Ele se diz doido. Doido varrido e limpo. Mas na verdade é um canalha das palavras. Adorável, como ele bem sabe. E estará aqui em agosto, eu como sua súdita, não vou deixar de prestigiá-lo. Hoje, fazendo a matéria da 5ª Feira do Livro me alegrei por saber que ele dará uma palestra aos pais em agosto. Fabrício Carpinejar, o homem que desafina do coro dos contentes, quer a mulher que ninguém quer. Ele a define como "perdigueira", aquela possessiva, "que me ligue a cada quinze minutos para contar de uma ideia ou de uma nova invenção para salvar as finanças, quero uma mulher que ame meus amigos e odeie qualquer amiga que se aproxime. Que arda de ciúme imaginário para prevenir o que nem aconteceu".
Ah que bom construtor de frases. Como sabe alinhavar palavras esse homem. Tenho ele no Twitter. E ele é capaz de dar "oficina de literatura" no microblog. "Acredito que 140 caracteres não são uma limitação, mas um afrodisíaco na arte do corte e da captura do que é essencial a ser escrito. É uma oportunidade criativa para sugerir mais e acentuar a ambiguidade e a duplicidade das experiências do cotidiano". Ainda há pouquinho tuitou uma frase fantástica: "Eu me atraso sempre que tenho tempo de sobra." Intelectual excêntrico, que retira poesia até em entrevista por e-mail. Não me canso de ler o seu blog.
É dele:
"Não me interessa um tempo comigo quando posso dividir a eternidade com alguém"
"Não quero chegar a nenhum lugar, sou um lugar viajando"
"Esconder o vexame sempre foi o maior vexame"
"Sofro em vão pelo medo de sofrer. Falta-me a simplicidade de um pano de prato"
"Aniversário tem desses paradoxos, a gente não avisa, mas quer ser lembrado."
Ele por ele mesmo
Quando e como surgiu teu "eu" escritor?
CARPINEJAR: Acho que surgiu o "ele" escritor. A literatura me motiva a tomar a vida dos outros como se fosse minha. É um pessoalismo altruísta, meio santo meio maldito: esvaziar-se de si. Sou o último a me ouvir. Acredito que minha infância barulhenta de sinais me inspirou a deixar lentamente um testamento por escrito. Ou pode ser meu modo de devolver todas as frutas que roubei de meus vizinhos.
O que mais te inspira a escrever?
CARPINEJAR: O que ninguém amou ou percebeu o suficiente. Literatura é dar valor ao que estava na garagem, no porão, no quartinho de tralhas, e convencer de sua importância para a casa.
Uma característica essencial do Fabrício?
CARPINEJAR: Amor incondicional - vou ao inferno para buscar o melhor buquê de fogo.
Um comentário:
eba! muito bom!
bj
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