segunda-feira, 13 de junho de 2011

Um iPhone a um namorado!

Prazer, meu blog, Andreia. Venho a você com muita frequencia, posto todos os tipos de coisas e meus mais leves sentimentos. Mas há muito tempo eu não me escancaro para você como eu costumava fazer quando eu ainda te achava mais um Croissant de Emoções do que um Pitônicas.
Sabe, blog, há uns dois anos eu deixei de sentir aquele vazio crônico que fazia desfalecer a alma. Que me molestava e me amordaçava psicologicamente. Mas eu estou ciente de que eram naquelas horas que eu mais entrava dentro de mim, que eu mais refletia e ponderava sobre o ser humano. Aquela Pita ultra-carente, que expunha seus sentimentos aos quatro ventos e morria de vontade de um amor, deu lugar a uma Pita menos romântica. Árida, talvez? Sim, talvez sim. Eu cansei tanto de procurar o amor, que me cansei dele de vez. Hoje não procuro e nem ao menos quero. Estou escrevendo isso um dia após a data dos namorados, talvez por refletir nessa minha nova condição. É anti-humano não querer ninguém? Eu vejo as pessoas me cobrando: "arrume um namorado", "você é casada?", "O quêeee, ainda não casou?". Sofro do estigma de solteirona e não acho mais isso ruim. Depois que parei de buscar um namorado, me libertei daquilo que a sociedade me algema: ter um par. Sabe, blog, as vezes a gente quer ter um par para mostrar a todos que não fracassamos pela sensualidade. Que somos tão bons, a ponto de alguém nos amar. É um fracasso público, após os 30 anos, não ter alguem apaixonado pela gente. E era por isso que eu corria tanto atrás de um amor: para mostrar que também posso ser gostosa e vitoriosa nessa seara.
Mas sabe, blog. De alguma forma tudo isso mudou em mim. Talvez sejam os medicamentos que eu estou tomando por ter uma personalidade bipolar. Talvez o lítium, a carbamazepina e a sertralina tenham suprido o vazio através da química farmacêutica. Não é o certo. Eu me pego perguntando até quando isso vai durar: será que vou voltar a ser hiper-carente novamente? Será que vou voltar a querer um namorado?
Desculpa, quero me casar COMIGO!
Na redação, eu vejo e escuto histórias das gurias em vias de namorar, ficando ou conhecendo pessoas. Tem uma colega que adora a música do meu celular (Losing My Religion) porque lembra do seu semi-namorado. Ontem, no dia do amor, eu ouvi pessoas dialogando: "O que você ganhou ontem?" - "Ah eu ganhei isso e mais isso".  Sinto-me excluída disso, uma outsider da paixão. Vivenciei-a em muitos momentos, entretanto, agora, aos 40, não consigo pegá-la. O amor para mim é como um touro xucro, nem a unha consigo laçá-lo. Eu sempre quis que com o amor eu me amasse. Talvez eu tenha comprado o preenchimento de mim mesma na farmácia. Por ora, a Eurofarma e a Roche são os meus parceiros sentimentais. Hoje, eu prefiro um  iPhone do que um namorado. Talvez algum dia, eu descubra novamente que o amor é o calor que aquece a alma. Ou talvez eu compactue para sempre com Clarice Lispector:"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite". Uma solidão com Iphone nunca me completaria: a maçã está sempre mordida.

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