hoje. Fui entrevistar um médico em uma clínica. Ele saiu por alguns instantes da sala e eu vi aquela canetinha tão linda, roliça e fofa. Peguei. Mas como estava de consciência pesada, coloquei uma bic velha no lugar. Depois disso foi mais fácil. É sempre assim. Os assassinos também são assim. Os ladrões.  Seja para pegar canetas ou para matar, não interessa, quando você atravessa o portal, você rompe suas barreiras.
Estamos derrubando todas as barreiras, subornamos o nosso grilo falante. Não tem mais nenhum para gritar igual aquele do Pinóquio: não faça isso, você está errado. Somos os filhos da era do “liberou geral”.
Uma  das fontes que mais aprecio entrevistar é o psicólogo Sergio Pezzi. Sempre aprendo com ele, porque ele sempre tem muito a dizer e isso me surpreende porque estamos vivendo num tempo em que mesmo os entrevistados não dizem nada. Possuem um diálogo vazio. Não foram poucas as vezes em que eu agradeci a entrevista e pensei: “tá, mas e aí, o que ele quis dizer com isso? Ele não disse nada”. Me sentia um  engodo por muitas vezes, encher de nada uma reportagem.  Por fim, acabei percebendo que muitas vezes, nem o entrevistado sabe como dizer algo que ele sente.
Pezzi trabalha com adolescentes infratores. . Na sua última palestra, disse umas coisas que me acenderam uma luzinha. Fiquei revolvendo durante dias.  Disse que nós somos formados por palavras. Quando a criança nasce são os pais que dizem para essa criança o quanto é querida, jeitosa e valorizada. É isso que  vai transforma-la num ser humano. As palavras são nossa segunda pele, e servem de proteção social. Muitas vezes nos preocupamos com a nutrição, mas não com nossa pele simbólica que é um fator protetivo.
O que está acontecendo hoje é que vivemos no mundo das imagens. Se adotou a ideia de que uma imagem vale mais do que mil palavras. Compartilhamos fotos e Power point pelo Facebook. Temos preguiça de ler algo com mais de 15 linhas.  Atrofiamos tanto o vocabulário que não temos mais palavras para definirmos como nos sentimos.

Pezzi alerta que ao nos faltar palavras, tendemos a agir por impulso. Então  começamos a pulverizar a terra com sintomas modernos.  O sintoma nunca aparece de uma forma isolada, tem a ver com o mundo e com a época em que se esta vivendo.
Queremos uma boa dose de droga para viver uma experiência sensorial e não afetiva. “Afinal, meu, eu to a fim de sentir e não de falar. Pô cara, que irada essa vibe. Se liga na parada meu. Muito louco”
Queremos uma experiência com o objeto que está entre mim e a pessoa da frente. E o que tem entre o João e a Maria é o copo. ‘O que conecta as pessoas hoje é o conteúdo das garrafas e não a conversa”, frisa Pezzi.
Esse super eu contemporâneo, criado com a ideia de que é obrigatório ser feliz sempre, está nos levando a falência.  Vivemos relacionamentos de bolso, nunca tatuamos tanto o corpo quanto agora, nos reunimos nos postos das esquinas:  trocamos a teve, o carro e o celular.  Se neguinho diz pra mim que LCD é mais cool que aquele “tubão” antiquado, ele tá certo.  Eu quero uma e vou comprar em 24 prestações porque meu supereu quer mais imagens de sucesso e a novela me diz que se eu usar o brinco da Leona eu serei muito mais bonita.
Raul Seixas já esmerilhava na ironia quando cantou há 45 anos, na época em que as propagandas de cigarro eram liberadas.” Eu procurei fumar cigarro Hollywood que a televisão me diz Que é o cigarro do sucesso.Eu sou sucesso (eu sou sucesso!) “. Quando eu leio Clarice Lispector, fico pasma de o quanto ela utilizava palavras. Transmitia em suas crônicas todo o seu tormento interno, as suas viagens não eram com LSD, mas através de uma verborragia íntima. Ela dizia: Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento. Eu concordo com ela. E vou continuar escrevendo palavras com minhas canetas furtadas. Eu penso com cadernos ao lado da minha cama, nunca por computador. Se for para o mundo reaprender a verbalizar, deem-nos canetas.  Chega de brioches.