domingo, 8 de agosto de 2010

Penso com os dedos

Imagine caro amigo virtual, que eu tenho uma bizarra mania (sim, no meu caso é bizarra e explico o motivo). Me apeguei ao costume de escrever no papel, todos os meus textos, todinhos, eu rabisco em um bloco para só depois digitar no computador. Em qualquer outra circunstância, e não sendo jornalista este hábito não seria considerado esquisito, mas como repórter de jornal impresso, eis uma tarefa hercúlea.É muito trabalho. Enquanto escuto o tec tec do teclado dos meus colegas, eu - só eu - faço as matérias no bloquinho. Um colega ri, o outro se exaspera e diz que nunca viu disso. Argumenta que minha teimosia dá retrabalho. Sim, concordo. Depois que coloco o ponto final no bloquinho, lá vou eu começar a escrever no computador.
Veja só: ttenho 17 anos de profissão e nunca senti essa necessidade de manuscrever.Mas há um ano este hábito parece encravado em mim. Já tentei sentar na cadeira e digitar direto, parece que a inspiração não vem. Quando empunho a caneta, o texto flui e as palavras voam sem dificuldade da minha cachola. Eu penso com os dedos!!Que paradoxo estou vivendo. Em pleno século 21, uma mulher da net como "jo" (tenho Orkut, Facebook, Twitter, Badoo, Blog e 3 MSN) sou forçada por meu cérebro a posar com uma atitude jurássica em meu ambiente de trabalho. Sou a que mais gasta canetas e blocos dentro da redação. Consumo um tubo de tinta em três dias. E ai vem outro problema. Como adoro canetas e não aceito escrever com qualquer Bic, tenho de me virar e procurar aquelas com as quais eu me afino. Geralmente, a farmácia é a vítima. Quando lá vou comprar meus remedinhos, lanço mão de algumas bem bonitinhas (canetas de laboratório são mui formosas, pode ir por mim). Pena que elas terminam logo em minhas mãos. Só consigo colecionar caneta vazia. Humpf.
Estou a fim de dar mais um tempo nesse lance de matérias manuscritas e depois passar para a fase moderna, mesmo que meu cérebro não queira. Vou insistir com fórceps para que ele chegue junto e seja páreo para a massa cinzenta de meus colegas. Sabe o que é misterioso, caro leitor, é que escrevi esse post todinho no computador. Meu cérebro é enigmático.

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