Uma das coisas que mais gosto é ouvir e analisar a definição do que as pessoas dizem que são. Na década de 80, Léo Jaime embalava uma letrinha sem maiores pretensões: Quem sou e e quem é você nessa história eu não sei dizer, mas eu acredito que ninguém tenha vindo para o mundo a passeio...Marisa Monte verbalizou em uma de suas canções: sou pequenina e também gigante. Raul Seixas vociferou como nunca, que era as coisas da vida e o medo de amar. E é claro, a luz das estrelas. Clarice Lispector jamais passou da sua própria interrogação: Eu sou uma pergunta, salientava ela. Já a cronista Martha Medeiros não esconde de ninguém que tem um elenco de protagonistas dentro de si: "sou tantas que não consigo me reconhecer na rua." Mas foi Oswaldo Montenegro quem eternizou a explicação ao entoar poesia em forma de música: "metade de mim é amor, a outra metade também."
Em tempos de internet, basta entrar no orkut e ler o perfil do dono da página. Quem sou eu: geleira ou vulcão; tormenta ou calmaria, sou gaivota, fui sereia. São tantas coisas pra dizer de nós. Alguém um dia disse que somos o resultado de tudo que passamos. Eu sou o que fui. É vero. Veríssimo. Esse aliás se diz em uma de suas autofinições irônicas, "gigolô das palavras" . Talvez todos sejamos amplos, abrigamos multidões. Mas eu me arrepio na definição de Fernando Pessoa: Eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura...Todavia, navegante que sou deste barco de emoções que atracam dentro de mim, sei que me descompreendo. Deslizo para dentro e para fora do meu porto, as vezes estaciono, em outras, eu nem quero chegar. Em várias, quero capitanear mais autonomia, ser mais dona de mim mesma. Mas na maioria das vezes, sei que nunca saberei de mim. E sabe o que? Isso é tudo que eu preciso saber!
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