sábado, 24 de abril de 2010

A minha é maior


Minha pimpolha (que já nem é tão cotoco assim, está quase da minha altura) carrega dentro de si, no alvorecer da vida, todo o inconsciente coletivo que nunca foi domado nem no tempo das cavernas. Digo isso porque ontem, estávamos falando na conjuntivite que se abateu coletivamente na minha família. Ela, eu e minha mãe pegamos. Meu pai agora, mais tardiamente. Sorte que não passei a meus colegas de redação, que volta e meia esfregavam os olhos, temerosos de terem se contagiado pelo "mal da Pita". Ao mencionar a doença, ela logo fez questão de dizer: "a conjuntivite do vô está mais fraquinha. Quem pegou a mais forte fui eu."
Desde criança queremos medir as tragédias e gostamos quando as nossas são maiores. Creio que somos projetados para vermos nossas vicissitudes com lente de aumento. Não é que a grama do vizinho seja mais verde, é que nós fizemos questão de termos o drama maior. Nos esforçamos para isso. "O teu problema é grande, mas o meu é bem maior". Por incrível que pareça, constatarmos que o nosso problema é grandão, mais maxi que o do outro, nos da certa recompensa. E até uma gratificação.
Ainda não li nada na psicologia sobre a nossa obsessão por termos tragédias maiores e eu nem falo de grandes tormentas emocionais, tragedinhas pequenas mesmo, como a tal conjuntivite. Foi quando ficou patente, até em minha filha, a vontade de ter conflitos superlativos. Queremos que nossos dramas sejam maiores do que o dos outros para dizermos depois que sofremos mais, que nossa cruz foi barra pesada de carregar. Mas que conseguimos, apesar do torvelinho de dores, nos reassentar no caminho da paz reinante, nem tanta paz assim, mas enfim, uma serena tranquilidade que se acomoda no nosso cotidiano e que não se configura nem como felicidade nem como infelicidade. Um paz tíbia que vem bem a calhar no decorrer dos dias.
Queremos seguir em frente como heróis mais super do que o outro. Afinal, se minha dor é maior e eu fui capaz de superá-la, tendo a ser mais apto que ele. A grande tragédia da vida é que nossas dores são maiores, só para nós mesmos. E se ela acontece comigo, ela sempre será a mais sofrida. Até mesmo minha conjuntivite é mais forte que a sua.

"O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso."
(Mário Quintana)

2 comentários:

JORGE LOEFFLER .'. disse...

Oi Pita.
Hoje minha neta, Giovana, completa seus dois aninhos. O maninho dela o Guilherme ficou aqui na praia alguns dias. Sexta-feira a vovó Berenice foi levá-lo para Estrela. Ficamos em casa eu e a Pinga. Hoje nosso filho, nora e a neta, Carla Isabelle, que completou recentemente um aninho e que residem aqui perto de casa me acompanharam a um restaurante onde almoçamos. Estava atualizando o meu blog. Tomado pelo cansaço, resolvi esfriar a cabeça e então passando na relação de sites e blogs, entrei no teu. Foi quando vi a fotos de vocês três. Tua filha é uma linda menina e se a fisionomia dela diz algo, penso que seja muito decidida. Fico feliz em saber que vocês também apreciam animais. Isto é sinal de que os corações aí são bons. Faz poucos dias navegando no blog da Laura vi uma foto tua tirada quando fazias uma entrevista.
Como dizia, passando no teu blog fiquei feliz não só pela foto de vocês como pelo fato de que tens escrito e postado com mais freqüência. Gosto muito dos teus textos, pois com eles externas o que sentes. Tenho um amigo com quem gravei duas vezes o programa Pampa Boa Noite da TV Pampa de Porto Alegre que é um excelente blogueiro. Trata-se do Ruy Gessinger, desembargador e professor aposentado que ainda advoga e é pecuarista em Unistalda. É um cara fantástico e usa o blog para externar seu pensamento um tanto de esquerda, menos do eu que, embora não me deixe amestrar, sou filiado ao PT. Sugiro que visites o blog dele cujo endereço é: http://blog.gessinger.com.br/
Dei-me conta agora que estamos chegando às 21 horas. A barriga ronca e eu preciso elaborar meu jantar. Jantar que consiste apenas num café bem servido, pois quando ”sortero” fico sem pai e nem mãe. Hahahah... Depois preciso escrever um artigo dando um pau no prefeitinho de merda que tenho aqui. Quero o fígado dele e ele o meu rim. Os meus rins estão dando sinais de cansaço segundo me disse meu veterinário. Veterinário sim, pois velho neste país não é considerado gente. A pressão alta tá me maltratando e virei um velho de verdade, pois consumo mais medicamentos do que alimentos. Os meus 66 anos a serem completados dia 10 vindouro pesam sobre este velho e surrado corpo que carrega algumas fraturas decorrentes da atividade que exerci por mais de 30 anos. Nestes anos recolhia o lixo da sociedade. O corpo da tá no bagaço, mas a cabeça afiada como nunca.
Encerro desejando para vocês e demais familiares uma semana de muita felicidade. E ao cãozinho, um cafuné. Tchau...

(Podes me passar teu email pessoal?

Unknown disse...

Oi Jorge..sim estou postando mais, quando nao o faço é porque estou em crise existencial e me perscruto se realmente o jornalismo seria minha profissao,,ando com dúvidas...meu blog e meu espaço de expurgar as dúvidas ou trazê-las mais para perto de mim,,,nao sei,..mas sabe, assim vou indo,,em um caminho errante sem saber onde meus pensamentos me levam. Meu e-mail e pita@certelnet.com.br
Obrigada por vir aqui...pegar um pouco do meu eu..beijos e nas netas tambem