sábado, 4 de junho de 2011

Dia de Milha

Acordo com a aragem que prenúncia que o inverno está próximo. Mas o sol lá fora indica que o sábado será ameno, como todos os sábados têm de ser: aconchegantes, sem estresse, o dia da pipoca e das comédias românticas. Mas hoje, sem perceber, minha filha cumpre um ritual de passagem: ela faz 12 anos, biologicamente ingressa na adolescência. É aniversário e temos traçado o nosso programa: um Dia de Milha - dia de mãe e filha - um trato nosso que fizemos há uns três anos. Algo assim como um tempo só nosso dedicado aos nossos "eus" maternais e filiais.
Saímos de manhã para cumprir o acordo do Dia de Milha: pouco dinheiro no bolso, muita vontade de comprar tudo, mil ideias na cabeça e uma câmera na mão. Escolhemos dois filmes, compramos pipoca e refrigerante para dar vazão a nossa simbiose sabática. O dinheiro foi escasso, mas o programa muito rico. O Dia de Milha me redime dos dias de semanas que não almoço com ela, dá amparo e respaldo a uma educação que não vai fazê-la cair na sedução de uma vida louca regada a estimulos sensoriais e  fugazes das drogas ou do ficar obsessivo para se autoafirmar. O Dia de Milha é baratinho, mas este, nem  a Gol oferece porque a viagem é muito mais profícua do que aquela feita à Grécia sozinha.


O Dia de Milha à meia tarde teve a presença da Dinda Rê, um palmo mais baixa do que a afilhada (o que a deixa louca), a fã  sacramentada do Fábio Junior teve de ouvir Seminovos e  se esforçar para compreender a novíssima linguagem da geração Z. Fomos ao shopping e o presente da dinda chegou em forma de cultura. Nanna ganhou um livro (registre-se em ata que foi ela quem pediu para ganhar um livro) e ouviu histórias da época em que Renata era chamada de Rapousa, inclusive uma reflexão sobre o uso e o gosto da maconha. Não é muito nova para essa abordagem atrevida? Não, não é. Adolescente guarnecido melhora o discernimento do que deve ou não fazer para si e para sua vida. E assim acaba o Dia de Milha: com três gurias rindo e uma garotinha que caminha para se entrosar no Universo: este local de um só verso que contém toda a poesia do mundo.

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