Ela abriu a boca para beijar. E calou-se. Ele permaneceu mudo.
Disseram tudo. Ela virou-se. Agora tinha o mundo como pano de fundo.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Quem sou eu
Sou sem barreiras.
Atenção: curva perigosa à direita e à esquerda.
Eu capoto nos meus precipícios.
Atenção: curva perigosa à direita e à esquerda.
Eu capoto nos meus precipícios.
Eu
Eu sou o meu algoz e pior que isso, porque ele é alguém que nunca vou conseguir capturar. Se ao menos eu pudesse prendê-lo e força-lo a parar com isso. Mas ele, o algoz permanece inabalável, com uma vontade estóica de nunca arrefecer. Eu admiro o algoz que há em mim, muito mais forte que minha vontade de vencer.
***
Eu me desconfiguro justamente no momento de maior demanda, em que a vida exige mais de mim, bem na hora do expediente, onde todo mundo trabalha arduamente. Dá um boot, apaga tudo. Eu capitulo. Fico em frente a minha tela sem saber o que fazer, esperando a vida passar. Muitas vezes eu rezei para ela passar rápido. Para que num piscar de olhos, eu os abrisse ali, bem no fim da minha vida útil. Pouparia umas boas dores. Sou ansiosa por natureza, essa é minha mania de querer acelerar tudo, até a vida. Mas às vezes penso em poupa-la. Eu me rastejo para dentro de mim mesma à espera do meu resgate, do meu autocontrole. Mas ele é sempre um bilhete que voa na praia. Quanto mais me agacho para pegá-lo, mais ele saltita um passo a frente. Eu descompasso. Perco a paciência e acho que não tenho jeito. Sou sem jeito comigo. Talvez por isso eu busco com vigor, ânsia e insucesso um sujeito. Que ele não sujeite-se aos meus bloqueios e nem aos boicotes do meu eu algoz. Sou assim, mirada na tristeza. Parece que a alegria não tem cota. Por isso, ele - o algoz - boicota. Busco um sujeito que faça pouco caso disso. Que se miche para o meu eu. Que seja heróico o suficiente para me entrelaçar. Mire a mim, mais profundo do que eu consiga ver. Um sujeito com jeitinho brasileiro, que dê um jeito no meu jeitinho. Que me enrede, e com sofreguidão, me torture com pitadas de alegria. Eu sou uma via de trânsito rápido, quero incorrer em todos esses percalços para achar o curso desse trajeto. Eu sou um trecho. Alguém venha me desbravar. Eu estou indo sem mim. Os anos passam voando. A estrada está ficando curta. Eu quero quem me conduza. A minha estrada tem que ter um timoneiro, mesmo que ele seja importado do mar. Importante que esteja disposto a amar.
***
Eu me desconfiguro justamente no momento de maior demanda, em que a vida exige mais de mim, bem na hora do expediente, onde todo mundo trabalha arduamente. Dá um boot, apaga tudo. Eu capitulo. Fico em frente a minha tela sem saber o que fazer, esperando a vida passar. Muitas vezes eu rezei para ela passar rápido. Para que num piscar de olhos, eu os abrisse ali, bem no fim da minha vida útil. Pouparia umas boas dores. Sou ansiosa por natureza, essa é minha mania de querer acelerar tudo, até a vida. Mas às vezes penso em poupa-la. Eu me rastejo para dentro de mim mesma à espera do meu resgate, do meu autocontrole. Mas ele é sempre um bilhete que voa na praia. Quanto mais me agacho para pegá-lo, mais ele saltita um passo a frente. Eu descompasso. Perco a paciência e acho que não tenho jeito. Sou sem jeito comigo. Talvez por isso eu busco com vigor, ânsia e insucesso um sujeito. Que ele não sujeite-se aos meus bloqueios e nem aos boicotes do meu eu algoz. Sou assim, mirada na tristeza. Parece que a alegria não tem cota. Por isso, ele - o algoz - boicota. Busco um sujeito que faça pouco caso disso. Que se miche para o meu eu. Que seja heróico o suficiente para me entrelaçar. Mire a mim, mais profundo do que eu consiga ver. Um sujeito com jeitinho brasileiro, que dê um jeito no meu jeitinho. Que me enrede, e com sofreguidão, me torture com pitadas de alegria. Eu sou uma via de trânsito rápido, quero incorrer em todos esses percalços para achar o curso desse trajeto. Eu sou um trecho. Alguém venha me desbravar. Eu estou indo sem mim. Os anos passam voando. A estrada está ficando curta. Eu quero quem me conduza. A minha estrada tem que ter um timoneiro, mesmo que ele seja importado do mar. Importante que esteja disposto a amar.
domingo, 20 de janeiro de 2008
Minicontos
Vivia cercado. Olhava e mirava para todos.
Distribuía abraços, fazia contatos, era tenaz em cada ato.
Sorrisos em profusão. Vivia cercado.
Construía a solidão enquanto se movimentava em meio a multidão.
***
Observava o chão, caminhava lentamente rumo à sapataria da esquina.
Um buraco assola seu coração. Mas ele pensava na sola do pé.
À mão estava o sapateiro. Ufano seria querer remendar a emoção.
Distribuía abraços, fazia contatos, era tenaz em cada ato.
Sorrisos em profusão. Vivia cercado.
Construía a solidão enquanto se movimentava em meio a multidão.
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Observava o chão, caminhava lentamente rumo à sapataria da esquina.
Um buraco assola seu coração. Mas ele pensava na sola do pé.
À mão estava o sapateiro. Ufano seria querer remendar a emoção.
Desabitada
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Solteiros por opção!
Questione algo inútil e receba uma resposta desconexa. Porque você está solteira? Vem na lata, "por opção"; "ainda não encontrei a pessoa certa". Eu desvio de perguntar, mas as vezes, é inevitável receber a resposta, mesmo que ela não tenha sido indagada. Porque toda pessoa sem par gosta de propagar que é esta uma opção? Se fosse realmente, seria uma convicção. Quem está solteiro por opção já encomendou sua cadeira cativa no céu. É padre, ou freira. Eles sim optaram pela vida celibatária e talvez até refutassem prováveis parceiros. O solteiro por opção não fica procurando o par ideal, porque sua predileção recai em estar só, em detrimento da companhia de alguém.
Quem se intitula solteiro por opção quer na verdade reverter o quadro provável que desenha na própria mente: de que está na solitude não porque ninguém lhe quer, mas porque ele (ou ela) não quis acolher as "opções" que se ofereceram como par. É uma tentativa - sutil e até despeitada - de converter uma idéia anexada para si mesmo, do insucesso amoroso. Parece feio não ter par; estar sem ninguém para abraçar. Parece que ninguém lhe quer para namorar. Por isso, o solteiro já se defende: "estou só por opção". Eu desconfio, desconfio não, tenho certeza, que feio, feio mesmo é se esconder do amor e até fingir que não se sente dor por estar só. Está certo, ninguém quer dó, pena. Mas temos de nos revelar para poder buscar alguém que nos tire do singular. Incorporemos a idéia de que somos solteiros porque não temos opção. Porque se a opção surgisse na nossa frente e nossos olhos brilhassem, reverteríamos o quadro. Seríamos par. Talvez se nos mostrássemos mais, essa tarefa seria mais fácil. E dividiríamos ela a dois.
Quem se intitula solteiro por opção quer na verdade reverter o quadro provável que desenha na própria mente: de que está na solitude não porque ninguém lhe quer, mas porque ele (ou ela) não quis acolher as "opções" que se ofereceram como par. É uma tentativa - sutil e até despeitada - de converter uma idéia anexada para si mesmo, do insucesso amoroso. Parece feio não ter par; estar sem ninguém para abraçar. Parece que ninguém lhe quer para namorar. Por isso, o solteiro já se defende: "estou só por opção". Eu desconfio, desconfio não, tenho certeza, que feio, feio mesmo é se esconder do amor e até fingir que não se sente dor por estar só. Está certo, ninguém quer dó, pena. Mas temos de nos revelar para poder buscar alguém que nos tire do singular. Incorporemos a idéia de que somos solteiros porque não temos opção. Porque se a opção surgisse na nossa frente e nossos olhos brilhassem, reverteríamos o quadro. Seríamos par. Talvez se nos mostrássemos mais, essa tarefa seria mais fácil. E dividiríamos ela a dois.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Se ser amazona é pré-requisito, então tamanho é documento
Esse texto vai ser curto e grosso. Muitos homens que pretensamente desejam um namoro sério infligem uma ansiosa, direta e precipitada pergunta à provavel candidata. Invariavelmente recai sobre as habilidades sexuais. Querem saber o quanto ela gosta de sexo, com qual intensidade, posições preferidas, despudores e ardores. Manias, teorias e peripécias. Querem saber isso sem olhar no olho, ainda antes de conhecer, sem nem ao menos verificar se vai dar o click, o clarão de luz que abre o precedente para a consequência disso tudo: amor na alma. Querem saber da cama antes que se acenda a chama do coração. E tão ansiosamente que desejam forçar o "alvo" a responder. Eles têm medo de investir em uma mulher que possa a vir a ser "fraca" demais no ato. Para esses apressadinhos não há resposta cabível. Somente uma pergunta, tão exigente e feroz quanto a própria abordagem imprópria deles. Se ser boníssima na cama é primoridal, então também devem avaliar o tamanho do próprio orgão sexual. Nada mais justo. Quem não aguarda para conferir se a mulher vale a pena, deve ter peito de propagar a centimetragem da investidura. Desconfio mesmo que nenhuma resposta desses homens iria adiantar. Mesmo que propagandeassem 25 centímetros de pura disposição ainda assim seriam mínimos. Não caberiam na minha compleição robusta. Sou dotada de sensibilidade. Vinte e cinco nem trinta centímetros não alcançam o tamanho ideal. Como diz Martha Medeiros, não é a altura , nem os músculos, nem os "membros" que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho. Rapazes, sejam sensíveis ao perguntarem. Vocês podem se surpreender com o que vão levar para casa. Não faz mal esperar. Apressado come cru. Independente de pré-requisitos, o amor é sempre quente. Paixão, afeto, carinho e vínculo fazem ferver as relações.
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