Sou fissurada por frases. Um verdadeiro fetiche literário. Eu as coleciono há muitos anos e meu modo de guardá-las é um tanto curioso. Não tenho um arquivo no word como seria previsível. As coloco todas no rascunho do meu Outlook. É assim: quando leio algum livro, costumo separar um bloquinho e todas as frases de que gosto são repassadas para o papel, para depois serem transferidas para o e-mail. Mas peguei a mania de colocá-las no rascunho o que me gera certa dor de cabeça cada vez que tenho de formatar o computador. Então, deixo mil recomendações ao técnico: por favor, mantém intacto o e-mail. E assim é feito sempre.
Frases por frases, poderia procurar na internet aquelas do Pensador. Mas não, faço questão de peneirar as minhas. Elas precisam me impactar à primeira vez que as leio. Depois retomo a elas várias vezes, para pensar, meditar e investigar em mim qual o efeito que elas me causam: Clarice Lispector, Fabrício Carpinejar, Nietzsche, Raul Seixas, frases em latim e de livros. Tudo "o que me gusta", vou colocando nos rascunhos. O interessante desse exercício é que lembro de cada momento em que coloquei a frase aí. Como se o instante em que a premissa cruza os meus olhos ficasse registrado na maquina fotográfica da minha memória. Mas nao fica registrada a imagem e sim o sentimento que tenho sobre o que eu li.
É como se as frases que elejo para o meu arquivo fossem autobiográficas porque de certa forma, eu as escolho de acordo com meu espírito. Embora as de filósofos sempre fizessem parte de mim, porque eu os reverencio com muita veemencia. Então, neste terceiro dia do ano, quero fazer minha única resolução (porque há muito que deixei de pedir coisas quando o calendário antigo bate as pernas). Quero continuar lendo, me aproximando de almas filósoficas e sentindo o prazer que é o de encontrar um tipo de saber que está dentro de todos nós, mas como a gente corre muito e está acostumado a pensar no cotidiano e não na alma, deixa passar.
Conhecer um pouco do que os grandes pensadores escreveram me ajuda a matar um pouco da fome insaciável que tenho. Acho chato me embebedar com cerveja, não gosto de tequila e não suporto cheiro de uísque. Não sei o que falar com as pessoas fora do meu ambiente de trabalho. Não tenho papo para falar do tempo, dos outros ou da moda. Ler é o que me consola. O que me faz sublimar esse mundo. Talvez eu leia não por opção. É uma obrigação. É a única coisa que me dá um alento nessa vida humana, demasiada humana.
"Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar..."
(Nietzsche)
Nenhum comentário:
Postar um comentário