Enquanto ele fala em "chaga social", eu suspiro. Enquanto ele rebate a necessidade de "proteção social", eu gracejo internamente e assim que ele arremata com a importância da "conscientização de todos", eu compreendo: ele é o cara. Nada contra o Obama julgar que Lula "is the man". Longe de mim contestar o superpoderoso. Mas é que ele realmente não conhece a potência da promotoria pública de Lajeado. Dentro dela mora um anjo. Lindo, esbelto, alto e com poder de arrebatar olhares. De soslaio, é claro, porque com autoridade dessa envergadura não se brinca e nem se fornica. Mas, ave César, se há um homem da lei que merece todo o realejo é esse tal de ....nononinonon. O nome é sigilo de redação. Lá, todo mundo sabe que arrasto uma asa secreta para esse paladino das regras. Mas esse é um assunto "in off".
Sendo abusada, digo que achei a metade da laranja. Pena que outra meia laranja encontrou-o primeiro. Assim eu continuo sendo meia e não direi nem meias-palavras sobre esse assunto fora da pauta porque não sou louca de perder a fonte. Sou só uma bipolar moderada tendo de manejar a hecatombe que me invade quando o olho com fingido desinteresse e pergunto profissionalmente sobre "a solução para tratar os adolescentes em desacordo com a lei."
Um Apolo dedicado a Justiça pública. A beleza é só a moldura de uma personalidade que o acompanha majestosamente. Mas ele vale todo esse discurso panegírico. Educado, com trejeitos moderados, tem consciência dos problemas sociais. O epicentro de todo esse garbo é uma declaração despretensiosa: "as pessoas buscam uma felicidade efêmera fora delas, quando a felicidade está nelas". God..foi nessa hora que eu vi gnomos: lindo e evoluído, a última coca-cola do deserto. Deus colocou um Adônis espiritualizado na minha frente para retirar o doce logo depois. Este homem, suprassumo do homo sapiens, entornou todas as minhas aspirações românticas com um único gesto de mão. No dedo anular circundava uma aliança dourada indicando que todo homem que reluz desse modo é ouro. Um ouro já entesourado por alguém com cacife para bancar esse alto relicário. Ah...eu sei, eu sei que o mundo é injusto. Mas ele bem que poderia ser injusto a meu favor! Mundo dura lex, sed lex.
quarta-feira, 30 de março de 2011
sexta-feira, 18 de março de 2011
Cheia de 40!
Ufa. Cheguei lá...aos trancos e barrancos posso me considerar gatona da meia-idade. Gatia. Tia. Tia para todos os alunos nas escolas onde ingresso para entrevistar professores. Tia para os moleques da calçada. Tia para a juventude malévola que tem espinha na testa. Tia até para marmanjões de 25 anos. Tia um cacete. Moleque que dispara um "oi tia" deveria ir para a Fundação de Apoio Socio Educativo (Fase). Sou tia só para meu sobrinho de dois anos, filha da minha mãe e praticamente irmã da minha filha. Todos os graus de parentesco constam na minha árvore genealógica, chega de sobrinho bastardo. Pelo fim da saudação de rua: OI TIA. Abaixo a tia. Senão baixo o cacete verborrágico: pestinha insolente.
Fazer anos é algo tão paradoxal. A pessoa me cumprimenta e diz: "parabéns". Mas eu sei que ela está pensando: "bah, ela já tem 40". Quer dizer, isso não é uma congratulação, chega a ser um sentimento de comiseração. Mas eu aguento, depois vou à desforra no aniversário dos outros.
Então, hoje teve festinha na redação. Juntamos uns troquinhos e compramos salgadinhos. Mas a diversão ficou por conta dos dois minutos de espetáculo: Eu, Rôdi e Lu vestimos perucas e óculos e cantamos a paródia. Carlos fez a apresentação.
Cheia de 40 (Cante como Cheia de Mania, do Raça Negra)
Cheia de ruguinha
Antitecnologica
Velhinha robusta
Sabe ser escandalosa
Com essa idade ainda dança assim
domina toda redação
o povo fica sem saber o que fazer
querem me enxotar mas eu nao vou
não vou
Então me ajudam a esconder
Essa dança pro seu Oswaldo não ver
Fazer anos é algo tão paradoxal. A pessoa me cumprimenta e diz: "parabéns". Mas eu sei que ela está pensando: "bah, ela já tem 40". Quer dizer, isso não é uma congratulação, chega a ser um sentimento de comiseração. Mas eu aguento, depois vou à desforra no aniversário dos outros.
Então, hoje teve festinha na redação. Juntamos uns troquinhos e compramos salgadinhos. Mas a diversão ficou por conta dos dois minutos de espetáculo: Eu, Rôdi e Lu vestimos perucas e óculos e cantamos a paródia. Carlos fez a apresentação.
Cheia de 40 (Cante como Cheia de Mania, do Raça Negra)
Cheia de ruguinha
Antitecnologica
Velhinha robusta
Sabe ser escandalosa
Com essa idade ainda dança assim
domina toda redação
o povo fica sem saber o que fazer
querem me enxotar mas eu nao vou
não vou
Então me ajudam a esconder
Essa dança pro seu Oswaldo não ver
quinta-feira, 17 de março de 2011
Flesh, o indefensável

Um pastor belga está sendo treinado no Canil da Brigada Militar em Arroio do Meio para ajudar o policiamento na Copa do Mundo. Flesh é um filhote de seis meses com 25 quilos que adora buscar bolinhas de tênis que cheiram a dinamite ou pólvora. O treinamento é feito até ele figar viciado na brincadeira e não nas substâncias. Para ele, a bolinha fedendo a TNT é a caça viva.Assim que ele a encontra, fica sentado, indicando que aí tem carga explosiva. Para o adestrador Cardozo, Flesh vai mandar bem no Mundial. No que depender do treinador, o cão vai ter performance similar a Ronaldinho Gaúcho. Flesh, o convocado do Vale para o Mundial.
*** No mundo canino, vivi um dia de adestradora, ou quase isso. Vesti a proteção de braço e me impus coragem para experimentar a força da bocada. As fotos saíram hilárias. Esta é a imagem que em que aparento ser mais valente. As outras..repórter cagada!
sábado, 12 de março de 2011
Seu epitáfio!
Ele, @DdCoimbra deu adeus ao Twitter hoje, às 23h59 min. No derradeiro tuíte, escreveu: "a fidelidade é uma merda" e deixou cerca de 24 mil seguidoras sem chão, inclusive eu, que estou me sentindo uma viúva virtual. Sendo assim, refleti sobre o epitáfio dele. Aqui jaz um homem que gostava de Jos. Adeus homem da malemolência da praia, agora só vou te ver em textos impressos por aí, sem os tuítes personalizados que tanto te aproximaram de leitoras como eu. Ai, que vontade de cortar meus pulsos virtuais...pensei em puxar a tomada, estragar o cabo USB, mas esse suicídio não leva a nada.David Coimbra quer superar Moacir Scliar na imortalidade, então adiós...só me resta pensar em epitáfios - o meu, o seu, o nosso. Sugiro alguns para minha lápide:
"Enfim, livre do Diazepan" ou algo mais reflexivo tipo "Já estou no amanhã. E te espero". Um viciado em internet manda bem se tiver como últimas palavras: "Enfim, off line". Um espertinho poderia querer dar as boas-vindas: "Fique tranqüilo! Só quem é vivo, sempre aparece"
É legal que o epitáfio esteja relacionado com o modus vivendi da pessoa.
Em grego, "epitáfio" quer dizer "sobre a tumba" e é uma espécie de último pio humano que a gente dá sobre a Terra. Muita gente famosa deixou seu epitáfio pronto antes de morrer. Alguns são bem humorados e criativos como este: "Sabia que você viria". Mas há outros muito interessantes:
"Perdoe-me por não me levantar"
- Groucho Marx, artista do cinema
"É uma honra para o gênero humano que tal homem tenha existido."
- Na lápide de Isaac Newton, na Abadia de Westminster
•“O tempo não pára…”
- Na lápide de Cazuza, Cemitério São João Batista, RJ
Sem o melhor amigo, sem o pior inimigo
- Lucius Cornelius Sulla, ditador romano
Isto é tudo, pessoal!
- Mel Blanc, dublador do Pernalonga
Desculpe a poeira
- Dorothy Parker, escritora americana
Non fui, fui, non sum, non curo (Eu não era, eu era, eu não sou, eu não me importo)
- Famoso epitáfio latino
"Enfim, livre do Diazepan" ou algo mais reflexivo tipo "Já estou no amanhã. E te espero". Um viciado em internet manda bem se tiver como últimas palavras: "Enfim, off line". Um espertinho poderia querer dar as boas-vindas: "Fique tranqüilo! Só quem é vivo, sempre aparece"
É legal que o epitáfio esteja relacionado com o modus vivendi da pessoa.
Em grego, "epitáfio" quer dizer "sobre a tumba" e é uma espécie de último pio humano que a gente dá sobre a Terra. Muita gente famosa deixou seu epitáfio pronto antes de morrer. Alguns são bem humorados e criativos como este: "Sabia que você viria". Mas há outros muito interessantes:
"Perdoe-me por não me levantar"
- Groucho Marx, artista do cinema
"É uma honra para o gênero humano que tal homem tenha existido."
- Na lápide de Isaac Newton, na Abadia de Westminster
•“O tempo não pára…”
- Na lápide de Cazuza, Cemitério São João Batista, RJ
Sem o melhor amigo, sem o pior inimigo
- Lucius Cornelius Sulla, ditador romano
Isto é tudo, pessoal!
- Mel Blanc, dublador do Pernalonga
Desculpe a poeira
- Dorothy Parker, escritora americana
Non fui, fui, non sum, non curo (Eu não era, eu era, eu não sou, eu não me importo)
- Famoso epitáfio latino
segunda-feira, 7 de março de 2011
O véu que liberta!

Vejam só, enquanto o povo se esbalda na folia, muçulmanos de três estados escolhem Lajeado para rezar por Alá. Eles estiveram hospedados no Weiand Turis Hotel durante quatro dias e durante esse período acordaram as 5h da manhã para as orações. As mulheres, com "hijabs" lindos e coloridos, chamam a atenção. Hijabs são véus que escondem o cabelo, mas não o rosto. Cada qual pode personalizar o seu véu. Vi alguns muito bonitos, em tons vibrantes e com tecidos impressionantes.
A opinião que os muçulmanos têm do Carnaval não é muito favorável. E sabe o que impressona em mim? É que no fundo, concordo com eles. Considero muito mais produtivo se entocar num hotel com um sheik (pessoa que estudou Teologia Islâmica)do que saracotear pela avenida mostrando os peitos. Nunca me engracei pelo Carnaval. Nunca foi minha lenda pessoal botar meu bloco na rua de uma forma assim tão ostensiva fisicamente. Mas também não me escandalizo com o que vejo.
Só percebi que ao manter contato com o mundo islâmico, derrubei aquele estereótipo fundamentalista que me cercava. Não vi fanatismo, mas antes, a postura de gente respeitosa e que vive de uma forma serena. Bem mais do que nós. Engraçado, a gente sempre pensa que as mulheres são oprimidas pelos trajes e modo de vida, mas uma delas, Rima, professora de árabe me falou exatamente o contrário: "me sinto liberta". Com isso ela quis dizer que está alforriada da ditadura da beleza, algo que nós mulheres cristãs, sentimos como o mais temível grilhão, pois estamos sempre preocupadas com o peso, com a estética, com as rugas e a barriga sarada. Elas preferem ser valorizadas pela mente, confidenciou-me Rima. Esta é uma reflexão bem interessante: o véu que liberta só esconde o corpo mas enrijece a alma. E se o povo daqui não compactua das crenças islâmicas, o episódio serviu para pelo menos, popularizar o termo "hijab". Vai que no Carnaval que vem você se volte para Meca e prefira cuidar mais do espírito do que do corpo. No Brasil, um milhão de pessoas já fazem isso. Não é pouca coisa. Alá que o diga.
PS: Os islâmicos despertaram curiosidade entre os empregados e demais hóspedes do hotel devido às vestimentas e os hábitos. Um grupo de turistas alemães impressionou-se com a postura herdada do povo árabe. O decoro nos gestos, vocabulário e vestimenta determina a prática da retidão e a supressão da sensualidade. A equipe de funcionários teve de ser treinada para recepcioná- los. “Recebemos instruções para não cumprimentar as mulheres, estendendo as mãos e para agir de forma muito respeitosa”, disse o gerente. O hotel disponibilizou um salão para o grupo fazer as cinco orações cotidianas e outro para palestras.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Confissões de um exorcista!
O Vale do Taquari tem um poderoso padre exorcista. Nesta semana, ele foi chamado à região metropolitana para atender dois supostos casos de possessão demoníaca. O jornal O Informativo (eu) acompanhou o desafio.
Eu e o padre saímos ainda de madrugada.Enquanto eu servia o chimarrão para ele, o parapsicólogo (sim ele é parapsicólogo e doutor em psicanálise) me falou de fenômenos como Telergia. A viagem passou voando. Ele reiterou que acredita no diabo, sim, mas nao naquele ser figurado com cara de monstro. Para ele, o diabo é muito atraente. E por isso, muito mais perigoso.
O padre Hilário Dewes foi forjado na Igreja Católica para ser exorcista. E é. Mas lida muito mais com técnicas de parapiscologia para expurgar capetas insistentes que se introjetam na mente mudando a rota da energia vital.Ele atende a inúmeros chamados de supostas possessões demoníacas.Foi até para Paris a título de cuidar de um encapetado. O padre também é doutor em psicanálise. Trinta anos de experiências, lhe valeram a alcunha de "padre bruxo". Ele prefere um apelido menos místico e mais pragmático. "Eu digo que sou o padre bombril". As mil e uma utilidades se estendem do campo da fé para a mente. Ele benze, batiza, reza missa, faz hipnose, regressão e se precisar exorcizar, não se faz de rogado. Esconjura o satanás com a mesma calma com que toma chimarrão. Em um ano na diocese, estima ter atendido 30 casos em Lajeado. Epísódios de pessoas que levitam objetos ou ateiam fogo na casa são mais comuns do que se imagina, salienta Dewes. Os familiares, contudo, ocultam de amigos e vizinhos, assustados com os fatos porque o desconhecido é sempre temeroso.
** A viagem com o padre foi muito produtiva. Descobri que as pessoas são impressionáveis e que muitos demônios são mesmo os tormentos da mente. Como faz questão de dizer o vigário, "não pense que é assim tão fácil para o diabo entrar no corpo". Apesar disso, ele tem os apetrechos para o exorcismo: Bíblia, terço e trechos bíblicos que já estão decorados. De óleos a base de oliva para ungir os possessos lança mão. O quê? Você não acredita no diabo? Pois deveria...ele acredita em você.
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Eu e o padre saímos ainda de madrugada.Enquanto eu servia o chimarrão para ele, o parapsicólogo (sim ele é parapsicólogo e doutor em psicanálise) me falou de fenômenos como Telergia. A viagem passou voando. Ele reiterou que acredita no diabo, sim, mas nao naquele ser figurado com cara de monstro. Para ele, o diabo é muito atraente. E por isso, muito mais perigoso.
O padre Hilário Dewes foi forjado na Igreja Católica para ser exorcista. E é. Mas lida muito mais com técnicas de parapiscologia para expurgar capetas insistentes que se introjetam na mente mudando a rota da energia vital.Ele atende a inúmeros chamados de supostas possessões demoníacas.Foi até para Paris a título de cuidar de um encapetado. O padre também é doutor em psicanálise. Trinta anos de experiências, lhe valeram a alcunha de "padre bruxo". Ele prefere um apelido menos místico e mais pragmático. "Eu digo que sou o padre bombril". As mil e uma utilidades se estendem do campo da fé para a mente. Ele benze, batiza, reza missa, faz hipnose, regressão e se precisar exorcizar, não se faz de rogado. Esconjura o satanás com a mesma calma com que toma chimarrão. Em um ano na diocese, estima ter atendido 30 casos em Lajeado. Epísódios de pessoas que levitam objetos ou ateiam fogo na casa são mais comuns do que se imagina, salienta Dewes. Os familiares, contudo, ocultam de amigos e vizinhos, assustados com os fatos porque o desconhecido é sempre temeroso.
** A viagem com o padre foi muito produtiva. Descobri que as pessoas são impressionáveis e que muitos demônios são mesmo os tormentos da mente. Como faz questão de dizer o vigário, "não pense que é assim tão fácil para o diabo entrar no corpo". Apesar disso, ele tem os apetrechos para o exorcismo: Bíblia, terço e trechos bíblicos que já estão decorados. De óleos a base de oliva para ungir os possessos lança mão. O quê? Você não acredita no diabo? Pois deveria...ele acredita em você.
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terça-feira, 1 de março de 2011
Salmodiando!
Tomei uma resolução e agora ninguém mais vai aguentar: vou colocar o gogó no mundo. Cantar é uma linguagem universal, um dos prazeres mais viscerais do ser humano. Vou colocar a cachola para funcionar porque ideias é que não me faltam. Salmodiarei paródias o dia inteiro. É meu protesto bem-humorado para sair da pindaíba (embora eu tenha a plena ciência - um jornalista NUNCA sai da pindaíba). Roberto Carlos, forró, axé, é no embalo dos ritmos que erguerei a minha voz, nada melodiosa, é certo, mas cheia de vontade de acertar o passo.
HIT DO MOMENTO
Aumento é bom prá mim
Vou sim, quero sim, posso sim,
um aumento é bom prá mim
O meu Corsa eu tenho de trocar
Escola particular para minha filha tenho que bancar
Tenho que pagar
Fruteira, farmácia,plano médico boçal
Iptu atualizado dessa cidade neanderthal
Quero sim, posso sim, mereço sim
HIT DO ROBERTÃO
Jesus, um frila
Tem um frila, tem um frila
tem um frila me esperando aqui
Olho pro lado e vejo um sindicato sem voz ativa
Olho para o outro e vejo a Rola Moça como perspectiva
Pego e me sento e faço um curriculo super turbinado
Rogo pro céu e peço um super aumento, senão tô lascado
Jesus Cristo....
No ritmo de Tropa de Elite
Fator previdenciário, osso duro de roer
Pega o Celso, pega a Helena
Também vai pegar você!
HIT DO MOMENTO
Aumento é bom prá mim
Vou sim, quero sim, posso sim,
um aumento é bom prá mim
O meu Corsa eu tenho de trocar
Escola particular para minha filha tenho que bancar
Tenho que pagar
Fruteira, farmácia,plano médico boçal
Iptu atualizado dessa cidade neanderthal
Quero sim, posso sim, mereço sim
HIT DO ROBERTÃO
Jesus, um frila
Tem um frila, tem um frila
tem um frila me esperando aqui
Olho pro lado e vejo um sindicato sem voz ativa
Olho para o outro e vejo a Rola Moça como perspectiva
Pego e me sento e faço um curriculo super turbinado
Rogo pro céu e peço um super aumento, senão tô lascado
Jesus Cristo....
No ritmo de Tropa de Elite
Fator previdenciário, osso duro de roer
Pega o Celso, pega a Helena
Também vai pegar você!
sábado, 26 de fevereiro de 2011
O avesso do glamour no Oscar

Amanhã tem Oscar. A Rede Globo topou a parada e vai televisionar a festa mais glamorousa do cinema. Celebridades, aquelas que figuram no Olimpo, deslumbrarão o mundo com vestidos suntuosos e jóias de pesados quilates. Tapete vermelho, flashes e o planeta embasbacado: Angelina Jolie e Brad Pitt são reais. E lindérrimos. A nós, meros mortais medianos, foi destinado uma gordurinha na anca, o nariz aquilino demais e bem que a gente fecha o olho para a barriguinha saliente do nosso parceiro. Não somos de Hollywood, ah tá, tudo bem a gente pode fazer figuração num comercial da Fruki. O máximo que o nosso corpitcho chega é se exibir na telinha local em uma propaganda de creme hidratante para a DiHellen. Isso, a Ana Paula Quinot conseguiu. Convenhamos, ela merecia bem mais. No mínimo, ser confirmada no elenco de um programete Global.
Mas bem, estou querendo falar do fascínio que o mundo dos famosos exerce em quem não está no topo do universo. Pessoas, eu, você e o João. Nós que compramos Caras para vislumbrar o prato e o castelo de férias dos famosos. E olha que esses são tupiniquins. Imagina se aproximar de um da terra do Tio Sam. Fantastíque.
Amanhã, meus senhores, o Brasil terá um representante de luxo. O documentário ‘Lixo extraordinário’ concorre na categoria de melhor filme estrangeiro. E quem vai estar lá será o gari carioca Tião Santos: a única vez que usou terno e gravata foi quando se elegeu presidente da Associação dos Catadores do Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário da América Latina. Amanhã, a turma do Jardim Gramacho estará de olho na telinha e orgulhosos de Tião que fará boa cena vestindo grifes de duas marcas cariocas.
Eu acho bárbaro que o mundo olhe para o avesso do glamour. Temos que nos orgulhar mais de nós mesmos e menos das ficções. Podemos trocar o Senhor e Senhora Smith, pelo senhor Santos, sobrenome que brota aos borbotões por essa terra de chuteiras.
Há dois anos, trabalhei como gari por um dia. Foi uma experiência como eu diria, invisível. Eu percebi a invisibilidade social pela qual eles estão engolfados. Não existe "olá" para o catador na maior parte do dia. Eles estão tão acostumados com a indiferença, que se tornam indiferentes a eles mesmos. Sentem-se resignados em ser invísiveis. Existe uma absurda diferença entre os uniformes: o do médico suscita admiração e respeito. O do gari...a invisibilidade que se dá a um "poste".
O psicologo Fernando Braga da Costa trabalhou com os garis e comprovou que em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social. Se a gente passasse pela experiência, talvez conseguiria se livrar desse estigma burguês. E vislumbrasse o seu João do Lixão, como um trabalhador com direito a ganhar "bom dia".
Amanhã, o Oscar vai inevitavelmente para Tião Santos, que está louco para ver o Nicolas Cage de perto. Ele é o cara. Herói real.Aqueles que suplantam a ficção.
PS: O documentário nacional não levou a estatueta: Apesar da derrota, só a presença de Tião entre os astros de Hollywood já foi considerada uma vitória para a comunidade. "Tudo o que ele fez foi para mostrar a nosso pai até onde poderia chegar. Se ele estivesse vivo veria que o Tião é um vencedor", disse Carla Simone dos Santos, irmã do catador.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Coração insepulto

A lei da vida determina que os pais enterrem os filhos. O contrário é intragável, desumano, espúrio. Quando Nersi Thomas teve certeza de que seu filho morrera, o mundo despencou. Sepultou Alex Thomas ante o olhar perplexo da sociedade, mas soube que seu coração permaneceria insepulto.Alex foi assassinado há 25 anos por sete rapazes da classe média na praia de Xangrila. O crime gerou comoção nacional porque naquela época não era comum jovens matarem outros. Se hoje, para cada assassinato houvesse nomes de ruas, o Brasil não teria mais esquinas. Mas ele ganhou a sua, dois anos após sua morte. A Rua Alex Thomas é estreita e compacta como foi a existência do estudante. É uma alameda da dor. Ou da lembrança.
(Escrito às 5h da madrugada do dia 25 de fevereiro, 25 anos após a morte de Alex Thomas)
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Meu mundo de R$ 13
Se Maysa cantava "meu mundo caiu" com toda emoção interplanetária que requer a performance de uma cantora de sucesso, eu sibilo entre dentes, "meu mundo se ergueu", no ritmo em que Tiririca cantaria Florentina. Descobri o poder do RS 13. Cabalístico, este é um algarismo que melhora minha autoestima. Eis meu propulsor motivacional. Me deixa um pouco melhor, mais rica, me faz sentir mais mulher de sucesso. Quase uma Giuliana Morrone falando de Hollywood. Explico: estou fazendo matérias fora de hora.
Há três semanas, descobri que minha hora extra valoriza R$ 3 reais. Assim, de R$ 10 passo a ganhar R$ 13 contos de réis para ficar um pouco mais à frente do computador, falando com as fontes. Uma verdadeira operária das palavras.
Meu mundo se abriu. Se há uma luz no fim do túnel, não é o trem que vem vindo. É o patrão chegando com a laterninha, sinalizando que se eu não serei rica, ao menos terei a possibilidade de ganhar R$ 250 a mais por 20 horas de suor excedentes. Revigorada, acordo todos os dias com uma missão: trabalhar até às 17h e fazer uma hora extra. Se conseguir duas, melhor: 13 mais 13 são R$ 26. (dim dim, barulhos de moedinhas caíndo).
Aprendi a calcular rapidamente nos dedinhos o valor do suor extraordinário. Com nove horas de labuta, pago o curso de inglês da minha filha. Criei uma obsessão pelo 13. Virou automático calcular tudo. Na vitrine, o preço da etiqueta me impele a fazer contas: esse tamanco vai me custar seis horas. A academia é mais barata, me custaria cinco horas. Mas o Iphone, esse vai demorar mais um pouco. Seriam 70 horas. E o tablet, que morro de vontade de ter, eu me esguelaria no serviço: 145 horas. Nunca vi maçã tão cara e tão desejável. Será que Deus fez o mundo na sua hora-extra?
Minha imaginação vai longe nessa ânsia platônica de consumismo virtual. Eu transmuto calças, blusas, colégio particular, medicamentos, tudinho em serviço. OMG, não tenho tanto tempo na vida para fazer hora extra (na redação, a gente chama de ponto-caderno). Por isso, fiz da coca-cola zero minha referência.Com R$ 13, compro seis latinhas. Uhuuuu, Jesus me ama. E me refresca a alma com pouca caloria. Para uma serva sedenta de cifras, o 13 é a última coca-cola do deserto. Erguei as mãos e dai glória a Deus...
Há três semanas, descobri que minha hora extra valoriza R$ 3 reais. Assim, de R$ 10 passo a ganhar R$ 13 contos de réis para ficar um pouco mais à frente do computador, falando com as fontes. Uma verdadeira operária das palavras.
Meu mundo se abriu. Se há uma luz no fim do túnel, não é o trem que vem vindo. É o patrão chegando com a laterninha, sinalizando que se eu não serei rica, ao menos terei a possibilidade de ganhar R$ 250 a mais por 20 horas de suor excedentes. Revigorada, acordo todos os dias com uma missão: trabalhar até às 17h e fazer uma hora extra. Se conseguir duas, melhor: 13 mais 13 são R$ 26. (dim dim, barulhos de moedinhas caíndo).
Aprendi a calcular rapidamente nos dedinhos o valor do suor extraordinário. Com nove horas de labuta, pago o curso de inglês da minha filha. Criei uma obsessão pelo 13. Virou automático calcular tudo. Na vitrine, o preço da etiqueta me impele a fazer contas: esse tamanco vai me custar seis horas. A academia é mais barata, me custaria cinco horas. Mas o Iphone, esse vai demorar mais um pouco. Seriam 70 horas. E o tablet, que morro de vontade de ter, eu me esguelaria no serviço: 145 horas. Nunca vi maçã tão cara e tão desejável. Será que Deus fez o mundo na sua hora-extra?
Minha imaginação vai longe nessa ânsia platônica de consumismo virtual. Eu transmuto calças, blusas, colégio particular, medicamentos, tudinho em serviço. OMG, não tenho tanto tempo na vida para fazer hora extra (na redação, a gente chama de ponto-caderno). Por isso, fiz da coca-cola zero minha referência.Com R$ 13, compro seis latinhas. Uhuuuu, Jesus me ama. E me refresca a alma com pouca caloria. Para uma serva sedenta de cifras, o 13 é a última coca-cola do deserto. Erguei as mãos e dai glória a Deus...
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Tempo vil
Sempre me neguei a trabalhar por dinheiro. Não estou surtando, explico: minha labuta tinha a ver puramente com paixão e ideologia. Stendhal, grande escritor, já dizia que é um privilégio ter como profissão a paixão. A ordem dos fatores não altera a fruição. É um privilégio ter como paixão a profissão. Acreditei piamente nisso durante anos. Nunca fui ambiciosa, mas não tinha sequer metas rasas a respeito de sistema financeiro pessoal. Nunca foi minha lenda.Agora, aos 40 vi que pequei. E pequei por vários motivos. Ganho pouco e com 20 anos de profissão, me considero um fracasso. Porque andei 20 anos e recebo R$ 100 reais a mais daqueles que estão começando hoje. Quer dizer, não é só questão de orçamento. O buraco é mais embaixo. O rombo é na autoestima e não tem reajuste que irá compensar. Mas como viver não é necessário e trabalhar sim, todos os dias o alarme do celular avisa-me que é hora de subir nos tamancos e ir. Mas eu não tenho mais a ideologia que tanto fazia reluzir de fascínio o jornalismo. Eu a perdi há pouco, bem pouco tempo. Minha ideologia estava diretamente vinculada à minha meta. Antes, tinha por objetivo aprender uma palavra nova por dia. Mas não uma palavra do dicionário e sim as quais eu lia em livros ou resgatava em revistas. Foi com essa meta que fiquei conhecendo a beleza de um "exegeta" ou de um "prosélito" e a limitação de um "parvo". Troquei esse objetivo por outro mais duro e cínico. Meu foco é ganhar R$ 26 reais a mais diariamente. Este é exatamente o valor de duas horas extras, que faço para incrementar a renda. Troquei a literatura pelo vil metal. Isso me mata, mas é por sobrevivência. Que ironia funesta.
***E assim é o mundo; às vezes, sinceramente, desejo que Noé e sua comitiva tivessem perdido o barco.
(Mark Twain)
***E assim é o mundo; às vezes, sinceramente, desejo que Noé e sua comitiva tivessem perdido o barco.
(Mark Twain)
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Uma personagem clonada em mim!
Ah..arre eu vou admitir a duras penas: eu assisto a novela Tititi. E adoro. Confesso, confesso que quando a impagável Jaqueline disse: "muitos me adoram, mas ninguém me ama", me senti a própria personagem enjaulada na televisão, mas com uma vida real correndo à revelia aqui em Lajeado. O folhetim tem um aspecto filosófico latente que Schopenhauer acharia interessante analisar.
Jaqueline, surtada, sou eu em meu melhor momento. Yo também sou moldada com todos os meus exageros dos anos 80. Amo, amooooooooo anos 80, "charrete que perdeu o condutor", cantaria Raul Seixas, naqueles doces tempos em que as calças deandê contornavam a silhueta das mulheres de polainas.
Jaqueline, no espectro de Cláudia Raia, deslocando-se com seus maxiacessórios no corpo de 1,80 de altura, sou eu, compactada em um universo de 1,60, mas não menos complicada e visceral.
Agora que a novela está no fim, só agora, tive a ideia de separar um caderno para transcrever as tiradas mais originais que os personagens emitem. E não é só a Jaqueline que desfere golpes hilários em forma de frases. Tem Dorinha, a ex-modelo falida que vocifera a suas pupilas: "a paixão é fugaz e uma péssima administradora de recursos". Os pós-adolescentes Mabi e Lipe são o intelecto de primeira grandeza incorporados ao folhetim. "Os românticos são vencidos pelos predadores", expressa Lipe em uma das falas em que busca o amor da filha de Jaqueline. Algumas dos diálogos são verbetes. Outros, clichês surrados, que, tratados com humor, viram pérolas repolidas.E eles citam Schopenhauer com a maior propriedade! Como diria Jaqueline, se minha inveja fosse um doberman, as duas crianças prodígio estariam aos pedaços.
Como a carente Jaqueline, sou uma atriz de mim mesma, que não caibo em nenhum folhetim, mas que estou muito bem representada numa personagem fictícia.Sim, por baixo dessa crosta opaca se esconde um belo diamante. Que jamais será lapidado, porque me escondo em camadas de depressão crônica, uma sujeita que só ri quando Jaqueline lasca: "que mal eu fiz na outra encarnação, será que fui engraxate de Hitler?"
*** Pois é, e de tudo isso eu concluo igual ao Calvin: Marx dizia que a religião era o ópio das massas... ele ainda não conhecia a televisão.
Jaqueline, surtada, sou eu em meu melhor momento. Yo também sou moldada com todos os meus exageros dos anos 80. Amo, amooooooooo anos 80, "charrete que perdeu o condutor", cantaria Raul Seixas, naqueles doces tempos em que as calças deandê contornavam a silhueta das mulheres de polainas.
Jaqueline, no espectro de Cláudia Raia, deslocando-se com seus maxiacessórios no corpo de 1,80 de altura, sou eu, compactada em um universo de 1,60, mas não menos complicada e visceral.
Agora que a novela está no fim, só agora, tive a ideia de separar um caderno para transcrever as tiradas mais originais que os personagens emitem. E não é só a Jaqueline que desfere golpes hilários em forma de frases. Tem Dorinha, a ex-modelo falida que vocifera a suas pupilas: "a paixão é fugaz e uma péssima administradora de recursos". Os pós-adolescentes Mabi e Lipe são o intelecto de primeira grandeza incorporados ao folhetim. "Os românticos são vencidos pelos predadores", expressa Lipe em uma das falas em que busca o amor da filha de Jaqueline. Algumas dos diálogos são verbetes. Outros, clichês surrados, que, tratados com humor, viram pérolas repolidas.E eles citam Schopenhauer com a maior propriedade! Como diria Jaqueline, se minha inveja fosse um doberman, as duas crianças prodígio estariam aos pedaços.
Como a carente Jaqueline, sou uma atriz de mim mesma, que não caibo em nenhum folhetim, mas que estou muito bem representada numa personagem fictícia.Sim, por baixo dessa crosta opaca se esconde um belo diamante. Que jamais será lapidado, porque me escondo em camadas de depressão crônica, uma sujeita que só ri quando Jaqueline lasca: "que mal eu fiz na outra encarnação, será que fui engraxate de Hitler?"
*** Pois é, e de tudo isso eu concluo igual ao Calvin: Marx dizia que a religião era o ópio das massas... ele ainda não conhecia a televisão.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Seres molhados
Na praia, a malemolência impera. Somos seres molhados, salgados, feito peixes. Nas férias, a gente folga da gente. Depois tudo volta ao normal e o trem retorna aos trilhos. Mas é bom descarrilar uma vez por ano. Ô, se é...
P.S - Voltei da praia há uma semana. Descobri que retornar dourada faz muito bem à auto-estima. É como se você tivesse feito duas lipoaspirações e emagrecido 15 quilos. Constatei agora como posso "dourar a pílula". Com sol. Muito sol. Existir assim, me dá tal microfonia que me sinto "up" nos takes da tevê.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Mergulhando em Maat
Quando se lê sobre a história do Egito e dos tempos faraônicos, se percebe a beleza, o mistério e o fascìnio que rondava os egípcios. Mas isso não é conversa para uma crônica. É preciso desbravar os pormenores de um povo que teve a supremacia há cinco mil anos. Comecei com a série Ramsés e me apaixonei por esse faraó que fazia persistir de qualquer forma a Lei de Maat.
Maat, cujo nome traduzido significa "verdade", é a personificação da Ordem no Universo, sem a qual nada existiria. Os antigos egípcios acreditavam que o Universo era perfeitamente ordenado, seguindo ciclos constantes. E Maat seria a responsável por manter esse equilíbrio universal, mantendo a criação intacta e contínua. Sem Maat, as águas da deusa Nun (deusa do caos primordial) reclamariam o mundo.
Embora essa deusa tivesse uma função ordenadora do universo, suas atribuições se refletiam também na organização social. Uma das obrigações dos faraós era a de implementar a ordem e equilíbrio. A frase "Eu mantive Maat" estava escrita nas câmaras funerárias de vários faraós, como testemunho para a eternidade. Já os sacerdotes de Maat eram os juízes da sociedade egípcia.
O que me assombra nesta semana é a tragédia no Rio e as 500 mortes em consequencia do maior desastre climático brasileiro. O Egito, a cada ano assistia as cheias, que eram muito bem-vindas, porque fertilizava a colheita. O povo, vivendo sobre a Lei de Maat, nada tinha a temer. E qualquer tragédia que acontecesse, era porque Maat teria se irritado. Era necessário então fazer sacrifícios para acalmá-la. O Egito era extremamente místico. Apenas os artesãos eram iniciados nos saberes secretos. Esse processo de guardar o conhecimento apenas aos neófitos inspirou sociedades secretas, como a maçonaria. Bem, mas isso é outra história.
Um dia depois: número de mortos subiu para 542.
Maat, cujo nome traduzido significa "verdade", é a personificação da Ordem no Universo, sem a qual nada existiria. Os antigos egípcios acreditavam que o Universo era perfeitamente ordenado, seguindo ciclos constantes. E Maat seria a responsável por manter esse equilíbrio universal, mantendo a criação intacta e contínua. Sem Maat, as águas da deusa Nun (deusa do caos primordial) reclamariam o mundo.
Embora essa deusa tivesse uma função ordenadora do universo, suas atribuições se refletiam também na organização social. Uma das obrigações dos faraós era a de implementar a ordem e equilíbrio. A frase "Eu mantive Maat" estava escrita nas câmaras funerárias de vários faraós, como testemunho para a eternidade. Já os sacerdotes de Maat eram os juízes da sociedade egípcia.
O que me assombra nesta semana é a tragédia no Rio e as 500 mortes em consequencia do maior desastre climático brasileiro. O Egito, a cada ano assistia as cheias, que eram muito bem-vindas, porque fertilizava a colheita. O povo, vivendo sobre a Lei de Maat, nada tinha a temer. E qualquer tragédia que acontecesse, era porque Maat teria se irritado. Era necessário então fazer sacrifícios para acalmá-la. O Egito era extremamente místico. Apenas os artesãos eram iniciados nos saberes secretos. Esse processo de guardar o conhecimento apenas aos neófitos inspirou sociedades secretas, como a maçonaria. Bem, mas isso é outra história.
Um dia depois: número de mortos subiu para 542.
Vidas soterradas
O título choca os leitores do jornal Zero Hora. Mas as cenas transmitidas na televisão chocam muito mais. Aqui no Rio Grande do Sul, livre da tragédia que assolou a cidade maravilhosa, a gente fala da traição do Ronaldinho, do calor e das férias, como se o cotidiano fosse comum. Mas não, não podemos estar alheios a quase 500 mortes, a famílias que não conseguiram salvar móveis nem casas, a estradas destruídas. A lama, esgoto e mortificação. Sairei em férias em 24 horas. Viajarei a praia, mas não me sinto digna de desfrutar o benefício a que tenho direito. Vi uma mulher no alto de uma casa esperando por resgate com três cães. Os vizinhos lançam uma corda. Ela a segura com uma mão, porque tenta salvar pelo menos um dos seus cachorros. Mas cai na água, vem uma onda de água suja e a faz mergulhar. Ela se vê obrigada a largar o cão. É salva sob gritos de uma voz feminina desesperada: salva ela, salva ela.
Hospitais e casas destruídas. Soterradas pelo barro. Carros atirados em cima de residências. A gente fica indignado quando em uma queda de luz, queima a televisão ou outro aparelho eletrônico. Imagina então uma vida perdida, mesmo que a vítima não tenha sido morta. Uma vida marcada por um trabalho que paga um, dois ou três salários mínimos, que seja. Um clima de guerra. A repórter diz que já perdeu a conta de quantos corpos passaram enrolados em sacos plásticos. A maior tragédia climática do Brasil. A força arrasadora das águas subjugou o Brasil. A natureza, tão bela e tão mãe em muitas ocasiões, dá o troco como sabe pela ocupação das encostas, ocupação ilegal e o asfalto que escoa a produção, mas é um temível inimigo do meio ambiente. Eu queria que isso fosse um filme de ficção científica. Mas o dia depois de amanhã chegou de forma inacreditável. Um longa-metragem que não é de ficção. É de horror.
Hospitais e casas destruídas. Soterradas pelo barro. Carros atirados em cima de residências. A gente fica indignado quando em uma queda de luz, queima a televisão ou outro aparelho eletrônico. Imagina então uma vida perdida, mesmo que a vítima não tenha sido morta. Uma vida marcada por um trabalho que paga um, dois ou três salários mínimos, que seja. Um clima de guerra. A repórter diz que já perdeu a conta de quantos corpos passaram enrolados em sacos plásticos. A maior tragédia climática do Brasil. A força arrasadora das águas subjugou o Brasil. A natureza, tão bela e tão mãe em muitas ocasiões, dá o troco como sabe pela ocupação das encostas, ocupação ilegal e o asfalto que escoa a produção, mas é um temível inimigo do meio ambiente. Eu queria que isso fosse um filme de ficção científica. Mas o dia depois de amanhã chegou de forma inacreditável. Um longa-metragem que não é de ficção. É de horror.
sábado, 8 de janeiro de 2011
Ricos são mais egoístas
O estudo nao me convenceu.Mas pelo que sinto nas experiências em entrevistas com o povo, os pobres realmente ajudam mais uns aos outros.
O estudo foi feito pela Universidade da Califórnia, do qual participaram 115 pessoas de várias classes sociais. Na experiência, os voluntários foram agrupados em duplas para um joguinho. Cada pessoa recebia 10 créditos, e tinha que decidir quantos deles iria doar ao parceiro. Os voluntários ricos doaram 44% a menos do que os pobres. Segundo os psicólogos, isso supostamente acontece porque, como os indivíduos pobres enfrentam mais dificuldades no dia-a-dia, estão acostumados a se ajudar para sobreviver – o que seria menos frequente entre os ricos.
*** Ricos e donos de Ipad são ainda mais egoistas - tem fartas pesquisas no Google indicando isso.
*** Outra pesquisa mostra que os egoístas são fundamentais a sociedade. Eu não entendi o foco dessa pesquisa por isso não a postarei aqui. Mas vou estudar sobre.
Ricos são mais egoístas - Superinteressante
O estudo foi feito pela Universidade da Califórnia, do qual participaram 115 pessoas de várias classes sociais. Na experiência, os voluntários foram agrupados em duplas para um joguinho. Cada pessoa recebia 10 créditos, e tinha que decidir quantos deles iria doar ao parceiro. Os voluntários ricos doaram 44% a menos do que os pobres. Segundo os psicólogos, isso supostamente acontece porque, como os indivíduos pobres enfrentam mais dificuldades no dia-a-dia, estão acostumados a se ajudar para sobreviver – o que seria menos frequente entre os ricos.
*** Ricos e donos de Ipad são ainda mais egoistas - tem fartas pesquisas no Google indicando isso.
*** Outra pesquisa mostra que os egoístas são fundamentais a sociedade. Eu não entendi o foco dessa pesquisa por isso não a postarei aqui. Mas vou estudar sobre.
Ricos são mais egoístas - Superinteressante
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
A frase que me ganha
Sou fissurada por frases. Um verdadeiro fetiche literário. Eu as coleciono há muitos anos e meu modo de guardá-las é um tanto curioso. Não tenho um arquivo no word como seria previsível. As coloco todas no rascunho do meu Outlook. É assim: quando leio algum livro, costumo separar um bloquinho e todas as frases de que gosto são repassadas para o papel, para depois serem transferidas para o e-mail. Mas peguei a mania de colocá-las no rascunho o que me gera certa dor de cabeça cada vez que tenho de formatar o computador. Então, deixo mil recomendações ao técnico: por favor, mantém intacto o e-mail. E assim é feito sempre.
Frases por frases, poderia procurar na internet aquelas do Pensador. Mas não, faço questão de peneirar as minhas. Elas precisam me impactar à primeira vez que as leio. Depois retomo a elas várias vezes, para pensar, meditar e investigar em mim qual o efeito que elas me causam: Clarice Lispector, Fabrício Carpinejar, Nietzsche, Raul Seixas, frases em latim e de livros. Tudo "o que me gusta", vou colocando nos rascunhos. O interessante desse exercício é que lembro de cada momento em que coloquei a frase aí. Como se o instante em que a premissa cruza os meus olhos ficasse registrado na maquina fotográfica da minha memória. Mas nao fica registrada a imagem e sim o sentimento que tenho sobre o que eu li.
É como se as frases que elejo para o meu arquivo fossem autobiográficas porque de certa forma, eu as escolho de acordo com meu espírito. Embora as de filósofos sempre fizessem parte de mim, porque eu os reverencio com muita veemencia. Então, neste terceiro dia do ano, quero fazer minha única resolução (porque há muito que deixei de pedir coisas quando o calendário antigo bate as pernas). Quero continuar lendo, me aproximando de almas filósoficas e sentindo o prazer que é o de encontrar um tipo de saber que está dentro de todos nós, mas como a gente corre muito e está acostumado a pensar no cotidiano e não na alma, deixa passar.
Conhecer um pouco do que os grandes pensadores escreveram me ajuda a matar um pouco da fome insaciável que tenho. Acho chato me embebedar com cerveja, não gosto de tequila e não suporto cheiro de uísque. Não sei o que falar com as pessoas fora do meu ambiente de trabalho. Não tenho papo para falar do tempo, dos outros ou da moda. Ler é o que me consola. O que me faz sublimar esse mundo. Talvez eu leia não por opção. É uma obrigação. É a única coisa que me dá um alento nessa vida humana, demasiada humana.
"Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar..."
(Nietzsche)
Frases por frases, poderia procurar na internet aquelas do Pensador. Mas não, faço questão de peneirar as minhas. Elas precisam me impactar à primeira vez que as leio. Depois retomo a elas várias vezes, para pensar, meditar e investigar em mim qual o efeito que elas me causam: Clarice Lispector, Fabrício Carpinejar, Nietzsche, Raul Seixas, frases em latim e de livros. Tudo "o que me gusta", vou colocando nos rascunhos. O interessante desse exercício é que lembro de cada momento em que coloquei a frase aí. Como se o instante em que a premissa cruza os meus olhos ficasse registrado na maquina fotográfica da minha memória. Mas nao fica registrada a imagem e sim o sentimento que tenho sobre o que eu li.
É como se as frases que elejo para o meu arquivo fossem autobiográficas porque de certa forma, eu as escolho de acordo com meu espírito. Embora as de filósofos sempre fizessem parte de mim, porque eu os reverencio com muita veemencia. Então, neste terceiro dia do ano, quero fazer minha única resolução (porque há muito que deixei de pedir coisas quando o calendário antigo bate as pernas). Quero continuar lendo, me aproximando de almas filósoficas e sentindo o prazer que é o de encontrar um tipo de saber que está dentro de todos nós, mas como a gente corre muito e está acostumado a pensar no cotidiano e não na alma, deixa passar.
Conhecer um pouco do que os grandes pensadores escreveram me ajuda a matar um pouco da fome insaciável que tenho. Acho chato me embebedar com cerveja, não gosto de tequila e não suporto cheiro de uísque. Não sei o que falar com as pessoas fora do meu ambiente de trabalho. Não tenho papo para falar do tempo, dos outros ou da moda. Ler é o que me consola. O que me faz sublimar esse mundo. Talvez eu leia não por opção. É uma obrigação. É a única coisa que me dá um alento nessa vida humana, demasiada humana.
"Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar..."
(Nietzsche)
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Misantropia na virada
Faltam três horas para os fogos espoucarem e as pessoas se abraçarem desejando o prenunciado "Feliz Ano Novo". AS felicitações correm pelo globo terrestre, com a devida adequação do horário. "Saúde", Paz, Amor e Felicidade - os termos mais pronunciados a meia-noite em uma celebração de indivíduos gregários que orbitam na sociedade. Todo esse blá-blá-blá para dizer que estou aqui na frente do blog fazendo as tais reflexões. Não irei celebrar nada. Há meses que esconjuro a vida social. Estou me tornando adepta da misantropia. Leio muito. Falo pouco em casa, sou sociável com ressalvas dentro do meu trabalho. Não faço o balanço de 2010, porque prefiro fazer a gangorra. Como uma pacata bipolar leve, tive oscilações. Encarei medos terríveis, monstros criados por mim mesma. Eram inexpugnáveis. Entrei em desespero por causa disso. Depois, como uma sombra que passa quando o sol já inexiste, eles foram embora me deixando exasperada de mim mesma. Aí, tive medo de ter medo. Eu pensava: eles estão ai na esquina. Esses medos vão me pegar. Foram carrascos da minha alma. Os temores foram definhando e eu me restabeleci não como uma pessoa feliz, mas como uma pessoa que sobrevive. Mas como diz Osho, "você pode sobreviver, mas sobrevivência não é vida." Ainda assim estou contente por nao estar terrivelmente triste. Não me atrevo a pedir nada em 2011. Sei que as coisas ficarão como estão. Ah, sim, mais ruguinhas e talvez uns quilinhos acima (que ódio). Reclusa, eu passo o tempo com as palavras, seja no blog, seja nos livros. Descobri há muito tempo que a filosofia tem o poder de curar tristezas. A gente pensa no que é a vida, pensa no que deixou de viver e pensa se há algo mais que nunca sonharemos neste século que ainda podemos viver. Exercitando o pensamento, nos livramos do vazio que ausculta o espírito. Esse era meu fantasma premente. Ele foi embora assombrar outro ser encarnado ou desencarnou de vez. Só tenho uma linha reta na minha frente, a linha da idade que vai seguindo pela infinita highway da vida. Invejo que tem esperança de anos melhores. Quem felicita o amigo e diz que "esse será o nosso ano". Não espero nada. Não pressinto nada. Eu sigo a contagem do calendário. Vou parar na velhice ou talvez, saia antes do tempo daqui atropelada por um caminhão. Isso é funesto? Não, é probabilidade. Mas não estou triste. Eu só estou fora da vida, ainda vivendo. Mais 365 dias estão nascendo, cada 24 horas uma nesga de esperança. Estou des-esperando. Tirando a espera de alguma boa ventura não me sinto aflita, não sinto nada. Zero. Mas na matemática, o zero é um nada que tudo pode.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Reflexão no apagar das luzes
Putaquepariu e mais um monte de palavrões para a política dos parlamentares. Esses filhotes de cães sarnentos aprovam um aumento mixuruca, beeeeeeeem mixuruca. Os salários de R$ 16,6 mil passarão para R$ 26 mil e mais um pouco, no apagar das luzes de 2010. Só esse mais um pouco que é de R$ 700 reais, ultrapassa substancialmente o valor do salário mínimo. A medida cria um efeito cascata. Assim é possível que deputados estaduais e vereadores também abocanhem mais um pouquinho do dinheiro do povo. Um dinheiro suado, minguado e jogado ao léu com o embolso de caras iguais a Tiririca (o iletrado), Romário (só bom de bola) e Maluf (o larápio). A gente vai pagar para Tiririca aprender a fazer com maestria aquilo que o Maluf aprimorou na Esplanada dos Ministérios: roubar legalmente e bem na cara da Justiça. O povo é pacífico, tépido até. Ninguém enceta uma inssureição contra os malandros do Congresso. E tem malandro que estoura a boca do balão. Enio Bacci não compareceu a votação, se absteve de dizer se era contra ou a favor. Assim, garantiu os votos e o reajuste. ÉEEEEEEEE...Malandro é o cara, que tá com o dinheiro e não se compara.
Enquanto os parlamentares se dão de presente um baita Papai Noel às custas do bolso do populacho, gente do bem se arma de vigor e prazer para fazer solidariedade no Natal. Hoje não aguentei e chorei dentro no hospital. Presenciei o trabalho de voluntárias que tocam violões e harpas aos pacientes do SUS. Elas também levaram o Noel para entregar presentinhos às crianças. Uma graça a declaração da coordenadora da turma: "A gente vai dormir pensando: quem eu vou fazer feliz amanhã". Foi nessa hora que as lágrimas rolaram na minha face. Não teve jeito, não consegui esconder e levei a tarja de "emotiva" por elas. Até que faz bem chorar de vez em quando.
À noite, peguei o boletim escolar da minha filha. Chorei de frustração. Tenho uma filha nota 6,5 quando o mercado requer que ela seja 9. Essa é uma equação que eu fico louca para resolver mas não sei como. Com uma mínima parte do salário dos deputados, eu a colocaria numa escola particular. Mas vamos pensar no coletivo, com a íntegra dos novos reajustes, o governo poderia melhorar a escola pública e mais alunos haveriam de melhorar as chances no futuro. Tiririca e Romário podem até ganhar R$ 26 mil, mas bem-sucedido é quem pensa, aprende e ganha gosto pela leitura. E tenho dito!!!
Enquanto os parlamentares se dão de presente um baita Papai Noel às custas do bolso do populacho, gente do bem se arma de vigor e prazer para fazer solidariedade no Natal. Hoje não aguentei e chorei dentro no hospital. Presenciei o trabalho de voluntárias que tocam violões e harpas aos pacientes do SUS. Elas também levaram o Noel para entregar presentinhos às crianças. Uma graça a declaração da coordenadora da turma: "A gente vai dormir pensando: quem eu vou fazer feliz amanhã". Foi nessa hora que as lágrimas rolaram na minha face. Não teve jeito, não consegui esconder e levei a tarja de "emotiva" por elas. Até que faz bem chorar de vez em quando.
À noite, peguei o boletim escolar da minha filha. Chorei de frustração. Tenho uma filha nota 6,5 quando o mercado requer que ela seja 9. Essa é uma equação que eu fico louca para resolver mas não sei como. Com uma mínima parte do salário dos deputados, eu a colocaria numa escola particular. Mas vamos pensar no coletivo, com a íntegra dos novos reajustes, o governo poderia melhorar a escola pública e mais alunos haveriam de melhorar as chances no futuro. Tiririca e Romário podem até ganhar R$ 26 mil, mas bem-sucedido é quem pensa, aprende e ganha gosto pela leitura. E tenho dito!!!
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Eu não CrRIO
Apesar do regozijo dos brasileiros, da polícia e dos governos ante a reconquista do Rio, face ao desmantelamento do tráfico, sei não. SEI NÃO. Parece que há algo iminente que ainda não foi visto. Uma espécie de emboscada por parte dos bandidos. Foi tudo desarticulado tão facilmente, foi tudo conquistado tão às pressas. Me parece que os traficantes estão incubando alguma mega ideia maldosa, para fazer os policiais voltarem aos seus lugares. E mortos.
Percival Puggina resumiu bem a coisa toda: "No fundo, cá entre nós, muita gente fugindo e quase ninguém sendo preso. Bastante fumaça e pouco resultado para os riscos da operação. Me fez lembrar a diferença entre o espanador e o aspirador de pó. O poder público agia como espanador, mas a situação estava a exigir um aspirador. Os bandidos simplesmente mudavam-se de um lugar para outro, qual poeira sacudida, levando suas armas e suas bagagens. De mala e cuia, como se diz no Rio Grande do Sul."
Percival Puggina resumiu bem a coisa toda: "No fundo, cá entre nós, muita gente fugindo e quase ninguém sendo preso. Bastante fumaça e pouco resultado para os riscos da operação. Me fez lembrar a diferença entre o espanador e o aspirador de pó. O poder público agia como espanador, mas a situação estava a exigir um aspirador. Os bandidos simplesmente mudavam-se de um lugar para outro, qual poeira sacudida, levando suas armas e suas bagagens. De mala e cuia, como se diz no Rio Grande do Sul."
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
O poder de Marianna

Ela é a cena principal da minha vida. Há três anos, entrevistei-a pela primeira vez e agora faço um remake com minha filha, desta vez mais amadurecida, mas ainda assim menina. Marianna Rabaiolli tem agora 11 anos e aprendeu a desvendar as belezas da vida, gosta de dar gargalhadas com as amigas e a colocar todos os papos em dia no computador. É a típica geração Z, aquela que nasceu em berço digital e transita no cosmos virtual com uma facilidade dificil de ser aprendida pelos mais velhos. Ligada em televisão e vampiros, pura influência da saga Crepúsculo, Nanna mantém a energia de quem tem um futuro pela frente. Um futuro estreitamente ligado ao seu estado de espírito.
Mãe - O que você mais gosta em você
Marianna - Eu acho que é minha felicidade. Sou extrovertida. Dificil eu ter momentos tristes. As minhas amigas e a minha família riem comigo. Talvez seja genética, mas não tua.
Mãe - Você nunca é triste?
Marianna - Sim. Isso sim, as pessoas precisam da tristeza às vezes. Mas talvez não seja bem tristeza, seja mal-estar. Nenhuma pessoa é de ferro ou tem o coração de pedra. As vezes elas choram sozinhas, porque na frente dos outros querem mostrar que são fortes.
Mãe - Qual a tua maior força?
Marianna - É mesmo a felicidade. Quando eu rio, me reergo
Mãe - O que você menos gosta nas pessoas?
Marianna - Eu não gosto de pessoas quietas. Elas dizem que são santinhas, mas são diabólicas. Elas pensam mais do que falam.
Mãe - Qual teu maior defeito?
Marianna - Ser feliz demais não é muito bom. Assim como ser triste demais não é bom também.
Mãe - Qual o dom da natureza que tu gostaria de ter?
Marianna - Eu gostaria de controlar a água, pois é um dos maiores bens da natureza.
Mãe - Qual teu maior desejo?
Marianna - Ter asas. Seria bonito ver o mundo lá de cima, mas sem avião, só com asas.
Mãe - O que o futuro te reserva?
Marianna - Talvez o poder. Mas o poder de curar, ser médica. Talvez seja essa minha missão na Terra.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Caco, farejador de verdades
Quando chego perto de meus raros ícones, consigo entender as tietes. Com a diferença de que não persigo a luz dos holofotes, mas me vergo perante o bom e decente jornalismo, que sim, está na luz dos spots. Um homem mais baixo do que aparenta no vídeo, mas o carisma é maior ao vivo. Caco Barcellos, (60), um homem de legião. Legião de fãs e focas, todos querendo ficar sob seu escudo no Profissão Repórter. Um homem de guerras: 20 ao todo e até aqui. Um homem com vergonha na cara. Um regozijo ouvir suas lições de valor.
Mas um prazer contraditório. Na platéia, sinto privilégio por ter a chance de beber de sua fonte. Mas também se opoe o contrário. Fico ciente do disprivilégio de so poder ouvi-lo durante um punhado de minutos. Não estou entre os eleitos de ser súdita de seus ensinamentos. Isso me come pela beiradas. Tanto conhecimento que eu não vou aprender. Posso ver pela tevê, não sou autoditada para assimilar seu metodo pela tela.
Mas vê-lo reforçou minha admiração. Com voz centrada, exala dele não uma tranquilidade, mas uma paz espiritual. A paz de um discurso de quem encontrou seu dever de ofício: perseguir verdades. A paz de quem não fraqueja diante de pessoas não honestas. A paz de quem está consciente da força da ação coletiva. "Da noite para o dia, o fraco vira forte." Esse é o lema que o precede para lutar contra aqueles a quem chama de coronéis. A paz de quem possui a informação. "A Informação é a grande aliada para enfrentar situações de risco."
Caco enuncia o que lhe fez bom repórter:
Vergonha na cara
"Um homem de valor tem que ter vergonha na cara". Essa vergonha tem que ser forte para combater verdades insidiosas.
"Eu não dou ordem como gestor, eu dou exemplo"
"O corrupto contestado pela pessoa certa perde sua força."
"Há uma lei oficiosa presente nas redações. A crença de quem com magistrado não se deve mexer. Mas eu estou na profissão onde as pessoas devem por dever de ofício, perseguir verdades"
"Procuro jovens idealistas; inquietos intelectualmente e que estejam atentos às histórias dos outros."
"A diferença do repórter para a pessoa comum é que a gente vê primeiro. A gente testemunha a alegria ou o sofrimento dos outros."
"A polícia brasileira é a mais matadora do mundo As notícias dizem que o ladrão é sempre o culpado: bandidos trocam tiros e morrem no revide. Mas o problema é que a Tropa de Elite é matadora em série. Mata mais inocentes do que criminosos, e sobretudo, negros."
"Que policia é essa que age arbitrariamente e de forma nojenta com os mais fracos e é generosa com os mais fortes?"
"Os maiores matadores do Brasil somos nós os trabalhadores corretos: 55% das mortes é praticada pela fechada no trânsito, pelo cara com ciumes da mulher, pelo profissional liberal. O risco de morte é altissimo se você brigar com seu vizinho. Mas 45% das mortes é praticada pela Tropa de Elite e so 3% dos assassinatos são feitos por assaltantes no Brasil."
Mas um prazer contraditório. Na platéia, sinto privilégio por ter a chance de beber de sua fonte. Mas também se opoe o contrário. Fico ciente do disprivilégio de so poder ouvi-lo durante um punhado de minutos. Não estou entre os eleitos de ser súdita de seus ensinamentos. Isso me come pela beiradas. Tanto conhecimento que eu não vou aprender. Posso ver pela tevê, não sou autoditada para assimilar seu metodo pela tela.
Mas vê-lo reforçou minha admiração. Com voz centrada, exala dele não uma tranquilidade, mas uma paz espiritual. A paz de um discurso de quem encontrou seu dever de ofício: perseguir verdades. A paz de quem não fraqueja diante de pessoas não honestas. A paz de quem está consciente da força da ação coletiva. "Da noite para o dia, o fraco vira forte." Esse é o lema que o precede para lutar contra aqueles a quem chama de coronéis. A paz de quem possui a informação. "A Informação é a grande aliada para enfrentar situações de risco."
Caco enuncia o que lhe fez bom repórter:
Vergonha na cara
"Um homem de valor tem que ter vergonha na cara". Essa vergonha tem que ser forte para combater verdades insidiosas.
"Eu não dou ordem como gestor, eu dou exemplo"
"O corrupto contestado pela pessoa certa perde sua força."
"Há uma lei oficiosa presente nas redações. A crença de quem com magistrado não se deve mexer. Mas eu estou na profissão onde as pessoas devem por dever de ofício, perseguir verdades"
"Procuro jovens idealistas; inquietos intelectualmente e que estejam atentos às histórias dos outros."
"A diferença do repórter para a pessoa comum é que a gente vê primeiro. A gente testemunha a alegria ou o sofrimento dos outros."
"A polícia brasileira é a mais matadora do mundo As notícias dizem que o ladrão é sempre o culpado: bandidos trocam tiros e morrem no revide. Mas o problema é que a Tropa de Elite é matadora em série. Mata mais inocentes do que criminosos, e sobretudo, negros."
"Que policia é essa que age arbitrariamente e de forma nojenta com os mais fracos e é generosa com os mais fortes?"
"Os maiores matadores do Brasil somos nós os trabalhadores corretos: 55% das mortes é praticada pela fechada no trânsito, pelo cara com ciumes da mulher, pelo profissional liberal. O risco de morte é altissimo se você brigar com seu vizinho. Mas 45% das mortes é praticada pela Tropa de Elite e so 3% dos assassinatos são feitos por assaltantes no Brasil."
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Monteiro Lobato sem televisão
Os heróis e os vilões da televisão figuram no mundo infantil como o melhor entretenimento depois da bola de futebol. E não há menino ou menina que não corra para casa após a aula, para ficar em frente à telinha. Televisão, unanimidade da garotada. Uma janela para o mundo que o “moleque” Luan Pereira Fiegenbaum não vê. Aos 10 anos, ele não tem ideia da trama que envolve desenhos como Dragon Boll Z e Bob Esponja e nem o divertido Pica-Pau. Televisão, para ele, só no lar do vizinho. Por isso, enveredou para a literatura. Que sorte.
Luan frequenta a 4ª série da Escola Estadual Santo Antônio (antigo Ciep) e é dali que tira gás para ser aprendiz de escritor. Dedicado nas aulas, se esforça para incorporar as lições de Português porque um dia e se “Deus quiser”, como diria a avó Irizondina Pereira Teixeira, vai ter o privilégio de ser mestre. “Eu quero ser professor de qualquer coisa”, conta o menino, sem se dar conta de que seu comportamento por si só já é uma lição. Mas o seu futuro pode ser mais promissor.
O “pequeno homem das letras” começou a escrever um livro. A data do início está lá, no prefácio do caderno grande, esperando as folhas serem preenchidas: 27 de outubro. Em duas semanas de labor, Luan redigiu com sofreguidão - a lápis, que é para apagar com facilidade se as ideias não estiverem bem elaboradas. Já está no sexto capítulo. São narrativas que brotam de sua cabeça. “São histórias diferentes, tem até viagem no tempo”, expõe orgulhoso. O caderno tem ainda muitas páginas para serem rabiscadas e, pelo jeito, ele vai dar conta do recado rapidinho. “O livro é algo para passar o tempo”, salienta o garoto. A avó, uma evangélica fervorosa, contrapõe. “Não é só por isso não, é que ele gosta de ler e escrever.” Sim, de fato Luan gosta do riscado. Ele se baseia nos contos de Monteiro Lobato para criar suas próprias ficções. Lê livros de História e Geografia para se inteirar de nomes de países e mares e incrementar as aventuras, que têm caçadas, episódios perigosos e se passam em locais diferentes.
Sala de aula
O caderno-livro de Luan provocou reação em sala de aula. E está levando colegas a assimilarem o gosto pela literatura. Alguns se prontificaram em ser os ilustradores da obra, que será encadernada para integrar o acervo da biblioteca. Assim, os estudantes do colégio podem ler. A professora Márcia Weiler faz a revisão ortográfica de cada capítulo. “Ele não tem muitos erros e possui um vocabulário rico para sua idade.” Cada etapa finalizada é lida em sala de aula. Os colegas brincam, predizendo o futuro do principiante: “Luan, eu vou querer um autógrafo”.
Nada de TV
Dona Irizondina cria o neto nos rígidos preceitos cristãos. A televisão é algo abominado dentro de casa. “A TV ensina muitas coisas que não são boas. Se até gente grande tem que saber se controlar em frente a ela, imagina uma criança”, conta a senhora de 64 anos e de compleição franzina, mas com um semblante vigoroso, que alguém interpretaria como “brava”. Luan a entrega: “às vezes ela é braba sim”. Mas a postura radical da avó está servindo para moldar um pré-escritor, que chama a atenção dos professores pela desenvoltura na obra manuscrita. A avó participa de cultos evangélicos há 30 anos e tentou criar os três filhos na doutrina, mas, desgarrados, tomaram outro rumo no mundo. Com o neto, quer que seja diferente. Para ela, o mundo real não é aquele que passa na tela. É aquele que ela cria dentro da casa de madeira simplória, de três ambientes e com duas ou três ripas do chão arrebentadas. Ali, tem uma poltrona judiada. É onde Luan senta para viajar na sua epopéia literária.
Luan frequenta a 4ª série da Escola Estadual Santo Antônio (antigo Ciep) e é dali que tira gás para ser aprendiz de escritor. Dedicado nas aulas, se esforça para incorporar as lições de Português porque um dia e se “Deus quiser”, como diria a avó Irizondina Pereira Teixeira, vai ter o privilégio de ser mestre. “Eu quero ser professor de qualquer coisa”, conta o menino, sem se dar conta de que seu comportamento por si só já é uma lição. Mas o seu futuro pode ser mais promissor.
O “pequeno homem das letras” começou a escrever um livro. A data do início está lá, no prefácio do caderno grande, esperando as folhas serem preenchidas: 27 de outubro. Em duas semanas de labor, Luan redigiu com sofreguidão - a lápis, que é para apagar com facilidade se as ideias não estiverem bem elaboradas. Já está no sexto capítulo. São narrativas que brotam de sua cabeça. “São histórias diferentes, tem até viagem no tempo”, expõe orgulhoso. O caderno tem ainda muitas páginas para serem rabiscadas e, pelo jeito, ele vai dar conta do recado rapidinho. “O livro é algo para passar o tempo”, salienta o garoto. A avó, uma evangélica fervorosa, contrapõe. “Não é só por isso não, é que ele gosta de ler e escrever.” Sim, de fato Luan gosta do riscado. Ele se baseia nos contos de Monteiro Lobato para criar suas próprias ficções. Lê livros de História e Geografia para se inteirar de nomes de países e mares e incrementar as aventuras, que têm caçadas, episódios perigosos e se passam em locais diferentes.
Sala de aula
O caderno-livro de Luan provocou reação em sala de aula. E está levando colegas a assimilarem o gosto pela literatura. Alguns se prontificaram em ser os ilustradores da obra, que será encadernada para integrar o acervo da biblioteca. Assim, os estudantes do colégio podem ler. A professora Márcia Weiler faz a revisão ortográfica de cada capítulo. “Ele não tem muitos erros e possui um vocabulário rico para sua idade.” Cada etapa finalizada é lida em sala de aula. Os colegas brincam, predizendo o futuro do principiante: “Luan, eu vou querer um autógrafo”.
Nada de TV
Dona Irizondina cria o neto nos rígidos preceitos cristãos. A televisão é algo abominado dentro de casa. “A TV ensina muitas coisas que não são boas. Se até gente grande tem que saber se controlar em frente a ela, imagina uma criança”, conta a senhora de 64 anos e de compleição franzina, mas com um semblante vigoroso, que alguém interpretaria como “brava”. Luan a entrega: “às vezes ela é braba sim”. Mas a postura radical da avó está servindo para moldar um pré-escritor, que chama a atenção dos professores pela desenvoltura na obra manuscrita. A avó participa de cultos evangélicos há 30 anos e tentou criar os três filhos na doutrina, mas, desgarrados, tomaram outro rumo no mundo. Com o neto, quer que seja diferente. Para ela, o mundo real não é aquele que passa na tela. É aquele que ela cria dentro da casa de madeira simplória, de três ambientes e com duas ou três ripas do chão arrebentadas. Ali, tem uma poltrona judiada. É onde Luan senta para viajar na sua epopéia literária.
sábado, 13 de novembro de 2010
Chupando as emoções fictícias
Ironia das ironias. Caiu para eu fazer uma matéria sobre felicidade. E eu adorei. Dizem que a gente ensina o que mais precisa aprender. Então me pus fervorosamente a ler tudo sobre o assunto.Na verdade, já lia. Na ânsia de buscar a minha, sempre me interessei por livros científicos que abordassem o tema. (Me recuso a ler auto-ajuda). O meu título de cabeceira é um que versa sobre neurociências e como a felicidade age no cérebro.
Mas bem... lá fui eu pesquisar com psiquiatra o que leva o lajeadense a ter um índice de felicidade de 96,7%. Cruzes, tudo isso, sim. Até o médico achou um dado assustadoramente feliz. E lembrou que aqui estão os maiores índices de suicidio do país. Então é assim: desesperados e eufóricos parecem que fizeram de Lajeado seu reduto. Que cidade cosmopolita sentimentalmente.
No decorrer da matéria, lembrei de um estudo que aponta que as pessoas felizes têm mais vida ativa. As infelizes, pelo contrário, se grudam na frente da televisão. Hehehe. O chapeu serviu para mim. Ultimamente (e isso faz uns bons meses) dei para me aboletar em frente à telinha e de lá não saio no fim de semana. A noite, o lugar da cama ao lado da minha filha é cadeira cativa. La estou eu me reportando ao Araguaia torcendo para o Solano ganhar do Max. Ás 19h, em Ti Ti Ti, compactuo com as peripécias de Victor Valentin, para botar o Lecler no chinelo. E em Passione.."figurati", lá estou eu compadecida do Mauro, que perdeu a Diana por causa da Milena. Se você se identificou com todos esses nomes, meus pêsames meu amigo de rating (aquilo que se chama audiência de um programa), tu és um oligofrênico entrando no pique da globo.Igualzinho a mim.
Eu bolei uma explicação à la Freud. Sim, porque nem tudo está perdido nesse meu cérebro “blondie”. Eu leio também e tenho de fazer disso um recurso intelectual. Acredito eu que tenha me apoderando das emoções da televisão para suprir minha própria carência de emoções. Eu roubo a variação de espírito dos personagens dos folhetins para emprestar a minha existência um pouco de adrenalina, já que sufoquei vida social e amorosa. Não estou me fazendo de vítima e nem reclamado. Só um relato lúcido do que eu acho que ocorre com pessoas que assistem muita televisão. Elas se apoderam de sentimentos alheios fictícios para carregar pouco de gás em suas existências. Um subterfúgio para tornar suas vidas mais interessantes. Não passa de uma ilusão, óbvio, mas engana e serve para tapar o sol com a peneira. Mas, que sol cara pálida se a pessoa está sempre enfurnada na sala ou no quarto?
Em texto publicado na revista "Scientific American", pesquisadores afirmaram que participantes de um estudo disseram-lhes que a televisão chupou-lhes a energia, deixando-os depauperados, com mais dificuldade em se concentrar. Outra curiosa constatação: quanto mais tempo as pessoas passam diante da televisão, menos satisfação elas conseguem obter. Típico de gente infeliz. Por isso que a gente gosta tanto de beliscar quanto está vendo alguma programação. Se come a insatisfação enquanto torcemos para o mocinho. Que coisa mais "schifosa". Está na hora de deixar "Passione" de lado e colocar mais passione na vida. Dio Santo, figurati.
Na ponta da antena: Se você assiste à televisão por cerca de três horas por dia, quando chegar aos 75 anos, terá gastado nove anos inteiros da vida vendo TV.
Mas bem... lá fui eu pesquisar com psiquiatra o que leva o lajeadense a ter um índice de felicidade de 96,7%. Cruzes, tudo isso, sim. Até o médico achou um dado assustadoramente feliz. E lembrou que aqui estão os maiores índices de suicidio do país. Então é assim: desesperados e eufóricos parecem que fizeram de Lajeado seu reduto. Que cidade cosmopolita sentimentalmente.
No decorrer da matéria, lembrei de um estudo que aponta que as pessoas felizes têm mais vida ativa. As infelizes, pelo contrário, se grudam na frente da televisão. Hehehe. O chapeu serviu para mim. Ultimamente (e isso faz uns bons meses) dei para me aboletar em frente à telinha e de lá não saio no fim de semana. A noite, o lugar da cama ao lado da minha filha é cadeira cativa. La estou eu me reportando ao Araguaia torcendo para o Solano ganhar do Max. Ás 19h, em Ti Ti Ti, compactuo com as peripécias de Victor Valentin, para botar o Lecler no chinelo. E em Passione.."figurati", lá estou eu compadecida do Mauro, que perdeu a Diana por causa da Milena. Se você se identificou com todos esses nomes, meus pêsames meu amigo de rating (aquilo que se chama audiência de um programa), tu és um oligofrênico entrando no pique da globo.Igualzinho a mim.
Eu bolei uma explicação à la Freud. Sim, porque nem tudo está perdido nesse meu cérebro “blondie”. Eu leio também e tenho de fazer disso um recurso intelectual. Acredito eu que tenha me apoderando das emoções da televisão para suprir minha própria carência de emoções. Eu roubo a variação de espírito dos personagens dos folhetins para emprestar a minha existência um pouco de adrenalina, já que sufoquei vida social e amorosa. Não estou me fazendo de vítima e nem reclamado. Só um relato lúcido do que eu acho que ocorre com pessoas que assistem muita televisão. Elas se apoderam de sentimentos alheios fictícios para carregar pouco de gás em suas existências. Um subterfúgio para tornar suas vidas mais interessantes. Não passa de uma ilusão, óbvio, mas engana e serve para tapar o sol com a peneira. Mas, que sol cara pálida se a pessoa está sempre enfurnada na sala ou no quarto?
Em texto publicado na revista "Scientific American", pesquisadores afirmaram que participantes de um estudo disseram-lhes que a televisão chupou-lhes a energia, deixando-os depauperados, com mais dificuldade em se concentrar. Outra curiosa constatação: quanto mais tempo as pessoas passam diante da televisão, menos satisfação elas conseguem obter. Típico de gente infeliz. Por isso que a gente gosta tanto de beliscar quanto está vendo alguma programação. Se come a insatisfação enquanto torcemos para o mocinho. Que coisa mais "schifosa". Está na hora de deixar "Passione" de lado e colocar mais passione na vida. Dio Santo, figurati.
Na ponta da antena: Se você assiste à televisão por cerca de três horas por dia, quando chegar aos 75 anos, terá gastado nove anos inteiros da vida vendo TV.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
A pedra
O distraído nela tropeçou.
O bruto a usou como projétil.
O empreendedor, usando-a, construiu.
O camponês, cansado da lida, dela fez assento.
Para meninos, foi brinquedo.
Drummond a poetizou.
Já, David matou Golias.
Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura.
E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!
(Tem autoria, mas não lembro)
O bruto a usou como projétil.
O empreendedor, usando-a, construiu.
O camponês, cansado da lida, dela fez assento.
Para meninos, foi brinquedo.
Drummond a poetizou.
Já, David matou Golias.
Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura.
E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!
(Tem autoria, mas não lembro)
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
O tempo mastiga
Uma vez por ano, a mão brasileira dos governantes tem a audácia de mexer no tempo. Como se fosse A Mão Que Tudo Fez. Como se os ponteiros do relógio pudessem pontificar a hora certa para sairmos para a rua, recebermos a claridade do sol. Ah, se bastasse um ajuste dos ponteiros para ficarmos quites com o relógio biológico. Ah, se conseguíssemos domar a areia da ampulheta. Aproveito o horário de verão para pensar por metáforas, hábito com o qual me deleito antes, durante e depois de qualquer hora, pois o tempo, de fato não tem horário. É só uma convenção humana para distribuir melhor as tarefas na rotina cotidiana. Assim, fatiamos o tempo em partes infinitesimais de modo que um piloto de fórmula 1 possa se tornar consagrado por ter sido dois milésimos de segundo mais rápido do que o segundo colocado. Ou ainda, de modo que a cada três meses as estações do ano possam se renovar, num ato improvisado da natureza. O filósofo André Comte-Sponville, que é justamente por causa do que torna a natureza sempre nova que ela só inova raramente."Porque o que dura ou se repete só ocorre mudando, e nada começa que não deva acabar.” Lindo.
O jornalista gaúcho Nei Duclós sentencia que o tempo é a metáfora do mundo quando se comporta como um pêndulo. E eu vivencio a duras penas que, conforme o pêndulo balança, nos tornamos mais velhos. Começamos a morrer logo que nascemos e só nos damos conta da brevidade da vida após os 40 anos. Quem sabe a idade do lobo também seja a idade da consciência do tempo. Foi na definição de Jostein Gaarder, lendo O Dia do Curinga, que me encaixei com o tempo, senhor que engole todas as nossas dores e aplaina as feridas: “ O tempo mastiga, mastiga e somos nós quem estamos no meio dos seus dentes.” Mas vejam bem, o ruim de envelhecer é que a gente fica obrigado a amadurecer. Como se as coisas que a gente aprendeu e doeu durante a vida, fossem impelidas de não mais acontecerem, afinal, pressupõe-se que se a gente não aprende pelo amor, aprende pela dor. E se eu não aprender com nenhum dos dois? Tem certas coisas que são inestimáveis, tem certo erros que são domésticos, de estimação, acontecem sempre. A maturidade é um álibi frágil. Não uso ela como meio de defesa para provar que a tenho. Eu nem tenho, eu só avanço em anos, mas não atinjo a ponderação. Eu só matuto sobre maturar, mas continuo na creche à beira da meia idade. E no final das contas, se tem algo com o qual concordo, é com o legendário Raul Seixas: o Universo me espanta e não posso imaginar que esse relógio exista e não tenha um relojoeiro.” Em todo caso, ajuste seu relógio com o horário brasileiro de verão e dê uma olhada na sua conta de luz: ela deve vir mais baixa, porque até fevereiro, vc vai ajudar o Brasil a economizar 5% da energia. Mas não poupe energia na sua vida.
O jornalista gaúcho Nei Duclós sentencia que o tempo é a metáfora do mundo quando se comporta como um pêndulo. E eu vivencio a duras penas que, conforme o pêndulo balança, nos tornamos mais velhos. Começamos a morrer logo que nascemos e só nos damos conta da brevidade da vida após os 40 anos. Quem sabe a idade do lobo também seja a idade da consciência do tempo. Foi na definição de Jostein Gaarder, lendo O Dia do Curinga, que me encaixei com o tempo, senhor que engole todas as nossas dores e aplaina as feridas: “ O tempo mastiga, mastiga e somos nós quem estamos no meio dos seus dentes.” Mas vejam bem, o ruim de envelhecer é que a gente fica obrigado a amadurecer. Como se as coisas que a gente aprendeu e doeu durante a vida, fossem impelidas de não mais acontecerem, afinal, pressupõe-se que se a gente não aprende pelo amor, aprende pela dor. E se eu não aprender com nenhum dos dois? Tem certas coisas que são inestimáveis, tem certo erros que são domésticos, de estimação, acontecem sempre. A maturidade é um álibi frágil. Não uso ela como meio de defesa para provar que a tenho. Eu nem tenho, eu só avanço em anos, mas não atinjo a ponderação. Eu só matuto sobre maturar, mas continuo na creche à beira da meia idade. E no final das contas, se tem algo com o qual concordo, é com o legendário Raul Seixas: o Universo me espanta e não posso imaginar que esse relógio exista e não tenha um relojoeiro.” Em todo caso, ajuste seu relógio com o horário brasileiro de verão e dê uma olhada na sua conta de luz: ela deve vir mais baixa, porque até fevereiro, vc vai ajudar o Brasil a economizar 5% da energia. Mas não poupe energia na sua vida.
domingo, 17 de outubro de 2010
Solve et Coagula
Aos 15 anos me apaixonei pelos alquimistas e isso durou uns cinco anos, enquanto eu estava entretida em desvendar os antigos mistérios. As meninas da minha idade adoravam as revistas Cláudia e Contigo. Eu não, me absorvia nas leituras de um escritor e ocultista chamado Eliphas Levi, nada tão profundo obviamente, mas o suficiente para eu entender e ficar cativada. Assim, travei contato com o mundo de Hermes Trismegisto, um dos fundadores da ciência hermética, do ocultismo e da alquimia. Não tenho grande sabedoria em assunto nenhum, mas nutro curiosidade por muitos e assim, no alvorecer da juventude, me tornei uma diletante do esoterismo na época. Tenho até hoje um livro que comprei e paguei caro , o I Ching, o considero uma verdadeira joia. Por um tempo tentei jogá-lo, sem sucesso. Depois, o li sem o tomar por oráculo e sua sabedoria é mesmo deslumbrante. Mas bem, vamos falar dos alquimistas homens que, na Idade Média, passavam a vida em seus laboratórios rudimentares buscando transformar metal em ouro, na ânsia pela Pedra Filosofal que lhes daria a eternidade, seria o elixir da longa vida. Os alquimistas eram homens transformadores. Queriam modificar em laboratório o que a natureza demoraria milhões de anos para conseguir. Usando água, fogo e fornos eles passavam a vida tentando transmutar chumbo em ouro. A pedra filosofal seria o diamante, a rocha indestrutível, o eterno. Eis o que acabava ocorrendo com eles. ao passar anos observando as transformações nos metais, eles percebiam uma modificação neles mesmos. Era a alma que se convertia de metal bruto a uma fina jóia. É esta a metáfora da ciência esotérica antiga, crivada de simbolismos muito bem exploradas nos livros de Dan Brow.
Para os alquimistas, antes da luz, é preciso vir o caos. (Nietzsche também diz isso). Porque para você dar lugar a um novo eu, precisa desconstruir o anterior. Os psiquiatras, para o paciente novato alertam-no de que ele pode piorar nas próximas semanas. É que antes de você melhorar, ficará de cara com seu abismo. É a noite escura da alma, mas a luz nasce da escuridão. Os alquimistas prestavam atenção na alma do mundo, uma alma que contrai e expande, tal qual o coração. Suas operações em laboratórios estão calcadas em cima da frase "Solve et Coagula", dissolve e coagula, ou dissolve e una. Eles dissolviam material não nobre e uniam a outros materiais para chegar ao ouro. E neste processo conseguiam transformações empíricas. Quando decidimos procurar um psiquiatra, é isso que estamos procurando: essa transformação. Nossa pedra filosofal seria a lapidação da nossa alma. Todos somos alquimistas no sentido de dissolver o negrume da alma e condensar nossa essência em algo mais espiritualizado. O psiquiatra Carl Jung estudou os simbolismos da alquimia porque percebeu que entre esses cientistas medievais e a sociedade moderna existe muito mais do que possa supor nossa vã filosofia. Tudo é uma coisa só neste mundão de Deus, tudo está interligado. "Assim em cima como embaixo", disse Hermes Trismegisto.
Para os alquimistas, antes da luz, é preciso vir o caos. (Nietzsche também diz isso). Porque para você dar lugar a um novo eu, precisa desconstruir o anterior. Os psiquiatras, para o paciente novato alertam-no de que ele pode piorar nas próximas semanas. É que antes de você melhorar, ficará de cara com seu abismo. É a noite escura da alma, mas a luz nasce da escuridão. Os alquimistas prestavam atenção na alma do mundo, uma alma que contrai e expande, tal qual o coração. Suas operações em laboratórios estão calcadas em cima da frase "Solve et Coagula", dissolve e coagula, ou dissolve e una. Eles dissolviam material não nobre e uniam a outros materiais para chegar ao ouro. E neste processo conseguiam transformações empíricas. Quando decidimos procurar um psiquiatra, é isso que estamos procurando: essa transformação. Nossa pedra filosofal seria a lapidação da nossa alma. Todos somos alquimistas no sentido de dissolver o negrume da alma e condensar nossa essência em algo mais espiritualizado. O psiquiatra Carl Jung estudou os simbolismos da alquimia porque percebeu que entre esses cientistas medievais e a sociedade moderna existe muito mais do que possa supor nossa vã filosofia. Tudo é uma coisa só neste mundão de Deus, tudo está interligado. "Assim em cima como embaixo", disse Hermes Trismegisto.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
O buraco de nossas vidas
Acabou, acabou. Emergem os 33 mineiros enterrados durante dois meses no deserto do Atacama. Adentraram 700 metros na terra e viveram como animaizinhos durante longos 69 dias. A cobertura foi um espetáculo midiático, embora eu não condene isso. Creio que,graças a mídia, o governo chileno tratou de acelerar as condições para o resgate. Tecnologia de ponta, familiares em volta dando apoio e uma profusão de repórteres querendo fazer bonito na pauta de suas vidas. Só para ter uma ideia de como os mineiros suplantaram outras notícias, em 26 milésimos de segundos o Onipresente Google registra aproximadamente dez milhões de páginas com a palavra "mineiros". Ao virem à tona, eles pediram "não nos tratem como artistas". Impossível, a busca por uma exclusiva era tanta que jornais teriam oferecidos 32 mil euros em troca de declarações. Reflito cá com meus botões: 32 mil mais 10 mil dólares ofertados a cada um por um magnata grego, eu também enfrentaria o buraco. Se bem que é fácil pensar que enfrentaríamos tragédias quando estamos ao final delas.
A mina de Copiapó virou o legítimo BBB da Sobrevivência. Mais de dois mil jornalistas se entrincheiraram para dar a matéria. Esse foi o verdadeiro reallity da vida real. Confinados nas entranhas da terra, as vítimas não faziam ideia do que rolava na superfície: até criança nasceu. Uma mulher deu à luz no pulsante acampamento Esperança. O papai estava lá embaixo, esperando por SOS.
Quando o resgate efetivamente começou, um deles saiu do buraco para entrar numa gelada. Foi recepcionado pela amante. A genuína ficou sabendo e deu o ultimato: "ou ela, ou eu". Que papelão, de vítima, virou safado nas telinhas do planeta. Mas em se tratando de homem, a infidelidade não surpreende, mesmo para quem passa a vida cavando debaixo da terra.
De certa forma, todos somos mineiros: estamos ai, querendo extrair da vida o melhor dela e num belo dia de sol, somos condenados a escuridão. Comemos poeira para sobreviver, damos duro para conseguir qualidade no estudo e um trabalho que nos torne gente. Fazemos o PIB do país aumentar, mas estamos relegados a uma condição social que não orgulha nem nossa mãe. Os "herois" chilenos, enfrentaram um apagão temporário e por milagre da tecnologia conseguiram sair ilesos, talvez com algumas escoriações psiquícas, mas nada que o tempo não trate de apaziguar. No buraco da vida real, não tem imprensa para recepcionar a gente e nem para fazer convites milionários de entrevistas. Os finais não são tão felizes como esse que assistimos. E eu digo com experiência de repórter que nunca foi para o Atacama: os jornalistas são a encarnação dos mineiros. Estão sempre cavando pautas e com o salário que ganham, vivem no buraco. Ou soterrados em trabalho, sem esperança de serem resgatados. Ossos do ofício.
PS: O número 33 foi tantas vezes exposto no incidente do Chile: 33 foram os homens e 33 o número de dias para completar o processo de perfuração do túnel. Existe uma mística envolvendo o algarismo. Desde a antiguidade o numero 33 vem sendo explorado pelas sociedades secretas.Na maçonaria, este é o mais alto grau. Quem o atinge é chamado de "Soberano Grande Inspetor Geral". Seria o maçom guardião.
No ocultismo, o 33 é considerado um número-mestre e representa a mais alta consciência espiritual a que um homem pode atingir.
A mina de Copiapó virou o legítimo BBB da Sobrevivência. Mais de dois mil jornalistas se entrincheiraram para dar a matéria. Esse foi o verdadeiro reallity da vida real. Confinados nas entranhas da terra, as vítimas não faziam ideia do que rolava na superfície: até criança nasceu. Uma mulher deu à luz no pulsante acampamento Esperança. O papai estava lá embaixo, esperando por SOS.
Quando o resgate efetivamente começou, um deles saiu do buraco para entrar numa gelada. Foi recepcionado pela amante. A genuína ficou sabendo e deu o ultimato: "ou ela, ou eu". Que papelão, de vítima, virou safado nas telinhas do planeta. Mas em se tratando de homem, a infidelidade não surpreende, mesmo para quem passa a vida cavando debaixo da terra.
De certa forma, todos somos mineiros: estamos ai, querendo extrair da vida o melhor dela e num belo dia de sol, somos condenados a escuridão. Comemos poeira para sobreviver, damos duro para conseguir qualidade no estudo e um trabalho que nos torne gente. Fazemos o PIB do país aumentar, mas estamos relegados a uma condição social que não orgulha nem nossa mãe. Os "herois" chilenos, enfrentaram um apagão temporário e por milagre da tecnologia conseguiram sair ilesos, talvez com algumas escoriações psiquícas, mas nada que o tempo não trate de apaziguar. No buraco da vida real, não tem imprensa para recepcionar a gente e nem para fazer convites milionários de entrevistas. Os finais não são tão felizes como esse que assistimos. E eu digo com experiência de repórter que nunca foi para o Atacama: os jornalistas são a encarnação dos mineiros. Estão sempre cavando pautas e com o salário que ganham, vivem no buraco. Ou soterrados em trabalho, sem esperança de serem resgatados. Ossos do ofício.
PS: O número 33 foi tantas vezes exposto no incidente do Chile: 33 foram os homens e 33 o número de dias para completar o processo de perfuração do túnel. Existe uma mística envolvendo o algarismo. Desde a antiguidade o numero 33 vem sendo explorado pelas sociedades secretas.Na maçonaria, este é o mais alto grau. Quem o atinge é chamado de "Soberano Grande Inspetor Geral". Seria o maçom guardião.
No ocultismo, o 33 é considerado um número-mestre e representa a mais alta consciência espiritual a que um homem pode atingir.
Scrap de orkut
A teoria do Mazza
E aí beleza????????? (bem criativa a minha frase. né?). E o "né" é uma necessidade de autoafirmação. Algo tipo assim, "concorde comigo". A expressão "tipo assim" é bem pós-moderna. E nada mais antigo que uma palavra pósmoderna. Algo tipo assim: o cachorro mordendo o próprio rabo, entendeu?
A citação ao bicho pode provocar uma crise. Humanos observam nos bichos algo que os ligam. Procure-se. Talvez você tenha sido uma girafa em vidas passadas. Imagine você ter sido um rinoceronte em Coqueiro Baixo. Ou um dinossauro em Linha Charqueadas, interior de Putinga. Aí veio um meteorito e acabou com tudo. Aí você renasce em Lajeado, e para parar de sofrer vota no Mozart !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A resposta para o Mazza
Hehehehehe, eu me fino de rir com tuas teorias audodidatas. Mas concordo com elas. Cavei o meu bicho. Sou uma onça pintada perdida nas grutas e cavernas que estão dentro de mim. Abro a guela e tiro o grito da felina que ruge e assombra o Vale do Taquari. Nasci das grotas de Putinga, mas vim parar em Lajeado nessa metrópole que tu escolheu para tecer teus ferinos comentários e que os bandidos escolheram para dilatar a população de encarceirados. Um dia, o Mozart, quando acabar de fazer o prolongamento da Benjamin Constant, se candidata a chefe da cidade. E tu vai deixar os cabelos da Carmen em paz e fazer dele a tua catarse.
E aí beleza????????? (bem criativa a minha frase. né?). E o "né" é uma necessidade de autoafirmação. Algo tipo assim, "concorde comigo". A expressão "tipo assim" é bem pós-moderna. E nada mais antigo que uma palavra pósmoderna. Algo tipo assim: o cachorro mordendo o próprio rabo, entendeu?
A citação ao bicho pode provocar uma crise. Humanos observam nos bichos algo que os ligam. Procure-se. Talvez você tenha sido uma girafa em vidas passadas. Imagine você ter sido um rinoceronte em Coqueiro Baixo. Ou um dinossauro em Linha Charqueadas, interior de Putinga. Aí veio um meteorito e acabou com tudo. Aí você renasce em Lajeado, e para parar de sofrer vota no Mozart !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A resposta para o Mazza
Hehehehehe, eu me fino de rir com tuas teorias audodidatas. Mas concordo com elas. Cavei o meu bicho. Sou uma onça pintada perdida nas grutas e cavernas que estão dentro de mim. Abro a guela e tiro o grito da felina que ruge e assombra o Vale do Taquari. Nasci das grotas de Putinga, mas vim parar em Lajeado nessa metrópole que tu escolheu para tecer teus ferinos comentários e que os bandidos escolheram para dilatar a população de encarceirados. Um dia, o Mozart, quando acabar de fazer o prolongamento da Benjamin Constant, se candidata a chefe da cidade. E tu vai deixar os cabelos da Carmen em paz e fazer dele a tua catarse.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Um milionário no quintal
Me deleitei fazendo a matéria do novo milionário da Mega Sena que é de São José do Herval,a 70 quilômetros de Lajeado. O sortudo é amigo de meus pais, os quais não tardaram em tecer elogios ao dito cujo. "Gente Fina", frisou minha mãe, ao lembrar que o felizardo também gostava de jogar no bicho. Ultimamente, o dono de um dos únicos frigoríficos do pequeno e pobre município, estava atolado em dívidas, não conseguia nem pagar os funcionários. Mas isso são águas passadas e o povoado ficou em polvorosa com a notícia. A família do empresário é numerosa e todos estão cautelosos, pois receiam assédio e ladrões. O milionário tem uma personalidade expansiva, gosta de envolver-se em política e foi um dos que lutou pela emancipação da cidade, mas jamais conseguiu eleger-se prefeito. Agora ele pode comprar a cidade muitas vezes pois a bolada que ganhou, R$ 119 milhões é 17 vezes maior que o orçamento do município. A sorte chegou ao quintal do Vale do Taquari. Quem sabe um dia toque a campainha da minha casa. E nem precisa ser R$ 119 milhões, R$ 1 mi estaria louco de bom.
Em 2007, um jornalista de Rondônia faturou sozinho o prêmio acumulado de R$ 18 milhões. Para jornalista ficar milionário, só assim mesmo. Colegas, não desanimeis, a esperança é a última que morre, mesmo que o milagre seja difícil de ser realizado.
*** Em tempo: a possibilidade de ganhar na Mega Sena com aposta simples é de uma em 50 milhões. Com essa probabilidade, uma pessoa assídua, que faz duas apostas por semana, poderia levar desanimadores 481 mil anos para tirar a sorte grande. É possível comparar a chance de ganhar com o arremesso de uma moeda, que precisa cair 22 vezes seguidas do mesmo lado.É quase impossível, mas acreditar faz parte do jogo. É, o titio hervalense que levou a bolada com certeza é um espermatozóide vencedor.
*** Mas, para os azarados de plantão, uma boa notícia. Depois de uma pesquisa com mil pessoas, psicólogo inglês garante que é possível desenvolver a sorte a partir de um padrão de atitudes positivas na vida. Ele disse que há quatro "princípios da sorte" e quem segui-los ficará mais sortudo.
- pessoas com sorte agarram as oportunidades
- dão valor a intuição e escutam os bons pressentimentos
- ter atitudes positivas é uma boa sacada. Quem acredita que tudo vai dar certo é mais confiante e sorridente. Logo, a sorte sorri para os simpáticos
- Ter uma visão otimista. Uma coisa ruim poderia ser pior. É bom aprender com os erros
PS: precisava pesquisa para saber disso? De forma tácita, sempre soubemos que otimismo e bom humor são trevo de quatro folhas.
Em 2007, um jornalista de Rondônia faturou sozinho o prêmio acumulado de R$ 18 milhões. Para jornalista ficar milionário, só assim mesmo. Colegas, não desanimeis, a esperança é a última que morre, mesmo que o milagre seja difícil de ser realizado.
*** Em tempo: a possibilidade de ganhar na Mega Sena com aposta simples é de uma em 50 milhões. Com essa probabilidade, uma pessoa assídua, que faz duas apostas por semana, poderia levar desanimadores 481 mil anos para tirar a sorte grande. É possível comparar a chance de ganhar com o arremesso de uma moeda, que precisa cair 22 vezes seguidas do mesmo lado.É quase impossível, mas acreditar faz parte do jogo. É, o titio hervalense que levou a bolada com certeza é um espermatozóide vencedor.
*** Mas, para os azarados de plantão, uma boa notícia. Depois de uma pesquisa com mil pessoas, psicólogo inglês garante que é possível desenvolver a sorte a partir de um padrão de atitudes positivas na vida. Ele disse que há quatro "princípios da sorte" e quem segui-los ficará mais sortudo.
- pessoas com sorte agarram as oportunidades
- dão valor a intuição e escutam os bons pressentimentos
- ter atitudes positivas é uma boa sacada. Quem acredita que tudo vai dar certo é mais confiante e sorridente. Logo, a sorte sorri para os simpáticos
- Ter uma visão otimista. Uma coisa ruim poderia ser pior. É bom aprender com os erros
PS: precisava pesquisa para saber disso? De forma tácita, sempre soubemos que otimismo e bom humor são trevo de quatro folhas.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
O ponto de onde é possivel ver todos os outros pontos do Universo
Muita gente que conheço irá me recriminar ou pelo menos achará estranho. Eu..lendo Paulo Coelho?Sim, sempre li. Isso não é novidade para mim. Bebia das palavras desse autor ainda quando ele se transmutava de canção e compunha com o mestre Raul Seixas, roqueiro que acho bárbaro, um gigante das letras musicais. Com 15 anos li O Alquimista e transcendi todas as experiências literárias apreciando a obra. Foi a partir desse livro que comecei a me interessar por almas, lenda pessoal, filosofia oriental, Hermes Trimegistro e agora pelo "aleph". Depois de passar pelo alquimista, Diário de Um Mago, Brida e O Monte Cinco, achei que Coelho não teria mais nada a me ensinar. Andou fazendo algumas obras as quais não me comoveram. Sentia falta da alma tão bem retratada nos seus títulos iniciais. Então, o homem que virou mago com a popularidade, mas também penou na mão de muitos críticos que o rechaçavam, marca a volta às origens com O Aleph. Uma simples pesquisa na internet serviu para eu me apaixonar pelo tema mesmo sem ler o exemplar. Sou deslumbrada pelas forças invisíveis e admiro todas as pessoas que empreendem uma luta pela busca espiritual.
O Aleph tem muitos sentidos: No estudo dos alfabetos vamos ver que o aleph ou alef, é a primeira letra de vários sistemas de escritas, como o alif do alfabeto árabe e o aleph do alfabeto fenício. O aleph fenício deu origem ao alpha grego, significando a consoante “a” . Do alpha veio o A latino e o A cirílico.
A origem do nome aleph é o desenho de um touro, ou aluf em hebraico antigo. Normalmente simboliza o começo de algo. Não possui sonorização e é utilizada apenas para indicar uma vogal sem acompanhamento de uma consoante. Na crença da Cabala o Alef tem seu papel fundamental em toda a mistica.
Um dos sentidos mais intrigantes é aquele dado pelo escritor argentino Jorge Luis Borges – autor de um conto chamado O Aleph – para quem a palavra significa o ponto de onde é possível se ver todos os outros pontos do universo.A experiência do Aleph é uma espécie de transe e pode ocorrer nos locais mais inusitados. Segundo Paulo Coelho, o seu mergulho no aleph se deu em um vagão de trem quando cruzava a Russia pela transiberiana. O aleph pode surgir ao acaso, como quando você está andando em uma rua e de repente percebe que o Universo inteiro está ali. Você sente que está compreendendo algo, mesmo que não consegue explicar sequer para si mesmo. Duas pessoas com grande afinidade podem se encontrar em um grande aleph.
O aleph é uma experiência surreal e eu sou fascinada por realidades que fogem do convencional. Em matemática, o aleph é "número que contém todos os números". Matemáticos usam o aleph como uma referência para o número cardinal que define o infinito. Encontrei uma explicação considerando que o aleph é um número transfinito, isto é, maior todos números finitos, mas ainda não necessariamente um infinito absoluto. Quem mergulha no aleph pode ver reprisadas na alma todas as cenas do mundo. E como Borges exalta: vi a engrenagem do amor e a modificação da morte, vi o Aleph, de todos os pontos, vi no Aleph a terra, e na terra outra vez o Aleph e no Aleph a terra, vi o meu rosto e as minhas vísceras, vi o teu rosto e senti vertigem e chorei, porque os meus olhos tinham visto esse objecto secreto e conjectural cujo nome os homens usurpam, mas que nenhum homem olhou: o inconcebível universo”.
O Aleph tem muitos sentidos: No estudo dos alfabetos vamos ver que o aleph ou alef, é a primeira letra de vários sistemas de escritas, como o alif do alfabeto árabe e o aleph do alfabeto fenício. O aleph fenício deu origem ao alpha grego, significando a consoante “a” . Do alpha veio o A latino e o A cirílico.
A origem do nome aleph é o desenho de um touro, ou aluf em hebraico antigo. Normalmente simboliza o começo de algo. Não possui sonorização e é utilizada apenas para indicar uma vogal sem acompanhamento de uma consoante. Na crença da Cabala o Alef tem seu papel fundamental em toda a mistica.
Um dos sentidos mais intrigantes é aquele dado pelo escritor argentino Jorge Luis Borges – autor de um conto chamado O Aleph – para quem a palavra significa o ponto de onde é possível se ver todos os outros pontos do universo.A experiência do Aleph é uma espécie de transe e pode ocorrer nos locais mais inusitados. Segundo Paulo Coelho, o seu mergulho no aleph se deu em um vagão de trem quando cruzava a Russia pela transiberiana. O aleph pode surgir ao acaso, como quando você está andando em uma rua e de repente percebe que o Universo inteiro está ali. Você sente que está compreendendo algo, mesmo que não consegue explicar sequer para si mesmo. Duas pessoas com grande afinidade podem se encontrar em um grande aleph.
O aleph é uma experiência surreal e eu sou fascinada por realidades que fogem do convencional. Em matemática, o aleph é "número que contém todos os números". Matemáticos usam o aleph como uma referência para o número cardinal que define o infinito. Encontrei uma explicação considerando que o aleph é um número transfinito, isto é, maior todos números finitos, mas ainda não necessariamente um infinito absoluto. Quem mergulha no aleph pode ver reprisadas na alma todas as cenas do mundo. E como Borges exalta: vi a engrenagem do amor e a modificação da morte, vi o Aleph, de todos os pontos, vi no Aleph a terra, e na terra outra vez o Aleph e no Aleph a terra, vi o meu rosto e as minhas vísceras, vi o teu rosto e senti vertigem e chorei, porque os meus olhos tinham visto esse objecto secreto e conjectural cujo nome os homens usurpam, mas que nenhum homem olhou: o inconcebível universo”.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Sábio refrão
Tudo é uma questão de manter
A mente quieta,
A espinha ereta
E o coração tranqüilo
(Walter Franco)
A mente quieta,
A espinha ereta
E o coração tranqüilo
(Walter Franco)
200 fajutos dias
Duzentos. Esses são os dias da educação no ano. E manifestam os que entendem do metier, que essa jornada deveria ser respeitada dentro do ano letivo. Eu acho isso um embuste e fico ofensamente indignada com a falta de aulas de minha filha. Enquanto ela chega contente, toda faceira que "amanhã não vai ter aula, mãe", eu subo as paredes. No segundo semestre, as folgas são ainda mais impressionantes. É sempre aquele papinho: "mãe, hoje não tem aula porque tem intersérie" ou "mãe, hoje não tem aula porque tem conselho de classe" e assim por sucessivas ocasiões. Veja só neste neste episódio. No dia da interséries choveu, mas os alunos se ausentaram da aula. Então a escola teve de remarcar outra data para os jogos (que contam como dia letivo, o que eu acho ridículo). Lógico, não teve aula. Outubro é um mês cheio de alegria para as crianças. Não estou falando da data comemorativa, é que descobri ser um período de longo descanso: 12 de outubro cai em uma terça-feira, o feriado deveria ser nesse dia. Mas a escola amplia e faz feriadão também na segunda. E no dia do professor, mais umas horinhas em casa, porque preguiça pouca é bobagem. Caraca. Depois dizem que a educação vai para o brejo. Se as folgas são motivo de festa para as crianças, que ainda não percebem a importância de uma educação de qualidade na composição do futuro, não deveria ser para os professores. Sugiro que ao lutarem por melhores condições salariais, coloquem na pauta de reivindicações a realização de 200 genuínos dias letivos. O Brasil e todos aqueles que não tem condições de pagar colégio particular agradecem.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
O melhor vem da plebe!
Nunca me interessei por política. Erro crasso na minha educação, ainda mais que enveredei para o jornalismo e sendo assim, não poderia titubear em aprender mais sobre essa arte que surgiu na Grécia e foi pensada pelos filósofos que vagavam pelas polis (cidade-estado). Mas nunca me esquivei de votar genuinamente. Voto mesmo, sem anular o meu direito. Embora muitas vezes tenha acreditado que o candidato não honrou minha confiança. Creio que cada brasileiro já se sentiu assim, nessa pátria de marajás e reis da maracutaia. Nessas eleições, me propus a pensar e ouvir os presidenciáveis, atentar para os candidatos ao governo estadual e saber das ideias dos postulantes a Assembleia. Em muitas noites fui fiel ao horário eleitoral. E nos debates na televisão, detectei a ironia de Plínio Sampaio. Fui uma telespectadora atenta de sua lingua ferina. Parecia ele uma metralhadora giratória, dando tiro para tudo quanto era lado.
Mas tenho em mim que o melhor não foi exposto nos palanques. O ouro que reluzia estava ali, no anonimato, no meio da multidão, à porta da plebe.Seiva embrutecida pela lida do trabalho, vi homens duros, espadaúdos, figurar em propagandas do Serra, Dilma e Marina respondendo a indagação pontual de que o candidato iria melhorar sua vida. Mesmo sendo propaganda, mesmo que eles tivessem sido pagos, vi a vontade de que a realidade fosse essa: Meu Deus, tenha piedade do povo e fazei com que ele faça realmente tudo isso que está professando.
Em Lajeado, vi um professor fazendo História dando política. Em escola pública, levou a casa nas costas ao disponibilizar seu conhecimento para jovens de 16 anos. Mostrou nessas eleições a evolução do voto e o poder de fogo que ele tem. Incitou os estudantes a lutarem por esse direito. Ele não disse, mas nos olhos dele estava refletida a imagem de um homem que se interessa por seu país, que jamais quis se desvencilhar da função de mesário, a qual tanta gente desgosta. Nessa pátria tupiniquim, queremos eleger um cacique honroso.Por mais alheios que somos e somos alheios, há ainda eleitores estandartes da cidadania. E só por eles, vale a pena votar bem. Bom Voto! "Alea jacta est"
Mas tenho em mim que o melhor não foi exposto nos palanques. O ouro que reluzia estava ali, no anonimato, no meio da multidão, à porta da plebe.Seiva embrutecida pela lida do trabalho, vi homens duros, espadaúdos, figurar em propagandas do Serra, Dilma e Marina respondendo a indagação pontual de que o candidato iria melhorar sua vida. Mesmo sendo propaganda, mesmo que eles tivessem sido pagos, vi a vontade de que a realidade fosse essa: Meu Deus, tenha piedade do povo e fazei com que ele faça realmente tudo isso que está professando.
Em Lajeado, vi um professor fazendo História dando política. Em escola pública, levou a casa nas costas ao disponibilizar seu conhecimento para jovens de 16 anos. Mostrou nessas eleições a evolução do voto e o poder de fogo que ele tem. Incitou os estudantes a lutarem por esse direito. Ele não disse, mas nos olhos dele estava refletida a imagem de um homem que se interessa por seu país, que jamais quis se desvencilhar da função de mesário, a qual tanta gente desgosta. Nessa pátria tupiniquim, queremos eleger um cacique honroso.Por mais alheios que somos e somos alheios, há ainda eleitores estandartes da cidadania. E só por eles, vale a pena votar bem. Bom Voto! "Alea jacta est"
Bisavô vai à urna
O aposentado Otto João Lunkes tem 86 anos e um senso de cidadania exemplar. Domingo, dia de missa e de pachorra, será tempo de beijar a urna. Está dispensado de votar mas não se esquiva do compromisso. A urna – dispositivo moderno que evoluiu com o passar do tempo - levará seu eleito. “A primeira vez a gente nunca esquece”, diz a propaganda. Lunkes lembra do seu primeiro voto, há 60 anos. Na época, ele arava a terra e escutava as promessas de um gaúcho fundamentado no populismo. Entusiasmado, deu seu apoio e ajudou a colocar Getúlio Vargas no pedestal. Nunca se arrependeu. Desde então, não deixou de participar do processo eleitoral. Tem a convicção de que um bom político com assessores preparados faz a carruagem de uma nação disparar.
Para Lunkes, Vargas era o braço forte dos trabalhadores. “Saiu de um canto do Rio Grande do Sul para se tornar presidente”. Naquela época o aposentado residia em Cruzeiro do Sul e destaca não existir comemoração nas vitórias presidenciais. Os tempos eram outros, mais discretos. Mas o triunfo do caudilho lhe deixou muito satisfeito. Talvez venha dessa época a certeza de que político deve ter conduta ilibada. O aposentado não admite mácula na vida pública. “Ele deixou de votar em um candidato porque fulano havia se separado”, entrega a esposa Maria Terezinha Lunkes, companheira há 60 anos, que também adota o voto como arma popular.
Voto após a missa
A vida se encarregou de transformar o agricultor Lunkes em motorista de caminhão. A bordo do veículo, viajou por todas as pirombeiras do Vale do Taquari recolhendo frangos e levando ração. Depois de tanto trabalho, se aposentou com um valor que hoje decaiu pela metade. Seu voto não tem nada de facultativo, vai ser dado em protesto às dificuldades que os aposentados enfrentam ao entardecer da vida. “Quero ver se vai melhorar a situação de nosso país, principalmente para os idosos. O salário os aposentados não acompanha o mínimo.” No domingo, a colinha contendo o nome dos seus escolhidos vai no bolso. Fez sua seleção baseado na leitura dos jornais. Para ele, o novo governante deve criar condições para melhorar a educação e aumentar a segurança. E são essas esperanças que serão digitadas na urna. Mas só depois da missa matinal, porque o casal Lunkes tem um trato a ser cumprido com Deus. Otto e Maria Terezinha miram o altar onde está o padre, para Deus olhar pelo Brasil. Um compromisso inadiável será selado em uma seção do Colégio Presidente Castelo Branco (Castelinho). Ele depois volta para casa com o senso de dever cumprido. E vai torcer para que os brasileiros elejam as pessoas certas.
Para Lunkes, Vargas era o braço forte dos trabalhadores. “Saiu de um canto do Rio Grande do Sul para se tornar presidente”. Naquela época o aposentado residia em Cruzeiro do Sul e destaca não existir comemoração nas vitórias presidenciais. Os tempos eram outros, mais discretos. Mas o triunfo do caudilho lhe deixou muito satisfeito. Talvez venha dessa época a certeza de que político deve ter conduta ilibada. O aposentado não admite mácula na vida pública. “Ele deixou de votar em um candidato porque fulano havia se separado”, entrega a esposa Maria Terezinha Lunkes, companheira há 60 anos, que também adota o voto como arma popular.
Voto após a missa
A vida se encarregou de transformar o agricultor Lunkes em motorista de caminhão. A bordo do veículo, viajou por todas as pirombeiras do Vale do Taquari recolhendo frangos e levando ração. Depois de tanto trabalho, se aposentou com um valor que hoje decaiu pela metade. Seu voto não tem nada de facultativo, vai ser dado em protesto às dificuldades que os aposentados enfrentam ao entardecer da vida. “Quero ver se vai melhorar a situação de nosso país, principalmente para os idosos. O salário os aposentados não acompanha o mínimo.” No domingo, a colinha contendo o nome dos seus escolhidos vai no bolso. Fez sua seleção baseado na leitura dos jornais. Para ele, o novo governante deve criar condições para melhorar a educação e aumentar a segurança. E são essas esperanças que serão digitadas na urna. Mas só depois da missa matinal, porque o casal Lunkes tem um trato a ser cumprido com Deus. Otto e Maria Terezinha miram o altar onde está o padre, para Deus olhar pelo Brasil. Um compromisso inadiável será selado em uma seção do Colégio Presidente Castelo Branco (Castelinho). Ele depois volta para casa com o senso de dever cumprido. E vai torcer para que os brasileiros elejam as pessoas certas.
domingo, 26 de setembro de 2010
Os 12 seguidores
Quando comecei este blogue em 2007, fui alimentada por um desejo de colocar todos os tipos de sentimentos, escrever livremente sem pensar nas mentes que porventura iriam me ler. Apesar de estar na net, percebi o blogue como algo que passaria invisível, sem audiência. Isso me dava certo acalanto. Eu, invocando a rede em nome da minha híbrida literatura de dores e devaneios, passaria ao largo dos internautas. Com esse pensamento fui escrevendo e me sentia liberta para rascunhar na casa das minhas palavras. Meus escritos, ruins, bons ou medíocres, só para mim. Eu, a própria plateia.
Até que um dia eu percebi um, dois, dez, 12 seguidores. Meus Deus, eu tenho 12 seguidores!!Uma dúzia de pessoas que vez ou outra acessam meu reduto virtual para vasculhar o que eu penso e invariavelmente, analisar: - "este foi um bom texto" ou "a postagem anterior estava bem melhor". Comecei a cuidar mais da forma e do conteúdo, no entanto, minha espontaneidade foi engessada. E não era o que eu queria. Neste espaço me dispus a gerenciar literariamente as ideias que vagavam nos porões da mente, sem necessariamente, ter de agradar a ninguém. Porque eu sendo eu, minha essência emergeria, e é assim que eu teria de cativar, de cara e letra limpa.
Fiquei refém dos 12 seguidores. Queria postar cada vez mais, mas não tinha tempo e nem vontade para isso. Isso me angustiava. Abria o blogue diariamente para ver se todos estavam lá. Temia que algum dos internautas me apagasse da lista, por não gostar do conteúdo, pelas poucas postagens ou algo parecido. Não era esse o propósito inicial do blogue. Comecei a ter sede de audiência e isso me incomodou. Desabilitei o gadget. Matei meus seguidores virtuais. Não sei se me visitam, mas espero que entendam minhas razões as quais tem a ver com escrever sem máculas ou influências. Quero me mover invisivelmente neste território de ninguém. Sei que alguém vai me acessar, mas o fato de eu não saber rostos e nem nomes não me coloca sob o jugo de plateia. Assim, aqui, eu consigo impor as minhas verdades, que nem sempre são bonitas ou bem escritas.
Até que um dia eu percebi um, dois, dez, 12 seguidores. Meus Deus, eu tenho 12 seguidores!!Uma dúzia de pessoas que vez ou outra acessam meu reduto virtual para vasculhar o que eu penso e invariavelmente, analisar: - "este foi um bom texto" ou "a postagem anterior estava bem melhor". Comecei a cuidar mais da forma e do conteúdo, no entanto, minha espontaneidade foi engessada. E não era o que eu queria. Neste espaço me dispus a gerenciar literariamente as ideias que vagavam nos porões da mente, sem necessariamente, ter de agradar a ninguém. Porque eu sendo eu, minha essência emergeria, e é assim que eu teria de cativar, de cara e letra limpa.
Fiquei refém dos 12 seguidores. Queria postar cada vez mais, mas não tinha tempo e nem vontade para isso. Isso me angustiava. Abria o blogue diariamente para ver se todos estavam lá. Temia que algum dos internautas me apagasse da lista, por não gostar do conteúdo, pelas poucas postagens ou algo parecido. Não era esse o propósito inicial do blogue. Comecei a ter sede de audiência e isso me incomodou. Desabilitei o gadget. Matei meus seguidores virtuais. Não sei se me visitam, mas espero que entendam minhas razões as quais tem a ver com escrever sem máculas ou influências. Quero me mover invisivelmente neste território de ninguém. Sei que alguém vai me acessar, mas o fato de eu não saber rostos e nem nomes não me coloca sob o jugo de plateia. Assim, aqui, eu consigo impor as minhas verdades, que nem sempre são bonitas ou bem escritas.
sábado, 25 de setembro de 2010
Vaidosos e tapados
Jornalistas dentro da redação foram divididos em dois perfis: vaidosos e tapados. A diferenciação costumeira envolve o conceito de "bom" e "ruim" mas dessa vez a segregação considerou o lado comportamental e não técnico. Talvez. Porque aos vaidosos cabe o topo da pirâmide. Os tapados seriam a rabeira da cadeia alimentar. Eu estou dentro do esquema desse último grupo. Vamos às explicações à la Freud.
Os primeiros envolveram-se na jactância porque dentro deles mesmos, traçaram o caminho do triunfo e venceram, porque julgam bons os seus textos. É isso mesmo, ainda que essa vitória esteja circunscrita às letras e não à faixa salarial (maioria dos jornalistas em termos de salário beija a lona), eles inflam o peito. Dentro da redação,a soberba dos bons os ajudam a serem autônomos. Abrem a pauta e vão de imediato fazer o serviço. Traçam sozinhos o norte da matéria, sem precisar da ajuda do editor. E lá vão eles, embora ligar para as fontes. Conseguem se motivar com o entusiasmo próprio, porque estão cheios de si com a possibilidade de serem admirados com mais uma materia espetacular publicada no folhetim. Compilam os dados em um texto simples, claro e conciso (Uhuuuuuu..como eu sou bom!!). Coroam o trabalho com a foto de capa estampada na manchete do jornal. Eis mais motivo para impáfia. Com o favorecimento dos deuses, conseguem uma, duas, três, cinco sucessivas capas.Saem da condição de operário das palavras para paladino das letras. Assim, as paginas nobres do jornal se infestam de orgulho e o leitor nem nota, empenhado que está em ler as notícias.
No outro lado da gangorra, os pobres-diabos, as topeiras-tapadas. Estes se esforçam bem mais do que os vaidosos. Não é questão de falta de neurônio, diria que é mais um despojamento de eficiencia mental. E assim, tentam compensar com um empenho que chega a ser comovente. Primeiro ponto negativo: são dependentes do editor. Abrem a pauta e se desesperam por não saberem como começá-la. Aí, consultam o chefe 42 vezes durante o dia. O cara, que nao é vaidoso nem tapado, mas um bipolar na fase intermediária para aguda se exaspera com as perguntas e enxovalha a falta de atitude.
Apáticos, os topeiras sentam para escrever. As horas avançam e surgem mais indagações, mas eles se fixam na cadeira, tentando se ajudar mutuamente, à distância do chefe, que está com uma cara de boi que vai engolir uma anta. Os topeiras sabem que é preciso ter iniciativa, destrinchar uma solução por si mesmos e se tornarem resolutivos. O problema é que quem nasce toupeira nunca chega a abelha rainha.
A grande vantagem do tapado é seu ego estupidamente curto. Tapados são mais bonzinhos e por nao terem tido a alma imaculada com a soberba, compreendem as limitações do colega. Assim, são altruístas, se ajudam entre si. Eles também têm possibilidade de crescer infinitamente maior do que os vaidosos, que acham que já chegaram lá, é cuidam apenas pela manutenção da "fama". Mas os topeiras se esforçam porque sabem que o percurso é grande. E esse trajeto é marcado pela humildade, marca que levam adiante até sairem da condição de topeiras. Tapados e vaidosos ajudam a girar a roda das letras, produzindo o jornalismo da alma humana.
Os primeiros envolveram-se na jactância porque dentro deles mesmos, traçaram o caminho do triunfo e venceram, porque julgam bons os seus textos. É isso mesmo, ainda que essa vitória esteja circunscrita às letras e não à faixa salarial (maioria dos jornalistas em termos de salário beija a lona), eles inflam o peito. Dentro da redação,a soberba dos bons os ajudam a serem autônomos. Abrem a pauta e vão de imediato fazer o serviço. Traçam sozinhos o norte da matéria, sem precisar da ajuda do editor. E lá vão eles, embora ligar para as fontes. Conseguem se motivar com o entusiasmo próprio, porque estão cheios de si com a possibilidade de serem admirados com mais uma materia espetacular publicada no folhetim. Compilam os dados em um texto simples, claro e conciso (Uhuuuuuu..como eu sou bom!!). Coroam o trabalho com a foto de capa estampada na manchete do jornal. Eis mais motivo para impáfia. Com o favorecimento dos deuses, conseguem uma, duas, três, cinco sucessivas capas.Saem da condição de operário das palavras para paladino das letras. Assim, as paginas nobres do jornal se infestam de orgulho e o leitor nem nota, empenhado que está em ler as notícias.
No outro lado da gangorra, os pobres-diabos, as topeiras-tapadas. Estes se esforçam bem mais do que os vaidosos. Não é questão de falta de neurônio, diria que é mais um despojamento de eficiencia mental. E assim, tentam compensar com um empenho que chega a ser comovente. Primeiro ponto negativo: são dependentes do editor. Abrem a pauta e se desesperam por não saberem como começá-la. Aí, consultam o chefe 42 vezes durante o dia. O cara, que nao é vaidoso nem tapado, mas um bipolar na fase intermediária para aguda se exaspera com as perguntas e enxovalha a falta de atitude.
Apáticos, os topeiras sentam para escrever. As horas avançam e surgem mais indagações, mas eles se fixam na cadeira, tentando se ajudar mutuamente, à distância do chefe, que está com uma cara de boi que vai engolir uma anta. Os topeiras sabem que é preciso ter iniciativa, destrinchar uma solução por si mesmos e se tornarem resolutivos. O problema é que quem nasce toupeira nunca chega a abelha rainha.
A grande vantagem do tapado é seu ego estupidamente curto. Tapados são mais bonzinhos e por nao terem tido a alma imaculada com a soberba, compreendem as limitações do colega. Assim, são altruístas, se ajudam entre si. Eles também têm possibilidade de crescer infinitamente maior do que os vaidosos, que acham que já chegaram lá, é cuidam apenas pela manutenção da "fama". Mas os topeiras se esforçam porque sabem que o percurso é grande. E esse trajeto é marcado pela humildade, marca que levam adiante até sairem da condição de topeiras. Tapados e vaidosos ajudam a girar a roda das letras, produzindo o jornalismo da alma humana.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Desce o pano!
Ao longo de minha carreira jornalística, tive a oportunidade de elaborar três matérias sobre suicídio, essa tragédia silenciosa que assola o Rio Grande do Sul, o estado líder no rankig do autoextermínio no Brasil. E dentre as regiões gaúcha, o Vale do Taquari desponta com destaque nessa negra estatística. O número de pessoas que cometem assassinato contra sí, aumentou em 23 por cento de 2008 para 2009. Ano passado, 63 pessoas decidiram pelo gesto final e deixaram suas famílias estarrecidas. Optaram pelo último ato, puxaram o pano (como se diz no teatro) para sair do palco da vida. O que choca a sociedade é o índice de jovens que interrompem o futuro. Decepam as esperanças e num impulso defintivo, viram algoz de si mesmos.
Uma das reportagens mais emblemáticas e a qual pairou muito tempo na minha cabeça foi escrita por Eliane Brum em 2009 na revista Época. Ela retrata a história de um garoto que foi estimulado ao suicidio e auxiliado por pessoas anônimas da internet. Sua morte, foi assistida por internautas de diferentes cantos do mundo, que diziam: "Sim, mate-se". Sua morte foi executada por ele mesmo pelo metodo barbecue. Colocou grelhas queimando no banheiro, para morrer por inalação de monóxido de carbono. Elas estavam em chamas, uma ao lado da outra, enquanto ele morria assim, assistido pelo mundo virtual. Em dado momento, o menino suicida escreve: "Ah, meu Deus. Eu não consigo suportar o calor. Está tremendamente quente no banheiro. O que eu devo vestir para se tornar mais suportável? O que eu devo fazer para desmaiar, por Deus?"
Alguém o orientou a retirar as roupas e encharcá-las para aguentar até desmaiar. Muito tempo depois, outro internauta escreve: "Acho que funcionou, já que ele não entrou mais em contato."
Não foi a primeira vez que ele tentou se matar. Mas foi a primeira vez que havia vozes torcendo para ele morrer. Dizendo como ele podia morrer. E desta vez ele morreu.
No mundo todo, adolescentes são incentivados a morrer pela internet. No Japão, os suicídios ligados à rede aumentaram 70%. O crime de instigação ao suicídio é previsto no artigo 122 do Código Penal Brasileiro. A pena é de 2 a 6 anos de prisão, dobrada se a vítima for menor de 18 anos. Essa é uma das faces de quem escolhe a morte como subterfúgio. Uma matéria retratada com detalhes pela repórter da Época que serve de alerta para deixar vigilantes as autoridades e os profissionais ligados a saúde. O assunto é pesado, as estatísticas são sinistras, mas é preciso começar a falar do assunto e deixar de lado o tabu que envolve o tema.
Uma das reportagens mais emblemáticas e a qual pairou muito tempo na minha cabeça foi escrita por Eliane Brum em 2009 na revista Época. Ela retrata a história de um garoto que foi estimulado ao suicidio e auxiliado por pessoas anônimas da internet. Sua morte, foi assistida por internautas de diferentes cantos do mundo, que diziam: "Sim, mate-se". Sua morte foi executada por ele mesmo pelo metodo barbecue. Colocou grelhas queimando no banheiro, para morrer por inalação de monóxido de carbono. Elas estavam em chamas, uma ao lado da outra, enquanto ele morria assim, assistido pelo mundo virtual. Em dado momento, o menino suicida escreve: "Ah, meu Deus. Eu não consigo suportar o calor. Está tremendamente quente no banheiro. O que eu devo vestir para se tornar mais suportável? O que eu devo fazer para desmaiar, por Deus?"
Alguém o orientou a retirar as roupas e encharcá-las para aguentar até desmaiar. Muito tempo depois, outro internauta escreve: "Acho que funcionou, já que ele não entrou mais em contato."
Não foi a primeira vez que ele tentou se matar. Mas foi a primeira vez que havia vozes torcendo para ele morrer. Dizendo como ele podia morrer. E desta vez ele morreu.
No mundo todo, adolescentes são incentivados a morrer pela internet. No Japão, os suicídios ligados à rede aumentaram 70%. O crime de instigação ao suicídio é previsto no artigo 122 do Código Penal Brasileiro. A pena é de 2 a 6 anos de prisão, dobrada se a vítima for menor de 18 anos. Essa é uma das faces de quem escolhe a morte como subterfúgio. Uma matéria retratada com detalhes pela repórter da Época que serve de alerta para deixar vigilantes as autoridades e os profissionais ligados a saúde. O assunto é pesado, as estatísticas são sinistras, mas é preciso começar a falar do assunto e deixar de lado o tabu que envolve o tema.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
A menina que matou os sonhos
Indicada por um colega, leio uma matéria fantástica que saiu na Zero Hora neste final de semana. Com um texto desenhado em palavras e frases indefectíveis, Ricardo Stefanelli, diretor de redação da ZH relata o reencontro com Tatiane, uma ex-interna da Febem que fora notícia ha 18 anos sob a manchete: "As crianças que ninguém quer". Tatiane morava na ala que era considerada o "ferro velho" da instituição, porque estas eram crianças rejeitadas por serem mais velhas ou negras. Stefanelli revolveu a história e foi buscar sua velha amiga, que na época, de tanta atenção que queria, enroscava-se em suas pernas. Hoje, mulher feita, 25 anos, com um marido e nos planos, um filho para o futuro, Tatiane é protagonista de uma nova versão da sua vida: com sonhos e esperanças que se concretizaram. A menina de tiara que sorria se transformou em uma jovem esposa de largo sorriso, cuja trajetória foi salva por uma adoção: um ato de afeto da professora Rosemari Faleiro.
Esse preâmbulo todo foi para me referir ao título da reportagem recente: A menina que sorria. Tatiane conseguiu vencer a rejeição e descartar os vestígos de um passado não venturoso. Emerge com planos que vão ser costurados a dois, quem sabe a três, quando o filho que ainda não está no ventre nascer.
Eu me comparei. Vi que tive muito mais do que ela. Vi que tenho muito menos. Me sinto roubada. Sequestraram meus sonhos. Por Deus, ou eu os matei. Todos. Não sobrou um para contar história. Não tenho desejo de fazer família. Adormeci a ideia de cativar um namorado. Não me atiça o gosto por subir degraus no meu trabalho. Não me assanha nenhum tipo de desejo. Sou uma mulher ausente e autômata. Liguei o piloto automático e vou sobrevivendo. Mas, como esclarece Osho, sobrevivência não é vida.
Talvez meus sonhos estejam sepultados nos porões da mente. Talvez trezentas sessões de psicanálise os façam vir à tona. Não sei como vai acabar a minha história. Uma trajetória insossa, mas um caminho que é o meu. Pelos céus, eu queria que esse meu caminho valesse ao menos um bom sonho, com perspectiva de realização.
Esse preâmbulo todo foi para me referir ao título da reportagem recente: A menina que sorria. Tatiane conseguiu vencer a rejeição e descartar os vestígos de um passado não venturoso. Emerge com planos que vão ser costurados a dois, quem sabe a três, quando o filho que ainda não está no ventre nascer.
Eu me comparei. Vi que tive muito mais do que ela. Vi que tenho muito menos. Me sinto roubada. Sequestraram meus sonhos. Por Deus, ou eu os matei. Todos. Não sobrou um para contar história. Não tenho desejo de fazer família. Adormeci a ideia de cativar um namorado. Não me atiça o gosto por subir degraus no meu trabalho. Não me assanha nenhum tipo de desejo. Sou uma mulher ausente e autômata. Liguei o piloto automático e vou sobrevivendo. Mas, como esclarece Osho, sobrevivência não é vida.
Talvez meus sonhos estejam sepultados nos porões da mente. Talvez trezentas sessões de psicanálise os façam vir à tona. Não sei como vai acabar a minha história. Uma trajetória insossa, mas um caminho que é o meu. Pelos céus, eu queria que esse meu caminho valesse ao menos um bom sonho, com perspectiva de realização.
domingo, 15 de agosto de 2010
Os passeios de Babe

Uma pesquisa revela que passear com o cão diminui o estresse. O simples hábito desencadeia sensações profundas de alegria e calma nas pessoas. É a ciência jogando a favor dos animais. Mas o que a ciência diria de uma porquinha que anda de peiteira, passeia pela rua fuçando o barro e a relva e reclama se o dono não a leva a dar uma voltinhas?Tais peripécias suínas estão bem pertinho, no Bairro Conventos. Fui lá fazer a matéria, e Babe, a porquinha, apesar de mansa com o dono, não queria trela comigo. Ficou histérica ao perceber que eu queria fotografá-la. Os oincs-oincs dela foram a 40 decibéis (to chutando).
O verdureiro AdelinoSchmitz (49) fez uma peiteira: amarra uma corda de náilon grossa no pescoço e atrás das pernas dianteiras . Depois de se certificar que ela não vai fugir, a orienta pela estrada de chão batido, à vista dos vizinhos. É uma graça. Motoristas que passam pelo local, esticam o olho. Os mais animados tiram o tempo para fotografar. O dono não diz, mas se percebe o orgulho por tal façanha: domesticar um suíno.
O nome da porquinha – que de pequena não tem nada, pois pesa 80 quilos – foi inspirada no filme “Babe, o porquinho atrapalhado”, produção australiana de 1995. “Ela é bem limpinha, dou banho de mangueira”, conta Schmitz.Babe é tratada com ração e resto de alimento. Na fase adulta deverá atingir os 300 quilos. Os passeios acontecem próximo ao meio-dia. A porca, que não é burra, segue faceira perambulando pela via. Parece ter nascido para a vida canina.
O nome da porquinha – que de pequena não tem nada, pois pesa 80 quilos – foi inspirada no filme “Babe, o porquinho atrapalhado”, produção australiana de 1995. “Ela é bem limpinha, dou banho de mangueira”, conta Schmitz.Babe é tratada com ração e resto de alimento. Na fase adulta deverá atingir os 300 quilos. Os passeios acontecem próximo ao meio-dia. A porca, que não é burra, segue faceira perambulando pela via. Parece ter nascido para a vida canina.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Queremos sapos!
A vida é assim. A mulher engravida, fica sabendo que é menina, prepara o quarto com fitinha mimosa e sonha quão feliz será sua filhinha. Aí a Laura nasce. Paparicos, princesa prá cá, princesa prá lá. Os pais dando vazão ao tradicional dilema de que se existe princesa, há de se ter um príncipe. Um cavalheiro, gente fina, boa praça. Sõ não salva do dragão porque os bichos mais perigosos estão confinados no zoológico. Mão hão de tirá-la da solidão e do duro estigma, depois dos 30 de tiazona.
Então crescemos com esse paradigma. Desde a tenra idade as mamães, babás e tatas nos apregoam, com sutileza, através de fábulas uma bela vida. Elas estão nas histórias da Cinderela e da Bela Adormecida. O príncipe sempre está lá. Firme e forte, para salvá-la, como tem de ser um final feliz. Dormimos com isso na caxola.
A Sofia, boa guria, a Catarina, nobre menina, a Maria Eduarda, a danada, já crescem pensando que vão encontrar o seu.
Na adolescência, cheia de ruge e batom, permeia seus sonhos com filmes modernos. Na cadeira do cinema invejam a cena em que a mocinha cativa o cara sedutor - aquele Deus grego - e dá um big beijo de língua. Está selado o compromisso. The end.
Ao entrar prá faculdade percebe que as coisas não são bem assim. Uma olhada no jornal - da região mesmo - e a constatação: o censo diz que há 1390 mulheres a mais no Vale do Taquari. Outros tantos - não detectados no levantamento porque isso seria discriminação, segundo o IBGE - de hermafroditas, homossexuais.
Bom, é preciso campear um príncipe com isso que está aí. Então ela arregaça as mangas, olho no olho, mão na mão e despesas a rachar. Afinal, o princípe quer igualdade e isso começa ao jantar.
Ele também já não está muito disposto a esperar você entrar em casa para arrancar o carro e mostrar com quantos cavalos de aço se faz um cara bom de braço.
Você vai dormir com a sensação de um soco no estômago e com a comida que você pagou ainda entalada na garganta. Lembra do conto de fadas e verifica que conto de fadas tem esse nome porque é puro conto. 171. Mas as mulheres não desistem. Persistem. Querem o seu cavalheiro com escudo e bravos. Aguerridos. Mas sem máscaras. Querem um homerm para chamar de seu. Mesmo que não façam parte do clã da Távola Redonda. Mesmo que sejam galãs enrustidos, sem o glamour pintado na tela do cinema. Quem não tem Sir Lancelote, caça com pedreiro, bodegueiro, caminhoneiro...
Mesmo que seu príncipe nem seja corajoso para erguer uma lança, mas estóico o suficiente para atrelar sua mão à dela durante uma passeadinha no shopping...
Bravo o suficiente para chamarem-na de princesa em frente a seus iguais
Heróis o bastante para assumirem um único compromisso. Não estamos enclausuradas na torre do Castelo, não queremos o enfado de uma vida regrada e virginal sem emoções ou paixões..não queremos compaixões
Queremos sim um principe real. Mesmo que ele seja boy, metaleiro, pedreiro, padeiro, empresário, repórter ou picareta de carros. E para ser príncipe, não é preciso muito. Para nos salvar da boca do dragão, basta nos dar amor e afeto exclusivos. Queremos sentir-nos as princesas únicas. Será que é pedir de mais de um homem?
Então, por favor Deus, dai-nos sapos. Pelo menos assim a gente sabe como transformá-los em principes. Basta um simples ósculo. Um apenas.
Sim, porque com os homens de hoje, a gente beija, beija e não dá nada!
* Crônica escrita em 2003
Então crescemos com esse paradigma. Desde a tenra idade as mamães, babás e tatas nos apregoam, com sutileza, através de fábulas uma bela vida. Elas estão nas histórias da Cinderela e da Bela Adormecida. O príncipe sempre está lá. Firme e forte, para salvá-la, como tem de ser um final feliz. Dormimos com isso na caxola.
A Sofia, boa guria, a Catarina, nobre menina, a Maria Eduarda, a danada, já crescem pensando que vão encontrar o seu.
Na adolescência, cheia de ruge e batom, permeia seus sonhos com filmes modernos. Na cadeira do cinema invejam a cena em que a mocinha cativa o cara sedutor - aquele Deus grego - e dá um big beijo de língua. Está selado o compromisso. The end.
Ao entrar prá faculdade percebe que as coisas não são bem assim. Uma olhada no jornal - da região mesmo - e a constatação: o censo diz que há 1390 mulheres a mais no Vale do Taquari. Outros tantos - não detectados no levantamento porque isso seria discriminação, segundo o IBGE - de hermafroditas, homossexuais.
Bom, é preciso campear um príncipe com isso que está aí. Então ela arregaça as mangas, olho no olho, mão na mão e despesas a rachar. Afinal, o princípe quer igualdade e isso começa ao jantar.
Ele também já não está muito disposto a esperar você entrar em casa para arrancar o carro e mostrar com quantos cavalos de aço se faz um cara bom de braço.
Você vai dormir com a sensação de um soco no estômago e com a comida que você pagou ainda entalada na garganta. Lembra do conto de fadas e verifica que conto de fadas tem esse nome porque é puro conto. 171. Mas as mulheres não desistem. Persistem. Querem o seu cavalheiro com escudo e bravos. Aguerridos. Mas sem máscaras. Querem um homerm para chamar de seu. Mesmo que não façam parte do clã da Távola Redonda. Mesmo que sejam galãs enrustidos, sem o glamour pintado na tela do cinema. Quem não tem Sir Lancelote, caça com pedreiro, bodegueiro, caminhoneiro...
Mesmo que seu príncipe nem seja corajoso para erguer uma lança, mas estóico o suficiente para atrelar sua mão à dela durante uma passeadinha no shopping...
Bravo o suficiente para chamarem-na de princesa em frente a seus iguais
Heróis o bastante para assumirem um único compromisso. Não estamos enclausuradas na torre do Castelo, não queremos o enfado de uma vida regrada e virginal sem emoções ou paixões..não queremos compaixões
Queremos sim um principe real. Mesmo que ele seja boy, metaleiro, pedreiro, padeiro, empresário, repórter ou picareta de carros. E para ser príncipe, não é preciso muito. Para nos salvar da boca do dragão, basta nos dar amor e afeto exclusivos. Queremos sentir-nos as princesas únicas. Será que é pedir de mais de um homem?
Então, por favor Deus, dai-nos sapos. Pelo menos assim a gente sabe como transformá-los em principes. Basta um simples ósculo. Um apenas.
Sim, porque com os homens de hoje, a gente beija, beija e não dá nada!
* Crônica escrita em 2003
domingo, 8 de agosto de 2010
Penso com os dedos
Imagine caro amigo virtual, que eu tenho uma bizarra mania (sim, no meu caso é bizarra e explico o motivo). Me apeguei ao costume de escrever no papel, todos os meus textos, todinhos, eu rabisco em um bloco para só depois digitar no computador. Em qualquer outra circunstância, e não sendo jornalista este hábito não seria considerado esquisito, mas como repórter de jornal impresso, eis uma tarefa hercúlea.É muito trabalho. Enquanto escuto o tec tec do teclado dos meus colegas, eu - só eu - faço as matérias no bloquinho. Um colega ri, o outro se exaspera e diz que nunca viu disso. Argumenta que minha teimosia dá retrabalho. Sim, concordo. Depois que coloco o ponto final no bloquinho, lá vou eu começar a escrever no computador.
Veja só: ttenho 17 anos de profissão e nunca senti essa necessidade de manuscrever.Mas há um ano este hábito parece encravado em mim. Já tentei sentar na cadeira e digitar direto, parece que a inspiração não vem. Quando empunho a caneta, o texto flui e as palavras voam sem dificuldade da minha cachola. Eu penso com os dedos!!Que paradoxo estou vivendo. Em pleno século 21, uma mulher da net como "jo" (tenho Orkut, Facebook, Twitter, Badoo, Blog e 3 MSN) sou forçada por meu cérebro a posar com uma atitude jurássica em meu ambiente de trabalho. Sou a que mais gasta canetas e blocos dentro da redação. Consumo um tubo de tinta em três dias. E ai vem outro problema. Como adoro canetas e não aceito escrever com qualquer Bic, tenho de me virar e procurar aquelas com as quais eu me afino. Geralmente, a farmácia é a vítima. Quando lá vou comprar meus remedinhos, lanço mão de algumas bem bonitinhas (canetas de laboratório são mui formosas, pode ir por mim). Pena que elas terminam logo em minhas mãos. Só consigo colecionar caneta vazia. Humpf.
Estou a fim de dar mais um tempo nesse lance de matérias manuscritas e depois passar para a fase moderna, mesmo que meu cérebro não queira. Vou insistir com fórceps para que ele chegue junto e seja páreo para a massa cinzenta de meus colegas. Sabe o que é misterioso, caro leitor, é que escrevi esse post todinho no computador. Meu cérebro é enigmático.
Veja só: ttenho 17 anos de profissão e nunca senti essa necessidade de manuscrever.Mas há um ano este hábito parece encravado em mim. Já tentei sentar na cadeira e digitar direto, parece que a inspiração não vem. Quando empunho a caneta, o texto flui e as palavras voam sem dificuldade da minha cachola. Eu penso com os dedos!!Que paradoxo estou vivendo. Em pleno século 21, uma mulher da net como "jo" (tenho Orkut, Facebook, Twitter, Badoo, Blog e 3 MSN) sou forçada por meu cérebro a posar com uma atitude jurássica em meu ambiente de trabalho. Sou a que mais gasta canetas e blocos dentro da redação. Consumo um tubo de tinta em três dias. E ai vem outro problema. Como adoro canetas e não aceito escrever com qualquer Bic, tenho de me virar e procurar aquelas com as quais eu me afino. Geralmente, a farmácia é a vítima. Quando lá vou comprar meus remedinhos, lanço mão de algumas bem bonitinhas (canetas de laboratório são mui formosas, pode ir por mim). Pena que elas terminam logo em minhas mãos. Só consigo colecionar caneta vazia. Humpf.
Estou a fim de dar mais um tempo nesse lance de matérias manuscritas e depois passar para a fase moderna, mesmo que meu cérebro não queira. Vou insistir com fórceps para que ele chegue junto e seja páreo para a massa cinzenta de meus colegas. Sabe o que é misterioso, caro leitor, é que escrevi esse post todinho no computador. Meu cérebro é enigmático.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Felicidade perdida
Há uma semana, a morte me expulsou da vida e fez cadeira cativa em mim. Tentei voar mas sem asas, cai no mais entranhado precipício. Fui querer bordejar pelo leme do amor e me ferrei na mais profunda concepção da palavra. Tudo o que esteve neste blog, o que eu disse sobre alegria, sobre felicidade vai ficar. Pensei em retirar os posts, mas não, irão permanecer como prova do que eu posso sentir e do que podem fazer comigo. Hoje mais do que nunca acredito na lei do carma. Andei relembrando e vendo que muitas vezes não cuidei do bem estar das pessoas. O Dalai Lama sempre diz: não menospreze jamais o bem-estar de alguém. E quantas vezes fiz o contrário. Pois a lei do retorno veio e me deixou abatida e amargurada, mortificada. Espero que eu aprenda a lição e a lição é de que tenho de me fortificar espiritualmente. Preciso ser completa para dividir a atenção com alguém. Sabe, hoje eu queria algumas respostas. Eu fico horas na cama inquirindo: Por que? Por que? Por que? “Olhe, você não reparou até agora, não desconfiou que tudo que você pergunta não tem resposta?"
Nos meus cenário verdejantes a felicidade seria plena. Mas não adianta, a duras penas que a gente aprende que ela nunca está fora, ela está dentro, mas a gente quer tentar, talvez porque domar o interior dá mais trabalho, dai a gente coloca a salvação em alguém. Só que esse alguém nunca salva, a melhor coisa dos heróis é que eles são seres humanos, buscando a felicidade igual a nós e também não querem sofrer. Todo mundo anseia a mesma condição (felicidade), uns porém, conseguem com mais facilidade, talvez por terem aprendido com mais velocidade as lições que a vida traz, talvez por terem mais maturidade ou até por estarem em uma encarnação superior. Fui ferida no flanco e no coração. Não me envergonho o mínimo bocado de dizer que sofro. Escrever isto aqui é minha maneira de exorcizar meus demônios e talvez seja o inicío de um bom retorno a vida. Fica a lição de Nietzsche: "Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama. Como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?”
*** O que não nos dá sossego é o si-mesmo. Aquilo que nós realmente somos e, também, aquilo que não somos. (Jung)
Nos meus cenário verdejantes a felicidade seria plena. Mas não adianta, a duras penas que a gente aprende que ela nunca está fora, ela está dentro, mas a gente quer tentar, talvez porque domar o interior dá mais trabalho, dai a gente coloca a salvação em alguém. Só que esse alguém nunca salva, a melhor coisa dos heróis é que eles são seres humanos, buscando a felicidade igual a nós e também não querem sofrer. Todo mundo anseia a mesma condição (felicidade), uns porém, conseguem com mais facilidade, talvez por terem aprendido com mais velocidade as lições que a vida traz, talvez por terem mais maturidade ou até por estarem em uma encarnação superior. Fui ferida no flanco e no coração. Não me envergonho o mínimo bocado de dizer que sofro. Escrever isto aqui é minha maneira de exorcizar meus demônios e talvez seja o inicío de um bom retorno a vida. Fica a lição de Nietzsche: "Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama. Como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?”
*** O que não nos dá sossego é o si-mesmo. Aquilo que nós realmente somos e, também, aquilo que não somos. (Jung)
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Dentro
Assim ensinou-me a vida nos últimos dias: a felicidade tarda, e às vezes anda de marcha-ré. Olho para o horizonte e para todas as coisas que me são pertinentes, subitamente percebo que ela não está fora, mas dentro de mim. Só que não apreendo esse conceito. Acontece que ela estão tão bem guardada, que não a encontro nos recônditos do meu ser. Mas eu sei que, genuinamente, ela está em minha essência. Como está na essência de todos. Este é o mundo dos sentidos e até a realidade é ilusão, por isso é perigoso depender desse universo sensorial. Preciso olhar devagar para mim mesma e buscar o pote da felicidade, aquele a que tenho direito e que só eu, inegavelmente eu, posso resgatá-lo.
******************
O vazio do budismo
" O homem que realiza a consciência de si mesmo sente que já não é o servo obediente de um impulso cego, senão que é seu próprio amo. Sente então que a gente comum, cega ante sua consciência inata e clara, percorre a rua como cadáveres vivos.!
(Chang Chen Ch)
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O vazio do budismo
" O homem que realiza a consciência de si mesmo sente que já não é o servo obediente de um impulso cego, senão que é seu próprio amo. Sente então que a gente comum, cega ante sua consciência inata e clara, percorre a rua como cadáveres vivos.!
(Chang Chen Ch)
sábado, 19 de junho de 2010
Hora marcada
Faltam três dias. Compactuo com Einstein que concebeu a ideia de que o tempo é relativo. Há duas semanas, eu chegava às sextas-feiras sob um torpor bom, degustando cada minuto que eu teria do fim de semana. E a segunda-feira parecia chegar num flash, como se entre a sexta e o domingo à noite,transcorresse apenas um milésimo de segundo. Bem se diz que tudo está em constante movimento. Eu não imaginaria nas minhas cenas mais férteis que ansiaria tanto pela segunda-feira. Agora, este segundo que está passando, este mesmo que você está lendo essa palavra. Foi rápido para você? Para mim são gotas de eternidade. Tudo porque estou na luta pelo Bom Combate, aquele travado em nome do meu coração. Um episódio (com toda a ebulição dos sentidos) dará uma guinada em minha vida. Eu já tracei mil imagens sobre esse encontro. Já tive medo de que fosse um desencontro, um desencanto. Mas estou cheia de enlevo. Sou a donzela moderna que está no alto da torre do castelo da solidão. E para quem espera o resgate, o tempo se arrasta como um cavalo coxo.
Mas as batidas do coração parecem entrar em frenesi. Tem um livro, que acredito eu, meio mundo leu. O Pequeno Príncipe, de Saint Exupery conta um ritual de pessoas que se cativaram: "se chegares às quatro, desde as três começarei a ser feliz". É assim, você se torna eternamente responsável por aquilo que cativas. Os passos do Lancelote em questão, terão um som diferente, porque é o caminhar dele que eu vou ouvir chegando na hora marcada. Vou morrer de felicidade uma hora antes, antecipando a fruição do encontro, que eu espero, seja de almas.
***
Homenagem a Saramago
"Deus, o diabo, o bom, o ruim, tudo está na nossa cabeça, não no céu ou no inferno, que também inventamos. Não percebemos que, tendo inventado Deus, imediatamente nos escravizamos a ele."
(morreu nesta sexta-feira, de falência múltipla dos órgãos.Este sim, o seu ponto final)
Mas as batidas do coração parecem entrar em frenesi. Tem um livro, que acredito eu, meio mundo leu. O Pequeno Príncipe, de Saint Exupery conta um ritual de pessoas que se cativaram: "se chegares às quatro, desde as três começarei a ser feliz". É assim, você se torna eternamente responsável por aquilo que cativas. Os passos do Lancelote em questão, terão um som diferente, porque é o caminhar dele que eu vou ouvir chegando na hora marcada. Vou morrer de felicidade uma hora antes, antecipando a fruição do encontro, que eu espero, seja de almas.
***
Homenagem a Saramago
"Deus, o diabo, o bom, o ruim, tudo está na nossa cabeça, não no céu ou no inferno, que também inventamos. Não percebemos que, tendo inventado Deus, imediatamente nos escravizamos a ele."
(morreu nesta sexta-feira, de falência múltipla dos órgãos.Este sim, o seu ponto final)
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