sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Dois mil e oito desejos bons

Não se perca da alegria.....
faça cocegas na tristeza
desembrulhe o otimismo
abra a caixa de pandora da ousadia
Viva em volume máximo..
sempre em sintonia com o canal do coração!!!

Um contador de histórias

"Como jornalistas, não podemos abrir mão da humildade. E é a ela, humildade, que eu quero contrapor a arrogância.De todas as vivencias que eu tive, as que ficaram incorporadas em minha vida não são aquelas de glamour, de reuniões em palácios, com empresários ou em viagens nacionais ou internacionais, que a gente sempre pensa com uma certa curiosidade quando se entra na profissão. As memórias que impulsionam a continuar são histórias de pessoas comuns. De gente simples que na maior parte das vezes fica sujeito ao silenciamento. Sem a ação consciente dos jornalistas só se tornam estatísticas de desemprego e violência. Stenhdal diz, sem se referir ao jornalismo, que é uma felicidade ter por profissão a sua paixão.
Queria relatar uma experiência singela de um operário da construção. Até hoje lembro de seu olhar, de sua história de vida, sacrifício e desesperança. Foi uma experiência tão impactante que terminada a entrevista eu não pude evitar que uma lágrima rolasse no meu rosto depois que me afastei. Não porque a história dele fosse espetacular, mas porque eu testemunhava olho no olho uma tragédia brasileira. Porque tinha consciência que a dureza da vida que ele levava não se limitava a ele. O que pude fazer? Contei a história de uma vida que oscilava entre o salário minimo e o desemprego, tentando resgatar pela minha escrita o respeito e a dignidade que lhe foram roubados. Às vezes parece pouco o que nós jornalistas podemos fazer, mas nosso trabalho pode dar visibilidade a esses problemas sociais.Guardo no coração histórias de sabedoria de mineiros de carvão, que trabalham nas profundezas da terra.
É uma alegria saber que as matérias saiam das salas de aulas, dos gabinetes e ganham as ruas, os becos, as esquinas, as fábricas. Quando se aprende a prestar atenção nos cheiros, nos sabores, nas cores do mundo, não se perde mais essa sensibilidade.
Mais do que estar no caminho certo, é preciso inocular o gosto pela profissão. O jornalismo pode ser a melhor profissão do mundo, mas nós já sabemos que ela não é nada fácil. É preciso superar-se o tempo todo. Não medir esforços para se qualificar. É quase um segredo, uma dica que eu vou dar. Quero que vocês não se esqueçam de conversar com as estrelas, com o sol, com a lua, com a terra, com o mar. Não esqueçam da filosofia, da poesia e de manter os sentidos atentos.Não esqueçam de ler muito, de exercitar o prazer do texto, o gosto pelas palavras, a procura da mais precisa e da mais simples. É imprescindível que não se perca a ética, essa companheira íntima e que deve ser inseparável de um profissional que honre o ofício. Não esqueçam do prazer que tem que ser permanente de descobrir e da alegria de contar histórias. Porque o jornalista é antes de tudo, um contador de histórias."
(Marta Cioccari, jornalista e professora da Unisinos)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Tanto faz qual o país a percorrer.
Não podemos sair de dentro de nós mesmos.
Não adianta

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O pó das verdades

Você já cercou uma verdade sem importância? Falo das que se referem a relacionamentos. Daquelas em que os casais teimam em saber sobre romances passados. As tradicionais do tipo se o parceiro era melhor enquanto macho ou vice versa. São verdades que não precisam vir à tona, mas em algum momento teimamos em querer que ela seja aberta. Qual relacionamento resistiria hoje a uma dose exagerada de verdades? Saber de tudo o tempo todo, até de que forma o seu amor amou em tempos passados para quê? Talvez para se certificar que por ser o amor atual, você seja o melhor ou a melhor. Mas e se não for? E se o seu amor já amou alguém que considere melhor e inventa de escancarar: "Sim, era melhor! Mais suave, mais gentil, mais intenso ou ousado". Você está preparado para ouvir o ápice da sinceridade? Talvez chegar perto demais da verdade provoque um desmoronamento afetivo. As confissões podem ser usadas como munição na hora das brigas. É preciso saber não ceder ao convite que a pessoa lhe faz de falar tudo. Também é necessário segurar-se para não questionar sobre os mínimos detalhes.
Tem verdades que precisam ficar empoeiradas. Não tente espanar uma que já está adormecida. Antes, faça bom uso da naftalina. Seu amor, sua cabeça e seu parceiro vão agradecer. E suas endorfinas também. Aquelas substâncias produzidas no organismo que atuam como analgésicos naturais e proporcionam sentimentos de segurança, paz e tranquilidade.Arrancar as verdades do passado é procurar sarna prá se coçar, é tentar beliscar a assombração para ver se ela está viva, é disputar num território onde sentimentos já foram enterrados. É se chicotear á toa. E pior: sem algemas nem cinta liga, ou seja, sem nenhum bônus de compensação sexual.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Putz, à quem me pariu
Morri
Soterrada sob minha pele
Escuto os ruídos
Da vida
********
Mas é um saco ficar sempre me levando à tiracolo
Cabe tanta coisa dentro de mim...
Eu ficaria mais leve se me livrasse de uns apetrechos
*****
Menina, preciso me contar uma coisa!
_ Conta, deixa eu até me sentar aqui prá me escutar.
Ah, esqueci o que tinha para me dizer!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Eu tenho um compromisso com minha tristeza
fujo da alegria quando ela quer me pegar pela mão
minha mãe sempre disse prá não conversar com estranhos!
***************
Extraviada, como uma carta que nunca chega no destino certo
ali, no meio de outras tantas, mas sem jamais ser lida...eu não consigo ser aberta
Eu me remeto ao meu próprio endereço mas extravio-me dentros dos meus becos sem saída...
Com diz Raduan Nassar: "Ninguém dirige aquele que Deus extravia"

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

É sempre lamentável dizer adeus,
nem tanto pela despedida
quanto pelas pelancas embaixo do braço...

terça-feira, 6 de novembro de 2007




Madura? Eu?

Eu sou cheia de menina dentro de mim...

.....cheia de idade...mas ainda no mundo das pracinhas!

sábado, 27 de outubro de 2007

Certas pessoas erradas...

Enquanto não acho a pessoa certa me divirto com a errada. Certo? Errado!Eu canso de ouvir essa frase na boca de homens e mulheres e por vezes, tenho um tique de intolerância. Nada mais mentirosa do que uma frase clichê, perpetuada por bocas e bocas. Só porque alguém um dia disse, todo mundo gosta de plagiar. Se o plágio fosse inteligente, até passava. Eu discordo da frase e das pessoas que dizem isso por uma simples lógica: ninguém que esteja procurando a pessoa certa consegue se divertir com as erradas. No mínimo, frustra-se. Quem quer o certo, quando não acha, frustra-se com o errado. E que diversão há em fazer playground do sentimento de alguém se essa pessoa não te faz pulsar? Não nos divertimo-nos, sentimos angustiados ante a possibilidade de machucar alguém. E isso tira toda a descontração de um relacionamento errado que poderia ser divertido.
É verdade, todavia, que há pessoas que divertem-se com os errados. Mas é porque não estão procurando os certos. Simplesmente não procuram ainda. Estão no seu momento fugaz de ser. Sem teorias românticas, desprendidas de outros eus. Pode ser que a pessoa certa até entre na ciranda, mas ela nao vai reconhecer. Simplesmente porque está ocupada demais divertindo-se com os errados. Quando queremos a certa, não perdemos tempo brincando com as erradas. Achamos o tempo muito precioso para tentativas inúteis.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Pecado per cápita

A gula é o tempero da vida
A gente pode descascar vários abacaxis pensando nela
fazendo dela uma virtude apimentada
mas eu também acho
é preciso ter uma pitadinha dos outros seis pecados capitais
são sete no total, para se fazer uma infusão per cápita
afinal, não adianta nada ser capital,
se não é pra eleger prazeres individuais!

Passa essa música adiante...

Passa o homem
e seus planos
Também passam
Passam pessoas e seus sonhos
Passam também
Passam rancores
Passam lugares, desacertos
Passa o tempo,
passa a fama
O corpo passa
Passa o dinheiro
Passa o ano
A vida passa
Deixa passar

***
Mil acasos me levam por aí
Na espuma do tempo, no temporal
Mil acasos me dizem o que sou
(SkanK)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

pITÔNiCaS!

EU SOU MELHOR QUE EU. MAS AINDA NEM ME DEI CONTA DISSO!
POR ORA, AINDA ESTOU NA IGNORÂNCIA DE QUE EU SOU PIOR DO QUE EU SOU
SERIA DIFERENTE SE EU SOUBESSE PENSAR PRÁ FRENTE
NINGUÉM CONSEGUE BAGUNÇAR O MEU PENSAMENTO ENGESSADO
PRECISO DE UMA MOLDURA, UMA SANCA EM POLIURETANO PARA EMBELEZAR O MEU PENSAR
PRECISO DE UMA MÃO, UM OMBRO, O CORPO TODO
UM REGAÇO PRÁ DEITAR ESSE PENSAMENTO TORTO!


***
Se está em qualquer profecia
que o mundo se acaba um dia
hoje seria um dia tão bom
quanto aquele que virá no futuro
Se eu fosse Deus
eu o Faria
Hoje ainda
nao esperaria um dia...

***
eu tenho olhos que dizem tudo
até eu tento enganá-los
desviá-los por verdades estrábicas,
que nem são minhas
mas sendo eles transparentes
sempre miram a nudez
da minha alma...

segunda-feira, 22 de outubro de 2007


"Você tem que estar preparado para se queimar em sua propria chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?"

Assim falou Zaratustra

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

AS VEZES EU ME SINTO FORA DA VIDA!
ÀS VEZES DÁ VONTADE DE VOLTAR PRÁ DENTRO DA BARRIGA DA MÃE!
TEM TRISTEZAS QUE A GENTE TEM QUE SENTIR. NÃO TEM JEITO. É PRECISO PASSAR PELA TRISTEZA PARA SABER RETORNAR PARA A VIDA NORMAL. TRISTEZA TAMBÉM É VIDA REAL!VOCÊ É O QUE VOCÊ CHORA!

domingo, 16 de setembro de 2007

Quero de volta o meu direito de ser frágil!

Desde que as mulheres queimaram sutiã em praça pública, em 1960, para protestar contra a opressão masculina, não tivemos mais sossego. Vivemos um turbilhão de eventos que nos levam e obrigam a ser modernas, independentes, decididas e objetivas. Nunca mais tivemos direito de ser dependentes e frágeis emocionalmente. Eu quero meu direito de volta. Necessito ter um colo masculino, chorar, sentir-me protegida e de um homem que ajude-me a administrar as contas. Não que ele as pague, afinal tenho necessidade de ser parceira na hora de batalhar. Mas putz, desejo que ele me diga: "amor, não esqueça, hoje vence o seu carnê, posso pagar a você." Eu nem exijo direitos tão iguais. Até porque com tanta evolução, ainda ganhamos 30 por cento menos na folha salarial para exercer a mesma e competente função no mercado de trabalho. Quero ter direito a usar lingerie de algodão bem simples e confortável. Não suporto fazer o tipo mulher fatal, independente, autosuficiente que sabe insinuar-se perante rendas finíssimas e um bumbum irretocável, próprio para usar fio dental. Eu nem sei fazer direito baliza e que mal há nisso? É antropológico não saber. Não tenho a mesma percepção espacial dos homens. Sou mulher. Desde o mundo das cavernas é assim, porque agora eu preciso ser braço na direção. Pinóia. Não tenho essa obrigação. Quero ser tratada como rainha do lar quando estou no lar. Sim, adoro trabalhar fora, ser eficiente na minha função, não sou de forma alguma subserviente. Tenho minhas opiniões, muitas são contudentes às vezes. Mas eu não quero ser super mulher todos os dias. Por favor, deixem-se ser dependente emocionalmente do regaço masculino sem temer ser chamada de Mariazinha. Eu troco meus dias de tigresa por uma pacífica existência de gatinha manhosa.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Rodo cotidiano


Não tem nada de lírico na pobreza, mas do jornalismo que se faz dela sim. Sou apaixonada pela profissão e isso se deve ao fato de poder entrar na casa e na vida alheia. Conhecer anseios e mesmo frustrações. Por isso misturo o jornalismo literário com o social. Gosto de escavar histórias aparentemente pobres, de gente singela. O que uma senhora analfabeta, moradora de um casebre cheio de fendas e goteiras tem a dizer? Meu trabalho é dar voz a ela. Mais do que isso, ouvir o que ela diz, mesmo sabendo que não conseguirá expressar-se adequadamente através das palavras. Quando dou um passo para dentro da casa e da vida de uma pessoa, presto atenção nas paredes, quadros, na expressão do rosto, vincos da testa, no aperto de mãos. Acredito ter o dever de perceber a linguagem eloqüente dos sinais e passar isso para o papel. Transmitir o cheiro que recende do ambiente, da vida que está na minha frente. O olhar deve ser treinado para observar mais do que uma outra pessoa. É dever jornalístico passar ao leitor o que nenhum outro visitante da casinha perceberia, se adentrasse nela. Obrigação decodificar cheiros, gostos e sabores que se descortinam sob o véu da pobreza. Mais do que isso, temos de ter o ideal - quase um dever - de mostrar o valor impagável de todas as pessoas perante seus destinos. Apresentar argumentos para convencer que todos merecem viver com dignidade na boa e bela companhia do anonimato. Nosso trabalho é fazer o leitor perceber que na retaguarda de um plano de vida aparentemente insípido, esconde-se uma lenda pessoal. Alguém lutando para não ser denegrido pela cor da pele, falta do vil metal ou ausência da escolaridade. Uma matéria sobre o assunto não vai mudar a mundo e nem cabeça de ninguém. Mas muitas, transformarão a visão de quem lê. Ao bater sutilmente nesse rodo cotidiano, a tecla da imprensa pode desfazer preconceitos. Quebrar o gelo que transpassa pelas classes sociais. E a voz calada de gente simples têm grande chance de ressugir das verdades adormecidas. Saberemos então que nenhuma palavra será escrita para nascer morta.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Não fica parado na cadeira, presidente!


Os olhos azuis saltitantes denunciam toda a curiosidade que uma menininha pode ter do mundo. Com oito anos, Marianna poderia olhar o horizonte com óculos rosa pink e pensar apenas em seu jeito brejeiro de moleca. E com certeza ela faz isso sim. Mas tem um senso aguçado de justiça. Talvez na tenra idade, já transpareça uma certa ansiedade para rearranjar o planeta.
Essa entrevista foi realizada ao anoitecer de uma quarta-feira quente quando Marianna estava disposta a falar e se deixar ser indagada. Aqui um pouco da sua visão de mundo:

1- Como você vê a vida?
" A vida é boa. É alegre e divertida. Tenho muitos amigos e nós brincamos de várias coisas, como contar piadas e fazer charadas. Espero ter ainda mais amigos. Quero me divertir mais. Estar brincando, lendo, rabiscando, sonhando"

2- E das pessoas, o que você acha?
"Ninguém é especial, pois todo mundo tem seus defeitos. Mas todo mundo é como é"

3- O que você gosta de fazer?
"Eu gosto de ler. A leitura me ensina a falar palavras difíceis, que eu não sei ainda. Quando eu leio, vejo todos os que participam da história na minha frente. A leitura deixa a gente mais inteligente, porque a gente vai conhecendo as coisas."

4- E o que você pensa sobre o amor?
"O amor é uma coisa boa que todo mundo tem que ter. Para mim, o amor é fazer as pessoas felizes e isso é a coisa que elas mais querem. O amor deixa elas mais alegres"

5- Como a gente pode demonstrar amor pelas pessoas?
"O amor é dar as coisas que a gente não usa para as pessoas pobres. Outro exemplo é quando uma pessoa ama outra que ela viu. Ela tem que chegar na frente e dizer: eu amo você."

6- Você acha que amor então é dar coisas as pessoas pobres?
"Não é só isso, mas eu fico triste vendo pessoas pobres. Com pena de elas não terem nada, nem para comer. Queria poder ajudar, falar com o presidente."

7- O que você diria ao presidente?
"Ia falar para o presidente Lula considerar as pessoas que não têm nada na vida. Dizer que elas têm pouca comida. Queria dizer para ele ajudar, não ficar parado na sua cadeira ordenando para elas pagarem impostos"

8- E você acha que isso iria adiantar?
Acho que iria se eu falasse com calma. Ia dizer que isso tudo é problema dele. Porque se ele não ajudar, as pessoas não irão ter mais dinheiro para pagar ele e então vão ter de morar debaixo da ponte. E a ponte é propriedade dele"
(Pára mãe, eu não tenho mais idéias!)

P.S: essa entrevista foi feita com a minha filha. Fui o mais fiel possível ao seu linguajar, apenas suprimi algumas repetições e erros de concordância. Mas o vocabulário é dela. O orgulho é meu!!!
Legenda: Marianna e seu cão Teddy

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Texto de verdade!

Vontade de ser similar a ela. Ao menos um genérico dela. Uma homenagem à sensibilidade de uma jornalista que luta contra o olhar domesticado. Eliane Brum e um trecho seu, da série A Vida que Ninguém Vê:

O SAPO
“O mais incrível é que o Sapo estava ali havia 30 anos. E há mais de uma década nos cruzávamos na Rua da Praia. Minha cabeça no alto, a dele no rés-do-chão. Eu mirando o seu rosto. Ele, os meus pés. Só dias atrás tive a coragem de me agachar e nivelar nossos olhares, subvertendo as regras do jogo de que ambos participávamos. Não nos reconhecemos.
Descobri que o nome dele é Alverindo. Ele soube que me chamo Eliane. Contou-me que os amigos o conhecem por ‘seu Vico’, e o povo da rua por Sapo. Por causa da eterna posição, lambendo com a barriga as pedras da rua. Contei-lhe que sou jornalista e escreveria sobre ele. E então apertamos as mãos. Eis o que conversamos:

— Como o senhor está?
— Com saúde e bastante preguiça. Preguiça, pra dizer bem a verdade, até por dentro dos olhos.
— Como é a Rua da Praia aí de baixo?
— Olha, é só perna. Um mar de pernas. Mas eu não vejo só perna, não. Vejo de tudo um pouco. Vejo coisa que nem devia…”

Cristal!


Todas as relações do mundo possuem sua prateleira de cristais. Há sempre um suspense, uma delicadeza ao transitar pela fragilidade do outro. Melhor não falar muito alto, é mais prudente ir devagar e com cuidado. Para não estragar, pra não quebrar, pra durar por muitos séculos. (Martha Medeiros)

O papel dá poesia!

As dificuldades viram poemas lindos em folhas de papéis.
Fica tão bonito esboçar histórias tristes e mensagens de superação, de que a vida tem valor e de que eu tenho valor diante da vida! Desculpe-me Shakeaspeare, é sim também com você que estou falando! Mas é uma visão tão poliana ler e se inundar com essa retórica positivista vista a partir dos percalços cotidianos .
Pela caneta, provação e privação vira saga, jornada, trajetória ou desafio. Vale para produzir poemas, afinal ninguém faz versos compostos apenas por alegrias, seria muito fútil. O bonito é escrever quando existe tristeza. A melancolia é lírica. Dá um toque todo especial numa ode, num verso ou composição. É companheira ideal para os poetas. Mas na vida real, pôxa, esse requinte vira estôrvo. Melancolia quando sai das palavras e gruda na gente transforma-se em esculacho, uma super bonder que incomoda e não parece nada atraente, ao contrário, aparenta um rinoceronte. Eu prefiro desenhar borboletas coloridas, se é para riscar no papel alguma coisa bonitinha que vivenciei. Belos poemas, adoro lê-los, me solidarizo e emociono com eles. Mas opto para que fiquem apenas como um talento utópico, o qual eu nunca terei, já que para escrever tão lindamente é preciso invocar a experiência. Belos poemas geram turbilhões de emoções no papel, pergaminho, folha de almaço. Vida real, se me permitem a rima pobre, não é nada maternal.

Rima vã!

Mundo mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima e não uma solução.
Mas me chamam Andréia,
Portanto, Carlos Drumondd de Andrade ,

essa rima foi em vão!

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Explicações de eus

Uma das coisas que mais gosto é ouvir e analisar a definição do que as pessoas dizem que são. Na década de 80, Léo Jaime embalava uma letrinha sem maiores pretensões: Quem sou e e quem é você nessa história eu não sei dizer, mas eu acredito que ninguém tenha vindo para o mundo a passeio...Marisa Monte verbalizou em uma de suas canções: sou pequenina e também gigante. Raul Seixas vociferou como nunca, que era as coisas da vida e o medo de amar. E é claro, a luz das estrelas. Clarice Lispector jamais passou da sua própria interrogação: Eu sou uma pergunta, salientava ela. Já a cronista Martha Medeiros não esconde de ninguém que tem um elenco de protagonistas dentro de si: "sou tantas que não consigo me reconhecer na rua." Mas foi Oswaldo Montenegro quem eternizou a explicação ao entoar poesia em forma de música: "metade de mim é amor, a outra metade também."
Em tempos de internet, basta entrar no orkut e ler o perfil do dono da página. Quem sou eu: geleira ou vulcão; tormenta ou calmaria, sou gaivota, fui sereia. São tantas coisas pra dizer de nós. Alguém um dia disse que somos o resultado de tudo que passamos. Eu sou o que fui. É vero. Veríssimo. Esse aliás se diz em uma de suas autofinições irônicas, "gigolô das palavras" . Talvez todos sejamos amplos, abrigamos multidões. Mas eu me arrepio na definição de Fernando Pessoa: Eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura...Todavia, navegante que sou deste barco de emoções que atracam dentro de mim, sei que me descompreendo. Deslizo para dentro e para fora do meu porto, as vezes estaciono, em outras, eu nem quero chegar. Em várias, quero capitanear mais autonomia, ser mais dona de mim mesma. Mas na maioria das vezes, sei que nunca saberei de mim. E sabe o que? Isso é tudo que eu preciso saber!

É uma felicidade ter por profissão a sua paixão


Férias!Tantos dias à deriva....parece um privilégio tanto ócio remunerado. Mas não. Eu gosto da labuta: entrevistar, parlar, escrever, achar títulos criativos, contar aos outros o que meus olhos vêem, tirar do anonimato a pessoa que mora na rua tal, de sobrenome sicrano que passa por uma circunstância jornalística. De toda minha experiência na faculdade de Jornalismo, aprendi a amar o gosto e o sabor que a gente deve dar a uma reportagem, seja ele doce ou amargo. Incorporei isso graças a professores que aprendi a amar, a quem eu chamo mestres. Uma delas é Martha Cioccari:"É uma alegria saber que as matérias saiam das salas de aulas, dos gabinetes e ganham as ruas, os becos, as esquinas, as fábricas. Quando se aprende a prestar atenção nos cheiros, nos sabores, nas cores do mundo, não se perde mais essa sensibilidade. Mais do que estar no caminho certo, é preciso inocular o gosto pela profissão. O jornalismo pode ser a melhor profissão do mundo, mas nós já sabemos que ela não é nada fácil. É preciso superar-se o tempo todo. Não medir esforços para se qualificar. E nessa movimentação, quero que vocês lembrem, nos momento de maior dificuldade. É quase um segredo, uma dica, eu quero que vocês não se esqueçam de conversar, com as estrelas, com o sol, com a lua, com a terra, com o mar. Eu confesso que nos piores momentos da minha vida, esses elementos nunca me faltaram porque neles há uma energia divina que pode ser compartilhada por nós. Eu quero que vocês não se esqueçam da filosofia, da poesia e de manter os sentidos atentos.Não se esqueçam de ler muito, de exercitar o prazer do texto, o gosto pelas palavras, a procura da frase mais precisa e da mais simples. É imprescindível que não se perca a ética, essa companheira íntima e que deve ser inseparável de um profissional que honre o ofício. Não se esqueçam do prazer que tem que ser permanente de descobrir e da alegria de contar histórias. Porque o jornalista é antes de tudo, um contador de histórias."
PS: A foto é da cobertura de um protesto do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Eu provo sempre o vinagre e o vinho. Quero é ter tentação no caminho...

***Não sei onde estou indo mas sei que estou no meu caminho. Vc esperando respostas, olhando pro espaço. E eu tão ocupada vivendo, não me pergunto. Eu faço!!!
(É o Raul Seixas dizendo que a gente tem que fazer, ousar, assumir o risco de ser feliz ou não, mas pelo menos ter tentado. Isso aí Raulzito.)
ENTRE A DOR E O NADA, PREFIRO A DOR!

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

O corvo


Um corvo está sentado numa árvore o dia inteiro sem fazer nada. Um pequeno coelho vê o corvo e pergunta:- "Eu posso sentar como você e não fazer nada o dia inteiro?"O corvo responde: - "Claro, porque não?"O coelho senta no chão embaixo da árvore e relaxa. De repente uma raposa aparece e come o coelho.Conclusão: Para ficar sentado sem fazer nada,você deve estar no topo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

A vida é líquida!


Um pouco de Hilda Hist:
"É crua a vida. Alça de tripa e metal.
A vida é líquida...
Bebendo, Vida, recusamos o sólido
Bebendo, Vida, invento casa, comida
Embriagada. Interdita. Ama-me.
Sou menos quando não sou líquida.

............

Vamo brincá de pinel? Que é isso de ficá loco e cortá a garganta dos otro?Vamo brincá de autista? Que é isso de se fechá no mundão de gente e nunca mais ser cronista? ...

terça-feira, 31 de julho de 2007

Eu não vejo mais o meu rumo...


Pq os meus olhos não enxergam?
Eu quero ver com as janelas da alma
eu quero sentir a brisa me tocar
e dizer que sim, eu posso amar
eu quero me autorizar
mas eu não quero me sentir menos gente
eu quero ver os dias coloridos
Fiat Lux, por favor!
Mas eu tenho os olhos úmidos...

Ventania!

As portas batem dentro de mim. Sinto os ventos chegando pelos pés, atucanam meu calcanhar de aquiles, causam chiado na espinha dorsal e vão parar no córtex cerebral. Vêm me dizer coisas que o coração pediu. Querem ajudá-lo a me convencer de coisas que há muito tempo sussura e eu não escuto. Os ventos me xingam, ceifam minhas justificativas rasas. E eu penso que sou compensado. Uma ripa fina. Eles sopram forte e me desabonam de qualidades.Bradam que eu não sei ser madeira nobre. Nem parece que nasci pau-brasil. Pegam no cós das minhas geleiras. Mandam eu me livrar de minhas paranóias já rançosas e mofadas. Escuto um barulho surdo. É a ventania indo embora. Agora sobra a mim de novo. Impregnada de paranóia. Eu não me deixo em paz.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Os riscos de nossas highways



A vida é mesmo uma pista de via rápida.
Passamos por ela velozmente, muitas vezes sem nos depararmos para olhar as placas impressas com as nossas sensações. Cento e dez, cento e vinte, cento e sessenta...o coração turbinado indica um horizonte cheio de possibilidades. Talvez mais azul ou trêmulo, não interessa. Não precisamos saber prá onde vamos, só precisamos ir. O mote é esse. E eu amo cantar essa idéia com os Engenheiros do Havaí. É muito bom permitir ao vento de nossas emoções corar o rosto.
*** "Estamos vivos e isto é tudo. É sobretudo a lei da Infinita Highway"

domingo, 15 de julho de 2007

Certos rituais incertos!



Sempre achei que rituais não nos casam. A união de corações acontece bem antes do padre dar a benção ou não ocorre nunca, independente
da vontade do sacerdote . Mas cerimônias até que são bem vindas. Senti isso no casamento de Josi e Emílio, onde a comunhão entre os dois era visível. A grande manchete no mundo desses dois jornalistas era de que o amor venceu. E quem não acredita em rituais - como eu - pode dar-se por vencido. No mínimo, eles servem para oficializar a notícia de que a alma está em festa.
(Na foto, uma galerinha que estava no casório e que se emocionou!)

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Primeira Pessoa

Navego por esses mares virtuais. Na lua cheia, no quadrado minguante, no quarto crescente vejo as marés refletidas nos rostos vincados açoitados pela solidão. No outro lado da tela, pessoas que vivem em frações. Meia dúzia de ovos, um quarto de bolo, dois tomates a serem dispostos no canto de uma mesa da família de uma só pessoa. Gente que cerceia o próprio eu em companhia de vultos cibernéticos. Todos deslocados de si mesmos. Ímpares. Que vivem a vida no singular e na primeira pessoa. O som da televisão quebra a monotonia do tec tec do teclado, notas únicas de um ambiente amorfo. Tem si, sem sol. Muito dó, alguns em ré. Outros em lá. Mas falta o fá, de fazer acontecer. Uma casa farta de pessoas pianinhas, envoltas em uma sinfonia particular. Sem melodia. Desafinam da alma. Evocam sons guturais. Sangram e singram para aportar em outro cais. Lançar âncora em algum porto seguro, com o foco de vencer a calmaria de dias híbridos. Transeuntes do ciberespaço que buscam um destino a quatro mãos, um link real, casa cheia de vozes vívidas. Um downloand para o amor. (Andréia Rabaiolli)

terça-feira, 3 de julho de 2007


Foi a Martha quem disse (e eu, como sempre, concordo com ela):

Estatísticas existem para duas coisas: indicarem uma tendência de comportamento ou serem questionadas. Um homem pode achar o Thiago Lacerda bonito e não ser gay. Uma mulher pode achar ele horroroso e não ser sapatona.
Só é louca.!
"Entenda que amigos vão e vem, mas nunca abra mão de uns poucos e bons"...

...Daqui a vinte anos você vai evocar as suas fotos e perceber de um jeito que você nem desconfia hoje em dia quantas, tantas alternativas se escancaravam a sua frente!
(trecho de Filtro Solar)

segunda-feira, 2 de julho de 2007

* * * "E este coração acomodado aí no peito? Use-o, ora bolas. Não fique se protegendo de frustrações só porque um amor não deu certo. Não enviuve de si mesmo, ninguém morreu."
*** Não é fácil dar a cara sem defesa, entregar o rosto virgem, deixando transparecer nossa alegria e nossa dor. É o Zorro de cada um.
* ** Não tenha pressa para amar, mas não perca tempo patinando sem sair do lugar
(Martha Medeiros: ela sabe tudo. E sempre me faz pensar!)




domingo, 1 de julho de 2007

Clarice Lispector me emociona:
"Nasci dura, heróica, solitária e em pé. A feiúra é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte. Eu - eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe. O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim. Sou uma árvore que arde com duro prazer. Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar o sacrifício da noite."

Mezzo guria, mezzo mulher

Quem sabe ainda sou uma garotinha,
rezando baixo pelos cantos!

Eu me surpreendo comigo. Se eu fosse eu, putz. Eu diria prá mim mesma: cresce guria!Eu não consigo acompanhar o relógio que me diz que eu avanço. Eu as vezes até me orgulho que minhas idéias não cresceram. Outras envelheceram e estão enterradas. Mas não consigo agir como alguém da minha idade (são mais de três décadas nesse planeta escuro). A Cássia Eller gostava de meia três quartos. Eu só consigo me ver de baby look.

O mais íntimo

O mais íntimo é tão evidente que pouca gente faz. É muito mais que sexo. Esse você pode encontrar em uma danceteria qualquer . A menina ou o cara, podem ser "porreta" na hora H, mas o encontro de corpos não significa necessariamente a junção de almas. Andar de mãos dadas sim é que transmite intimidade. Mãos entrelaçadas denotam uma história em comum, uma prova forte de afeto em público. Não aquela intimidade alcançada no quarto, com seis "biritas" na cabeça. Estou falando daquela que você se muda de mala e cuia pro coração do parceiro. No shopping, na praia, na rua, no parque e nos revezes da vida. Duas mãos coladas numa mesma oração.Eu admiro casais que circulam com as mãos unidas e por mais que eu veja um monte deles passeando pelos centros de compras, ainda assim são em menor número daqueles que transam sem aliar mãos e corações. Ato sexual é apenas instinto, afeto não assumido. Mas se ele te convidar pra passear num local bem movimentado e pegar sua mão, congratule-se. Você virou parceira. Namorada. Namorante.

sábado, 30 de junho de 2007




Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, tem direito a converter-se em manhãs de domingo.


(Estatuto do Homem, Pedro Bial canta)

PS: A Nanna é minha manhã de domingo!

Quero me inundar de calorias na alma!


O nome Croissant de Emoções foi criado e pensado para resumir o meu eu e o que quero passar nesse blog para mim mesma ou quem por um acaso, pousar por aqui. Croissant de Emoções indica um mundo de calorias. Na alma. Quero engordar no lugar certo. Me entupir do mais nobre doce emocional, folheado de amores, cheiros e odores. Sentimentos. Esse é meu povoado virtual. Nesse tão extenso espaço cibernético, meu povoado vai concentrar os vários habitantes que ficam dentro de mim. Ah sim, sou tantas que nem consigo me reconhecer na rua. Mezzo menina, mezzo mulher. Mas nada de meias vontades. Sou uma completa pisciana planando no mundo. E aqui aterrisso meus sentimentos. Sonhos ou brioches de palavras.