segunda-feira, 7 de março de 2011

O véu que liberta!


Vejam só, enquanto o povo se esbalda na folia, muçulmanos de três estados escolhem Lajeado para rezar por Alá. Eles estiveram hospedados no Weiand Turis Hotel durante quatro dias e durante esse período acordaram as 5h da manhã para as orações. As mulheres, com "hijabs" lindos e coloridos, chamam a atenção. Hijabs são véus que escondem o cabelo, mas não o rosto. Cada qual pode personalizar o seu véu. Vi alguns muito bonitos, em tons vibrantes e com tecidos impressionantes.
A opinião que os muçulmanos têm do Carnaval não é muito favorável. E sabe o que impressona em mim? É que no fundo, concordo com eles. Considero muito mais produtivo se entocar num hotel com um sheik (pessoa que estudou Teologia Islâmica)do que saracotear pela avenida mostrando os peitos. Nunca me engracei pelo Carnaval. Nunca foi minha lenda pessoal botar meu bloco na rua de uma forma assim tão ostensiva fisicamente. Mas também não me escandalizo com o que vejo.
Só percebi que ao manter contato com o mundo islâmico, derrubei aquele estereótipo fundamentalista que me cercava. Não vi fanatismo, mas antes, a postura de gente respeitosa e que vive de uma forma serena. Bem mais do que nós. Engraçado, a gente sempre pensa que as mulheres são oprimidas pelos trajes e modo de vida, mas uma delas, Rima, professora de árabe me falou exatamente o contrário: "me sinto liberta". Com isso ela quis dizer que está alforriada da ditadura da beleza, algo que nós mulheres cristãs, sentimos como o mais temível grilhão, pois estamos sempre preocupadas com o peso, com a estética, com as rugas e a barriga sarada. Elas preferem ser valorizadas pela mente, confidenciou-me Rima. Esta é uma reflexão bem interessante: o véu que liberta só esconde o corpo mas enrijece a alma. E se o povo daqui não compactua das crenças islâmicas, o episódio serviu para pelo menos, popularizar o termo "hijab". Vai que no Carnaval que vem você se volte para Meca e prefira cuidar mais do espírito do que do corpo. No Brasil, um milhão de pessoas já fazem isso. Não é pouca coisa. Alá que o diga.

PS: Os islâmicos despertaram curiosidade entre os empregados e demais hóspedes do hotel devido às vestimentas e os hábitos. Um grupo de turistas alemães impressionou-se com a postura herdada do povo árabe. O decoro nos gestos, vocabulário e vestimenta determina a prática da retidão e a supressão da sensualidade. A equipe de funcionários teve de ser treinada para recepcioná- los. “Recebemos instruções para não cumprimentar as mulheres, estendendo as mãos e para agir de forma muito respeitosa”, disse o gerente. O hotel disponibilizou um salão para o grupo fazer as cinco orações cotidianas e outro para palestras.

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