terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Meu mundo de R$ 13

Se Maysa cantava "meu mundo caiu" com toda emoção interplanetária que requer a performance de uma cantora de sucesso, eu sibilo entre dentes, "meu mundo se ergueu", no ritmo em que Tiririca cantaria Florentina. Descobri o poder do RS 13. Cabalístico, este é um algarismo que melhora minha autoestima. Eis meu propulsor motivacional. Me deixa um pouco melhor, mais rica, me faz sentir mais mulher de sucesso. Quase uma Giuliana Morrone falando de Hollywood. Explico: estou fazendo matérias fora de hora.
Há três semanas, descobri que minha hora extra valoriza R$ 3 reais. Assim, de R$ 10 passo a ganhar R$ 13 contos de réis para ficar um pouco mais à frente do computador, falando com as fontes. Uma verdadeira operária das palavras.
Meu mundo se abriu. Se há uma luz no fim do túnel, não é o trem que vem vindo. É o patrão chegando com a laterninha, sinalizando que se eu não serei rica, ao menos terei a possibilidade de ganhar R$ 250 a mais por 20 horas de suor excedentes. Revigorada, acordo todos os dias com uma missão: trabalhar até às 17h e fazer uma hora extra. Se conseguir duas, melhor: 13 mais 13 são R$ 26. (dim dim, barulhos de moedinhas caíndo).
Aprendi a calcular rapidamente nos dedinhos o valor do suor extraordinário. Com nove horas de labuta, pago o curso de inglês da minha filha. Criei uma obsessão pelo 13. Virou automático calcular tudo. Na vitrine, o preço da etiqueta me impele a fazer contas: esse tamanco vai me custar seis horas. A academia é mais barata, me custaria cinco horas. Mas o Iphone, esse vai demorar mais um pouco. Seriam 70 horas. E o tablet, que morro de vontade de ter, eu me esguelaria no serviço: 145 horas. Nunca vi maçã tão cara e tão desejável. Será que Deus fez o mundo na sua hora-extra?
Minha imaginação vai longe nessa ânsia platônica de consumismo virtual. Eu transmuto calças, blusas, colégio particular, medicamentos, tudinho em serviço. OMG, não tenho tanto tempo na vida para fazer hora extra (na redação, a gente chama de ponto-caderno). Por isso, fiz da coca-cola zero minha referência.Com R$ 13, compro seis latinhas. Uhuuuu, Jesus me ama. E me refresca a alma com pouca caloria. Para uma serva sedenta de cifras, o 13 é a última coca-cola do deserto. Erguei as mãos e dai glória a Deus...

2 comentários:

Laura Peixoto disse...

Sera q deus fez o mundo nas horas extras? Ahahahhaah
Pitaaa! Essa frase é ótima!
Beijo, querida!

Unknown disse...

Hehehe. ela saiu sem querer e quando eu a vi escrita, tambem adorei. Garanto que a hora extra dele era maior. rs