sábado, 14 de novembro de 2009

Diva e doida


Como um louvor nada santificado nas orações mas desapropriado para damas, ensandecida que sou, ainda assim sei ser diva sem ser divina. Apenas mulher real. Sou efemera. Porque meus pensamentos vêm e vão e não repousam no meu volátil querer. Imagens etéreas habitam cenas que enfeitiçam meu coração. Sou densa porque não consigo me esgueirar dos meus pontos obscuros que me cercam feito uma miríade de espelhos que refletem meu eu e meus nós internos. Eu sou diva porque tenho em mim a consciência do meu úmido desejo e da minha ávida insensatez que quer sugar lábios túrgidos. Eu sou doidivanas porque sigo auscultando o caminho do coração, ora pedregoso e situado rente a espinhos oníricos, mas que espetam na alma. Eu sou doida porque estou convencida que nada pode ser edificado sem um pouco de loucura e ademais, a cautela encarcera. Eu sou controversa porque me ramifico em mil sujeitos que se bifurcam como as arterias sanguíneas irrigando desejos do coração.

Nenhum comentário: