sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O ponto de onde é possivel ver todos os outros pontos do Universo

Muita gente que conheço irá me recriminar ou pelo menos achará estranho. Eu..lendo Paulo Coelho?Sim, sempre li. Isso não é novidade para mim. Bebia das palavras desse autor ainda quando ele se transmutava de canção e compunha com o mestre Raul Seixas, roqueiro que acho bárbaro, um gigante das letras musicais. Com 15 anos li O Alquimista e transcendi todas as experiências literárias apreciando a obra. Foi a partir desse livro que comecei a me interessar por almas, lenda pessoal, filosofia oriental, Hermes Trimegistro e agora pelo "aleph". Depois de passar pelo alquimista, Diário de Um Mago, Brida e O Monte Cinco, achei que Coelho não teria mais nada a me ensinar. Andou fazendo algumas obras as quais não me comoveram. Sentia falta da alma tão bem retratada nos seus títulos iniciais. Então, o homem que virou mago com a popularidade, mas também penou na mão de muitos críticos que o rechaçavam, marca a volta às origens com O Aleph. Uma simples pesquisa na internet serviu para eu me apaixonar pelo tema mesmo sem ler o exemplar. Sou deslumbrada pelas forças invisíveis e admiro todas as pessoas que empreendem uma luta pela busca espiritual.
O Aleph tem muitos sentidos: No estudo dos alfabetos vamos ver que o aleph ou alef, é a primeira letra de vários sistemas de escritas, como o alif do alfabeto árabe e o aleph do alfabeto fenício. O aleph fenício deu origem ao alpha grego, significando a consoante “a” . Do alpha veio o A latino e o A cirílico.
A origem do nome aleph é o desenho de um touro, ou aluf em hebraico antigo. Normalmente simboliza o começo de algo. Não possui sonorização e é utilizada apenas para indicar uma vogal sem acompanhamento de uma consoante. Na crença da Cabala o Alef tem seu papel fundamental em toda a mistica.
Um dos sentidos mais intrigantes é aquele dado pelo escritor argentino Jorge Luis Borges – autor de um conto chamado O Aleph – para quem a palavra significa o ponto de onde é possível se ver todos os outros pontos do universo.A experiência do Aleph é uma espécie de transe e pode ocorrer nos locais mais inusitados. Segundo Paulo Coelho, o seu mergulho no aleph se deu em um vagão de trem quando cruzava a Russia pela transiberiana. O aleph pode surgir ao acaso, como quando você está andando em uma rua e de repente percebe que o Universo inteiro está ali. Você sente que está compreendendo algo, mesmo que não consegue explicar sequer para si mesmo. Duas pessoas com grande afinidade podem se encontrar em um grande aleph.
O aleph é uma experiência surreal e eu sou fascinada por realidades que fogem do convencional. Em matemática, o aleph é "número que contém todos os números". Matemáticos usam o aleph como uma referência para o número cardinal que define o infinito. Encontrei uma explicação considerando que o aleph é um número transfinito, isto é, maior todos números finitos, mas ainda não necessariamente um infinito absoluto. Quem mergulha no aleph pode ver reprisadas na alma todas as cenas do mundo. E como Borges exalta: vi a engrenagem do amor e a modificação da morte, vi o Aleph, de todos os pontos, vi no Aleph a terra, e na terra outra vez o Aleph e no Aleph a terra, vi o meu rosto e as minhas vísceras, vi o teu rosto e senti vertigem e chorei, porque os meus olhos tinham visto esse objecto secreto e conjectural cujo nome os homens usurpam, mas que nenhum homem olhou: o inconcebível universo”.

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