Ouvi esta expressão hoje pela primeira vez e imediatamente fui procurar no Google, a que se referia meu amigo de emeesseene nesse papo muito elucidativo para mim: "Pita, a felicidade sempre esteve ao seu alcance, mas voce invariavelmente transformou ela em uma castigo de Tântalo"
Em tempo, a expressão "Suplício de Tântalo", refere-se ao sofrimento de quem, desejando muito uma coisa, sempre a vê escapar quando está prestes a alcançá-la.
No Tártaro
O mito grego do rei Tântalo desvela a ambição de um mortal que, não satisfeito em ser notoriamente o "predileto dos deuses", almeja transmutar-se num "deus" propriamente, incorrendo num erro brutal.
Apontando a hýbris (desmedida) em Tântalo, na obra intitulada "O simbolismo na mitologia grega", o renomado estudioso francês Paul Diel, afirma que: "Afoito por sua conquista e esquecido de sua condição mortal e seus limites, Tântalo chega a se exaltar com tal intensidade que lhe sobrevém a tentação de querer se tornar um igual entre as divindades, puros símbolos do espírito".
A fim de obtermos maior clareza sobre esse latente desejo humano e de sua possível perversão, descortinemos o mito legado pelo premiadíssimo tragediógrafo Ésquilo (524-456 a.C.).
A desfrutar néctar e ambrosia, Tântalo, o próspero e abençoado rei de Corinto, justo e bem quisto, torna-se o único mortal admitido à mesa dos olímpicos. A consciência dessa distintiva predileção acaba por enredá-lo numa vaidosa e desvairada grandiosidade imaginativa.
Presunçoso, no afã de confirmar seu estatuto de "igual" entre os deuses, Tântalo convida a todos do Panteão para um banquete em seu palácio e, pondo em teste a onisciência divina, lhes oferece o alimento terrestre sob sua forma mais abjeta: a carne de seu próprio filho, Pélops.
Servir essa funesta iguaria, fruto de sua obsessão doentia, simboliza a maior perversão empreendida por um mortal. Eis que os deuses são mesmo oniscientes, reconhecem a blasfêmia e, horrorizados, repudiam a ofensiva dádiva. Somente a deusa Deméter, da agricultura, perturbadíssima com o recente desaparecimento da filha Perséfone (Prosérpina ou Kore para os romanos), desatentamente ingere um pedacinho da carne.
Malsucedido, Tântalo nem se igualou aos deuses, nem os rebaixou a seu nível, pois Zeus, o soberano do Olimpo, restaurador da ordem, ressuscita Pélops reconstituindo o pedaço faltante do ombro por mármore (daí "hamartía", a marca) e delibera sobre qual seria o pior castigo para o herege. Lançaram Tântalo ao Tártaro (a região mais profunda do Hades) como castigo, no qual sofreu enormes suplícios.Na Odisseia (11, 584), Homero coloca o Ulisses a descrever o Suplício de Tântalo. Ele refere que Tântalo estava sempre mergulhado em água até o pescoço e sob uma árvore carregada de saborosos frutos. Sofria incessantemente de fome e de sede, quando tentava mergulhar para beber, a água fugia dele; e quando levantava os braços para agarrar os frutos, os galhos da árvore elevavam-se para fora do seu alcance.
(Luciene Félix/ Professora de Filosofia e Mitologia Greco-Romana)
sexta-feira, 23 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Cachorros de palha
“Os humanos pensam que são seres livres, conscientes, quando na verdade são animais enganados.” (John Gray)
Em Cachorros de Palha, o professor da London School of Economics, John Gray, causa bastante polêmica ao afirmar que a técnica evolui, mas a ética humana não. Ele diz que a ciência pode ter aumentado o poder humano, mas também permitiu que o homem causasse maior destruição. O conhecimento, segundo o autor, não nos torna livres, e sim “nos deixa como sempre fomos, vítimas de todo tipo de loucura”.
* Mais no site do Rodrigo Constantino http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2006/08/cachorro-de-palha.html
___________________________________________________
O que é mais improvisado, a cada vez, do que a primavera? E o que é esquecido mais depressa? A própria repetição, tão impressionante, não passa de um logro: é por se esquecerem que as estações se repetem, e justamente por causa do que torna a natureza sempre nova que ela só inova raramente.
"Porque o que dura ou se repete só ocorre mudando, e nada começa que não deva acabar. A inconstância é a regra. O real, de instante em instante, é sempre novo e essa novidade cabal, essa novidade perene é o mundo"
(Acho lindo esse trecho do filósofo Andre Comte-Sponville (Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. Só para constar a virtude em questão é a Fidelidade)
Em Cachorros de Palha, o professor da London School of Economics, John Gray, causa bastante polêmica ao afirmar que a técnica evolui, mas a ética humana não. Ele diz que a ciência pode ter aumentado o poder humano, mas também permitiu que o homem causasse maior destruição. O conhecimento, segundo o autor, não nos torna livres, e sim “nos deixa como sempre fomos, vítimas de todo tipo de loucura”.
* Mais no site do Rodrigo Constantino http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2006/08/cachorro-de-palha.html
___________________________________________________
O que é mais improvisado, a cada vez, do que a primavera? E o que é esquecido mais depressa? A própria repetição, tão impressionante, não passa de um logro: é por se esquecerem que as estações se repetem, e justamente por causa do que torna a natureza sempre nova que ela só inova raramente.
"Porque o que dura ou se repete só ocorre mudando, e nada começa que não deva acabar. A inconstância é a regra. O real, de instante em instante, é sempre novo e essa novidade cabal, essa novidade perene é o mundo"
(Acho lindo esse trecho do filósofo Andre Comte-Sponville (Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. Só para constar a virtude em questão é a Fidelidade)
Neruda põe a cachola para perguntar!
* Qual é o trabalho forçado de Adolf Hitler no inferno?
* Onde terminará o arco-íris: dentro da alma ou no horizonte?
* Que vim fazer neste planeta? A quem dirijo esta pergunta?
*E que importância tenho eu no tribunal do esquecimento?
*Não era verdade que Deus vivia no mundo da lua?
* Por que andam as ondas me indagando sobre as mesmíssimas perguntas?
*Por que não nasci misterioso?Por que cresci sem companhia?
* Onde está o menino que fui:anda comigo ou evaporou-se?
* Quando minha infância se foi por que nós dois não fomos junto?
*Ainda ontem disse aos meus olhos:quando de novo nos veremos?
* Onde terminará o arco-íris: dentro da alma ou no horizonte?
* Que vim fazer neste planeta? A quem dirijo esta pergunta?
*E que importância tenho eu no tribunal do esquecimento?
*Não era verdade que Deus vivia no mundo da lua?
* Por que andam as ondas me indagando sobre as mesmíssimas perguntas?
*Por que não nasci misterioso?Por que cresci sem companhia?
* Onde está o menino que fui:anda comigo ou evaporou-se?
* Quando minha infância se foi por que nós dois não fomos junto?
*Ainda ontem disse aos meus olhos:quando de novo nos veremos?
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Eu, eles e a blogosfera
Andei navegando no circuito familiar da blogosfera. Perambular pelos blogs eu faço sempre, mas dessa vez transitei por aqui mesmo, por mares próximos, nas ondas de meus colegas de redação. Entrei pela primeira vez no blogue do Ermilo Drews e fiquei sabendo que ele está escrevendo um livro. Caraca, falo mil coisas com ele e desconhecia tal façanha. Lendo-o, percebi que adora Carlos Drumond de Andrade e a mais pura MPB, Maria Bethânia. Olha só!!! Isso me deixou surpreendida, mas fiquei mais ainda ao passar pela "casa" do Márcio Souza e descobrir que ele tem um gato. Que Márcio é um típico libriano calmo e alegre eu já sabia. Mas um gato, nunca me contaram. O bichano é persa e ronrora em suas pernas quando chega ao apê. Que surprise. Eu sei, eu sei, é algo tão simplório. Mas justamente por ser uma informação tão comezinha, eu fiquei pasma por não ter tomado conhecimento antes.
Também me "assustei" ao fuçar o mundo do Carlos Vogt. No seu blogue recém lançado descubro que ele tem inclinação para contos eróticos. Tão comedido nos seus comentários do dia a dia, ele envereda na sensualidade literária virutal. Uau, tem cada vocábulo ali. Eu não me atrevo a escrever. Mas que ele gosta de "lamber sexo", ah isso sim, foi ele quem disse. Está lá na sua página para não me deixar mentir.
E o Hygino, ignorava que meu colega de ilha mantém um reduto cibernético em que conta seus percalços bem humorados. Hydjaine, como o chamam seus amigos de Santa Maria. Carrega uma certa timidez (nem tão visível assim, mas eu o considero calmo, na dele) dentro da redação. E no entanto, se intitula um jornalista meio fora de si. Não poderia imaginar que ele se concebe mezzo rebelado. As percepções também surpreendem.
Quanto espanto meu nesta rápida passagem virtual. Me dou conta de que passo horas com eles e sei tão poucas coisas. Será que eu não escuto o que dizem e por isso estou tão alheia a suas atividades subjacentes as lidas jornalísticas?Não serei eu amiga suficiente a ponto de me confidenciarem suas "coisitas" extramuro (fora da redação)? Ou será que é a blogosfera que tem uma potente capacidade de arrancar intimidades?Engraçado, no plano virtual, a gente se confessa. Nos sentimos bem expondo fatos de cunho tão privado, nesse território livre que é a internet. Um espaço tão público, destinado a abrigar segredos tão pessoais.
Só assim, passeando por "estes mares nunca dantes navegados" tive oportunidade de conhecer um pouco mais de meus colegas. Não contarei este fato a eles. Deixarei que descubram que eu não sabia o que agora eu sei, quando eles passarem por aqui. E viva esse universo virtual, infinito particular.
Também me "assustei" ao fuçar o mundo do Carlos Vogt. No seu blogue recém lançado descubro que ele tem inclinação para contos eróticos. Tão comedido nos seus comentários do dia a dia, ele envereda na sensualidade literária virutal. Uau, tem cada vocábulo ali. Eu não me atrevo a escrever. Mas que ele gosta de "lamber sexo", ah isso sim, foi ele quem disse. Está lá na sua página para não me deixar mentir.
E o Hygino, ignorava que meu colega de ilha mantém um reduto cibernético em que conta seus percalços bem humorados. Hydjaine, como o chamam seus amigos de Santa Maria. Carrega uma certa timidez (nem tão visível assim, mas eu o considero calmo, na dele) dentro da redação. E no entanto, se intitula um jornalista meio fora de si. Não poderia imaginar que ele se concebe mezzo rebelado. As percepções também surpreendem.
Quanto espanto meu nesta rápida passagem virtual. Me dou conta de que passo horas com eles e sei tão poucas coisas. Será que eu não escuto o que dizem e por isso estou tão alheia a suas atividades subjacentes as lidas jornalísticas?Não serei eu amiga suficiente a ponto de me confidenciarem suas "coisitas" extramuro (fora da redação)? Ou será que é a blogosfera que tem uma potente capacidade de arrancar intimidades?Engraçado, no plano virtual, a gente se confessa. Nos sentimos bem expondo fatos de cunho tão privado, nesse território livre que é a internet. Um espaço tão público, destinado a abrigar segredos tão pessoais.
Só assim, passeando por "estes mares nunca dantes navegados" tive oportunidade de conhecer um pouco mais de meus colegas. Não contarei este fato a eles. Deixarei que descubram que eu não sabia o que agora eu sei, quando eles passarem por aqui. E viva esse universo virtual, infinito particular.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Me inauguro!
Me inauguro nas vertentes que nascem das minhas emoções
e escorrem por uma gama de sentimentos.
Nos meandros da alma, inauguro mil ações para a vida
todas focadas ao pensamento racional
Desestimulo. Não rola focar nesta técnica
Sou uma mulher mergulhada. Eis o meu predicado: não ter medo de chorar
Eu me inundo no meu próprio pranto, ora airado, ora airoso
O meu destino, eu vaticino
Estou fadada a não me corromper por rasos sentimentos
Por isso choro aos borbotões
Mergulho no caos, ou emerjo e achego-me as correntes marítimas
Em todas as maneiras, eu me banho
Me inauguro em cada encontro que tenho dentro de mim!
Nem que seja para me desviar depois,
derrapar na minha pista molhada,
pranteada!
e escorrem por uma gama de sentimentos.
Nos meandros da alma, inauguro mil ações para a vida
todas focadas ao pensamento racional
Desestimulo. Não rola focar nesta técnica
Sou uma mulher mergulhada. Eis o meu predicado: não ter medo de chorar
Eu me inundo no meu próprio pranto, ora airado, ora airoso
O meu destino, eu vaticino
Estou fadada a não me corromper por rasos sentimentos
Por isso choro aos borbotões
Mergulho no caos, ou emerjo e achego-me as correntes marítimas
Em todas as maneiras, eu me banho
Me inauguro em cada encontro que tenho dentro de mim!
Nem que seja para me desviar depois,
derrapar na minha pista molhada,
pranteada!
sábado, 3 de abril de 2010
Deus tem twitter e bom humor
Estou lendo simultaneamente dois livros: Os Desafios da Terapia, de Irvin Yalon (o mesmo autor de Quando Nietzsche Chorou) e relendo o de Dalai Lama, Como Praticar o Caminho para uma Vida Repleta de Espiritualidade. Retirei esses dois porque creio que com um pouco de análise e autoconhecimento e reforma íntima, no caso do budismo, minha vida iria impulsionar para o nirvana, ou para a tranquilidade, o que seria uma benção divina. Falando em divino, restou tempo nesta Páscoa para eu "dissecar" o site do Supremo. Sim, Deus tem uma conta no Twitter e tem bem mais seguidores que Jesus Cristo. O genial O Criador foi considerado o melhor fake de 2009, por suas atiradas inteligentes, muito sarcásticas e criativas. O nome do serviço é SAC Divino e foi criado por um tal Léo, um estudante de Direito de 24 anos, acho que ele é do nordeste, informações sobre ele são incógnitas.
No Twitter do Criador tem 220 mil seguidores (eu e o Emílio, meu colega de redação, estamos na parada). Ele se define "onipresente, onisciente, onipotente e online" e tem uma pá de criatividade para responder as perguntas dos internautas. Virou uma das sensações do site. Suas mensagens são retuitadas, como esta sensacional: "Pensando bem, não foi uma boa ideia deixar o mundo sob responsabilidade de dois jovens pelados." Ou então: "eu acredito em beijo técnico, Judas que o diga."
Há décadas, quando a internet não era nem um ciberprojeto, Raul Seixas compôs DDI (Discagem Direta Interestelar):"Alô, aqui é do céu, quem tá na linha é Deus, tô vendo tudo esquisito, o que que há com vocês??Por favor, não deixem a peteca cair, que o diabo diz que vai baixar de uma vez por aí". A música também é hilária e bem humorada, bem ao estilo Raulzito. Quem procurá-la no Google vai ter uma ideia do que "Deus" enfatizava na visão do músico e quando o telefone era o máximo da comunicação. (Imaginem, só depois foi criado o 138 e bem mais tarde, o ICQ).
Mas trocando de era (já que Raul se foi e deve estar confabulando com o carpinteiro do Universo), segue a dica hi tec: vale a pena seguir o Supremo no Twitter e se transformar em numa ovelha cibernética divina. O Altíssimo da web pastoreia bem o rebanho, porque além de demonstrar conhecimento do ciberespaço (ele diz que dá para baixar espírito via torrent), também saca um montão do contexto bíblico. Sim, o seu Léo, autor do fake parece ter estudado as Escrituras. Através do SAC Divino, é possível o reles ser humano resolver a problemática do amor, tirar dúvidas bíblicas e recorrer para assuntos diversos. Mas não fique bravo com a resposta, perguntou, vai ter o direito de ouvir o que o Uno ditar, tudo com muito bom humor e um jeito sui generis. É hilário e extremamente inteligente. As pessoas topam a brincadeira, indicando que o Deus da Web tem um baita ibope. As dúvidas são sanadas sem rodeios. Prestem atenção nesta:
- Pai, devo casar virgem pq isso está escrito na Bíblia? Ou posso transar antes, ainda que com poucos?
"Filha,Se nunca recebeste a visita do um tal de Arcanjo Gabriel, há uma razão para eu ter dado-lhe um clitóris. Atenciosamente, O Altíssimo."
Falei tanto no SAC Divino que esqueci de discorrer sobre os dois livros. Faço isso em outra ocasião. Fica o Criador como protagonista desta postagem. O endereço é: http://www.sacdivino.org/
A voz de Deus no Twitter
"Se não fosse pelo melhor curso de marketing, vocês jamais acreditariam em uma cobra falante"
"Não fui Eu quem inventou o exame de próstata. Deve ter dedo do diabo nisso... "
"Fiz um pacto com o Diabo: ele pode ser o pai do rock, contanto que Eu não seja responsabilizado pelo Axé. "
"O papo de “Jesus te ama” começou porque ele, quando transformava muita água em vinho, saia dizendo isso para todo mundo."
No Twitter do Criador tem 220 mil seguidores (eu e o Emílio, meu colega de redação, estamos na parada). Ele se define "onipresente, onisciente, onipotente e online" e tem uma pá de criatividade para responder as perguntas dos internautas. Virou uma das sensações do site. Suas mensagens são retuitadas, como esta sensacional: "Pensando bem, não foi uma boa ideia deixar o mundo sob responsabilidade de dois jovens pelados." Ou então: "eu acredito em beijo técnico, Judas que o diga."
Há décadas, quando a internet não era nem um ciberprojeto, Raul Seixas compôs DDI (Discagem Direta Interestelar):"Alô, aqui é do céu, quem tá na linha é Deus, tô vendo tudo esquisito, o que que há com vocês??Por favor, não deixem a peteca cair, que o diabo diz que vai baixar de uma vez por aí". A música também é hilária e bem humorada, bem ao estilo Raulzito. Quem procurá-la no Google vai ter uma ideia do que "Deus" enfatizava na visão do músico e quando o telefone era o máximo da comunicação. (Imaginem, só depois foi criado o 138 e bem mais tarde, o ICQ).
Mas trocando de era (já que Raul se foi e deve estar confabulando com o carpinteiro do Universo), segue a dica hi tec: vale a pena seguir o Supremo no Twitter e se transformar em numa ovelha cibernética divina. O Altíssimo da web pastoreia bem o rebanho, porque além de demonstrar conhecimento do ciberespaço (ele diz que dá para baixar espírito via torrent), também saca um montão do contexto bíblico. Sim, o seu Léo, autor do fake parece ter estudado as Escrituras. Através do SAC Divino, é possível o reles ser humano resolver a problemática do amor, tirar dúvidas bíblicas e recorrer para assuntos diversos. Mas não fique bravo com a resposta, perguntou, vai ter o direito de ouvir o que o Uno ditar, tudo com muito bom humor e um jeito sui generis. É hilário e extremamente inteligente. As pessoas topam a brincadeira, indicando que o Deus da Web tem um baita ibope. As dúvidas são sanadas sem rodeios. Prestem atenção nesta:
- Pai, devo casar virgem pq isso está escrito na Bíblia? Ou posso transar antes, ainda que com poucos?
"Filha,Se nunca recebeste a visita do um tal de Arcanjo Gabriel, há uma razão para eu ter dado-lhe um clitóris. Atenciosamente, O Altíssimo."
Falei tanto no SAC Divino que esqueci de discorrer sobre os dois livros. Faço isso em outra ocasião. Fica o Criador como protagonista desta postagem. O endereço é: http://www.sacdivino.org/
A voz de Deus no Twitter
"Se não fosse pelo melhor curso de marketing, vocês jamais acreditariam em uma cobra falante"
"Não fui Eu quem inventou o exame de próstata. Deve ter dedo do diabo nisso... "
"Fiz um pacto com o Diabo: ele pode ser o pai do rock, contanto que Eu não seja responsabilizado pelo Axé. "
"O papo de “Jesus te ama” começou porque ele, quando transformava muita água em vinho, saia dizendo isso para todo mundo."
sexta-feira, 26 de março de 2010
Tédio, inferno e eterno retorno
Adoro mitologia. Sou fascinada pelos relatos míticos e creio que eles representam os desejos e refletem o mundo contemporâneo. Os humanos são muito iguais mesmo, mesmo que se passe uma eternidade de tempo. Inventaram os mitos que ainda nos fazem sacudir e pensar de modo a nos identificarmos com eles. O tédio é um dos sentimentos mais angustiantes do ser humano. Sartre escreveu "Entre quatro paredes" - que imortalizou a frase "o inferno são os outros" (três pessoas são confinadas entre quatro paredes e no início, se conhecem, descobrem seu sentimentos e até seus egoísmos. Mas também percebem que estão condenados a se verem eternamente. São torturados a ficarem uns com os outros por toda a eternidade. Eis o inferno: olharem um para a cara do outro e se aguentarem). Ó tédio. Segundo Sartre, a famosa frase denuncia duas situações interligadas. Primeiro, se dependemos unicamente dos julgamentos e das ações dos outros, abdicando de nossa liberdade essencial e intransferível, criamos nosso próprio inferno, queimamos na fornalha alimentada por nossos próprios medos, pela má-fé, pela incapacidade de autonomia. Os outros não são necessariamente os causadores do meu sofrimento. Eu mesmo faço do outro o carrasco de minha tortura. Em segundo lugar, a situação exposta na peça refere-se a pessoas mortas, a existências para sempre definidas e que se tornaram, desse modo, definitivas, imutáveis, fixas, congeladas como a estátua de bronze. Denuncia, portanto, aqueles que, ao negarem sua liberdade, preferem morrer em vida, como se pudessem coagular o sangue da existência. Estão mortos-vivos, penando no inferno ainda vivos. Para muitos, não é preciso morrer e muito menos sofrer a tortura dantesca para descer ao inferno...
Pior que tudo é saber que a condenação dos três personagens estende-se por toda a eternidade, mas o inferno sartreano é simbólico: somos homens e nossa condição humana é a liberdade. Negar tal fato é condenar-se voluntariamente ao inferno, sem haver o deus da absolvição e o demônio da tentação e da culpa. Em suma, não há desculpas, não há tábua da salvação. “Nenhum de nós pode se salvar sozinho; ou nos perdemos de uma vez juntos, ou nos salvamos juntos.” (Garcin)
Na mitologia, há Sísifo.
Sísifo fora condenado pelos deuses a realizar um trabalho inútil e sem esperança por toda a eternidade: empurrar sem descanso uma enorme pedra até o alto de uma montanha de onde ela rolaria encosta abaixo para que o absurdo herói mitológico descesse em seguida até o sopé e empurrasse novamente o rochedo até o alto, e assim indefinidamente, numa repetição monótona e interminável através dos tempos. O inferno de Sísifo é a trágica condenação de estar empregado em algo que a nada leva.
Parece esse ser o eterno retorno de Sísifo. O que me remete a Nietzsche. O filósofo questiona se desejaríamos viver eternamente a mesma vida, com toda dor e deleite, com cada pensamento e suspiro."E tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio." Você toparia viver tudo de novo...exatamente tudo igual, a mesma pedra no sapato, a mesma aranha te picando, os mesmos problemas te assombrando naquela mesma época da vida. Os mesmos amores latejando em tua cabeça e no trabalho, tudo exatamente igual. Acharia você isso obra de Deus ou do Demônio?Tudo isso se repetindo infinitas vezes?E de novo e de novo.
"Amamos a vida a tal ponto de a querermos, mesmo que tivéssemos que vivê-la infinitas vezes sem fim? Sofrendo e gozando da mesma forma e com a mesma intensidade? Seríamos capazes de amar a vida que temos - a única vida que temos - a ponto de querer vivê-la tal e qual ela é, sem a menor alteração, infinitas vezes ao longo da eternidade? Temos tal amor ao nosso destino? - Eis a grande indagação que é o Eterno Retorno. Será que eu quero passar a eternidade fazendo o que estou fazendo agora? Será que a decisão que estou tomando hoje merece ser tomada sempre e infinitas vezes? Minha vida é satisfatória o suficiente para eu querer viver de novo? Cada decisão vale para sempre! E Nietzsche, fala do amor fati. A ideia de amar o próprio destino a ponto de vivê-lo inúmeras vezes.
****
As ideias de Nietzsche são correlatas. Quando ele descreve sobre "aceitar o destino", está dizendo ele que o homem deve fazer o destino, escolher suas decisões, enfim é do homem a autonomia para ser feliz. Ele é o seu super homem. E não Deus. Declarou ele que Deus está morto. E diz que os homens é que devem se declarar deuses. E a pergunta fundamental que surge com as morte de Deus é: " Tu és poderoso o suficiente para suportares ser criador? Nossa. que pergunta que retumba em minha cabeça..acho essa uma das perguntas mais inteligentes da humanidade....
Mas eu, eu não sou forte o suficiente para deixar de acreditar em Deus. Eu preciso dele. Ok, creio que nao pratico a fé,só fico na vontade de fazê-lo. Talvez por isso me sinto tao distante de Deus,,talvez para mim, ele so esteja no mundo das ideias. E eu vou procrastinando a vontade de recebê-lo verdadeiramente em minha vida. Eu vivo um tumulto interno muito grande. Creio que não vou conseguir sufocar esse tumulto nesta vida. Todos os dias, e isso sintomaticamente, ando rezando a Deus, pedindo que ele entre na minha vida e opere reviravoltas, algo até no sentido neopentecostal. Mas o dia acaba e eu, ao fazer meu exame de consciência diário, percebo que me irritei com as mesmas coisas, fui mesquinha nos mesmos momentos, pequei nos meus mesmos egoísmos. Enfim, o meu eterno retorno!
Pior que tudo é saber que a condenação dos três personagens estende-se por toda a eternidade, mas o inferno sartreano é simbólico: somos homens e nossa condição humana é a liberdade. Negar tal fato é condenar-se voluntariamente ao inferno, sem haver o deus da absolvição e o demônio da tentação e da culpa. Em suma, não há desculpas, não há tábua da salvação. “Nenhum de nós pode se salvar sozinho; ou nos perdemos de uma vez juntos, ou nos salvamos juntos.” (Garcin)
Na mitologia, há Sísifo.
Sísifo fora condenado pelos deuses a realizar um trabalho inútil e sem esperança por toda a eternidade: empurrar sem descanso uma enorme pedra até o alto de uma montanha de onde ela rolaria encosta abaixo para que o absurdo herói mitológico descesse em seguida até o sopé e empurrasse novamente o rochedo até o alto, e assim indefinidamente, numa repetição monótona e interminável através dos tempos. O inferno de Sísifo é a trágica condenação de estar empregado em algo que a nada leva.
Parece esse ser o eterno retorno de Sísifo. O que me remete a Nietzsche. O filósofo questiona se desejaríamos viver eternamente a mesma vida, com toda dor e deleite, com cada pensamento e suspiro."E tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio." Você toparia viver tudo de novo...exatamente tudo igual, a mesma pedra no sapato, a mesma aranha te picando, os mesmos problemas te assombrando naquela mesma época da vida. Os mesmos amores latejando em tua cabeça e no trabalho, tudo exatamente igual. Acharia você isso obra de Deus ou do Demônio?Tudo isso se repetindo infinitas vezes?E de novo e de novo.
"Amamos a vida a tal ponto de a querermos, mesmo que tivéssemos que vivê-la infinitas vezes sem fim? Sofrendo e gozando da mesma forma e com a mesma intensidade? Seríamos capazes de amar a vida que temos - a única vida que temos - a ponto de querer vivê-la tal e qual ela é, sem a menor alteração, infinitas vezes ao longo da eternidade? Temos tal amor ao nosso destino? - Eis a grande indagação que é o Eterno Retorno. Será que eu quero passar a eternidade fazendo o que estou fazendo agora? Será que a decisão que estou tomando hoje merece ser tomada sempre e infinitas vezes? Minha vida é satisfatória o suficiente para eu querer viver de novo? Cada decisão vale para sempre! E Nietzsche, fala do amor fati. A ideia de amar o próprio destino a ponto de vivê-lo inúmeras vezes.
****
As ideias de Nietzsche são correlatas. Quando ele descreve sobre "aceitar o destino", está dizendo ele que o homem deve fazer o destino, escolher suas decisões, enfim é do homem a autonomia para ser feliz. Ele é o seu super homem. E não Deus. Declarou ele que Deus está morto. E diz que os homens é que devem se declarar deuses. E a pergunta fundamental que surge com as morte de Deus é: " Tu és poderoso o suficiente para suportares ser criador? Nossa. que pergunta que retumba em minha cabeça..acho essa uma das perguntas mais inteligentes da humanidade....
Mas eu, eu não sou forte o suficiente para deixar de acreditar em Deus. Eu preciso dele. Ok, creio que nao pratico a fé,só fico na vontade de fazê-lo. Talvez por isso me sinto tao distante de Deus,,talvez para mim, ele so esteja no mundo das ideias. E eu vou procrastinando a vontade de recebê-lo verdadeiramente em minha vida. Eu vivo um tumulto interno muito grande. Creio que não vou conseguir sufocar esse tumulto nesta vida. Todos os dias, e isso sintomaticamente, ando rezando a Deus, pedindo que ele entre na minha vida e opere reviravoltas, algo até no sentido neopentecostal. Mas o dia acaba e eu, ao fazer meu exame de consciência diário, percebo que me irritei com as mesmas coisas, fui mesquinha nos mesmos momentos, pequei nos meus mesmos egoísmos. Enfim, o meu eterno retorno!
domingo, 21 de março de 2010
Ele disse, eu disse!!!
Há uma pessoa que se interessa verdadeiramente por meus problemas. É genuíno, um interesse tão fiel que todos os dias me pergunta como eu estou. Mas descubro que esse interesse não é baseado na tão altruísta característica da bondade. O interesse está centrado no egoísmo. Um paradoxo fácil de explicar: meus problemas são como uma montanha russa, vivo pipocando nas emoções, ora estou num arranha-céus, noutra a beira de um precipício. Essas oscilações são o pano de fundo de minha personalidade e conferem um roteiro atraente a quem de longe se torna espectador. Alguém centrado demais, faz de mim seu filme principal. Eu sou o efeito borboleta.
"O meu interior é certinho demais, organizado demais, equilibrado demais. De forma que ele me sufoca as vezes. Por mais que minha vida esteja numa merda sem fim (não é o caso agora, mas em outras oportunidades) meu eu interior sempre se comporta de forma previsivel, estrategica, diciplinada. Então minha vida não tem altos e baixos no campo sentimental, não tenho tristeza nem alegria em excesso. Entende porque eu me atraí por voce agora?Você é meu oposto!!! Compreende agora o meu sincero interesse em seus problemas?
Pita diz:
Sim...eu não caibo nos estreitos. Eu vivo nos extremos. Eu nao sei ser estável. Exagero é o meu nome. Eu não consigo viver uma rotina inteira sem ter altos e baixos. Ou eu enfio o pé na jaca e vou ate o fundo do poço ou exulto de alegria. Mesmo que seja por um segundo apenas. A rotina de ser eu permanentemente inalterada me provoca arrepios. Tédio com um t bem grande prá vc. Eu preciso me sentir emocionalmente abalada prá me sentir viva!!!
"O meu interior é certinho demais, organizado demais, equilibrado demais. De forma que ele me sufoca as vezes. Por mais que minha vida esteja numa merda sem fim (não é o caso agora, mas em outras oportunidades) meu eu interior sempre se comporta de forma previsivel, estrategica, diciplinada. Então minha vida não tem altos e baixos no campo sentimental, não tenho tristeza nem alegria em excesso. Entende porque eu me atraí por voce agora?Você é meu oposto!!! Compreende agora o meu sincero interesse em seus problemas?
Pita diz:
Sim...eu não caibo nos estreitos. Eu vivo nos extremos. Eu nao sei ser estável. Exagero é o meu nome. Eu não consigo viver uma rotina inteira sem ter altos e baixos. Ou eu enfio o pé na jaca e vou ate o fundo do poço ou exulto de alegria. Mesmo que seja por um segundo apenas. A rotina de ser eu permanentemente inalterada me provoca arrepios. Tédio com um t bem grande prá vc. Eu preciso me sentir emocionalmente abalada prá me sentir viva!!!
quarta-feira, 17 de março de 2010
Idade da loba
Faltam cinco horas para eu completar 39 anos de vida. Leio que para os britânicos, a juventude termina aos 36 anos e a terceira idade começa aos 58. Sendo assim, estou na segunda idade e meia. Mezzo jovem, mezzo velha. Uma sagaz representante das lobas. Meu uivo de quarentona eu só escuto da garganta prá dentro. Não engulo essa idade. Mesmo que te digam que está com tudo em cima, vem essa rocha cronológica que te esmaga os "gambitos" Pernas, prá que te quero, para correr da idade. Mas não adianta, estou avançando em um mato sem cachorro. Se eu não arrumar um "gato" agora, mais tarde é que vai ficar impossível. Pode ser um príncipe de segunda mão, tudo bem eu não me importo, contanto que não esteje desgastado dos outros relacionamentos. Engraçado, essa semana eu ouvi duas considerações sobre a idade. A primeira, de um homem. A observação foi essa: de que na minha faixa etária, as pessoas que estão solteiras desesperam-se por um par. E nessa corrida contra o tempo em busca do amor, elas aceitam até baixar o nível de seus pré-requisitos. Se contentam com menos, topam se apaixonar por pessoas que, fosse na juventude, não se encantariam. "Mas tu, Pita, corre ao contrário, eleva ainda mais tuas exigências." Quanto mais o tempo galga os meus degraus da maturidade, mais eu incluo requisitos nos meus candidatos a parceiros em potencial. Eu vou ficando para titia e me acostumando com isso, talvez por isso eu eleve o meu padrão de qualidade. Por uma questão de resignação. Talvez esteja acostumada com a ideia de ser uma "isolada sexual". Alguem sem anexo, desatarrachada da minha tampinha. Logo, se não espero nada. Eu des-espero. E quando você não espera, está liberada para maximizar suas expectativas. Continuando assim eu aos 50 vou querer um galetinho de 25. Rico e inteligente. E que goste de filosofia. Hahahahaha. E que escreva certo o português. E que tenha acima de 1,75. Que não fume e seja atraente. Jesus, só falta eu ter síndrome de Madonna. Bem, estamos aí, aos 39, às vésperas de entrar nos "enta", cuspo fogo pelas ventas. Leio uma outra pesquisa que diz para eu não esquentar. Diz que as pessoas que se sentem mais jovens do que a propria idade, ou seja, pessoas com a idade subjetiva menor do que a idade cronológica, conseguem retardar o processo de envelhecimento.
Os especialistas descobriram que as essas pessoas que se sentiam jovens para a própria idade tinham mais chances de ter uma segurança maior sobre as suas capacidades cognitivas. Os estudiosos não sabem contudo, o que vem primeiro: se o bem-estar e a felicidade da pessoa afeta as suas capacidades cognitivas ou se as capacidades cognitivas é que afetam a sensação de bem-estar. Então eu estou bem demais na foto: mentalmente, eu me sinto com 23 anos. Juro. Nada mais do que isso. Se eu conseguir chegar aos 60 com a mente de 40, vou ter de usar muito pouco "renew" na cara e na alma. Oba.
Os especialistas descobriram que as essas pessoas que se sentiam jovens para a própria idade tinham mais chances de ter uma segurança maior sobre as suas capacidades cognitivas. Os estudiosos não sabem contudo, o que vem primeiro: se o bem-estar e a felicidade da pessoa afeta as suas capacidades cognitivas ou se as capacidades cognitivas é que afetam a sensação de bem-estar. Então eu estou bem demais na foto: mentalmente, eu me sinto com 23 anos. Juro. Nada mais do que isso. Se eu conseguir chegar aos 60 com a mente de 40, vou ter de usar muito pouco "renew" na cara e na alma. Oba.
quinta-feira, 4 de março de 2010
A túnica da alegria
Fermenta em mim uma nova vontade de renascer. Depois de tantos meses me sentir um zumbi, sucumbindo a cada hora diária, o fel que dizimava minh"alma se esvai para o ralo. Dou o cano nele. Sinto subir, estou escalando o precipício. Alpinista de mim mesma, subo segurando as paredes. Emerjo da dor. Vestida de cor de rosa, saio parida da vida. Sacudida como a árvore forte, já não escuto mais o meu choro mudo. Não me cabe revolver as circunstâncias pelas quais volto a me reconstruir como pessoa. Mas sinto um baque. Uma estocada do medo que me atormenta sempre que saio dos braços da tristeza. Assalta-me a impressão de que não sei viver sem ela, essa melancolia, bile verde que se espraia e faz tocas no meu espírito. Juro juradinho que a alegria me desencoraja. Me deixa em frangalhos. Não sou íntima dela, portanto estou pouco a vontade com ela. Entre mim e a alegria, há um silêncio mordaz. Essa estranha que agora ousa se aproximar, me faz temer. Ela me abraça, eu afrouxo os braços. Temo possui-la. Esse pote de mel tão doce me embaraça. São fios de ouro que se deitam na palma da minha mão. Mas não ouso tocá-los. Pode ser uma tarântula pronta a dar o bote, a soltar seu veneno. Tenho medo de despencar da árvore da alegria. Ficar no raso não produz tombo. A tristeza é rasa, opaca, mas quem cai, daí não passa. Queria me sentir amada pela alegria, inoculo o desejo de deixá-la me abraçar. Mas meu medo é mórbido. Sou um aborígene fugindo dela. Preciso vir a tona, a civilização. Que meu coração se amanse, que eu termine me desprendendo da rede da tristeza, que ouça o canto da consolação. Que a alegria jogue pedrinhas em minha janela. Que ela seja meu cachecol no inverno, minha esteira no verão, minha túnica em noites de gala.
Virei comida da dor!
Fucei em um blog hoje que eu adicionei como meus favoritos na minha página. Textos Inteligentes. Encontrei um monte de frases interessantes, bem ao meu gosto, que gostaria de ter criado. Sendo assim, vou modificar um pouco as palavras e literalmente copiar as ideias, em uma forma de homenagem ao blog interessantissimo. São trechos que vou adaptar ao meu feitio, com a devida licença dos autores. Posso né, não estou "pegando" escondido.
"Estou sozinha com os meus peitos, as minhas coxas, o meu colo. Eu desenterro o relógio que era o meu coração para fora do meu peito. Vou para a rua, vestida no meu sangue. Deixo entrar o vento e lanço um brado ao ar. O pó se acumula todos os dias sobre minhas emoções. Espano a dor. A dor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. Devorou minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. A dor comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. Famita a dor devorou meu prazer, minhas musicas cantaroladas no chuveiro, minhas tardes de sol, meus dias brandos. A dor bebeu a lágrima dos meus olhos que estavam cheios de água. A dor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. A dor engoliu minha infância, degluta meu futuro e desova meu corpo inerte na barranca do rio da vida. A dor cria vincos na minha face e dobra meus joelhos. A dor me verga, me expele do útero e me afronta. Só não me mata. Me engole, lentamente.Deixo a baba dela escorrer. São inuteis os panos, as vassouras os espanadores. Tira tua pata de mim dor. Mas ela não cede, arranha minha crina. E de novo me engole. Lentamente."
(Inspirado em João Cabral de Melo Neto, Heinen Muller, Caio Fernando Abreu)
"Estou sozinha com os meus peitos, as minhas coxas, o meu colo. Eu desenterro o relógio que era o meu coração para fora do meu peito. Vou para a rua, vestida no meu sangue. Deixo entrar o vento e lanço um brado ao ar. O pó se acumula todos os dias sobre minhas emoções. Espano a dor. A dor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. Devorou minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. A dor comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. Famita a dor devorou meu prazer, minhas musicas cantaroladas no chuveiro, minhas tardes de sol, meus dias brandos. A dor bebeu a lágrima dos meus olhos que estavam cheios de água. A dor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. A dor engoliu minha infância, degluta meu futuro e desova meu corpo inerte na barranca do rio da vida. A dor cria vincos na minha face e dobra meus joelhos. A dor me verga, me expele do útero e me afronta. Só não me mata. Me engole, lentamente.Deixo a baba dela escorrer. São inuteis os panos, as vassouras os espanadores. Tira tua pata de mim dor. Mas ela não cede, arranha minha crina. E de novo me engole. Lentamente."
(Inspirado em João Cabral de Melo Neto, Heinen Muller, Caio Fernando Abreu)
quarta-feira, 3 de março de 2010
Sobre alegrias na janela e principes!
Hoje eu só trabalhei na tevê. Foi ótimo e folgado. Não precisei correr a tarde inteira, dividida entre televisão e jornal, duas redações distintas. Fiz duas matérias. Uma me impressionou bastante, de uma garota de 15 anos que já leu mil livros. Nossa, senti inveja (branca) dela. Não tenho este sentimento por mulheres cheias de jóias ou roupas, mas me acometeu uma invejazinha boa e salutar dessa menina que com tão pouca idade lê obras de filosofia e psiquiatria. A desenvolvura e a conversa articulada dela são fantásticas. Grande bagagem cultural. Foi uma materia prazeirosa de fazer. Devo dizer que este é o segundo dia consecutivo que está sendo bom.Nossa eu estou até desacostumada a ter um dia bom. Eu sempre tenho a impressão que tudo vai voltar a ruir. Não estou acostumada a que a bonanza e a alegria toquem pedrinhas em minha janela!!!
*****
Papo de emeesseene às vezes surpreende. Gostei particularmente de uma conclusão espetacular que uma pessoa escreveu e que talvez seja a síntese de um sentimento oculto em mim. Eis a observação:
"Acho que ao longo de sua vida você ja conheceu tantas pessoas, acreditou em tantas promessas, se machucou com tantos sentimentos que hoje mesmo que seu "principe encantado" aparecer montado num cavalo, você ainda vai acreditar que ele é apenas um papeleiro que esqueceu da sua carroça." Hehehehehe - ótima analogia. Gostei. Acho até que ela é verdídica. Vou pensar sobre isso. Essa inteligente conclusão credencia o dono do papo a postular uma vaga para príncipe encantado. Tem chances.
*****
Papo de emeesseene às vezes surpreende. Gostei particularmente de uma conclusão espetacular que uma pessoa escreveu e que talvez seja a síntese de um sentimento oculto em mim. Eis a observação:
"Acho que ao longo de sua vida você ja conheceu tantas pessoas, acreditou em tantas promessas, se machucou com tantos sentimentos que hoje mesmo que seu "principe encantado" aparecer montado num cavalo, você ainda vai acreditar que ele é apenas um papeleiro que esqueceu da sua carroça." Hehehehehe - ótima analogia. Gostei. Acho até que ela é verdídica. Vou pensar sobre isso. Essa inteligente conclusão credencia o dono do papo a postular uma vaga para príncipe encantado. Tem chances.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Uma pergunta no horizonte
Existe uma pergunta que se projeta em cada um de nós, seja tolo, empresário, diretor de cinema ou garçonete. Mesmo que nem estamos conscientes dessa indagação, mesmo que ela não sera formulada oficialmente em nossa mente, ela palpita viva nos porões do subconsciente. Estamos vivos para descobrir "o sentido da vida". Qual o sentido da vida?Por que estamos cobrindo a terra com filhos, nos alimentando, tentando ter prazer, nos realizarmos emocional e profissionalmente, galgando degraus de poder ou requisitando a atenção de nossos afetos familiares. Há quem responda simploriamente que o sentido é viver, levar o impulso da existência adiante para criarmos a prole e sermos feliz no amor e subir na carreira. Pronto, está formatada a resposta para uma pergunta tão intrincada, diriam muitos que não gostam de pensar com profusão de detalhes. Filósofos se posicionam com suas mentes reflexivas na tentativa de desvendar o questionamento. Cientistas procuram uma resposta exata. Gente comum como eu...revolve as ideias na cabeça para tentar discernir porque estamos aqui. Ou por que estou aqui. Achei uma resposta satisfatória lendo parte do pensamento do filósofo Viktor Frankl. Ele inventou a logoterapia. A logoterapia cuida do sentido da vida. Todo ser humano, em realidade, anseia por um sentido pelo qual valha a pena viver e lutar, uma tarefa valiosa para cumprir. Quem consegue descobrir o seu sentido de vida, consegue ser forte nas maiores privações da vida, porque tem um motivo para lutar, um razão para sobreviver, uma vez que encontrou o seu sentido.
O budismo de certa forma, ensina um caminho para a vida ter sentido. A compaixão, o amor por tudo e todos de forma incondicional seria, na visão budista, a única coisa pela qual a vida vale a pena. Eu concordo, queria ser compassiva a ponto de me doar a tudo e todos, a ponto de encontrar este sentido . Afinal, Madre Teresa de Calcutá, que viveu uma rotina de pobreza no meio dos excluídos, morreu plena de serenidade. Improvável que ela quisesse estar no lugar de reis do petróleo, princesas ou donos de impérios econômicos. Viveu uma vida plena na sua frugalidade porque encontrou o seu sentido de vida: ajudar aos necessitados. Ocorre que o sentido de vida não é igual para todos. Cada um tem que encontrar a fenda na roda da vida que enche de razão a existência. Frankl gosta de citar uma frase de Nietsche: "Quem tem por que viver pode suportar quase qualquer como."
O budismo de certa forma, ensina um caminho para a vida ter sentido. A compaixão, o amor por tudo e todos de forma incondicional seria, na visão budista, a única coisa pela qual a vida vale a pena. Eu concordo, queria ser compassiva a ponto de me doar a tudo e todos, a ponto de encontrar este sentido . Afinal, Madre Teresa de Calcutá, que viveu uma rotina de pobreza no meio dos excluídos, morreu plena de serenidade. Improvável que ela quisesse estar no lugar de reis do petróleo, princesas ou donos de impérios econômicos. Viveu uma vida plena na sua frugalidade porque encontrou o seu sentido de vida: ajudar aos necessitados. Ocorre que o sentido de vida não é igual para todos. Cada um tem que encontrar a fenda na roda da vida que enche de razão a existência. Frankl gosta de citar uma frase de Nietsche: "Quem tem por que viver pode suportar quase qualquer como."
domingo, 14 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Nave mãe
O dia está quente, mas o trabalho rendeu. Estou há três horas em casa burilando o que pode servir de crônica. Ideias vêm e vão, fica o pensamento fixo de querer procurar frases aleatórias e de efeitos. Sim, sou uma colecionadora de frases. Adoro citar filósofos e autores conhecidos ou desconhecidos, tanto faz o estilo, contanto que me aprazem. Acho frases de efeitos uma sacada fantástica dos seus autores. Eles conseguem colocar em poucas palavras um pensamento extenso que levaríamos várias linhas para verbalizá-los. Por isso, quando encontro uma frase que me chama a atenção, faço questão de guardá-la, claro, com o devido crédito ao seu autor.
Agora é hora do Big Brother e ouço, aqui na frente da televisão ouço o Pedro Bial falar que faz contato com a nave mãe. Isso quando não chama os participantes de "nossos guerreiros". Essa história de considerá-los guerreiros já rendeu uma pequena polêmica que salpicou na mídia. Cade a intrepidez por ficar o dia inteiro atirado em uma pisicina, fazendo fofocas e pensando no paredão? Bial teria retrucado, que os brothers são sim, guerreiros e continuou usando o termo. Fico pensando como essa cambada de brothers fazia antes do programa? Será que nenhum trabalhava, será que conseguiram tirar licença por três meses do trabalho? Com certeza não tinham funções relevantes, porque ninguém com alta responsabilidade ganha aval para se ausentar por tanto tempo. Mas enfim, os brothers conseguem agradar até os jornalistas. Sim, lá na redação do jornal, o BBB é assunto recorrente. Tem colega bem antenado sabendo quem saiu, quem vai para o paredão ou torcendo para determinado participante. Eu acho até legal esse momento descontração, mas não participo porque não estou muito atualizada sobre as fofocas bigbrothianas. Mas quer saber de uma coisa? Não acho que uma tropa de brothers sejam guerreiros, que me desculpe o Bial, mas o máximo que eles são é uma cambada de folgados. Folgados que dão audiência. Só isso. Ou melhor, tudo isso!
***
"A vida oscila, como um pêndulo, de um lado para o outro, entre a dor e o tédio." (Schopenhauer)
Agora é hora do Big Brother e ouço, aqui na frente da televisão ouço o Pedro Bial falar que faz contato com a nave mãe. Isso quando não chama os participantes de "nossos guerreiros". Essa história de considerá-los guerreiros já rendeu uma pequena polêmica que salpicou na mídia. Cade a intrepidez por ficar o dia inteiro atirado em uma pisicina, fazendo fofocas e pensando no paredão? Bial teria retrucado, que os brothers são sim, guerreiros e continuou usando o termo. Fico pensando como essa cambada de brothers fazia antes do programa? Será que nenhum trabalhava, será que conseguiram tirar licença por três meses do trabalho? Com certeza não tinham funções relevantes, porque ninguém com alta responsabilidade ganha aval para se ausentar por tanto tempo. Mas enfim, os brothers conseguem agradar até os jornalistas. Sim, lá na redação do jornal, o BBB é assunto recorrente. Tem colega bem antenado sabendo quem saiu, quem vai para o paredão ou torcendo para determinado participante. Eu acho até legal esse momento descontração, mas não participo porque não estou muito atualizada sobre as fofocas bigbrothianas. Mas quer saber de uma coisa? Não acho que uma tropa de brothers sejam guerreiros, que me desculpe o Bial, mas o máximo que eles são é uma cambada de folgados. Folgados que dão audiência. Só isso. Ou melhor, tudo isso!
***
"A vida oscila, como um pêndulo, de um lado para o outro, entre a dor e o tédio." (Schopenhauer)
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Aparição
Tanto tempo sem visitar meu blog. Vim dar sinal de fumaça. Tenho me ausentado com muito mais frequencia do que queria porque minhas ideias estão amolentadas. Ando preocupada com isso...com essa falta de mente criativa. Será que virei demente? Ó mente raquítica, quando tu vais vir à tona, com toda tua tônica de humor ou desamor? Quero crer que essa indolência mental seja apenas uma fase passageira. Como diz minha colega Laura Peixoto, um dia tudo se ajeita. Falando em Laura, vez ou outra passo no blog dela para conferir as notícias alternativas de Lajeado e região. Laurinha tem um texto fluido, apimentado e filosófico, que gosto muito. Fui lá agora e "furtei" um pensamento que achei muito tri. Ando com tanta saudades das minhas aporrinhações mentalmente filosóficas...mas qualquer dia eu volto a ler sobre isso...preciso atualizar minhas elucubrações relativas ao tema...por enquanto, ai vão umas palavrinhas de Platão!
Podemos facilmente
perdoar uma criança que tem medo do escuro;
a real tragédia da vida
é quando os homens têm medo da luz."
Platão (filósofo grego)
Podemos facilmente
perdoar uma criança que tem medo do escuro;
a real tragédia da vida
é quando os homens têm medo da luz."
Platão (filósofo grego)
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Boa-fé
Quero falar aqui de algo que eu possuo em abundância e por isso às vezes sou enquadrada como ingênua: a boa-fé. Já falei vários posts abaixo, sobre a necessidade de ser boba, mas não burra. Boba no sentido de sempre acreditar no outro e não perder a fé na humanidade, crer sempre que as pessoas dão de si o seu melhor. Julgo que isso é ser de boa-fé. Saber acreditar nas pessoas e também acreditar em si mesmo, agindo de boa-fé para com outrem, mesmo que você possa dizer uma grande bobagem. Mas se você acredita piamente nela, a intenção não pode ser desqualificada.
O filósofo Andre Comte Sponville, no Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, relaciona a boa-fé como uma delas. Ser de boa-fé não quer dizer estar acompanhado na verdade, mas esta virtude tem mais a ver com uma crença. Diz ele: "Ser de boa-fé não é sempre dizer a verdade, pois podemos nos enganar, mas é pelo menos dizer a verdade sobre o que cremos, e essa verdade, ainda que a crença seja falsa, nem por isso seria menos verdadeira."
Ele distingue a sinceridade da boa-fé: ser sincero é não mentir a outrem; ser de boa-fé é não mentir nem ao outro nem a si. A boa-fé é uma sinceridade reflexiva e deveria tanto reger nossas relações com o outro mas como com nós mesmos. Quantos de nós temos boa-fé para esquadrinharmos nosso interior e retiramos a máscara social que muitas vezes colocamos como modo de defesa e para sobreviver nessa sociedade caótica e hipócrita? E para preocuparmos mais com a verdade do que com a opinião pública?Às vezes, ter boa-fé com os outros é mais fácil do que ter conosco, muito do que acreditamos está tão enterrado, submerso em nosso íntimo que nem cremos mais que tais valores estão dentro de nós.
Conforme Sponville, a boa-fé não substitui a justiça, a generosidade e o amor. Mas que seria de uma justiça de má-fè? O amor à verdade, eis o que é a boa-fé, mas o amor à própria verdade interna, como dizia Freud, “o que deve excluir toda e qualquer ilusão, todo e qualquer logro”.
O filósofo Andre Comte Sponville, no Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, relaciona a boa-fé como uma delas. Ser de boa-fé não quer dizer estar acompanhado na verdade, mas esta virtude tem mais a ver com uma crença. Diz ele: "Ser de boa-fé não é sempre dizer a verdade, pois podemos nos enganar, mas é pelo menos dizer a verdade sobre o que cremos, e essa verdade, ainda que a crença seja falsa, nem por isso seria menos verdadeira."
Ele distingue a sinceridade da boa-fé: ser sincero é não mentir a outrem; ser de boa-fé é não mentir nem ao outro nem a si. A boa-fé é uma sinceridade reflexiva e deveria tanto reger nossas relações com o outro mas como com nós mesmos. Quantos de nós temos boa-fé para esquadrinharmos nosso interior e retiramos a máscara social que muitas vezes colocamos como modo de defesa e para sobreviver nessa sociedade caótica e hipócrita? E para preocuparmos mais com a verdade do que com a opinião pública?Às vezes, ter boa-fé com os outros é mais fácil do que ter conosco, muito do que acreditamos está tão enterrado, submerso em nosso íntimo que nem cremos mais que tais valores estão dentro de nós.
Conforme Sponville, a boa-fé não substitui a justiça, a generosidade e o amor. Mas que seria de uma justiça de má-fè? O amor à verdade, eis o que é a boa-fé, mas o amor à própria verdade interna, como dizia Freud, “o que deve excluir toda e qualquer ilusão, todo e qualquer logro”.
Nasce outra década
Último dia do ano. Entraremos em uma nova década, 2010 tem que ser dez no campo profissional e das emoções, mas eu confesso que estou fazendo diferente. As esperanças que se renovam para todo mundo nesta virada não fazem parte do meu arsenal para melhorar o novo ano. Eu desafino do coro dos contentes e não projeto nada, não vou emitir nenhuma resolução (e eu teria muitas), justamente para não me frustrar no fim do próximo ano. Mas eu acho bacana esse clima pressentido de alegria e leveza que toma conta de muita gente nesta época. Aqui em casa, mesmo que meus familiares não verbalizam, eu sinto que eles esperam 356 dias melhores. Em clima de festa, eles vão arrumar o salão para a meia-noite e minha mãe fará as tradicionais palhaçadas, animando a turma, que depois de explodir os fogos que explodir também na alegria. Que nasça 2010, e que como um bebê que ilumina o lar, que possa vir na carona desta década uma força contagiante e se instale dentro de cada um de nós.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Tristeza na alegria
Entre as páginas da minha agenda do ano anterior - porque eu sempre anoto coisas importantes e perenes no folhear dos meus dias - releio um trecho atribuído a Arthur da Távola e uma frase percorre a espinha porque a identificação com o que ele diz é tal que pareço entrar nas palavras dele. Quanto mais eu leio, mais eu me introduzo no contexto e sinto que sentimentos aparentemente dissonantes se grudam para uma desfecho de sensações.
Távola escreveu que quem se alegra demais se distancia da felicidade. A felicidade está perto da tristeza porque a certeza da perda se instala a cada vez que estamos felizes. Bingo. É isso. Quanto atingimos o ápice de um sentimento de alegria e mesmo desfrutando do momento extremamente apreciado, no fundinho, lá na berlinda do coração, sabemos que esse apogeu de sensações não vai durar para sempre. Sem querer nos despedimos do momento de extrema alegria antes mesmo que a despedida se faça presente. É por isso que julgo que um instante de extrema felicidade nunca contém uma dose tão alta dela assim, porque automaticamente a gente trata de ter saudades desse momento que ainda nao passou.
Nosso cérebro e pensamentos são extreamente ágeis e funcionam por vias inconscientes e terminações neuronias complexas e tão profundas que mesmo sentindo tudo isso a gente não consegue explicar em palavras. AS vezes, nem nos damos conta de que sentimos assim. Só percebemos isso quando outra pessoa consegue verbalizar tais tormentas emocionais. Aí nos identificamos e dizemos: "Ah , é isso". E vem uma gratificação por sabermos que o que sentimos não são sentimentos inéditos. Percebemos que tem alguém que sente igual. Ufa, ainda bem.
** A tristeza feliz, não a que deriva das grandes dores, frustrações ou amarguras. É a que se associa ao momento bom, como a perda inerente a cada encontro, como sentimento de certeza de que tudo aquilo passará.
*** Felicidade está mais perto da tristeza, porque a certeza da perda sempre se instala a cada vez em que estamos felizes. Cada encontro está carregado de perda. Nesta vida. E até na outra, que se existe (e permitirá o encontro redentor), precisou da perda desta vida. E esta certeza – a da perda – a que provoca aquela lágrima ou aquela angústia, que a gente não sabe porque às vezes se instala após os verdadeiros encontros. Há sempre uma despedida em cada alegria. Há sempre um ‘e depois’, após cada felicidade. Há sempre uma saudade na hora de cada encontro. Antecipada.
Távola escreveu que quem se alegra demais se distancia da felicidade. A felicidade está perto da tristeza porque a certeza da perda se instala a cada vez que estamos felizes. Bingo. É isso. Quanto atingimos o ápice de um sentimento de alegria e mesmo desfrutando do momento extremamente apreciado, no fundinho, lá na berlinda do coração, sabemos que esse apogeu de sensações não vai durar para sempre. Sem querer nos despedimos do momento de extrema alegria antes mesmo que a despedida se faça presente. É por isso que julgo que um instante de extrema felicidade nunca contém uma dose tão alta dela assim, porque automaticamente a gente trata de ter saudades desse momento que ainda nao passou.
Nosso cérebro e pensamentos são extreamente ágeis e funcionam por vias inconscientes e terminações neuronias complexas e tão profundas que mesmo sentindo tudo isso a gente não consegue explicar em palavras. AS vezes, nem nos damos conta de que sentimos assim. Só percebemos isso quando outra pessoa consegue verbalizar tais tormentas emocionais. Aí nos identificamos e dizemos: "Ah , é isso". E vem uma gratificação por sabermos que o que sentimos não são sentimentos inéditos. Percebemos que tem alguém que sente igual. Ufa, ainda bem.
** A tristeza feliz, não a que deriva das grandes dores, frustrações ou amarguras. É a que se associa ao momento bom, como a perda inerente a cada encontro, como sentimento de certeza de que tudo aquilo passará.
*** Felicidade está mais perto da tristeza, porque a certeza da perda sempre se instala a cada vez em que estamos felizes. Cada encontro está carregado de perda. Nesta vida. E até na outra, que se existe (e permitirá o encontro redentor), precisou da perda desta vida. E esta certeza – a da perda – a que provoca aquela lágrima ou aquela angústia, que a gente não sabe porque às vezes se instala após os verdadeiros encontros. Há sempre uma despedida em cada alegria. Há sempre um ‘e depois’, após cada felicidade. Há sempre uma saudade na hora de cada encontro. Antecipada.
domingo, 29 de novembro de 2009
Pilotando a vida
Eu adoro metáforas. Creio que a vida pode ser sorvida de forma prazeirosa como um sorvete de chocolate ou então ser cozinhada em banho maria, em fogo brando, em templo nublado para aqueles que esperam uma decisão. Eu não sei qual a forma certa para degustar a vida, talvez ela possa ser posta na mesa e se reverter em um lauto banquete. Mas desconfio de quem pega leve no tempero. Eu não tenho mão para cozinhar. Eu nem ao menos sei onde se acende a boca maior do fogão. Eu admiro uma mulher de forno e fogão, que sabe entornar o óleo na medida exata da panela. Me satisfaz mais quem sabe azeitar a vida e pilotar receitas não híbridas, manejando os ingredientes tanto doces quanto amargos, estalando a língua diante dos contatos mais saborosos mas também desabridos. Mulheres apetitosas são as que petiscam a vida, tanto em época de farta colheita quanto no momento em que o período amargo sova o pão. São as que fazem happy hour em cada minuto diante da existência, porque sabem que podem e crêem na sua mão para descortinar sempre um novo horizonte.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Me quero de volta, eu pago o resgate!
Estou há quatro dias trabalhando na redação do jornal O Informativo. Pareço uma foca, uma novata que vê o recinto com olhos não domesticados. Como se fosse a primeira vez que trabalhasse ali (mas não é, atuei no local por 15 anos, conheço o mofo das paredes e os velhos ramais telefônicos). É interessante esse aspecto de retornar a um local que você precisa se ambientar novamente, mas que já lhe é velho conhecido. Não é uma sensação de "déja vu". É diferente. Sei que vou me readequar, mas o que "tá pegando" em mim é a percepção de eu não ser mais eu no ambiente de trabalho. A Pita antiga era irrequieta, com a mente encharcada de idéias e parecia uma ventania ao passar pela redação. Sem titubear, ia em busca das matérias mais impactantes ou as quais ela considerava boas para o público ler. De um jeito um tanto ensandecido tirava fotos, muitas das quais pitorescas, como o seu jeito pitônico de ser. Um dia, um colega lhe disse: "Pita, você é uma história em quadrinhos". Por muito tempo a Pita aqui ficou pensando em suas particularidades e dizia querer ser uma pessoa normal, sem rompantes, nem impulsos nem exageros, que na minha ótica, eram considerados "crimes" em ambientes sociais. Esforcei-me tanto que pareço ter conseguido. Agora, consigo - pelo menos profissionalmente - agir com bom senso, não subo em cima das mesas mas também não vibro com qualquer matéria. Aquela adrenalina que me movia o tempo todo parece ter arrefecido. Eu tanto queria ser "normal" que me surpreendo ante minha própria insatisfação contra essa nova Pita, mais contida que se incorpora em mim. Oh, God!!! Eu quero voltar ao meu "pique" que nada tem de normal, me extravasar todos os dias com minhas ideias, mesmo que sejam esdrúxulas. Voltar a ser chamada de "louquinha", mesmo que na hora eu não goste, porque se esse é o preço que eu tenho de pagar para andar de mãos dadas com a minha criatividade, produtividade e prazer pelo trabalho...então eu topo. Me quero de volta, eu pago o resgate.
domingo, 22 de novembro de 2009
Multidão de gente sós
"Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais: o excesso de gente impede de ver as pessoas"
Esse Mário Quintana dizia em breves palavras o que a maioria das pessoas tergiversa em rodas de amigos. Eu curtia mais essas reuniões sociais, hoje quando vou a algumas delas, tento "apreender" a pessoa. Ver se ela realmente está satisfeita, se seu sorriso é de fato genuíno ou se tem um gesto contrafeito. Eu acho legal observar a linguagem não-verbal das pessoas. E onde minha curiosidade é mais incitada é na rodoviária em Porto Alegre, para mim, destes pequenos pagos, é a maior que já conheci. Gente em abundância, adoro olhá-las correndo passando com suas malas, ou observar a garota descendo do coletivo para abraçar o namorado que está a espera. Tem pessoas apreensivas aguardando alguém. O pessoal que trabalha nas lanchonetes com movimentos rápidos para atender a toda a demanda e os seguranças que ficam estaqueados nos pilares, prontos para abater qualquer arruaceiro. Tanta gente e ao mesmo tempo estou tão só comigo mesma. Uma frase de Sartre não me sai da cabeça. Ela é verídica: "O homem está só em sua solidão visceral".
sábado, 21 de novembro de 2009
Eu sou o que não vem à tona

O que está no meu inconsciente que eu não consigo trazer à tona? Eu penso, tento escrutinar, perscrutar meus cantos mais escondidinhos, mas mesmo assim fato submersos permanecem cobertos pela névoa da psique. E é tão interessante saber que esse inconsciente faz parte de mim e reflete nas minhas atitudes que eu acho isso fascinante. Mas eu sou o que eu percebo ou será que eu sou o que ainda nem percebo em mim? Eu sou os dois!!! A polarização está em mim. E quando esse eu oculto virá a deriva? Para o meu conhecimento, eu sou só a ponta do iceberg. Ou melhor, todos nós somos. Existe uma montanha do Himalaia escondida em cada um de nós.
***
Eu nunca li muito Jung mas acho que ele escreve bem. Em um trecho de "O Homem e seus Sìmbolos" ele diz que a maldição do homem moderno é a sua divisão de personalidades. Ele ta falando do consciente e do inconsciente, o qual nunca nos damos conta. Jung diz que há aspectos inconscientes mesmo na nossa percepção da realidade. Todas as nossas experiências contém um número indefinido de fatores desconhecidos. E os acontecimentos que não tomamos consciência foram absorvidos sem nosso conhecimento consciente. E só vamos percebê-los em algum momento de intuição. Mas apesar de ignorarmos de início, os acontecimentos brotam do inconsciente como uma espécie de segundo pensamento, o qual pode aparecer em forma de sonho. Entenderam??? Bem, é complicadinho, mas vale a leitura e a reflexão.
Ternura masculina
Eu gosto de homem que chora, de macho que não reluta em demonstrar sua sensibilidade e mesmo assim ser autossuficiente. Não é porque diz "eu te amo" que ele é frouxo. Na verdade, precisa ser muito másculo, porque nessa sociedade que ainda traz padrões antigos vigentes, o homem é o varão e provedor oficial.
Ser sempre seguro, ter a idéia de prover a família, estar inabalável as intempéries da vida, da alma e do coração era palavra de ordem no universo masculino.
Mas eis que com as mulheres assumindo funções no mercado de trabalho e ajudando a suprir as necessidades familiares, os homens escondem cada vez menos suas emoções. E tanto Pepeu Gomes cantava que enfim tem dado certo: ser um homem femino , nao fere o meu lado masculino. As mulheres gritam "holas" e "vivas" para esses novos toureiros, que são na verdade os neossexuais:É duro, ousado, admirado, mas é sensível. É racional, mas é emocional. É poderoso mas é honesto. Resiste ao choro, mas chora quando é preciso. Entendam-nos rapazes. mulheres querem homens másculos sem deixarem de ser sensiveis ou vice-versa.
Ser sempre seguro, ter a idéia de prover a família, estar inabalável as intempéries da vida, da alma e do coração era palavra de ordem no universo masculino.
Mas eis que com as mulheres assumindo funções no mercado de trabalho e ajudando a suprir as necessidades familiares, os homens escondem cada vez menos suas emoções. E tanto Pepeu Gomes cantava que enfim tem dado certo: ser um homem femino , nao fere o meu lado masculino. As mulheres gritam "holas" e "vivas" para esses novos toureiros, que são na verdade os neossexuais:É duro, ousado, admirado, mas é sensível. É racional, mas é emocional. É poderoso mas é honesto. Resiste ao choro, mas chora quando é preciso. Entendam-nos rapazes. mulheres querem homens másculos sem deixarem de ser sensiveis ou vice-versa.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
O repórter sem rosto
Esta é uma sexta-feira, 20 de novembro, uma noite em que em um clube de Encantado conheci a marcante figura de Giovani Grizotti, na verdade a figura não é marcante, mas sim o nome. Grizotti, o repórter sem rosto, que devido a repercussão de suas reportagens investigativas se transformou em uma pessoa antológica no jornalismo gaúcho. Engraçado foi antes de a palestra começar. Como eu, nem a Josiane Rotta e nem o Emilio Rotta (casal de repórteres) não sabíamos como ele era, ficávamos conjecturando: "Acredito que ele seja gordinho e tenha 45 anos. Pode ser esse que está passando agora", diz o Emilio.
"Acho que ele é magro e reservado e tem jeito de repórter", crê a Josi. Ao ser anunciado o nome, percebemos que era o cara que estava a um bom tempo próximo a nós, de camisa amarela. Tem 36 anos, nasceu em Barros Cassal e ganhou 40 prêmios, dois Esso.
Ouvir Grizotti falar reaquece a paixão pelo jornalismo. Percebe-lo narrando suas aventuras e mesmo desventuras, sinto a vontade de informar correndo nas veias, mas nao qualquer informação, algo marcante que todo repórter almeja. De certa forma eis a vaidade jornalística. Ver o nome valorizado, fazer grandes matérias descobrir "bigs" maracutaias e assim ajudar a sociedade. Pena que não deu para tirar uma foto com Grizotti. Ele pediu que não fossem feitos retratos nem filmagens para preservar sua imagem. Mas olha, ele deve ter 1,75m, tem uma barriguinha e aparenta ter um pouco mais de 36 anos, expressa-se bem e com simplicidade. È gaudério e está engajado em propagar a tradição gaúcha, além das maracutaias dos políticos e de outras categorias. E diz que em seu "modus operandi" é preciso ser mais ator do que jornalista, porque ele precisa se passar por um personagem para comprovar a denúncia. Prefere fazer as coisas sozinho e tem dois celulares. O número do celular do trabalho ele troca a cada 15 dias.
"Acho que ele é magro e reservado e tem jeito de repórter", crê a Josi. Ao ser anunciado o nome, percebemos que era o cara que estava a um bom tempo próximo a nós, de camisa amarela. Tem 36 anos, nasceu em Barros Cassal e ganhou 40 prêmios, dois Esso.
Ouvir Grizotti falar reaquece a paixão pelo jornalismo. Percebe-lo narrando suas aventuras e mesmo desventuras, sinto a vontade de informar correndo nas veias, mas nao qualquer informação, algo marcante que todo repórter almeja. De certa forma eis a vaidade jornalística. Ver o nome valorizado, fazer grandes matérias descobrir "bigs" maracutaias e assim ajudar a sociedade. Pena que não deu para tirar uma foto com Grizotti. Ele pediu que não fossem feitos retratos nem filmagens para preservar sua imagem. Mas olha, ele deve ter 1,75m, tem uma barriguinha e aparenta ter um pouco mais de 36 anos, expressa-se bem e com simplicidade. È gaudério e está engajado em propagar a tradição gaúcha, além das maracutaias dos políticos e de outras categorias. E diz que em seu "modus operandi" é preciso ser mais ator do que jornalista, porque ele precisa se passar por um personagem para comprovar a denúncia. Prefere fazer as coisas sozinho e tem dois celulares. O número do celular do trabalho ele troca a cada 15 dias.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Platéia e Potência

Não necessariamente somos atores, mas precisamos de platéia. Nao necessariamente queremos aplauso mas precisamos de aprovaçao: dos pais, amigos, amores. Precisamos sermos vistos. O horror de uma vida inobservada, eis um dos medos fundamentais do ser humano. Viver sem com que alguem escrutine nossa vida, como se fossemos a cor da água transparente, mas que ninguem quer beber porque ninguem enxerga. Estarmos invisiveis perante a sociedade é nosso medo eterno. É pelos pequenos prazeres que o homem suporta sua existência. E para ele se sentir vivo, precisa sentir-se olhado e até admirado. Essa é uma vontade que existe sempre, é contínua. É uma vontade carente, pois não cessa nunca. É Nietzche que dizia que o homem tem uma vontade carente e por isso ele deseja mais poder. Ter o poder para ter maior prazer e conquistar a felicidade. Esta é a vontade de potência.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Dor de cotovelo, um santo remédio
Você ainda vai ter uma. Se não passou por ela, então não atingiu a maioridade. Não entrou realmente para o mundo dos humanos. Eu te digo, a experiência amorosa dos outros te diz: dor de cotovelo é inevitável. Não tem graça você amar e ser bem-amado até o fim da vida pela primeira pessoa que você abriu seu coração. É preciso ter um pouco de transtorno, de dor, de aflição. É preciso se matar soluçando no travesseiro, querer se esconder debaixo de um buraco, se remoer de amor. É necssário se lamentar com os amigos, pedir conselhos, não saber o que fazer e até mesmo se rebaixar para pedir para a pessoa voltar. Isso é viver. É ruim na hora. Na verdade é terrível, mas depois passa. Um ano após, quando a ferida estive cicatrizada, você vai reviver a experiência dolorosa e relembrar não da ferida, mas das sensações legais que a experiência de proporcionou. Vai ser até mais humano. E por ter vivência em dores de amor, vai cuidar para não brincar com os sentimentos de ninguém. Dizem que a dor é didática, ensina a viver. Eu sempre contestei esse tipo de afirmação porque acredito que todos temos nosso erros recorrentes, aqueles nos quais a gente cai sempre e não aprende. Mas nesse caso, sim, aprende-se com dores românticas. Elas podem ser o combustível para que você melhore, faça melhor da próxima vez. Talvez com mais carinho, tato e sensibilidade. Sim, porque as dores nos deixam mais sensível e por conseqüência, cuidaremos melhor do coração do outro. Dor de cotovelo. Você ainda vai passar por ela. Ei. Caaaaalma. Ela passa.!!
Insatisfação
Embora eu seja um ser humano tão e muito vazia de altruísmo, me pego pensando no meu imenso egoísmo e como meu umbigo centraliza todas as atenções, eu gosto de ler sobre budismo. Ta, tá, tá, eu sei que ler por si são não diz nada, a prática é tudo. Talvez eu leia porque em uma próxima encarnação ou até mais tarde, eu consiga realmente praticar os preceitos dessa doutrina que eu acho fantástica, porque ela prega simplesmente a ética que umas pessoas devem ter para com as outras. Também ouvi dizer que quando o discipulo está pronto o mestre aparece. Fico olhando para os lados, perscrutando pelo meu caminho para ver se encontro algum irmão do Dharma me ensinar algo que seja salutar. Mas nao encontro. Talvez eu nao esteja pronta, talvez não,,eu tenho tanta reforma interior a fazer em mim que tenho certeza não estar pronta. Mas seguidamente me pego pensando na insatisfação, na impermanência das coisas e no vazio de tudo. O mundo é um mundo de sofrimento e nao há felicidade que contradiga isso.
" Sofremos quando nascemos e no final da vida, na morte, também sofremos e entre os dois está a doença e o envelhecimento. Não importa o quanto você seja rico ou com um corpo saudável, sofrerá em ambas as circunstâncias."Mas aceitar o sofrimento e administra-lo da melhor maneira possivel faz parte da filosofia budista. A insatisfação faz parte do sofrimento. Existe sempre uma avidez por querer mais dinheiro, mais poder, mais roupa, mais móveis bonitos, querer trocar para um namorado mais bonito, galgar mais posições na empresa, desfrutar do carro do ano. Pense sobre isso: reduzindo as expectativas, você terá maior contentamento. Veja o exemplo: mesmo uma pessoa rica que pode possuir tudo na terra, vai querer um dia, ir para um centro turístico na lua. Mas mesmo a quantidade do que se pode possuir e limitada. E melhor acostumar-se cedo para estar sempre satisfeito.
" Sofremos quando nascemos e no final da vida, na morte, também sofremos e entre os dois está a doença e o envelhecimento. Não importa o quanto você seja rico ou com um corpo saudável, sofrerá em ambas as circunstâncias."Mas aceitar o sofrimento e administra-lo da melhor maneira possivel faz parte da filosofia budista. A insatisfação faz parte do sofrimento. Existe sempre uma avidez por querer mais dinheiro, mais poder, mais roupa, mais móveis bonitos, querer trocar para um namorado mais bonito, galgar mais posições na empresa, desfrutar do carro do ano. Pense sobre isso: reduzindo as expectativas, você terá maior contentamento. Veja o exemplo: mesmo uma pessoa rica que pode possuir tudo na terra, vai querer um dia, ir para um centro turístico na lua. Mas mesmo a quantidade do que se pode possuir e limitada. E melhor acostumar-se cedo para estar sempre satisfeito.
sábado, 14 de novembro de 2009
Quem se alegra demais se distancia da felicidade. Felicidade está perto da tristeza, porque a certeza da perda se instala a cada vez que estamos felizes. Há sempre uma despedida em cada alegria. Há sempre um "e depois" após cada felicidade. Uma saudade antecipada na hora de cada encontro. ( Arthur da Tàvola)
Perto do selvagem coração da vida, longe da razão que aplaina o mistério, perto da intuição de assombros e sobressaltos, longe das definições que explicam o mundo (Clarice Lispector)
Depois do final da palavra, começa o uivo eterno (CL)
Perto do selvagem coração da vida, longe da razão que aplaina o mistério, perto da intuição de assombros e sobressaltos, longe das definições que explicam o mundo (Clarice Lispector)
Depois do final da palavra, começa o uivo eterno (CL)
Diva e doida
Como um louvor nada santificado nas orações mas desapropriado para damas, ensandecida que sou, ainda assim sei ser diva sem ser divina. Apenas mulher real. Sou efemera. Porque meus pensamentos vêm e vão e não repousam no meu volátil querer. Imagens etéreas habitam cenas que enfeitiçam meu coração. Sou densa porque não consigo me esgueirar dos meus pontos obscuros que me cercam feito uma miríade de espelhos que refletem meu eu e meus nós internos. Eu sou diva porque tenho em mim a consciência do meu úmido desejo e da minha ávida insensatez que quer sugar lábios túrgidos. Eu sou doidivanas porque sigo auscultando o caminho do coração, ora pedregoso e situado rente a espinhos oníricos, mas que espetam na alma. Eu sou doida porque estou convencida que nada pode ser edificado sem um pouco de loucura e ademais, a cautela encarcera. Eu sou controversa porque me ramifico em mil sujeitos que se bifurcam como as arterias sanguíneas irrigando desejos do coração.
Instantes
Sentimentos nascem e passam, momentos vem e vão, como uma onda que emerge e depois rebenta na praia. Há beleza no alvorecer e depois a mesma beleza se repete no lusco fusco, mas todos os instantes são efemeros e mesmo a beleza dura o tempo de uma estrela cadente, não mais que isso. Os instantes sempre encerram uma torrente de sensações as quais estão aderidas aquele momento próprio e dele não saem. É por isso que as fotos existem. Elas são a forma concreta de tentar reter os instantes. Um clique para deixar gravado um grupo de amizades. Eis aqui meus ex-colegas que agora figuram como amigos.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Sonhos que espicham
Vejo a minha menina de 10 anos na sua tenra idade. Tem os sonhos curtos e consequentemente fácil de alcançá-los. Marianna não tem a intenção de comprar uma big casa confortável e nem de adquirir o carro do ano. Nem roupa de marca lhe interessa. Por sorte tenho uma filha despojada. Mas ela exulta e enaltece a viagem das quartas séries para a região das Missões. Fica dias planejando a viagem e quando chega a hora se regozija com a aventura. Mas esse é só um preâmbulo para falar dos sonhos de nós, adultos. Acalentamos na alma uma série de viagens, todas para a Europa. Um cruzeiro marítimo, melhor ainda. Quantas vezes cultivamos o sonho - e este sim, mais prático - de trocarmos de emprego. Perseguimos com interesse e secretamente o desejo contínuo ou, noutras horas intermitente, de ganhar melhor ou galgar uma função mais remunerada. As vezes queremos poder, isso vai de cada pessoa. O certo é que nossos sonhos espicham à medida em que a gente cresce. Eu estou voltando para um sonho antigo. Na juventude aquiri o fascinio por trabalhar em teve. Meu sonho não se realizou e por isso adormeceu. Mas agora sentarei na redação de um outro jornal. Vou mudar de colegas e escrever textos e histórias de vidas olhando outras paredes e horizontes.
Nesse novo ciclo, estou incumbida de trabalhar na teve. E eis aqui o meu sonho tão pontual que tive de desencaixotar de onde ele estava dormitando. Me veio gratuitamente, como uma bonificação pelo trabalho no jornal que irei exercer. Os holofotes sempre tiveram um grande poder de persuasão, mas a medida que parto para essa etapa vem o sentimento tão humano da insegurança. E eu sou tão humana quanto insegura. Os meus medos exalam pelos poros, gotejam como o suor que brota da testa porque deixo minha zona de conforto relativamente estável para um lugar que não me é desconhecido, mas se descortina como um desafio. Se eu pensar nos meus temores, jamais arriscarei nada. Mas eu penso. Contudo, me permito avançar no comando do meu destino. Tento dar um delete nos meus temores. Escrever nesse blog é uma forma de dirimir meu sentimento de inquietação. É hora de ir adiante e fazer com que meu sonho se encaixe na minha real capacidade de produção.
Nesse novo ciclo, estou incumbida de trabalhar na teve. E eis aqui o meu sonho tão pontual que tive de desencaixotar de onde ele estava dormitando. Me veio gratuitamente, como uma bonificação pelo trabalho no jornal que irei exercer. Os holofotes sempre tiveram um grande poder de persuasão, mas a medida que parto para essa etapa vem o sentimento tão humano da insegurança. E eu sou tão humana quanto insegura. Os meus medos exalam pelos poros, gotejam como o suor que brota da testa porque deixo minha zona de conforto relativamente estável para um lugar que não me é desconhecido, mas se descortina como um desafio. Se eu pensar nos meus temores, jamais arriscarei nada. Mas eu penso. Contudo, me permito avançar no comando do meu destino. Tento dar um delete nos meus temores. Escrever nesse blog é uma forma de dirimir meu sentimento de inquietação. É hora de ir adiante e fazer com que meu sonho se encaixe na minha real capacidade de produção.
domingo, 25 de outubro de 2009
Não dá pra ter coragem com cautela

O que define uma pessoa ser louca? Alguém pode estar em um sanatório e não ter coragem de conhecer uma pessoa que sai de Pernambuco para o Rio Grande do Sul. E Essa pessoa estar livre, trabalhando e sendo abordada como intelectual em plenas faculdades mentais. A vida tem seus momentos de insanidades. E como nao somos árvores, podemos muito bem arriscar sandices em busca da felicidade. Felicidade, aliás é um conceito relativo. Não acho que ela existe. Como creio no budismo, creio na cessação do sofrimento. Para mim está é a felicidade real. Porque é um estado de disposição mental em que o desapego é sobrepujado pelo autocontrole e a convicção de motivações de ser bom, ter pensamento correto e agir correto. Mas eu ja entrei um assunto no outro. Estava querendo falar da corrida pelo amor, onde se vence longas distâncias pela procura de um bem. Aliás....já pensei que alma gêmea é questão geográfica. Mas louco, sim diria a maioria, de quem vai tão longe. Corajoso, diria pequena parte. Guerreiro, digo eu. Vai armado em busca de um amor tentando buscar sua Guineviérie. E sua ponta de lança é sua paixão. Só isso pra ser possivel prender alguem. Um guerreiro sempre é corajoso. Você não pode provar sua coragem com cautela. Isso não significa que ele não seja louco, porém.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Amor desamarrado
O amor me soltou novamente. Ingressei nesses mares esperando ter achado um timoneiro. Minha alegria bradava ao vento e ante a palavra "minha namorada" eu sentia o peito inflar de orgulho. Eu era de alguém. E havia os rituais românticos que alimentavam a tradição diária. O celular que tocava era sempre esperado. A vibração era diferente, afinal, não era qualquer um. Então, cada toque, era uma expectativa. Perto da noite, ele soava novamente. Era um gorjeio de amor. Tudo isso me foi tirado de hora para outra, assim como não mais que de repente se apaga uma fulgurante paixão. E a gente pensa em coisas que atormentam o espírito, não tem como dar leveza a alma nesses momentos. Os coloridos momentos de outrora se transformam em sombrias lembranças e até as calçadas antes pisadas em duplas são motivos para machucar o coração. A cabeça dessarumada não é o reflexo do penteado que tem de estar de acordo com o perfil de uma mulher autossuficiente e de bem com a vida.
A faca que o amor crava na gente deixa uma ranhura forte e aguda. Mas por experiência sabemos que a derme se refaz. E a alma também. Afinal, o amor nunca é desalmado. O problema dele é achar a alma certa para conseguir sintonizar dois corações. Eu vou no ritmo que a vida me levar.
A faca que o amor crava na gente deixa uma ranhura forte e aguda. Mas por experiência sabemos que a derme se refaz. E a alma também. Afinal, o amor nunca é desalmado. O problema dele é achar a alma certa para conseguir sintonizar dois corações. Eu vou no ritmo que a vida me levar.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
"Cada um de nós se define para sempre, num único instante de sua vida - instante esse em que cada qual se encontra para sempre consigo mesmo." (Jorge Luis Borges - "Sete Noites")
Nao sou acostumada a ser feliz,,me sinto incômoda com a situaçao de felicidade. Parece que quero interromper o destino. Ou interpela-lo. Para garantir um amor para sempre. Mas de tanto ver fenecer minhas esperanças, inoculei a canção de Renato Russo: o prá sempre, sempre acaba. Ocorre que hoje quando encontro o amor, como tenho medo que acabe, precipito o rompimento. É algo não consciente. Ou semi-consciente. Quero colaborar comigo. Basta de sabotagem.
Nao sou acostumada a ser feliz,,me sinto incômoda com a situaçao de felicidade. Parece que quero interromper o destino. Ou interpela-lo. Para garantir um amor para sempre. Mas de tanto ver fenecer minhas esperanças, inoculei a canção de Renato Russo: o prá sempre, sempre acaba. Ocorre que hoje quando encontro o amor, como tenho medo que acabe, precipito o rompimento. É algo não consciente. Ou semi-consciente. Quero colaborar comigo. Basta de sabotagem.
domingo, 2 de agosto de 2009
O que move a roda da vida
O que move a roda da vida? Esta é uma indagação que costumo fazer aos entrevistados do Jogo Aberto, uma entrevista ping pong, mantida no caderno Mais Atual. Presto atenção especialmente no que respondem a esta pergunta e tenho tido um infindável número de respostas diferentes. Grande parte diz que o amor move a roda da vida, outros, a fé e alguns, o sonho e os objetivos. Sempre fico tentando antever se alguém vai responder da mesma forma que eu penso. E só um entrevistado fez isso, ao declarar que a sensação de importância move a roda da vida. Foi um deleite, entao ele pensa igual a mim. Bingo. Sempre acreditei nisso, que a vaidade é a engrenagem que gira o moinho. É assim: para tudo e para todos, e para nós mesmos, precisamos sentir que somos valorizados e perceber que somos importantes para alguém, algum grupo social ou de repente, para uma população maior ou então para o nucleo familiar, diminuto que seja. Precisamos perceber isso e essa sensação de importância é importante, mas também é uma vaidade, pensem a respeito e vejam se não concordam comigo. Se não entenderem a proposição, pensem de novo e chegarão a essa conclusão.
Os magnatas trabalham para conseguir dinheiro, mas no fundo, não é o "vil metal" que os incita a trabalhar. Existe uma motivação escondida nos porões da mente: o dinheiro os faz galgarem os degraus da importância social.
As boazudas conquistam fama e adoram adornar as formas na teve, você acha mesmo que é pelo dinheiro que ganham? Não, pela sensação de importância que a beleza traduz.
Os políticos chegam a ser políticos só pelo dinheiro? Não, por mais que a corrupção nos faça pensar assim. Eles querem poder? E poder para que? Para saberem que influenciam populações. Poder, em ultima instância, é vaidade.
Vamos descer até o populacho. Os normais, sem grandes poderes. Nós. Nós mesmos, que procriamos. Nós queremos ter filhos por que? Para amarmos, sim e para podermos perpetuar o sobrenome. Não é isso uma vaidade? Querer levar adiante a semente que continua com o nosso DNA?
Nós amamos também para sermos amados. Por que? Para ver refletido no amor do outro o nosso próprio valor como seres humanos. Entende? Nós amamos por vaidade, a não ser os budistas compassivos que amam por compaixão, mas isso é outra história. Poucos de nós somos tão lúcidos a ponto de perceber tudo isso - e não estou dizendo que com isso eu seja lúcida. Dde lúcida eu nao tenho nem minha escrita. Mas eu amo pensar na pergunta: o que move a roda da vida e associá-la ao a frase do Eclesiaste que diz: "Tudo é vaidade e correr atrás do vento", frase dita pelo rei Salomão, porque apesar de ter palácios e bens em abundância, ele percebeu que tudo que ele fez foi impulsionado pela vaidade e "um esforço para alcançar o vento".
----
Vaidade - Vanitas Vanitatis
Do latim Vanitate que quer dizer passageiro, de pouca duração. Tudo é vento que passa. Inclusive nós. O vento passa e nos leva nos dentes de sua engrenagem. Não tem nada que não passe debaixo do sol.
Os magnatas trabalham para conseguir dinheiro, mas no fundo, não é o "vil metal" que os incita a trabalhar. Existe uma motivação escondida nos porões da mente: o dinheiro os faz galgarem os degraus da importância social.
As boazudas conquistam fama e adoram adornar as formas na teve, você acha mesmo que é pelo dinheiro que ganham? Não, pela sensação de importância que a beleza traduz.
Os políticos chegam a ser políticos só pelo dinheiro? Não, por mais que a corrupção nos faça pensar assim. Eles querem poder? E poder para que? Para saberem que influenciam populações. Poder, em ultima instância, é vaidade.
Vamos descer até o populacho. Os normais, sem grandes poderes. Nós. Nós mesmos, que procriamos. Nós queremos ter filhos por que? Para amarmos, sim e para podermos perpetuar o sobrenome. Não é isso uma vaidade? Querer levar adiante a semente que continua com o nosso DNA?
Nós amamos também para sermos amados. Por que? Para ver refletido no amor do outro o nosso próprio valor como seres humanos. Entende? Nós amamos por vaidade, a não ser os budistas compassivos que amam por compaixão, mas isso é outra história. Poucos de nós somos tão lúcidos a ponto de perceber tudo isso - e não estou dizendo que com isso eu seja lúcida. Dde lúcida eu nao tenho nem minha escrita. Mas eu amo pensar na pergunta: o que move a roda da vida e associá-la ao a frase do Eclesiaste que diz: "Tudo é vaidade e correr atrás do vento", frase dita pelo rei Salomão, porque apesar de ter palácios e bens em abundância, ele percebeu que tudo que ele fez foi impulsionado pela vaidade e "um esforço para alcançar o vento".
----
Vaidade - Vanitas Vanitatis
Do latim Vanitate que quer dizer passageiro, de pouca duração. Tudo é vento que passa. Inclusive nós. O vento passa e nos leva nos dentes de sua engrenagem. Não tem nada que não passe debaixo do sol.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
O charme da novidade
Pense em algo novo. Aquele casaco que você comprou naquela loja famosa. A TV LCD que pagou uma paulada. O Iphone, nossa que show de tecnologia. Algum tempo atrás, os celulares eram o top do top dessa intensa e meteórica indústria de tecnos. Eles eram a novidade do pedaço. Um acessório tão imensamente novo que as pessoas faziam questão de caminhar pela rua com o celular na mão ou na pochete. Algo assim: celular, eu tenho um! É o charme da novidade. Stephan Klein em seu livro de neurociências "A fórmula da felicidade" (não é auto-ajuda, é científico mesmo) falou exatamente disso. Todos nós somos atraídos pelo charme do novo. Quando depois de um tempo tudo fica igual, reina o tédio, uma das coisas que menos suportamos. Não acredita? Faz a conta....quantos modelos de celulares você já trocou desde que essa novidade ficou "velha". O tédio é um dos piores sentimentos e segundo Klein, por isso precisamos fofocar sobre celebridades, necessitamos da TV, ver a moda e as vezes até de desafios. Exatamente para contrabalançar o tédio que a natureza equipou o ser humano com uma característica crucial, a curiosidade, para que as pessoas possam descobrir novidades. A curiosidade é uma das principais virtudes da personalidade porque quem tem curiosidade imediata sobre qualquer assunto é capaz de entusiarmar-se mais facilmente com as coisas. "A associação entre a curiosidade e o desejo é a origem da criatividade". Talvez por causa desse nosso apreço a novidade, explica-se o alto número de Dom Juans, que depois da conquista ficam entediados e partem para outra. Não são poucos os homens que arranjam amantes ou então comentam as infames piadinhas: carne nova no pedaço. E a pessoa é tanto mais curiosa, quanto mais afoita por novidade. Essa característica, fora dos relacionamentos, é super valorizada. A curiosidade nos move para frente, faz buscarmos alternativas, nos motiva a explorarmos o espaço. A curiosidade fez o homem ir para a lua e esse é o ano em que faz 40 anos que Armstrong pisou na superfície lunar, ainda que muitos não acreditem. Santos Dumont inventou o 14 bis. Afinal, além de buscar novidades, a curiosidade faz com que as pessoas as criem.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
O retorno de Jacko
Deram a uma cratera da lua o nome de Michael Jackson. Depois de sua morte, Jacko conseguiu superar sua própria celebridade. Que semaninha triller essa da morte dele. Jesus, Maria, José. A espetacularização do fim da vida de Jackson foi sobrenatural. Todos os canais de tv o tempo todo noticiaram tudo a respeito dele. No início eu até que achei legal e assisti um documentário a respeito. Viraram Michael do avesso. Fico imaginando se o Elvis Presley pudesse um dia sonhar que existiriam "velórios show". Muitas emissoras mudaram a programação só prá exibir o evento. E dê-lhe gente chorando, se esgoleando tresloucadamente por uma pessoa com que nunca trocou uma palavra. Talvez no velório do pai não vá estar tão mortificado.
Não é que sou contra o Michael. Até achava ele bacaninha e ja tentei fazer com os pés aquele passinho arrastado. Fico reticente com todo esse excesso de notícias, meu pai, parece até lavagem cerebral. Michael Jacskon já estava morto para muitos há muito tempo. E quando morreu de verdade, ele renasceu e as pessoas passaram a "regostar" das suas músicas. Com a morte, Jacko renasce. E Neverland vai ser construída na lua, bem naquela cratera lunar com seu nome. Porque na Terra, ele viveu no mais portentoso purgatório. Who's bad?
Não é que sou contra o Michael. Até achava ele bacaninha e ja tentei fazer com os pés aquele passinho arrastado. Fico reticente com todo esse excesso de notícias, meu pai, parece até lavagem cerebral. Michael Jacskon já estava morto para muitos há muito tempo. E quando morreu de verdade, ele renasceu e as pessoas passaram a "regostar" das suas músicas. Com a morte, Jacko renasce. E Neverland vai ser construída na lua, bem naquela cratera lunar com seu nome. Porque na Terra, ele viveu no mais portentoso purgatório. Who's bad?
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Gente invisível

Há algo de desafiador em se dispor a entrar na pele de um gari. Uma noite antes de eu ter de acordar de madrugada, me sentia nervosa e até cansada, só de pensar que eu teria de varrer ruas por seis horas ininterruptas, mas para imergir jornalisticamente, seria esta a minha peleja. Eu havia relido um resumo da tese de um psicólogo social, em que ele argumenta que as pessoas são percebidas mais pelas suas carreiras do que propriamente pelo "ser" e quem exerce certos trabalhos considerados subalternos se tornam meras "sombras social". Junto com os colegas de vassoura, me surpreendi por ter recebido sete "ois" de pessoas que me reconheceram. Mas eu via que eles viam a mim, depois de me identificarem e percebi que os garis realmente eram vistos, mas não enxergados, como se fossem transparentes, como se o uniforme verde os colocasse nivelados aos postes, como se fossem iguais as árvores. Mas eles adoram se sentir gente, e sentem isso cada vez que uma pessoa passa e diz "bom dia".
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Eu comi a vida
***eu nunca estou aqui, tampouco estou ali,,,na realidade, onde penso que estou é ilusão,,eu mergulho nas minhas ausências, como quem está piamente acreditando na presença de Deus no mundo real (Pita)
***Quando uma pessoa é o próprio núcleo, ela não tem mais divergências. Então ela é a solenidade de si própria, e não tem mais medo de consumir-se ao servir ao ritual consumidor - o ritual é o próprio processar-se da vida do núcleo, o ritual não é exterior a ele: o ritual é inerente (Clarice)
***nem desejo , nem desprezo..nao há como sentir desprezo se nao há o que desejar,,,gostaria de sentir,,,,alto tangente,,tátil...nao que corrói, mas que alimenta,,,um amor quente (pita)
*** somos criaturas que precisam mergulhar na profundidade para lá respirar, como o peixe mergulha na água para respirar, somos os que nadam" (Lispector).
***somos tudo o que fomos e o que havemos de ser em consoanância com tudo o que sentimos....seremos muito mais do que podemos ter sido,,,seremos nós mesmos se mergulharmos no fundo de nossas almas, igual peixes sob os oceanos (Pita)
*** tenho a certeza disto: de que as coisas todas se passam acima ou abaixo da dor. A dor não é o nome verdadeiro disso que a gente chama de dor (Lispector)
*** em minhas verdades abissais eu me desnudo perante o vácuo que sopra na minha cara, a face da dor. Ela faz em mim grandes sulcos, não de velhice, mas de sopros de dor que açoitam a fina tez esbranquiçada. Eu me ardo de medo do meu vazio (Pita)
*** então pela porta da danação, eu comi a vida e fui comida pela vida. Eu entendia que meu reino é deste mundo. E isto eu entendia pelo lado do inferno em mim. Pois em mim mesma eu vi como é o inferno.Pois em mim mesma eu vi como é o inferno.O inferno é a boca que morde e come a carne viva que tem sangue, e quem é comido uiva com o regozijo no olho: o inferno é a dor como gozo da matéria, e com o riso do gozo, as lágrimas escorrem de dor. E a lágrima que vem do riso de dor é o contrário da redenção. Eu via a inexorabilidade da barata com sua máscara de ritual. Eu via que o inferno era isso: a aceitação cruel da dor, a solene falta de piedade pelo próprio destino, amar mais o ritual de vida que a si próprio - esse era o inferno, onde quem comia a cara viva do outro espojava-se na alegria da dor. (Lispector)
***Quando uma pessoa é o próprio núcleo, ela não tem mais divergências. Então ela é a solenidade de si própria, e não tem mais medo de consumir-se ao servir ao ritual consumidor - o ritual é o próprio processar-se da vida do núcleo, o ritual não é exterior a ele: o ritual é inerente (Clarice)
***nem desejo , nem desprezo..nao há como sentir desprezo se nao há o que desejar,,,gostaria de sentir,,,,alto tangente,,tátil...nao que corrói, mas que alimenta,,,um amor quente (pita)
*** somos criaturas que precisam mergulhar na profundidade para lá respirar, como o peixe mergulha na água para respirar, somos os que nadam" (Lispector).
***somos tudo o que fomos e o que havemos de ser em consoanância com tudo o que sentimos....seremos muito mais do que podemos ter sido,,,seremos nós mesmos se mergulharmos no fundo de nossas almas, igual peixes sob os oceanos (Pita)
*** tenho a certeza disto: de que as coisas todas se passam acima ou abaixo da dor. A dor não é o nome verdadeiro disso que a gente chama de dor (Lispector)
*** em minhas verdades abissais eu me desnudo perante o vácuo que sopra na minha cara, a face da dor. Ela faz em mim grandes sulcos, não de velhice, mas de sopros de dor que açoitam a fina tez esbranquiçada. Eu me ardo de medo do meu vazio (Pita)
*** então pela porta da danação, eu comi a vida e fui comida pela vida. Eu entendia que meu reino é deste mundo. E isto eu entendia pelo lado do inferno em mim. Pois em mim mesma eu vi como é o inferno.Pois em mim mesma eu vi como é o inferno.O inferno é a boca que morde e come a carne viva que tem sangue, e quem é comido uiva com o regozijo no olho: o inferno é a dor como gozo da matéria, e com o riso do gozo, as lágrimas escorrem de dor. E a lágrima que vem do riso de dor é o contrário da redenção. Eu via a inexorabilidade da barata com sua máscara de ritual. Eu via que o inferno era isso: a aceitação cruel da dor, a solene falta de piedade pelo próprio destino, amar mais o ritual de vida que a si próprio - esse era o inferno, onde quem comia a cara viva do outro espojava-se na alegria da dor. (Lispector)
domingo, 7 de junho de 2009
Jogo Aberto comigo mesma
Principal traço de seu caráter?
Melancolia, preciso dela prá ser feliz!
Qualidade que mais admira num homem?
Admiro no homem o desejo insistente para encontrar uma mulher e a proteger!
Admiro no homem o desejo insistente para encontrar uma mulher e a proteger!
Qualidade que deseja encontrar numa mulher?
Não desejo encontrar nada nas outras, tudo em mim. Mas talvez, uma sincera amizade de mulher, sem concorrência feminina
O que mais aprecia em seus amigos?
O fato de poderem largar o que estão fazendo e prestar atenção nas nossas palavras, quando estamos tristes. O fato de ouvir genuinamente.
O fato de poderem largar o que estão fazendo e prestar atenção nas nossas palavras, quando estamos tristes. O fato de ouvir genuinamente.
Seu principal defeito?
Não conseguir seguir a dieta até o fim.
Ocupação preferida?
Ler
Sonho de felicidade?
Passar dias inteiros mergulhada no amor com alguém. E que ninguém me acorde. Quero morrer assim.
Qual seria sua maior infelicidade?
A companhia da minha solidão. Ela é meu chiclé. Ela me leva a tiracolo!
O que desejaria ser?
Uma criança que não pensa na felicidade. Ela está tão entretida sendo feliz, que não tem tempo para pensar sobre o assunto.
Em que país gostaria de viver?
Eu criaria a Pitolândia. Iria ter alma gêmea para todo mundo. E maná caido dos céus. Iria ter só ter uma escola. O Colégio da Felicidade.
Eu criaria a Pitolândia. Iria ter alma gêmea para todo mundo. E maná caido dos céus. Iria ter só ter uma escola. O Colégio da Felicidade.
A cor de sua preferência?
O rubor das minhas faces quando fico feliz
O rubor das minhas faces quando fico feliz
A flor de que mais gosta?
As que florescem na primavera, se permitindo o ciclo de ir e vir.
As que florescem na primavera, se permitindo o ciclo de ir e vir.
O pássaro de que mais gosta?
Os que assobiam todas as formas de melodia, orquestrando suas próprias vidas. São exemplos para que a gente cante também.
Heróis na vida real?
Não tenho heróis. Gosto dos homens anônimos que da pobreza se sentem felizes com o próprio destino. Se o destino não foi gente fina com eles, eles ousaram o desobedecer e são felizes mesmo assim. Digo isso porque essa semana entrevistei uma família que invadiu um ex-posto de saúde. Uma familia miserável, com três cobertores para esse inverno rigoroso. Eu indaguei: senhora, você é feliz? Ela disse: eu sou.
Não tenho heróis. Gosto dos homens anônimos que da pobreza se sentem felizes com o próprio destino. Se o destino não foi gente fina com eles, eles ousaram o desobedecer e são felizes mesmo assim. Digo isso porque essa semana entrevistei uma família que invadiu um ex-posto de saúde. Uma familia miserável, com três cobertores para esse inverno rigoroso. Eu indaguei: senhora, você é feliz? Ela disse: eu sou.
O que detesta?
Detesto essa minha mania de querer me desvencilhar da solidão. Queria me acostumar e me amansar com ela. Mas eu me acostumo mas não me amanso!
A reforma que considera necessária?
Detesto essa minha mania de querer me desvencilhar da solidão. Queria me acostumar e me amansar com ela. Mas eu me acostumo mas não me amanso!
A reforma que considera necessária?
Toda reforma de interior. De alma
O dom da natureza que gostaria de possuir?
De enfeitiçar o tempo
Como gostaria de morrer?
Dormindo!
Dormindo!
Qual é o seu atual estado de espírito?
O mesmo de sempre, paradoxalmente melancólico e extrovertido.
O mesmo de sempre, paradoxalmente melancólico e extrovertido.
Erros que mais lhe inspiram indulgência?
Quem erra pensando em acertar.
Quem erra pensando em acertar.
Seu lema pessoal?
Ninguém é o mesmo, mesmo que se repita! (Carpinejar)
Ninguém é o mesmo, mesmo que se repita! (Carpinejar)
A felicidade é uma festa de crianças cheia de adultos!
Tanta gente já definiu a felicidade. Vivemos tentando conceituá-la até porque verbalizar um pouco desse sentimento faz com que ela fique mais tangível, mais à nossa espera. Mas ela é fluida, como um gás hélio, difícil de pegar, mas capaz de encher os balões mais belos que pululam pelo ar. A felicidade pode ser tão remota, mas também muito simples. Eu percebi que ela é uma festa de crianças cheia de sorrisos animados. E os presentes são apenas a cereja do bolo. Eles foram parte do complemento mas o essencial é perceber que alguém é feliz por protagonizar uma festa que gera diversão a todos.
Na festa de aniversário de dez anos da Marianna, foram 12 horas ininterruptas de olhares brilhantes. Primeiro com as crianças durante a tarde. E a noite foi a vez dos adultos. Uma festa de criança com adultos? Sim, eles pareciam crianças!
É apropriado observar que quando a dona Miriam - a agitadora oficial - distribuiu perucas e fantasias, o pessoal entusiasmou-se mais. Parece que escamoteados pelos acessórios, eles se deram o direito de "abrir as asas e soltar suas feras". A felicidade é uma festa de criança cheia de sorrisos. De adultos inclusive!
TANTAS FRASES PARA UM SÓ SENTIMENTO
*** "Se considero quanto me custa a idéia de deixar a vida, devo ter sido mais feliz do que pensava."- Autor: Claude Aveline
*** Os homens que procuram a felicidade são como os embriagados que não conseguem encontrar a própria casa, apesar de saberem que a têm."- Autor: Voltaire
*** "A felicidade está fora da felicidade."- Autor: Fernando Pessoa
***"A felicidade é salutar para o corpo, mas só a dor robustece o espírito."- Autor: Marcel Proust*
*** "Se quiséssemos ser apenas felizes, isso não seria difícil. Mas como queremos ficar mais felizes do que os outros, é difícil, porque achamos os outros mais felizes do que realmente são."- Autor: Baron de Montesquieu
***É preciso tentar ser feliz, nem que seja apenas para dar o exemplo."- Autor: Jacques Prévert
***A felicidade é um problema individual. (Freud)
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Quem sai na sexta está na pista para negócio!
sábado, 30 de maio de 2009
Um pouco eu, um pouco ela
* Sou emblemática. Eu marco em mim na carne as minhas dores. Depois, na sucessão dos dias, eu volto atrás e lembro como fiquei agoniada ante a minha lástima. Eu não consigo esquecer de mim, me deixar guardada na prateleira e sair comigo sem me ter a tiracolo, para encarar o sol com a leveza, das desdores. Eu queria me interromper. (Pita)
* Eu não tenho enredo.Sou inopinadamente fragmentária. Sou aos poucos. Minha história é viver. E eu só sei viver as coisas quando já as vivi. (Clarice)
* O que 'não sei' dizer é mais importante do que eu digo " (Clarice)
* O que eu digo não faz calar a minha alma, que tem sempre necessidade de repetir as palavras, como se o fato de verbalizá-las, fosse fazer meus sonhos se concretizarem. (Pita)
* "Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão....tranqüilidade e inconstância, pedra e coração." (clarice)
* Não consigo me definir com a ressonância das palavras. Quando creio que sei o que sou, vem o meu eu e muda a opinião que há em mim. Eu bagunço meu pensamento com meus desejos, quero-os todos, quero-os tortos. Há um clamor imediato, estático e recorrente. Não sou eu, é minha alma que brada. Em seu silêncio retumbante, ela espirra a necessidade: amor. Mora. Não ali. (Pita)
*********************
CLARISSANDICES (A estrela sem hora )
A história de Macabea fascina porque assomba. Nunca vi alguém tão acostumada a ser ninguém. Ela, que estava habituada a esquecer de si mesma. Nunca quebrava seus hábitos, tinha medo de inventar. Ela que não conhecia a tristeza, porque a tristeza era um luxo, era coisa de quem podia chorar. Ela que de um modo geral, não se preocupava com o próprio futuro. Ter futuro era luxo.
Macabéa era, como bem definiu seu namorado, que também pouca sombra fazia no chão, dizia: Macabéa é um cabelo na sopa, não dá vontade de comer. Ela tinha fome de ser outro. Não tinha anjo da guarda, mas se arranjava como podia. Macabea achava Gloria, sua amiga um estardalhaço de viver. E se doía o tempo todo por dentro. Macabea nunca tinha tido coragem de ter esperança. Essa pelo menos eu tenho. Sou uma pessoa grávida de futuro. Devo lutar como quem se afoga, mesmo que eu morra depois. A morte é um encontro consigo. E se eu morrer? Morrer é um instante, passa logo.
* As coisas estavam de algum modo tão boas que podiam se tornar muito ruins porque o que amadurece plenamente pode apodrecer.
(Show de bola essa constatação. Você não tem medo de quando uma coisa sua está muito feliz, você não tem medo de que isso é bom demais que logo vai acabar? E parece que estar embaixo, estar menos feliz é sua condição normal, portanto estar muito feliz é uma forma de estar infeliz)
* A eternidade é o estado das coisas neste momento
* Que se há de fazer com a verdade que todo mundo é um pouco triste e um pouco só
* Quem cai, do chão não passa
* Me dou mal com a repetição: a rotina me afasta de minhas possíveis novidades
*Quem não se enfeita, por si mesmo se enjeita
* Sentia em si uma esperança tão violenta como jamais sentiu tamanho desespero.
* O Ao dar o passo de descida da calçada, o destino atravessou a rua e sussurou veloz e guloso: é agora, é já, chegou minha vez. O destino havia escolhido para ela um beco no escuro e uma sarjeta.
* Fui longe demais e já não posso mais retroceder.
* Eu não tenho enredo.Sou inopinadamente fragmentária. Sou aos poucos. Minha história é viver. E eu só sei viver as coisas quando já as vivi. (Clarice)
* O que 'não sei' dizer é mais importante do que eu digo " (Clarice)
* O que eu digo não faz calar a minha alma, que tem sempre necessidade de repetir as palavras, como se o fato de verbalizá-las, fosse fazer meus sonhos se concretizarem. (Pita)
* "Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão....tranqüilidade e inconstância, pedra e coração." (clarice)
* Não consigo me definir com a ressonância das palavras. Quando creio que sei o que sou, vem o meu eu e muda a opinião que há em mim. Eu bagunço meu pensamento com meus desejos, quero-os todos, quero-os tortos. Há um clamor imediato, estático e recorrente. Não sou eu, é minha alma que brada. Em seu silêncio retumbante, ela espirra a necessidade: amor. Mora. Não ali. (Pita)
*********************
CLARISSANDICES (A estrela sem hora )
A história de Macabea fascina porque assomba. Nunca vi alguém tão acostumada a ser ninguém. Ela, que estava habituada a esquecer de si mesma. Nunca quebrava seus hábitos, tinha medo de inventar. Ela que não conhecia a tristeza, porque a tristeza era um luxo, era coisa de quem podia chorar. Ela que de um modo geral, não se preocupava com o próprio futuro. Ter futuro era luxo.
Macabéa era, como bem definiu seu namorado, que também pouca sombra fazia no chão, dizia: Macabéa é um cabelo na sopa, não dá vontade de comer. Ela tinha fome de ser outro. Não tinha anjo da guarda, mas se arranjava como podia. Macabea achava Gloria, sua amiga um estardalhaço de viver. E se doía o tempo todo por dentro. Macabea nunca tinha tido coragem de ter esperança. Essa pelo menos eu tenho. Sou uma pessoa grávida de futuro. Devo lutar como quem se afoga, mesmo que eu morra depois. A morte é um encontro consigo. E se eu morrer? Morrer é um instante, passa logo.
* As coisas estavam de algum modo tão boas que podiam se tornar muito ruins porque o que amadurece plenamente pode apodrecer.
(Show de bola essa constatação. Você não tem medo de quando uma coisa sua está muito feliz, você não tem medo de que isso é bom demais que logo vai acabar? E parece que estar embaixo, estar menos feliz é sua condição normal, portanto estar muito feliz é uma forma de estar infeliz)
* A eternidade é o estado das coisas neste momento
* Que se há de fazer com a verdade que todo mundo é um pouco triste e um pouco só
* Quem cai, do chão não passa
* Me dou mal com a repetição: a rotina me afasta de minhas possíveis novidades
*Quem não se enfeita, por si mesmo se enjeita
* Sentia em si uma esperança tão violenta como jamais sentiu tamanho desespero.
* O Ao dar o passo de descida da calçada, o destino atravessou a rua e sussurou veloz e guloso: é agora, é já, chegou minha vez. O destino havia escolhido para ela um beco no escuro e uma sarjeta.
* Fui longe demais e já não posso mais retroceder.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Com jeitinho


domingo, 17 de maio de 2009
Dia de solidão
Não gosto do domingo que me faz perceber minha bruta solidão , tampouco da segunda-feira, dia de ir pro mundo e laborar, sabendo que o domingo não foi de amar!!
sábado, 16 de maio de 2009
A distância torna as coisas azuis
Quando eu era pequena, costumava ler dentro do roupeiro. Levava comigo uma lanterna com as pilhas fortes e me introduzia dentro de um mundo particular. Era ali que lia as histórias de Laura Ingalls, aquela do seriado Os Pioneiros, quem tem menos de 30 anos nem tente puxar pela memória, não vão lembrar mesmo. Dentro do cubículo, entronizada nas delgadas paredes daquele móvel roto e antigo eu conseguia me deslocar para campos verdejantes, travava contato com rostos sorridentes ou aventuras feéricas. Encarapitada nos cobertores, porque era exigência de mãe que eles não saíssem da li, eu me travestia dos personagens que lia. Nas minhas lembramças de infância, não me vem à mente momentos extremamente felizes com crianças de minha idade. Eu me reporto para aquele tempo e vejo o sabor da leitura meu assaz alimento. A vida depois passou tão rápido quanto as folhas manuseadas apressadamente de uma obra. Quinze, 19 e aos 23 lembro que pensei: como estou velha. Aos 26 me sentia uma idosa, a alguns passos de ser balzaquiana, eu suprimia a apreensão da idade. Os 30 chegaram e com ele, a saudosa lembrança dos tempos de outrora. E é aqui que quero comentar. Creio piamente que a gente idealiza as lembranças. Recordo de uma reportagem que li, com um senhor de Arroio do Meio, chamado Gente Boa. Tosco, humilde e vivido. Ele dizia que a distância torna as coisas azuis. Talvez Gente Boa, jamais tenha ouvido falar - e é certo que não - do astronauta russo Iuri Gagárin que do espaço sentenciou que a Terra era azul. Eu acredito que sim, que a distância e a isso estou me referindo ao espaço temporal modifica a cor dos acontecimentos passados. É natural nos pegarmos a dizer sempre no presente: "como nós éramos felizes, que saudades daquele tempo". E não nos damos conta de que aquele tempo poderia ser tão insípido quanto o gosto do chuchu ou então deleitoso quanto o agora. Mas a gente vivifica tanto na memória as sensações pretéritas que às vezes, desabonamos os nossos pequenos e atuais tormentos cotidianos ou nossas alegrias correntes. É legal trazer à tona o passado e todas as matizes de sentimentos os quais já vivemos, mas é recompensador açular a emoção para prender dentro da gente as sensações presentes, aquelas que pulsam na alma, sejam as que a gente desanca de dor ou aquelas em que nos regozijamos. Se a distância torna as coisas azuis, a proximidade pode ser fulgente.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Cena bucólica
A foto é em um dos municípios que ficam ao redor de Lajeado, uma paisagem verdejante e agreste encobre os segredos de dois irmãos que utilizam suas bucólicas noites para atos sexuais e o fazem sorrateiros à família. Em regiões interioranas, o incesto é mais comum do que se imagina. A união sexual entre pessoas da mesma família vem impregnada de mácula e despudor e se tudo que é proibido é perigoso, é verdade também que o fato de ser ilícito possa instigar, açular os desejos. E eu, como adoro histórias incastas, me bandeio para esses lados, onde o canto dos passáros encobre casos de amor impudicos.
domingo, 3 de maio de 2009
Como estou sendo

Incrustrado dentro de mim, todos os meus sonhos. Cheiro pelos cantos, os meus prazeres que estão escondidos, não os acho. Há tantos recônditos, que eu não encontro um sinal do amor. Um vestígio que seja. Há uma marca. Indélevel. Algo que regurgita na minha garganta, a marca de um desamor. A ausência de um ser me fere o flanco. Não me foi incumbido de amar. A solidão é inexpugnável, mas eu insisto contra ela. Eu existo. Eu quero ser sem ela. Eu quero me ter, vívida, amada, amante. Eu quero a alegria de conjugar qualquer verbo no plural. Sou pura pressa. Quero me perder no rumo de alguém. Assim, eu me aprumo. (Pita)
* Minha verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia. Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão.” (Clarice Lispector)
*Estou cansada da rotina de me ser..." (Clarice Lispector)
* Que minha solidão me sirva de companhia. Que eu tenha a coragem de me enfrentar. Que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. (Clarice)
* Minha verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia. Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão.” (Clarice Lispector)
*Estou cansada da rotina de me ser..." (Clarice Lispector)
* Que minha solidão me sirva de companhia. Que eu tenha a coragem de me enfrentar. Que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. (Clarice)
domingo, 26 de abril de 2009
Retirei do blog Páprica Doce e é um pensamento que compartilho:
"Aquilo que enxergamos nos outros e repugnamos, pois é exatamente o que temos de pior dentro de nós. Quando queremos fazer justiça com as próprias mãos, é porque temos que eliminar no outro aquilo que existe em nós. Por mais absolutista que Hobbes tenha sido em suas escrituras eis o legado: “Lê-te a ti mesmo”.Olhar para dentro de si e examinar o que estamos pensando é primordial para não cometermos injustiças, pois a sombra não é apenas uma sombra, é outro."
"Aquilo que enxergamos nos outros e repugnamos, pois é exatamente o que temos de pior dentro de nós. Quando queremos fazer justiça com as próprias mãos, é porque temos que eliminar no outro aquilo que existe em nós. Por mais absolutista que Hobbes tenha sido em suas escrituras eis o legado: “Lê-te a ti mesmo”.Olhar para dentro de si e examinar o que estamos pensando é primordial para não cometermos injustiças, pois a sombra não é apenas uma sombra, é outro."
sábado, 25 de abril de 2009
O Umbigo do mundo
Na pequena cidade de Jerash, Adrastéia, do segundo andar do pequeno mas bonito shopping , vislumbrava a estátua de ferro incompreensível e contemplava o corredor abaixo, onde as pessoas transitavam e com feições alegres ou indiferentes ao ambiente, murmuravam umas com as outras seus pequenos projetos cotidianos de vida. Uma ida ao mercado, compras nas butiques enfeitadas ou simplesmente, sentar na praça de alimentação para uma conversa descontraída. Adrastéia percebia tudo isso e enquanto observava cenas rotineiras seu rosto era inescrutável para aqueles que não a conheciam.
- Eu sou um projeto que não deu certo - dizia ela mentalmente para ela mesma. Eu, um fracasso público. Como tudo pôde dar tão errado na minha vida? - Vociferava ela com a voz presa na garganta, sem emitir um unico som sequer.
Todos os sons estavam dentro dela. Adrastéia, que em grego quer dizer "Aquela de quem não se pode fugir", teve seu nome selado por seu destino. Há uma semana, ela pensara em se matar. Tirar a vida seria abreviar seu sofrimento psíquico, uma enfermidade mais da alma do que física. Ela sentia-se imensamente só. Seus relacionamentos eram velozes como a descarga de um trovão. Ela sentia que não fora suprida de beleza. Seu corpo era fora do padrão e os primeiros sinais de expressão envolta dos olhos começavam a enfear sua tez. Adrastea era articulada, formada em Filosofia na faculdade de Jerash, gostava de ler Nietzsche, André Comte-Sponville e Arthur Schopenhauer, filósofo com o qual se identificava e inoculava as lições de que a vida é apenas uma passarela para a morte. A morte, que brinca um pouco com sua presa antes de comê-la.
Ali, naquele templo de consumo, o maior da região de Decapolis, ela sentia sua solitude maior do que o complexo de compras e divagava, enquanto esperava sua filha Marahanna sair do cinema. Há nove anos, quando sua filha nascera em outra cidade, fruto de uma união relâmpago com um homem a quem nunca amou, Adrastéia decidiu chamar sua menina por um nome que lhe soasse suave e belo mas que também apresentasse algum significado. Decidiu por Marahanna porque julgava quem em hindu significava "caminho do mar".
Adrastéia se sentia ínfima. Sem nenhum atrativo e nem qualquer valor. Não percebia chamar atenção dos homens. Não, ela não chamava. Ela queria sair de sua pele, poder sentir que era desejada e mais do que isso, que conseguiria levar um relacionamentoa diante. Ela queria perceber que todo seu ser seria amado por um homem, alguém a quem ela elegeria. Mas nunca foi assim. Adrastéia não era a que rejeitava, era a que era enjeitada.
- Todas as vezes eu fui rejeitada. Sempre foram eles, os homens que me negaram. Por que minha vida deu errado? Por que tinha de ser assim?Talvez seja melhor que ao contrário de melhorar minha estima, eu a piore ainda mais, porque só então eu não terei mais a pretensão de ter alguém ou ser feliz. Porque eu estarei com a autoestima tão em baixa que não ousaria querer reerguê-la.
A Teoria de Adrastéia era simples. Quando você não pode solucionar um problema, quando algo é tão maior do que sua alçada, então você passa a ignorá-lo. Um mendigo não está preocupado com a devastação na Amazônia, porque este é um problema que foge de sua alçada. O dilema dele é apenas arrumar comida para se sustentar no dia seguinte.
Adrastéia pensava na sua solidão e nas questões de vida e de morte. E também julgava que talvez estivesse nesse estado de espírito há anos, por se achar o umbigo do mundo. Para os gregos, o umbigo é o centro do mundo- Omphalós. Adrastéia foi retirada de suas reflexões mentais com a chegada de Marahanna. As duas então rumaram para casa. Logo findaria o dia e a noite expulsaria o sol do horizonte. Com sua dor pungente ela haveria de encontrar uma perspectiva. Sufocaria suas dores na leitura.
- Ler me tira a dor do mundo - resumiria ela em um dos seus escritos.
Ela pensa em Schopenhauer e se sente uma fôlha sêca que oscila no ramo de uma árvore, e sabe que no outono, será sua próxima queda. Ela acredita que vá sucumbir, mas quando a vida a engole até o poço, ela consegue navegar. Singra por todas as grutas dentro de si. E sabe que não pode titubear. Sua vida árida pode não representar muito para ela mesma, mas existe uma filha a quem ela deve conduzir até a entrada da idade adulta. Talvez depois ela se permita pensar no repouso da alma. Talvez ela ainda possa ter tempo de ser feliz. Ela espera. Ela não espera. Ela desespera.
- Eu sou um projeto que não deu certo - dizia ela mentalmente para ela mesma. Eu, um fracasso público. Como tudo pôde dar tão errado na minha vida? - Vociferava ela com a voz presa na garganta, sem emitir um unico som sequer.
Todos os sons estavam dentro dela. Adrastéia, que em grego quer dizer "Aquela de quem não se pode fugir", teve seu nome selado por seu destino. Há uma semana, ela pensara em se matar. Tirar a vida seria abreviar seu sofrimento psíquico, uma enfermidade mais da alma do que física. Ela sentia-se imensamente só. Seus relacionamentos eram velozes como a descarga de um trovão. Ela sentia que não fora suprida de beleza. Seu corpo era fora do padrão e os primeiros sinais de expressão envolta dos olhos começavam a enfear sua tez. Adrastea era articulada, formada em Filosofia na faculdade de Jerash, gostava de ler Nietzsche, André Comte-Sponville e Arthur Schopenhauer, filósofo com o qual se identificava e inoculava as lições de que a vida é apenas uma passarela para a morte. A morte, que brinca um pouco com sua presa antes de comê-la.
Ali, naquele templo de consumo, o maior da região de Decapolis, ela sentia sua solitude maior do que o complexo de compras e divagava, enquanto esperava sua filha Marahanna sair do cinema. Há nove anos, quando sua filha nascera em outra cidade, fruto de uma união relâmpago com um homem a quem nunca amou, Adrastéia decidiu chamar sua menina por um nome que lhe soasse suave e belo mas que também apresentasse algum significado. Decidiu por Marahanna porque julgava quem em hindu significava "caminho do mar".
Adrastéia se sentia ínfima. Sem nenhum atrativo e nem qualquer valor. Não percebia chamar atenção dos homens. Não, ela não chamava. Ela queria sair de sua pele, poder sentir que era desejada e mais do que isso, que conseguiria levar um relacionamentoa diante. Ela queria perceber que todo seu ser seria amado por um homem, alguém a quem ela elegeria. Mas nunca foi assim. Adrastéia não era a que rejeitava, era a que era enjeitada.
- Todas as vezes eu fui rejeitada. Sempre foram eles, os homens que me negaram. Por que minha vida deu errado? Por que tinha de ser assim?Talvez seja melhor que ao contrário de melhorar minha estima, eu a piore ainda mais, porque só então eu não terei mais a pretensão de ter alguém ou ser feliz. Porque eu estarei com a autoestima tão em baixa que não ousaria querer reerguê-la.
A Teoria de Adrastéia era simples. Quando você não pode solucionar um problema, quando algo é tão maior do que sua alçada, então você passa a ignorá-lo. Um mendigo não está preocupado com a devastação na Amazônia, porque este é um problema que foge de sua alçada. O dilema dele é apenas arrumar comida para se sustentar no dia seguinte.
Adrastéia pensava na sua solidão e nas questões de vida e de morte. E também julgava que talvez estivesse nesse estado de espírito há anos, por se achar o umbigo do mundo. Para os gregos, o umbigo é o centro do mundo- Omphalós. Adrastéia foi retirada de suas reflexões mentais com a chegada de Marahanna. As duas então rumaram para casa. Logo findaria o dia e a noite expulsaria o sol do horizonte. Com sua dor pungente ela haveria de encontrar uma perspectiva. Sufocaria suas dores na leitura.
- Ler me tira a dor do mundo - resumiria ela em um dos seus escritos.
Ela pensa em Schopenhauer e se sente uma fôlha sêca que oscila no ramo de uma árvore, e sabe que no outono, será sua próxima queda. Ela acredita que vá sucumbir, mas quando a vida a engole até o poço, ela consegue navegar. Singra por todas as grutas dentro de si. E sabe que não pode titubear. Sua vida árida pode não representar muito para ela mesma, mas existe uma filha a quem ela deve conduzir até a entrada da idade adulta. Talvez depois ela se permita pensar no repouso da alma. Talvez ela ainda possa ter tempo de ser feliz. Ela espera. Ela não espera. Ela desespera.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Hiato emocional
Tenha em mente que você tem um big terreno que está esperando árvores, flores e samambaias serem plantadas. No entanto, a área ainda é um trecho de terra seca e sem verde. Árida. Transfira esse terreno para dentro do coração. Esse vazio é o hiato emocional, aquele espaço que não tem jeito de ser preenchido, nem cenas românticas nem beijos enternecedores se vislumbram da janela da alma. Simplesmente porque não há ninguém na mente ou no vasto espaço cibernético para bancar o príncipe consorte de um coração que quer pulsar de forma mais forte. Nem na parte direita do cuore, nem na esquerda. Em nenhum dos ventrículos existe a menor menção de visualizar um mancebo. Que falta de enlevo. É chato voltar para casa depois de um dia cheio de trabalho e perceber que no lar, de pijama, você não tem mais nada a esperar. Vai tomar sua papinha dietética e vai dormir, sem os maravilhosos arroubos romanescos propagandeados pelos filmes de Holywood. Na sua cama box, que serve para dois corpos bem robustos, ninguém vai roubar a coberta ou te jogar para o canto. É a Síndrome do Berço Vazio. No hiato emocional você não chora por ninguém, não tem medo de ser traída, não se angustia com rompimentos, seu coração é igual a uma cratera: cheia de vácuo. Não há um cavaleiro-heroi. Tudo o que existe de grande e colorido é a imagem da tevê: é Faustão ampliando ainda mais a sua solidão, no domingão insosso.
FOTO: A Síndrome do Berço Vazio assola corações
Assinar:
Postagens (Atom)