Apesar do regozijo dos brasileiros, da polícia e dos governos ante a reconquista do Rio, face ao desmantelamento do tráfico, sei não. SEI NÃO. Parece que há algo iminente que ainda não foi visto. Uma espécie de emboscada por parte dos bandidos. Foi tudo desarticulado tão facilmente, foi tudo conquistado tão às pressas. Me parece que os traficantes estão incubando alguma mega ideia maldosa, para fazer os policiais voltarem aos seus lugares. E mortos.
Percival Puggina resumiu bem a coisa toda: "No fundo, cá entre nós, muita gente fugindo e quase ninguém sendo preso. Bastante fumaça e pouco resultado para os riscos da operação. Me fez lembrar a diferença entre o espanador e o aspirador de pó. O poder público agia como espanador, mas a situação estava a exigir um aspirador. Os bandidos simplesmente mudavam-se de um lugar para outro, qual poeira sacudida, levando suas armas e suas bagagens. De mala e cuia, como se diz no Rio Grande do Sul."
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
O poder de Marianna

Ela é a cena principal da minha vida. Há três anos, entrevistei-a pela primeira vez e agora faço um remake com minha filha, desta vez mais amadurecida, mas ainda assim menina. Marianna Rabaiolli tem agora 11 anos e aprendeu a desvendar as belezas da vida, gosta de dar gargalhadas com as amigas e a colocar todos os papos em dia no computador. É a típica geração Z, aquela que nasceu em berço digital e transita no cosmos virtual com uma facilidade dificil de ser aprendida pelos mais velhos. Ligada em televisão e vampiros, pura influência da saga Crepúsculo, Nanna mantém a energia de quem tem um futuro pela frente. Um futuro estreitamente ligado ao seu estado de espírito.
Mãe - O que você mais gosta em você
Marianna - Eu acho que é minha felicidade. Sou extrovertida. Dificil eu ter momentos tristes. As minhas amigas e a minha família riem comigo. Talvez seja genética, mas não tua.
Mãe - Você nunca é triste?
Marianna - Sim. Isso sim, as pessoas precisam da tristeza às vezes. Mas talvez não seja bem tristeza, seja mal-estar. Nenhuma pessoa é de ferro ou tem o coração de pedra. As vezes elas choram sozinhas, porque na frente dos outros querem mostrar que são fortes.
Mãe - Qual a tua maior força?
Marianna - É mesmo a felicidade. Quando eu rio, me reergo
Mãe - O que você menos gosta nas pessoas?
Marianna - Eu não gosto de pessoas quietas. Elas dizem que são santinhas, mas são diabólicas. Elas pensam mais do que falam.
Mãe - Qual teu maior defeito?
Marianna - Ser feliz demais não é muito bom. Assim como ser triste demais não é bom também.
Mãe - Qual o dom da natureza que tu gostaria de ter?
Marianna - Eu gostaria de controlar a água, pois é um dos maiores bens da natureza.
Mãe - Qual teu maior desejo?
Marianna - Ter asas. Seria bonito ver o mundo lá de cima, mas sem avião, só com asas.
Mãe - O que o futuro te reserva?
Marianna - Talvez o poder. Mas o poder de curar, ser médica. Talvez seja essa minha missão na Terra.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Caco, farejador de verdades
Quando chego perto de meus raros ícones, consigo entender as tietes. Com a diferença de que não persigo a luz dos holofotes, mas me vergo perante o bom e decente jornalismo, que sim, está na luz dos spots. Um homem mais baixo do que aparenta no vídeo, mas o carisma é maior ao vivo. Caco Barcellos, (60), um homem de legião. Legião de fãs e focas, todos querendo ficar sob seu escudo no Profissão Repórter. Um homem de guerras: 20 ao todo e até aqui. Um homem com vergonha na cara. Um regozijo ouvir suas lições de valor.
Mas um prazer contraditório. Na platéia, sinto privilégio por ter a chance de beber de sua fonte. Mas também se opoe o contrário. Fico ciente do disprivilégio de so poder ouvi-lo durante um punhado de minutos. Não estou entre os eleitos de ser súdita de seus ensinamentos. Isso me come pela beiradas. Tanto conhecimento que eu não vou aprender. Posso ver pela tevê, não sou autoditada para assimilar seu metodo pela tela.
Mas vê-lo reforçou minha admiração. Com voz centrada, exala dele não uma tranquilidade, mas uma paz espiritual. A paz de um discurso de quem encontrou seu dever de ofício: perseguir verdades. A paz de quem não fraqueja diante de pessoas não honestas. A paz de quem está consciente da força da ação coletiva. "Da noite para o dia, o fraco vira forte." Esse é o lema que o precede para lutar contra aqueles a quem chama de coronéis. A paz de quem possui a informação. "A Informação é a grande aliada para enfrentar situações de risco."
Caco enuncia o que lhe fez bom repórter:
Vergonha na cara
"Um homem de valor tem que ter vergonha na cara". Essa vergonha tem que ser forte para combater verdades insidiosas.
"Eu não dou ordem como gestor, eu dou exemplo"
"O corrupto contestado pela pessoa certa perde sua força."
"Há uma lei oficiosa presente nas redações. A crença de quem com magistrado não se deve mexer. Mas eu estou na profissão onde as pessoas devem por dever de ofício, perseguir verdades"
"Procuro jovens idealistas; inquietos intelectualmente e que estejam atentos às histórias dos outros."
"A diferença do repórter para a pessoa comum é que a gente vê primeiro. A gente testemunha a alegria ou o sofrimento dos outros."
"A polícia brasileira é a mais matadora do mundo As notícias dizem que o ladrão é sempre o culpado: bandidos trocam tiros e morrem no revide. Mas o problema é que a Tropa de Elite é matadora em série. Mata mais inocentes do que criminosos, e sobretudo, negros."
"Que policia é essa que age arbitrariamente e de forma nojenta com os mais fracos e é generosa com os mais fortes?"
"Os maiores matadores do Brasil somos nós os trabalhadores corretos: 55% das mortes é praticada pela fechada no trânsito, pelo cara com ciumes da mulher, pelo profissional liberal. O risco de morte é altissimo se você brigar com seu vizinho. Mas 45% das mortes é praticada pela Tropa de Elite e so 3% dos assassinatos são feitos por assaltantes no Brasil."
Mas um prazer contraditório. Na platéia, sinto privilégio por ter a chance de beber de sua fonte. Mas também se opoe o contrário. Fico ciente do disprivilégio de so poder ouvi-lo durante um punhado de minutos. Não estou entre os eleitos de ser súdita de seus ensinamentos. Isso me come pela beiradas. Tanto conhecimento que eu não vou aprender. Posso ver pela tevê, não sou autoditada para assimilar seu metodo pela tela.
Mas vê-lo reforçou minha admiração. Com voz centrada, exala dele não uma tranquilidade, mas uma paz espiritual. A paz de um discurso de quem encontrou seu dever de ofício: perseguir verdades. A paz de quem não fraqueja diante de pessoas não honestas. A paz de quem está consciente da força da ação coletiva. "Da noite para o dia, o fraco vira forte." Esse é o lema que o precede para lutar contra aqueles a quem chama de coronéis. A paz de quem possui a informação. "A Informação é a grande aliada para enfrentar situações de risco."
Caco enuncia o que lhe fez bom repórter:
Vergonha na cara
"Um homem de valor tem que ter vergonha na cara". Essa vergonha tem que ser forte para combater verdades insidiosas.
"Eu não dou ordem como gestor, eu dou exemplo"
"O corrupto contestado pela pessoa certa perde sua força."
"Há uma lei oficiosa presente nas redações. A crença de quem com magistrado não se deve mexer. Mas eu estou na profissão onde as pessoas devem por dever de ofício, perseguir verdades"
"Procuro jovens idealistas; inquietos intelectualmente e que estejam atentos às histórias dos outros."
"A diferença do repórter para a pessoa comum é que a gente vê primeiro. A gente testemunha a alegria ou o sofrimento dos outros."
"A polícia brasileira é a mais matadora do mundo As notícias dizem que o ladrão é sempre o culpado: bandidos trocam tiros e morrem no revide. Mas o problema é que a Tropa de Elite é matadora em série. Mata mais inocentes do que criminosos, e sobretudo, negros."
"Que policia é essa que age arbitrariamente e de forma nojenta com os mais fracos e é generosa com os mais fortes?"
"Os maiores matadores do Brasil somos nós os trabalhadores corretos: 55% das mortes é praticada pela fechada no trânsito, pelo cara com ciumes da mulher, pelo profissional liberal. O risco de morte é altissimo se você brigar com seu vizinho. Mas 45% das mortes é praticada pela Tropa de Elite e so 3% dos assassinatos são feitos por assaltantes no Brasil."
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Monteiro Lobato sem televisão
Os heróis e os vilões da televisão figuram no mundo infantil como o melhor entretenimento depois da bola de futebol. E não há menino ou menina que não corra para casa após a aula, para ficar em frente à telinha. Televisão, unanimidade da garotada. Uma janela para o mundo que o “moleque” Luan Pereira Fiegenbaum não vê. Aos 10 anos, ele não tem ideia da trama que envolve desenhos como Dragon Boll Z e Bob Esponja e nem o divertido Pica-Pau. Televisão, para ele, só no lar do vizinho. Por isso, enveredou para a literatura. Que sorte.
Luan frequenta a 4ª série da Escola Estadual Santo Antônio (antigo Ciep) e é dali que tira gás para ser aprendiz de escritor. Dedicado nas aulas, se esforça para incorporar as lições de Português porque um dia e se “Deus quiser”, como diria a avó Irizondina Pereira Teixeira, vai ter o privilégio de ser mestre. “Eu quero ser professor de qualquer coisa”, conta o menino, sem se dar conta de que seu comportamento por si só já é uma lição. Mas o seu futuro pode ser mais promissor.
O “pequeno homem das letras” começou a escrever um livro. A data do início está lá, no prefácio do caderno grande, esperando as folhas serem preenchidas: 27 de outubro. Em duas semanas de labor, Luan redigiu com sofreguidão - a lápis, que é para apagar com facilidade se as ideias não estiverem bem elaboradas. Já está no sexto capítulo. São narrativas que brotam de sua cabeça. “São histórias diferentes, tem até viagem no tempo”, expõe orgulhoso. O caderno tem ainda muitas páginas para serem rabiscadas e, pelo jeito, ele vai dar conta do recado rapidinho. “O livro é algo para passar o tempo”, salienta o garoto. A avó, uma evangélica fervorosa, contrapõe. “Não é só por isso não, é que ele gosta de ler e escrever.” Sim, de fato Luan gosta do riscado. Ele se baseia nos contos de Monteiro Lobato para criar suas próprias ficções. Lê livros de História e Geografia para se inteirar de nomes de países e mares e incrementar as aventuras, que têm caçadas, episódios perigosos e se passam em locais diferentes.
Sala de aula
O caderno-livro de Luan provocou reação em sala de aula. E está levando colegas a assimilarem o gosto pela literatura. Alguns se prontificaram em ser os ilustradores da obra, que será encadernada para integrar o acervo da biblioteca. Assim, os estudantes do colégio podem ler. A professora Márcia Weiler faz a revisão ortográfica de cada capítulo. “Ele não tem muitos erros e possui um vocabulário rico para sua idade.” Cada etapa finalizada é lida em sala de aula. Os colegas brincam, predizendo o futuro do principiante: “Luan, eu vou querer um autógrafo”.
Nada de TV
Dona Irizondina cria o neto nos rígidos preceitos cristãos. A televisão é algo abominado dentro de casa. “A TV ensina muitas coisas que não são boas. Se até gente grande tem que saber se controlar em frente a ela, imagina uma criança”, conta a senhora de 64 anos e de compleição franzina, mas com um semblante vigoroso, que alguém interpretaria como “brava”. Luan a entrega: “às vezes ela é braba sim”. Mas a postura radical da avó está servindo para moldar um pré-escritor, que chama a atenção dos professores pela desenvoltura na obra manuscrita. A avó participa de cultos evangélicos há 30 anos e tentou criar os três filhos na doutrina, mas, desgarrados, tomaram outro rumo no mundo. Com o neto, quer que seja diferente. Para ela, o mundo real não é aquele que passa na tela. É aquele que ela cria dentro da casa de madeira simplória, de três ambientes e com duas ou três ripas do chão arrebentadas. Ali, tem uma poltrona judiada. É onde Luan senta para viajar na sua epopéia literária.
Luan frequenta a 4ª série da Escola Estadual Santo Antônio (antigo Ciep) e é dali que tira gás para ser aprendiz de escritor. Dedicado nas aulas, se esforça para incorporar as lições de Português porque um dia e se “Deus quiser”, como diria a avó Irizondina Pereira Teixeira, vai ter o privilégio de ser mestre. “Eu quero ser professor de qualquer coisa”, conta o menino, sem se dar conta de que seu comportamento por si só já é uma lição. Mas o seu futuro pode ser mais promissor.
O “pequeno homem das letras” começou a escrever um livro. A data do início está lá, no prefácio do caderno grande, esperando as folhas serem preenchidas: 27 de outubro. Em duas semanas de labor, Luan redigiu com sofreguidão - a lápis, que é para apagar com facilidade se as ideias não estiverem bem elaboradas. Já está no sexto capítulo. São narrativas que brotam de sua cabeça. “São histórias diferentes, tem até viagem no tempo”, expõe orgulhoso. O caderno tem ainda muitas páginas para serem rabiscadas e, pelo jeito, ele vai dar conta do recado rapidinho. “O livro é algo para passar o tempo”, salienta o garoto. A avó, uma evangélica fervorosa, contrapõe. “Não é só por isso não, é que ele gosta de ler e escrever.” Sim, de fato Luan gosta do riscado. Ele se baseia nos contos de Monteiro Lobato para criar suas próprias ficções. Lê livros de História e Geografia para se inteirar de nomes de países e mares e incrementar as aventuras, que têm caçadas, episódios perigosos e se passam em locais diferentes.
Sala de aula
O caderno-livro de Luan provocou reação em sala de aula. E está levando colegas a assimilarem o gosto pela literatura. Alguns se prontificaram em ser os ilustradores da obra, que será encadernada para integrar o acervo da biblioteca. Assim, os estudantes do colégio podem ler. A professora Márcia Weiler faz a revisão ortográfica de cada capítulo. “Ele não tem muitos erros e possui um vocabulário rico para sua idade.” Cada etapa finalizada é lida em sala de aula. Os colegas brincam, predizendo o futuro do principiante: “Luan, eu vou querer um autógrafo”.
Nada de TV
Dona Irizondina cria o neto nos rígidos preceitos cristãos. A televisão é algo abominado dentro de casa. “A TV ensina muitas coisas que não são boas. Se até gente grande tem que saber se controlar em frente a ela, imagina uma criança”, conta a senhora de 64 anos e de compleição franzina, mas com um semblante vigoroso, que alguém interpretaria como “brava”. Luan a entrega: “às vezes ela é braba sim”. Mas a postura radical da avó está servindo para moldar um pré-escritor, que chama a atenção dos professores pela desenvoltura na obra manuscrita. A avó participa de cultos evangélicos há 30 anos e tentou criar os três filhos na doutrina, mas, desgarrados, tomaram outro rumo no mundo. Com o neto, quer que seja diferente. Para ela, o mundo real não é aquele que passa na tela. É aquele que ela cria dentro da casa de madeira simplória, de três ambientes e com duas ou três ripas do chão arrebentadas. Ali, tem uma poltrona judiada. É onde Luan senta para viajar na sua epopéia literária.
sábado, 13 de novembro de 2010
Chupando as emoções fictícias
Ironia das ironias. Caiu para eu fazer uma matéria sobre felicidade. E eu adorei. Dizem que a gente ensina o que mais precisa aprender. Então me pus fervorosamente a ler tudo sobre o assunto.Na verdade, já lia. Na ânsia de buscar a minha, sempre me interessei por livros científicos que abordassem o tema. (Me recuso a ler auto-ajuda). O meu título de cabeceira é um que versa sobre neurociências e como a felicidade age no cérebro.
Mas bem... lá fui eu pesquisar com psiquiatra o que leva o lajeadense a ter um índice de felicidade de 96,7%. Cruzes, tudo isso, sim. Até o médico achou um dado assustadoramente feliz. E lembrou que aqui estão os maiores índices de suicidio do país. Então é assim: desesperados e eufóricos parecem que fizeram de Lajeado seu reduto. Que cidade cosmopolita sentimentalmente.
No decorrer da matéria, lembrei de um estudo que aponta que as pessoas felizes têm mais vida ativa. As infelizes, pelo contrário, se grudam na frente da televisão. Hehehe. O chapeu serviu para mim. Ultimamente (e isso faz uns bons meses) dei para me aboletar em frente à telinha e de lá não saio no fim de semana. A noite, o lugar da cama ao lado da minha filha é cadeira cativa. La estou eu me reportando ao Araguaia torcendo para o Solano ganhar do Max. Ás 19h, em Ti Ti Ti, compactuo com as peripécias de Victor Valentin, para botar o Lecler no chinelo. E em Passione.."figurati", lá estou eu compadecida do Mauro, que perdeu a Diana por causa da Milena. Se você se identificou com todos esses nomes, meus pêsames meu amigo de rating (aquilo que se chama audiência de um programa), tu és um oligofrênico entrando no pique da globo.Igualzinho a mim.
Eu bolei uma explicação à la Freud. Sim, porque nem tudo está perdido nesse meu cérebro “blondie”. Eu leio também e tenho de fazer disso um recurso intelectual. Acredito eu que tenha me apoderando das emoções da televisão para suprir minha própria carência de emoções. Eu roubo a variação de espírito dos personagens dos folhetins para emprestar a minha existência um pouco de adrenalina, já que sufoquei vida social e amorosa. Não estou me fazendo de vítima e nem reclamado. Só um relato lúcido do que eu acho que ocorre com pessoas que assistem muita televisão. Elas se apoderam de sentimentos alheios fictícios para carregar pouco de gás em suas existências. Um subterfúgio para tornar suas vidas mais interessantes. Não passa de uma ilusão, óbvio, mas engana e serve para tapar o sol com a peneira. Mas, que sol cara pálida se a pessoa está sempre enfurnada na sala ou no quarto?
Em texto publicado na revista "Scientific American", pesquisadores afirmaram que participantes de um estudo disseram-lhes que a televisão chupou-lhes a energia, deixando-os depauperados, com mais dificuldade em se concentrar. Outra curiosa constatação: quanto mais tempo as pessoas passam diante da televisão, menos satisfação elas conseguem obter. Típico de gente infeliz. Por isso que a gente gosta tanto de beliscar quanto está vendo alguma programação. Se come a insatisfação enquanto torcemos para o mocinho. Que coisa mais "schifosa". Está na hora de deixar "Passione" de lado e colocar mais passione na vida. Dio Santo, figurati.
Na ponta da antena: Se você assiste à televisão por cerca de três horas por dia, quando chegar aos 75 anos, terá gastado nove anos inteiros da vida vendo TV.
Mas bem... lá fui eu pesquisar com psiquiatra o que leva o lajeadense a ter um índice de felicidade de 96,7%. Cruzes, tudo isso, sim. Até o médico achou um dado assustadoramente feliz. E lembrou que aqui estão os maiores índices de suicidio do país. Então é assim: desesperados e eufóricos parecem que fizeram de Lajeado seu reduto. Que cidade cosmopolita sentimentalmente.
No decorrer da matéria, lembrei de um estudo que aponta que as pessoas felizes têm mais vida ativa. As infelizes, pelo contrário, se grudam na frente da televisão. Hehehe. O chapeu serviu para mim. Ultimamente (e isso faz uns bons meses) dei para me aboletar em frente à telinha e de lá não saio no fim de semana. A noite, o lugar da cama ao lado da minha filha é cadeira cativa. La estou eu me reportando ao Araguaia torcendo para o Solano ganhar do Max. Ás 19h, em Ti Ti Ti, compactuo com as peripécias de Victor Valentin, para botar o Lecler no chinelo. E em Passione.."figurati", lá estou eu compadecida do Mauro, que perdeu a Diana por causa da Milena. Se você se identificou com todos esses nomes, meus pêsames meu amigo de rating (aquilo que se chama audiência de um programa), tu és um oligofrênico entrando no pique da globo.Igualzinho a mim.
Eu bolei uma explicação à la Freud. Sim, porque nem tudo está perdido nesse meu cérebro “blondie”. Eu leio também e tenho de fazer disso um recurso intelectual. Acredito eu que tenha me apoderando das emoções da televisão para suprir minha própria carência de emoções. Eu roubo a variação de espírito dos personagens dos folhetins para emprestar a minha existência um pouco de adrenalina, já que sufoquei vida social e amorosa. Não estou me fazendo de vítima e nem reclamado. Só um relato lúcido do que eu acho que ocorre com pessoas que assistem muita televisão. Elas se apoderam de sentimentos alheios fictícios para carregar pouco de gás em suas existências. Um subterfúgio para tornar suas vidas mais interessantes. Não passa de uma ilusão, óbvio, mas engana e serve para tapar o sol com a peneira. Mas, que sol cara pálida se a pessoa está sempre enfurnada na sala ou no quarto?
Em texto publicado na revista "Scientific American", pesquisadores afirmaram que participantes de um estudo disseram-lhes que a televisão chupou-lhes a energia, deixando-os depauperados, com mais dificuldade em se concentrar. Outra curiosa constatação: quanto mais tempo as pessoas passam diante da televisão, menos satisfação elas conseguem obter. Típico de gente infeliz. Por isso que a gente gosta tanto de beliscar quanto está vendo alguma programação. Se come a insatisfação enquanto torcemos para o mocinho. Que coisa mais "schifosa". Está na hora de deixar "Passione" de lado e colocar mais passione na vida. Dio Santo, figurati.
Na ponta da antena: Se você assiste à televisão por cerca de três horas por dia, quando chegar aos 75 anos, terá gastado nove anos inteiros da vida vendo TV.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
A pedra
O distraído nela tropeçou.
O bruto a usou como projétil.
O empreendedor, usando-a, construiu.
O camponês, cansado da lida, dela fez assento.
Para meninos, foi brinquedo.
Drummond a poetizou.
Já, David matou Golias.
Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura.
E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!
(Tem autoria, mas não lembro)
O bruto a usou como projétil.
O empreendedor, usando-a, construiu.
O camponês, cansado da lida, dela fez assento.
Para meninos, foi brinquedo.
Drummond a poetizou.
Já, David matou Golias.
Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura.
E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!
(Tem autoria, mas não lembro)
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