segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Chega de ser tigresa de unhas negras


Eu não sou feminista. Nem machista. Eu sou masculina e feminina. Já tive meus momentos frágeis, já tive meus momentos de rinoceronte. Ah quando estou com raiva viro uma jamanta.  Mas sou uma jamanta mulher. Vá La que eu não sou muito delicada. Eu nem combino com lenços de sedas finos. Mas eu sou mulher. Na academia, me dão menos peso no leg press. E se eu ousasse, até usaria saias. Porque eu sou mulher. E os homens, são homens. 

Eles não tem visão periférica, eles conseguem desenvolver músculos antes de nós, mas em compensação demoram muito mais para falar. Sendo assim, existe sim diferença entre os gêneros. Que diacho de igualdade entre sexos. Arre, eu fico arretada com esse enguiço na evolução feminina. Tudo começou quando elas queimaram sutiã em praça pública, em 1960, para protestar contra a opressão masculina. Desde então, não tivemos mais sossego. Hordas de mulheres empoderadas incitaram o protesto: temos direitos iguais. E toda calcinha se viu no direito de comprar essa briga. Vivemos um turbilhão de eventos que nos levam e obrigam a ser modernas, independentes, decididas e objetivas. Nunca mais tivemos direito de ser dependentes e frágeis emocionalmente. Eu quero meu direito de volta. Necessito ter um colo masculino, chorar, sentir-me protegida e de um homem que ajude-me a administrar as contas. Eu não sei usar cartão de crédito. Não sei se ele é de débito ou crédito. Burra às pampas. Nem quero que o homem pague, afinal tenho necessidade de ser parceira na hora de batalhar. Aliás, nem sei se quero homem. Mas quero ter o direito de se quiser tê-lo, saber que ele é parceiro. Mas putz, desejo que ele me diga: "amor, não esqueça, hoje vence o seu carnê, posso pagar a você." Eu nem exijo direitos tão iguais. Até porque com tanta evolução, ainda ganhamos 30 por cento menos na folha salarial para exercer a mesma e competente função no mercado de trabalho. Aqui no Vale do Taquari, nós temos de trabalhar oito dias a mais do que eles, suando a camiseta para igualar os salários.

Mas com essa lenga-lenga de: “você é mulher, não queria direitos iguais? Agora agüenta, vamos rachar a conta”, os homens pegaram no nosso calcanhar de Aquiles.

Eu não quero rachar a conta. Quero ser tão interessante para ele que ele não se importe de – pelo menos nas primeiras vezes, até estabelecer a conquista – pagar a minha parte. Careta? Ridícula? Estúpida? Insensata? Não. Mulher. Eu nunca vou ser igual as eles. Eu nasci com meus quadris largos demais. Faz parte do parto. Eu sou de Vênus, ele é de Marte. Quando se aborrecem, eles querem silêncio e solidão. Já entre elas, as preocupações resultam na matraca desenfreada, pois falando acalmam-se. O ego masculino é movido à base de conquistas - o feminino é pura emoção, ja segredou o escritor John Gray.

Quer uma prova de que os gêneros jamais se equipararão? Diálogo. A mulher fala uma coisa, o homem entende outra. Isso não significa que a gente não possa votar, ser delegadas, promotoras e presidentes.. Não significa que eles não possam trocar as fraldas de seus filhos e ajudar nas tarefas em casa. Afinal, o tempo das cavernas ja passou e eles já não caçam javalis a unha. E nem nós ficamos acocoradas fazendo “uh, uh” parindo filho sobres filhos. Nós nos civilizamos. Eu ate acho que a gente deveria ganhar salários iguais. Afinal, quando toca no bolso eu vou sempre puxar a brasa para o meu assado. Sou mulher, não sou boba.

Mas pôxa, com essa balela de direitos iguais eu preciso cair matando em cima de um macho alfa, porque assim se porta uma mulher independente. Eu, hein.Quero ter direito a usar lingerie de algodão bem simples e confortável. E vou te falar, eu uso calçola. Aqui na redação, todo mundo sabe e debocha da minha cara. Ou seria dos meus glúteos? Não suporto fazer o tipo mulher fatal, independente, autossuficiente que sabe insinuar-se perante rendas finíssimas e um bumbum irretocável, próprio para usar fio dental. Eu nem sei fazer direito baliza e que mal há nisso? É antropológico não saber. Não tenho a mesma percepção espacial dos homens. Sou mulher. Desde o mundo das cavernas é assim, porque agora eu preciso ser braço na direção. Pinóia. Não tenho essa obrigação. Quero ser tratada como rainha do lar quando estou no lar. Sim, adoro trabalhar fora, ser eficiente na minha função, não sou de forma alguma subserviente. Tenho minhas opiniões, muitas são contudentes.

Mas eu não quero ser super mulher todos os dias. E eu quero homem que chore, mas que troque o pneu do carro. Não precisa ser tão macho a ponto de gerar uma Maria da Penha. Hay que ser macho sem perder a sensibilidade. E eu, hey de ser mulher sem perder a dependência. Inha, meu nome é Mariazinha. Amélia da calçola grande. Eu troco meus dias de tigresa de unhas negras por uma pacífica existência de gatinha manhosa. Miau.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Carne para nosso repasto


 É tanto “mimimi” cercando o tal BBB que transbordo minha ojeriza.. Fico com nojo dos que são a favor e também  dos que são contra. No fundo, só valorizo os que estão  indiferentes,embora eu mesma não seja indiferente. Ora sou a favor, ora me tapo de asco.
A pessoa indiferente está tão acima da audiência e da desistência (de assistir) que nem toma conhecimento. Ela silencia não porque não quer travar um embate, ela silencia porque para ela o BBB é tão importante quanto a situação dos apenados russos que cumpriam condenação na Sibéria. Ei, algum de nós já parou para pensar o que existia há algumas décadas no inferno gelado dos gulags? Nem aqui nem na China pensamos nisso. Porque não nos interessa, não desejamos levantar debate. Quando não interessa, você não se irrita. Porque se irritar é tomar conhecimento.
Osho – que é um guru controvertido – disse que qualquer coisa que a sociedade respeita se torna alimento para o ego. E as pessoas estão prontas para fazer qualquer coisa estúpida. A única alegria é que isso trará respeitabilidade. Eu digo que se não te trouxer respeito, vai servir para te trazer o avesso do respeito, mas mesmo assim é um sentimento: você está sendo visto, olhado, escrutinado.  Uma vida inobservada é o verdadeiro horror de todos nós. E não me digam que não, porque somos todos humanos. Faça um censo interno tendo Cristo como questionador: qual de vós, se fosse convidado para participar do BBB direis não? Pode ser outro tipo de show da realidade, qual de vós recusareis? Não é pelo dinheiro. Tem muita gente milionária que toparia entrar na casa ou no alçapão de alguma emissora. Pela sensação de importância que ela confere.
Renato Zanellla é um sociólogo com tendência para a filosofia e eu gosto de escutá-lo nas coisas mais bestas ou importantes da vida.  Eu já propus a ele que fizéssemos uma “Confraria de Assuntos Aleatórios” dentro do cemitério, porque é perto da morte que se pensa na vida. Ela nunca disse “sim”, todavia, enfatizou  algo intrigante sobre o Big Brother. O BBB atrai pela identificação e afasta pelo estranhamento e cativa audiência pelos dois.  É uma cultura inútil? Se serve para você se comparar, não.  Quando você assiste, inconscientemente se pergunta: até que ponto sou encantador como este fulano ou totalmente sem noção como este sicrano?
BBB é só um nome, pode ser outro programa que aglutina um monte de pessoas em um recipiente humano.  Você assiste ao programa porque quer ver a reação dos caras ou das gurias. Você se coloca ali no meio deles. Você, queria ter um diferencial tão importante a ponto de ser escolhido. Mas você é só platéia, então liga a TV e começa: “Bah, mas esse cara está comendo como um escroto. Será que eu seria assim?” Ou. “Caraca, mas essa guria parece uma vadia. Eu seria diferente.”
Esse olhar social que o Zanella me fez ver que existe é legal. Tá, mas e aquelas pessoas que não são tão instruídas, elas vão ter essa visão sociológica? Não sei, eu não estou no corpo delas, eu já desbravei a teoria das cavernas de Platão. Mas eu estou certa de que  nós precisamos de pão e circo. Mesmo os mais intelectuais. “Nada mais alienante que o excesso de saber” Se a falta de informação é alienante, o excesso também. Aquele que está tão no alto da erudição não desce para os braços do povo, não consegue acompanhar o termômetro da sociedade. Eu não estou defendendo o BBB, até porque prefiro outro programa do estilo chamado Mulheres Ricas.Me aboleto no sofá e fico do início ao fim e isso não me fará mais estúpida. Já sou intelectualizada e posso me dar ao luxo de curtir bobagens. Reality não me influenciará para o mal. E nem para o bem. Não me fará nada.
Me intriga não o fato de tanta gente assistir, mas a polêmica orbitando o assunto. O BBB é o coliseu romano. Os EUA também tem o seu coliseu, todos os países possuem algo no estilo “panis et circences.”
Em Roma ser gladiador era caminho rápido para a ascensão social. A  psicanalista paulista Marion Minerbo escreveu que a entrada no Coliseu era gratuita, e as pessoas da platéia podiam apostar no seu favorito. A gladiatura era tema das conversas no dia-a-dia.  “Como na gladiatura, o reality show oferece carne humana para nosso repasto. Somos também o leão na arena”,  salientou a doutora em seus escritos prá lá de interessante. Foi na definição dela que me achei. Nós somos os devoradores da carne humana. Queremos nos alimentar de um espetáculo real. Ok, as pessoas dos realitys podem jogar até certo ponto, mas como diz a psicanalista, sem roteiro, ninguém foge ao que é - ninguém pode ser muito diferente do que determina seu inconsciente. Sendo o que são, elas são lançadas a nós, devoradores: “Como esse cara é medíocre” – dissemos nós. “Como ela é fútil” – nos pavoneamos nós, de novo. Como somos superiores. Mas eles são nós. Só que eles estão na tela. Entre eles e nós,  a diferença é que nos falta a audiência.. Na gladiatura moderna, nós precisamos ser  atores e plateia – ou leões e gladiadores. E como frisa  Marion Minerbo, é uma gladiatura  feita sob  medida para nós. Vá La agora e ligue o som no volume máximo. Escute Mutantes: “Soltei os tigres e os leões nos quintais, mas as pessoas na sala de jantar, são ocupadas em nascer e morrer”. Panis ET Circenses. Não tem pão? Deem-lhe humanos.
Ta mas você leu ate aqui e ainda não entendeu se sou contra ou a favor né. Deixa o BBB na televisão.  Só me irrita que a gente fale tanto nele.  Eu me irrito comigo. 


PS: O homem é um animal sem precedentes. Nos metem na jaula, dão pão e bebida para nossos iguais para verem até que ponto chega a nossa decadência. E o pior disso tudo é que, faríamos exatamente igual se estivéssemos la dentro daquela casa. Nos embebedaríamos e daríamos o circo todo para a audiência. Somos ruminantes, bípedes sem moral. Maluf estava certo: estupra, mas não mata (a audiência)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Vale do Taquari tem mercado para os neossexuais

O novo homem é macho e vaidoso. Mas não tanto quanto o metrossexual. Eles são cuidadosos com a aparência. Os homens modernos costumam atrair mulheres em decorrência da sua autoconfiança. São vaidosos sem perder a masculinidade. Preocupam-se com a saúde, os exercícios e vão sempre ao mesmo cabeleireiro. O Vale tem potencial neossexual...

Não é preciso ser do mundo rosa para fazer  da vaidade o seu ponto de harmonia. Os homens descobriram há algumas décadas que podem ser machos, afetuosos e lindos.  São os chamados “neossexuais”, uma categoria masculina que vem movimentando o mercado de cosméticos, salões de beleza e clínicas estéticas.  São másculos, sem perder a sensibilidade.  São viris, fortes e desejados. O contingente de vaidosos aumenta a cada ano. Quando vão ao salão de beleza, são exigentes com  o corte. Além disso, eles aderiram a depilação, pedicure e manicure. Pensa que as mulheres não gostam? Elas adoram homens caprichosos.. A vaidade masculina liberta de preconceitos  e o Brasil, país já tradicional quando o assunto é vaidade, ocupa a segunda posição do ranking feito pela Euromonitor de cosméticos para homens, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. 
Por que os homens estão se cuidando? Porque a sociedade se transformou e as mulheres mudaram. O estímulo da mulher ou da namorada conta muito nesta nova vaidade do sexo masculino. Elas estão mais exigentes, e eles querem agradá-las e a si mesmo.
 O Vale do Taquari é um nicho de mercado masculino. Os centros de beleza tem clientes fieis e os consultórios e clínicas estéticas, viram aumentar a freguesia  “de cueca”. A região , tem se revelado celeiro de belos homens. Todos eles é claro, dão devido valor à aparência, mas  tomam cuidado para não se tornarem obsessivos. Ser vaidoso sim, ser “metrossexual”, não. O segredo é o meio-termo. “Neossexual”. 
 Duvida? pergunte aos cabeleireiros. Luciano Farias diz que para o homem, a aparência saudável virou marketing pessoal.  E eles são mais fieis que elas nos salões.No centro de beleza de Luciano, a ala masculina é responsável por 80% tratamento facial.  O homem gosta de hidratar, tonificar e remover as células mortas da pele.Fazem esfoliações para remover manchas e o bronzeamento masculino já ultrapassou o das mulheres.   A depilação também é procurada. Axilas, virilhas, tórax e pernas.   O salão atende muitos homens loiros que fazem reconstituição do pelo.  O olhar fica mais marcante. Aqui em Lajeado, os homens bem-sucedidos são os que procuram zelar pela imagem.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Meus anti-herois sobem no pódium em 2012

Quarenta e oito horas depois da virada do ano eu decidi minhas resoluções de ano novo. E decidi isso num lampejo porque nunca, mas nunca mesmo me atribuo algum tipo de responsabilidade de um ano para outro. Se nunca dá certo de uma segunda para outra, imagine então esperar um ano para saber que fracassou.

 Por isso, o único foco desde ano, depois de passar a virada em casa e nem querer ser cumprimentada porque Oxala vai reinar, decidi virar a casaca. Vou trocar a casaca, porque depois de tanta comilança, perdi o cós. Estou me sentindo a sucursal da Cosuel e quando caminho mais aceleradamente, me dá a impressão de coxas se confrontando sendo roçadas no fino tecido da bermuda. Me sinto parte do livro do Jô Soares, As Esganadas. E com tanta revolta calórica que me atordoa o coração, decidi dar um tempo aos meus heróis: um ano. Pelo menos um ano não tentarei viver como Buda, nem incorporar o pensamento de Schopenhauer e bem capaz que vou ler Nietszche neste ano. Escolhi a dedo meus ídolos: Homer Simpsons, Sue, a treinadora do seriado Glee e Garfield. Este último é meio lugar comum, mas eu estou bem a fim de ser lugar-comum. Seja como for compartilho com ele a tese: “ Mostre-me uma pessoa que gosta de caminhar e eu lhe mostrarei uma estranha pessoa com gosto pela dor.”

O Garfield sabe exatamente a dicotomia da vida: os gordos odeiam amar a comida e os magros amam odiá-la. É por isso que sou como ele: prefiro calçar as botas a fazer exercícios. Faz um mês que estou na academia, não sinto amor pelo Leg-press ou pelo supino, conto os 30 minutos cravados que fico lá mas ainda tenho esperança de me viciar em endorfina. Serei do clube dos marombados, mas enquanto esse dia não chega, sou mais Garfield: Eu adoraria as manhãs, se elas começassem mais tarde!

Meu outro anti-heroi que vou cultuar ate o fim do ano bissexto: Homer, um pai de família americano rude, acima do peso, grosseiro e preguiçoso. Homer foi considerado o mais influente personagem de desenho na televisão. Homer é uma sátira da família americana, tudo nele é politicamente incorreto. É um “loser”. Nunca fui para os EUA mas pelo que vejo nos filmes os americanos tem uma obsessão por achar “losers” ou os perdedores. Alguém vai ser escolhido, principalmente se não tiver popularidade ou renda. No país da competição, viver de birita, de preguiça, com pouca grana como Homer não faria sucesso na faculdade ou High School.

Se não fosse protagonista de desenho famoso, Homer com certeza seria em um filme americano, no máximo o garçom obeso de uma cidadela quase abandonada. É esse o papel que dão a loser. Mas No fundo, Homer não se importa. Ele diz que a “ vingança é um prato que se come três vezes ao dia”.

E há nele uma filosofia inerente digna de ser citada nos anais dos losers: “A iniciativa é o primeiro passo para o fracasso”. Depois de anos e anos me servindo de profetas como Augusto Cury e Thimoty Robbins, descobri que Homer é meu guru. “Se algo é difícil de fazer, não vale a pena ser feito!” Bingo. É dele também a sábia orientação: “ Se algo está dando errado, culpe o cara que não fala inglês”. No nosso caso, vamos culpar aqueles que não falam português. Atenção nesse item, gente. Vamos culpar só quem não fala, porque se for quem não escreve, teremos um exército de culpados.
E por ultimo, Homer fez uma pergunta que eu nem sabia que existia. Mas depois que eu a vi, achei que não poderia viver sem ela: “ Deus, porque eu tenho que gastar 2 horas do domingo na igreja ouvindo as diferentes maneiras que irei para o inferno!”.

Garfield e Homer são personagens relativamente “velhos” para mim. No final do ano passado, vi pela primeira vez o seriado Glee, que obviamente foi liberado para a televisão aberta. E sim, eu vi Glee, apesar dos 40 anos, tenho alma de adolescente. Eu e minha filha ficávamos esperando ansiosamente as 11h de sábado para começar a série. E que ninguém ousasse nos tirar de lá. No início detestei até a morte, Sue Sylvester, a treinadora vilã. Insensata, insensível, egoísta, mas engraçada.Segundo a Desciclopédia, é mais macha que os vampiros do Crepúsculo juntos. Gosta de destruir os sonhos das outras pessoas a todo e qualquer preço, de tão ruim que é a personagem, ficam verossímil. Sue sabe que é casca grossa. Ela reconhece isso:

“” Mandei tirar as glândulas lacrimais … não usava elas mesmo ! É na arrogância que Sue faz seu palco filosófico com verdades abissais. E eu acho esta uma grande verdade: Não é fácil sair da zona de conforto .As pessoas vão acabar com você. Vão dizer que nem devia ter tentado.Mas escutem isso...Não há muita diferença entre um estádio cheio de fãs e um bando de gente te xingando. .Ambos estão apenas fazendo barulho.Como encarar isso é com você.Convença-se que estão torcendo por você.Se fizer isso,um dia,eles irão."

Não esqueci o Doutor House, considero sua filosofia inspiradora: “Qualquer um pode odiar a humanidade depois de levar um tiro. É necessário um grande homem para odiar antes disso.” Mas ele é viciado em Vicodin, que ele pega na farmácia do hospital. É um analgésico para tratamento de dor cronica, utilizado em pacientes com cancer. Não sou muito de narcóticos. Uso sertralina.
Meu pai de cabelos arrepiados na passagem do ano: parece o Homer  Simpson

Frases avessas

“Eu vou pedir a vocês que cheirem seus sovacos. Esse é o cheiro do fracasso e está contaminando meu escritório.” (Sue Sylvester – Glee)

“ Existem três frases curtas que levarão sua vida adiante: Não diga que fui eu!, Oh, boa idéia chefe! e Já estava assim quando cheguei”(Homer Simpson)
Ah, que bem me sinto hoje! Tenho vontade de ser amável com toda a gente. Deve haver algo de errado comigo ! (Garfield)

“Tudo que eu queria é apenas um dia no ano no qual eu não fosse visualmente agredida por feios e gordos. Essas retinas precisam de um dia de folga.” (Sue)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O que eu ainda não sabia e fiquei sabendo este ano sobre o Vale

Este foi o ano em que o Censo deu nome aos numeros do Vale do Taquari. Em todos os cantos da região, as estatísticas sinalizaram que melhoramos, mas que precisamos melhorar ainda mais.

***No Santo Antônio, bairro pobre de Lajeado, tem uma mulher que não se entrega para o destino. Terezinha luta pra colocar comiga na mesa para o filho dos outros.“Prefiro ver a criança levantar de barriga cheia da mesa. Eu me sinto feliz.”

 *** Ainda no Santo Antônio tem o clube de uma loira só que é prostituída, mas foi estuprada aos 11 anos. Era ciclista, mas já não pedala mais. Engordou a olhos vistos. Mas sua história comove. Hoje, diz ter síndrome do panico, mas se vira nos 30 para sobreviver.


*** Descobri que Itapuca é a cidade dos sem-banheiros: das 716 casas do município, 46 sequer tem banheiro, o que representa 6,4%. É um dos índices mais elevados do Estado. A gente de Itapuca tem o costume tão arraigado que dispensa o banheiro em favor da “latrina”. “Muita gente não quer o banheiro, continua utilizando a patente.”

*** Descobri que enquanto alguns municípios vivem a era do tablet, em Taquari, cidade que possui uma das maiores cooperativas de luz, 39 casas não possuem energia elétrica. É o maior número de barracos sem luz na região, representando 0,42%.


*** Descobri que em Sério está a terceira pior renda per capita. A população cultiva hortas para não gastar em supermercado, que no lugarejo é raro.

** Que em Travesseiro,  mais de 90% das pessoas tem a casa quitada. O repouso dos habitantes de Travesseiro é tranquilo porque ali quase todos tem casa própria. 


*** Estrela é a cidade da faxina. Imprime rigor na limpeza e coleta 98,76% do lixo segundo o Censo. A área rural também é contemplada

 *** Descobri que tem uam familia de colombianos refugiada em Lajeado. Eles fugiram do trafico no país deles. Estão sob a tutela das Organizações das  Nações Unidas e da Associação Antônio Vieira, braço da ONU no Rio Grande do Sul.  Um cadeirante colombiano fica trancado no aparamento e sem acessibilidad, aprende português pela televisão

*** No Vale do Taquari, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 53 casais gays foram contados pelo Censo. Das 38 cidades da região em 12 foram identificadas uniões estáveis homoafetivas. Em Lajeado, 29 casais.  Roca Sales surpreende: há quatro uniões estáveis declaradas no município de 10.250 habitantes.

***Nova Brescia  tem os homens mais ricos do vale. Eles ganham 2.298, enquanto a mulher 979. 

*** Descobri que Fazenda Vilanova tem o maior percentual de negros da região. Mas ainda assim é pouco: alemães e italianos dominam no Vale.

***Canudosdo Vale  abriga as mulheres mais ricas, que ganham 44% a mais do que a media geral.  Ou 1288.

** No Vale, de cada quatro casamentos, um fracassa: enquanto 1.125 pessoas casaram,  381 separaram.

*** Em Lajeado,  houve mais divórcios do que separações: 125 contra 56.  Mas um desamor não pode ser fatal.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Natal existe para aliviar nossa consciência

*** Eu fiz esse texto de um so fôlego. Sem corrigi-lo, sem mudar sequer uma palavra. Porque queria que ele saísse tal qual eu penso, como se fosse uma fotografia do pensamento, com todos os erros e defeitos a que tenho direito pensar. Nenhuma vírgula será mexida, quis captar o meu sentimento do momento, sem polir com palavras bonitas, sem botar panos quentes. E deu nisso...



Eu não sei o que pensar do Natal. Acho-o cruel porque as crianças pobres ficam com a maior vontade de ter um presente que não seja doado ou algo que seja novo mas que custe mais do que R$ 15 reais.Sim, porque quando a gente se dispõe a ser generoso, duvido muito que alguém se habilita a dar presente maior a 15, 20 ou R$ 50. É muito, a gente acha que pobre nem merece tanto. E quando porventura contribuímos com esse alto mimo, nos sentimos super bons, bacanas e evoluídos. Ou seja, os R$ 50 que gastamos com o queridinho nos fez melhor a nós do que propriamente a ele. Que Natal é esse então que a gente gasta, engorda e enrola os outros com a falácia da solidariedade?

O Natal é cruel porque traz em si a aura da família estruturada, que acalenta, que se adona da noite em uma mesa espetacularmente decorada com comida em abundância, pai, mãe e parentes sorrindo festejando a confraternização. Que bestialidade para quem tem pai alcoólatra, mãe com câncer e irmão deficiente. E nós, como já compramos a merreca do presentinho para o afilhado pobrezinho, nos isentamos da culpa da terrível noite alheia. Porque agora não é mais conosco. Já fizemos nossa parte adotando uma criança dos Correios e dando o que ela pediu na cartinha que no fundo, não roga apenas por um brinquedo singelo. Ela quer atenção, quer futuro. Ela quer acabar com os Natais, porque as datas evidenciam a desestrutura familiar dela e a colocam em cheque com outras famílias, nas quais se propagandeia o acalento. Mal sabe a criança, tadinha, que todas as famílias são tristes. Que o Natal é apenas uma propaganda de refrigerante. Que essa balela de celebração é tão inexistente quanto o velhinho.

Por favor, não estou sendo mordaz e nem árida. Eu simplesmente não dou bola para o Natal. Uma vez, eu ficava triste. Agora perdi a capacidade de me entristecer. Sou indiferente à época. Só me serve para sinalizar que o décimo-terceiro vem aí. E então fico satisfeita por ter um salário extra na conta que some em três dias porque tenho de comprar presente em nome do Natal.

Eu não me espiritualizo em dezembro. Não faço balanço mental do que fiz de bom ou de ruim como fazem os secretários de Lajeado avaliando o ano de suas pastas. Minha vida não é uma pasta e eu também não me iludo com a idéia de que vou mudar.

Eu choro. Mas choro por coisas simples, que me constrangem porque são lágrimas tão inusitadas que não dá para justificar uma certa sensibilidade.  Eu choro por dentro quando vejo uma criança pobre recebendo um presente da sociedade. Choro de tristeza mesmo. Eu sei que aquele presente não vai resgatá-la de sua vida desgraçada. Eu sei que a boneca, o carrinho, a bola ou o material escolar sem marca não vai redimi-la de uma família desestruturada.

Ela vai receber o presente do Noel. Vai sorrir para ele, a gente vai se aliviar na hora por pensar: está tudo bem, ela ganhou seu presente. Terá um bom Natal. Mentira. Prá começar, o presente foi dado a ela antes do Natal, não na noite natalina, na hora exata em que as famílias se unem para a celebração. A gente antecipa a celebração porque na data mesmo, estaremos com nossos parentes, lépidos e faceiros ou pseudofaceiros achando que fizemos nossa parte. Mintchura.

A boneca presenteada vai dar satisfação durante dois dias. Depois disso, o pai vai continuar alcoolizado, a mãe sem grana e a despensa vazia.  Mas nós fomos as boas pessoinhas natalinas. O Natal só presta pra aliviar nossa consciência suja.

Olha, eu acho que mesmo que seja uma boneca miserenta, a gente tem que dar. Mas mudança mesmo, mitigação da dor e da ruína humana, só com menos presente e mais esforço. Ou nós, presentes de corpo e alma na vida dessa gente. Mas isso a gente não faz. O presente físico é um presente caro demais. Deixemos para os poucos iluminados. Compremos o perdão e a autoindulgência à prestação. No crediário, o mundo prega a bondade. E dá ajuda em conta-gotas.
João Vitor tem 4 anos e ganhou um rancho do Papai Noel dos Correios. Toda familia vai se fartar. Ele retirou ansiosamente a bolacha do pacote e deu uma mordidona, se rindo todo...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Genética não é destino

Na terça-feira 13  ganhei meu presente de fim de ano. Ela me veio em forma de história de vida e tinha tudo para ser um brado lastimoso de um destino inglório.  Mas foi como se a história de seu Decker me injetasse um gás, uma dose extra de endorfina natural ou oral. Um pai, um marido e um representante comercial, ele, o melhor personagem de 2011, eleito por mim, numa história tão contagiante que não pude deixar propagar pela redação inteira. “Que história incrível.”

Seu Decker não tem os dois rins e há um ano e oito meses não faz xixi. Quando me  confrontei com sua história, assoviei  num pio de descrença: o queeeeeeeee, não tem rim? Impossível. Como que os médicos nunca me disseram que uma pessoa poderia viver sem rim?. É crível que as pessoas vivam sem olhos, mas o pior cego é aquele que não quer ver. No caso, eu, uma criatura tapada na frente do seu Decker, com cara abobalhada questionando três vezes: o queeeeeee, o senhor não faz xixi?

Não faz não. Imediatamente me veio aquela sensação incômoda de ter vontade de fazer xixi e não poder. Imaginei-o segurando a urina por dois dias.  48 horas, até encarar a sessão hemodiálise para retirar três litros de água. Seu Decker emagrece três quilos toda vez.  Entra na sessão com 77 quilos e sai com 74.  É o peso seco. Uma vigilância eterna.  Seu Decker tem que cravar nos 74. É o reloginho da boa-saúde.

Ele tem uma doença esdrúxula que nem faço questão decorar.  Me detive no efeito que ela produziu no seu corpo. Seu rim cresceu tanto que chegou a pesar cinco quilos. O outro, quatro. Ao todo, nove quilos de rins.  Situados um de cada lado no segmento da coluna lombar, faziam um peso desgraçado.  Para seu Decker, era como se estivesse grávido de rins. Trigêmeos dissera ele.

Depois que tirou os órgãos reprodutores de urina, desinflou.  E teve de aprender a fazer xixi pelas veias.  A hemodiálise é seu vaso sanitário. Só que ele não pode ir até o banheiro e arriar as calças e fazer pipi. Precisa esperar 48 horas. E precisa esperar também um rim. Um, dois, três anos e o cadáver-solidário não vem. Por três vezes bateu na trave, mas outras pessoas foram escolhidas.

Seu Decker não é filósofo. Mas por um destino congênito aprendeu a compilar a frustração.  Ele extirpou a derrota junto com os rins.  E no lugar colocou doses maciças de treinamento mental. Seu Decker foi acometido por muito mais mazelas do que a maioria das pessoas, todavia, ele tem as feições e o ar mais saudável do que a maioria dos pacientes. A façanha de Decker não é viver sem rins. A façanha de Decker é viver sem agonia.

Quando a gente faz matéria de pessoas que precisam de transplante, aparece alguém em cadeira de rodas ou debilitado, com o rosto triste e olhar de paisagem. Seu Decker não tem olhar de paisagem, seu decker nem depende do governo para sustentar sua família e uma casa bacana em Estrela. Ele não se encostou na previdência social.

Os rins cresceram e ele continuou trabalhado.  Ele vendeu filtro carregando os dois rebentos involuntários dentro da barriga.  Uma gestação muito maior do que nove meses.  E depois ele retirou-os e continuou trabalhando. E em vez de lastimar que teria de passar nove horas por semana na hemodiálise, fez das sessões sua sala de aula. Seu Decker é grávido de entusiasmo, isso cirurgia nenhuma tira dele. Ele fez de seus pensamentos um reino, não uma jaula. Setenta por cento das doenças são curadas pela mente, me diz ele. Seu Decker, que tem nome de ave, é um Aristóteles moderno.  Enquanto muitas pessoas entendem que a felicidade é algo aleatório que nos é dado por circunstancias externas, os pensadores gregos relacionavam a atitudes corretas: felicidade depende de uma postura ativa. Não somos fantoches das nossas doenças ou humores.  A neurociências já diz que um dos segredos  da felicidade está na possibilidade de controlarmos nossas emoções negativas.  O que Decker nos deixa de presente é uma prova cabal de que a infelicidade pode ser controlada, enquanto ser feliz é algo que podermos aprender. Genes, portanto, não equivale ao destino. Que o diga seu Decker.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Quem Não tem Colírio Usa Óculos Escuros

Homem pegador é narciso. Tudo o que ele quer é alguém para amar a beleza dele. Ele ama ser amado e não propriamente amar. A mulher pegadora também. É impressionante o efeito que a beleza faz em todos nós. A aparência é por si só a credencial para fazer o amor pulsar de dentro de uma mulher insegura.

Eu por, exemplo. Eu adoro os caras bonitos. Mas queria gostar tanto dos feinhos. Os feiosexuais deviam estar com tudo,porque são muito mais confiáveis e é possível dar mais crédito a eles do que aos pegadores contumazes. O pegador nunca vai gostar tanto a ponto de amar unicamente uma pessoa, porque eles amam o impacto que causam no mulherio. Sendo assim, fica difícil para eles manterem o foco em uma só. Porque eles precisam de mais, requerem atenção e estão sempre com predisposição para a novidade, uma nova gatinha, não porque querem amar, mas querem a possibilidade de serem amados: "oba, mais uma que me ama. Eu sou o cara."

Uma amiga minha um dia disse que o pegador se nota pelo papo. Os sérios não se atiram em cima da mulher e não expõem de cara suas intenções e nem que a moçoila mexeu com eles. Eles esperam para tirar o termômetro do efeito que causaram na mulher. Eles têm medo de dar a cara a tapa.

Os pegadores são  os bonitos. Os feios quando são apaixonantes, deixam de ser feios. E a maior virtude deles é serem encantadores e esforçarem-se para fazer o "amor bonito". Por serem considerados "feios", eles embelezam o amor e aí a relação passa a ser agradável aos dois, cheia de dedicação e romantismo. Ame um feio.Deixe de lado essa história de barriga tanquinho, olhos azuis, nariz grego. Use o travesseiro se precisar. Faça como já disse o velho e sábio Raulzito: deixe o colírio de lado, use óculos escuro. E vá no embalo do rock com seu amor-feinho: quem não tem colírio usa óculos escuro. A formiga só trabalha porque não sabe cantar.

O que fazer com caras pegadores? Dica da minha amiga: "seja indiferente, seja superior". Tenha uma atitude pró-você mesma tipo: "Todo mundo me paquera, você, pegador, é só mais um." É tanta coisa no menu que eles não sabem o que fazer. Seja linha dura. Predadores adoram uma disputa e vão te valorizar. Ou não.

Mas os caras sérios se importam realmente com sua indiferença, eles se sentirão inferiores, se abalarão com o fato de você não dar bola a eles, é um baque na auto estima.

Mas por que a gente se atrai pelos pegadores? Porque é bacana entrar na dança dos sedutores, eles são muito mais melosos e enfatizam muito mais tuas características legais do que os caras sérios, então a gente se sente especial, tendo a atenção de um  homem assediado. Temos a mania de idealizar os pegadores porque não dá tempo de vermos os defeitos deles. Eles somem antes. É assim: pegadores ficam na tua vida até perceberem que você foi conquistada, depois desaparecem deixando as vítimas desasadas. Então nesse tempo ele supre a carência de atenção, de ser querida por alguém. Só que expira o tempo deles antes que você descubra se ele era tudo isso que você queria. Há muito mais de confiabilidade e tolerância em um homem não-lindo. Os não-belos se esforçam mais. Isso não é um conselho, é só uma crônica. Leve a sério ou não, se quiser. Só te digo uma coisa, confie no filtro solar. E no Pedro Bial, que já foi um pegador.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pentelhas inteligentes


Nunca tive instinto materno. Jamais pensei em ter filhos.  Ah, deixem-me ser politicamente incorreta. E insintivamente incorreta. Não sigo a cartilha do espermatozoide vencedor.
 Eu achava que eu era uma pessoa desse modelo econômico. Mas Marianna veio há 12 anos sem planejamento e após eu ter engordado 31 quilos. Sim, eu estava uma leitoa e mãe solteira, não é assim tambem, eu morei com o pai dela no Rio de Janeiro. Bem, pelo menos foi no Rio. As tramas que o destino tece sem que a gente se de conta. Descobri o instinto oculto.

As crianças são lindas e pentelhas. Faz parte do encanto pueril. Quando nascem, é mentira que possuem “cara de joelho”. Sempre fico procurado o joelho nas feições dos bebês e nunca encontro. É verdade que para mim, os bebês são parecidos aos chineses: todos quase iguais. Mas não, joelho não. Joelho não tem cabelo e a maioria dos nenéns que vi ultimamente são bem cabeludos.

Mas o bebê cresce e utiliza a lógica. Eu fico impressionada com a inteligência e o sarcasmo contido em algumas respostas infantis. Penso: “porque não pensei nisso”. Se você quer uma resposta sarcástica, pergunte a um baixinho. Ele te diz ironias na cara sem pestanejar. Você permanece sem reação imaginando que a resposta seja fruto de uma santa inocência. Balela. Criança tem outra por dentro. E todas elas loucas para espetar o tridente. São extremamente voluntariosas, até as mais mansinhas. Só dá entrevista para quem acha “vai com a cara”. Só pode. Não é possível tanta indiferença comigo. Estou tendo uma espécie de rejeição infantil.

Aconteceu primeiro no plantio de árvores em Arroio do Meio. Ele tinha nove anos e estava com enxada na mão, todo disposto a colaborar com o Meio Ambiente. Eu cheguei com microfone:

- Aha, um garoto gremista. O que tu ta achando de plantar mudinhas?

- Sim, eu sou gremista.

- Mas me conta, porque tu estás plantando mudinhas?

- Não sei.

Insisti mais um tempo. Como não se tira leite de pedra, desisti:

- Está certo. Vai plantar então!

O segundo encontro com criança-entrevistada ocorreu meia-hora depois, na Expowink, interior de Estrela. O colega Rodrigo Nascimento foi junto e encontrou um garoto super fofo, de 8 anos que deu a ele respostas ótimas. Cheguei quando o menino dizia: “nesta idade a gente ama os animais.”

Achei a resposta fantástica. Gritei ao cinegrafista:

- Neto, vem até aqui. Agora sim, achamos um garoto que fala.

Virei-me para o garoto, ajeitei o microfone e disse: Diga exatamente o que tu falou agora.

Ele:

- “Me esqueci”

Eu: mas eu vou te lembrar: “nesta idade a gente ama os animais”. Diga isso.

Ele

“Te falei que me esqueci”.

Rodrigo veio para ajudar. Diga o que tu disse para mim:

-“Me esqueci”

A mãe, interferiu:

- Diga: “nesta idade a gente gosta dos animais”

“Me esqueci”

O garoto só podia estar zoando com a minha “canopla”. Crianças! Um jeito particular de dizer a verdade. Se o mundo fosse assim, aprenderíamos com a transparência. Mas aí nem os adultos me dariam entrevistas.

Sou aprendiz de lições infantis.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Eu mato a Sara

Saraiva, que raiva. Como algo que a gente quer tanto pode nos irritar a ponto de a gente não desistir, mas insistir como uma sanguessuga virtual no meio de um mar de propostas, todas loucas para pegar sua prestaçãozinha. Mas você quer essa.


Pela décima vez, fiz o cadastro na Saraiva. Tem iPhone, tablet, notebook, mesa de notebook, ah meu pai, tanto gozo virtual que eu sonho comprar...É tão bom "ser", se espiritualizar lendo os textos do Dalai Lama num tablet. é tão bom curtir uma meditação no seu computador acelerado. É tãooooooooo bom estreitar os laços com sua filha ligando para ela do iPHone. Resolvi que teria, teria, teria: 500 prestações, com a hora extra a 14 reais, bom, seria meio puxado, mas seria o meu sonho.
Saraiva, aí vou eu. Duas vezes fiz o cadastro, duas vezes recusado. Fui então ao atendimento on-line: beleza, falar com loja diamante, gente de metrópole, acostumados a resolver nosso problema num minuto. E que bom que é 0800, assim não pago. Beleza. Show de bola. Esse mundo virtual é do caralho.
Vamos la: 0800 754 400
Ouvi uma voz suave, super simpática...eu ia dar oi para ela e relatar meu problema, mas ela foi mais rápida que eu:
"OLá seja bem vindo a nossa central de atendimento. Para falar com o atendimento Saraiva, digite 1.

1

Eu ia dizer novamente boa noite, mas a voz surge:
"Boa noite, eu sou a Sara, atendente virtual da Saraiva. Eu posso te pedir um favor? Se você ja fez sua compra me passe o numero do seu CPF, que eu vou AGILIZANDO seu pedido, ok?

01264*******

Agora é a Sara real: "Oi por favor, eu quer.."

"Pois se você quiser saber sobre troca ou devolução,digite 2, cartões Saravia 3, Cupom Desconto, 5, 6 para tele-vendas e se quiser falar com um de nossos atendentes digite 7

Eu quero os cartões, pq eu quero, quero, quero um. Então vamos la 3

Sara abre o bocão virtual como monólogo de barítono

"Agora vamos as informações que você precisa: se você  quer crédito, digite 1, se você quer devolver o produto, digite 2

1 pelo amor de Deus

Para acessar o cartão, entre em nosso site e na parte superior acesse o link....

Sara me mata, ela de novo, toda solícita:

"Você conseguiu entender toda informação? Não... então tecle 1 para ouvi-la novamente ou encerre o atendimento na opção 4..

Eu espero, porque espero que uma vivalma venha me atender ao fone, estou desesperada, quero meu cartão, alguem vai vir, tenho certeza.

Mas Sara me tira do devaneio
_ uhum, essa não é uma opção válida. Por favor, tecle um para repetir.

Tentei o atendimento on -line. Tinha 14 na minha frente. Esperei. Relatei meu problema. A Atendente disse que era para eu ligar no 0800, ou seja, falar com a Sara.

Duas horas depois, consegui falar com uma atendente que me disse:
- Senhora, não tenho a informação que a senhoa necessita, mas posso lhe dar o numero do 0800.

Eu fiquei enfezada, foi minha vez de me vingar:
- Senhora atendente, se a senhora não se importa, eu queria dizer: se a senhora tiver uma outra opção alem do 0800, tecle 1, se a senhora tiver alguma solução virtual que nao seja o atendimento, digite 2 e se a senhoa não souber mesmo nada, digite 3

- "São essas duas opção que tenho senhora", ela me disse com voz imperturbavel.

Mais duas horas depois, consigo um numero do Banco do Brasil que administra os cartões de crédito da Saraiva.

- Senhor Luciano, vc pode me ajudar? Meu problema é tal.
- Senhora Andreia, a senhora ligou para o bloqueio de cartões creio que senhora teria de acessar o 0800 ou então tentar fazer o cadastro novamente.

Eu puta da cara:
- Senhor Luciano, eu vou tentar, ja tentei quatro vezes, mas eu vou ser tal qual Santos Dumont, vou tentar 14, quem sabe eu consigo no 14 bis

A voz
- Não entendi, senhora?

Eu
-Eu vou dar uma de Santos Dumont, vou fazer 14 vezes, ta....

tum tum tum tum

E depois dizem que Jó foi o homem mais paciente do mundo. Eles não conheciam o atendimento virtual!É preciso uma Saraivada de paciência. Né, Sara!Se concordar, digite 1, se discordar, 2 e se você está indeciso, vá tomar banho de sol na laje.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Solitude” domina pub à meia-luz

O tema vem à tona em uma época em que o Censo revela ter quase quatro mil pessoas falando pras paredes. No teatro, a solidão evoca emoções dúbias: abandono ou autoconhecimento

Foto: Carolina Alberton Leipnitz



Uma livraria estilo pub vira movimento divulgador da arte. No palco, a solidão; na plateia, pessoas com mais de 30 anos e duas adolescentes. O tema gruda em quem atinge amadurecimento cronológico ou pessoas sensíveis à ponderação. Mas a solidão é um campo vasto que evoca abandono ou autoconhecimento. Em Lajeado, quase quatro mil pessoas vivem em lares compostos de uma só pessoa, segundo o Censo 2010. “Singles”, que adoram comida instantânea e vivem apressadamente, no ritmo da aceleração dos dias modernos.


Singles podem ser solteiros, separados e viúvos. Ou jovens que vão para outro país em busca de si mesmo. O texto do escritor lajeadense Ismael Caneppele, que hoje mora em Berlim, funcionou como pano de fundo para o pocket show de 50 minutos apresentado na Espazzo Livraria Pub nesta semana. A jornalista Laura Peixoto criou os esquetes baseada na solidão de duas irmãs morando juntas. Ela própria faz a irmã carola, e a atriz Monica Kirchheim dá vida àquela que está entrevada em uma cadeira de rodas. Ambas passam a vida esperando alguém. Enquanto aguardam, implicam entre si: “Padre Hermann não vem mais aqui trazer as hóstias”. A outra retruca: “Também, da última vez você disse que elas estavam azedas”.

Persiste um sorriso na plateia compenetrada. A melancolia misturada ao bom humor, na penumbra do pub, evoca um clima intimista.

“Quando a gente se debruça sobre a solidão, percebemos  o quanto essa privação faz parte da condição humana”, pensamentos da jornalista que abundam na mente, blog ou redes sociais.

Atores singles

Paulo Arenhardt encena o homem que lê. Personagem que abre a cena em uma mesa, acompanhado de um copo de vinho. Com 57 anos e separado, o advogado faz da solidão um exercício. “Tenho vários dias de solidão e é uma ocasião de grandes reflexões e de crescimento de alma. Não sou deprimido.”

Na banqueta ao canto, o artista plástico Alessandro Cenci (38) dá o tom da música. Violão, voz e solidão: “Só eu sei as esquinas porque passei”. Cenci mora sozinho porque acredita que a solidão é um processo criativo. Não há drama na vida single. Quando o homem perceber que a solidão é inevitável, transforma o modo de encarar a realidade. Caneppele, que emprestou seus textos ao pocket show, metamorfoseou o sentimento no outro lado do oceano. E por meio do teatro trouxe a mensagem: “não há necessidade de fotografar a solidão. Ela é sempre o melhor registro”. No fim da peça, os flashes espocaram.

domingo, 20 de novembro de 2011

Bloco do "eu sozinho" cada vez aumenta mais

Mais de 14 mil pessoas no Vale tem apenas as paredes como companhia. Você não está sozinho nessa multidão de gente só.  A maré está para solidão, que não devora, se você souber usá-la como sua parceira.

Na região, 14% dos lares são compostos por uma pessoa só. Em Lajeado, o índice sobe um pouco, 15%. São 3.744 almas. Sozinhos sim, solitários, há controvérsias. São dados do IBGE. Mas o que querem esses humanos? Comida congelada, lazer e paz.  Os singles são apressados, tudo tem que ser feito ao mesmo tempo agora.
Em Lajeado, apartamentos de um dormitório são os mais alugados. Há pessoas que alugam com dois quartos para abrigar o animal de estimação. Com o avanço salarial, os singles se dão ao luxo de alguns confortos.

Solteirona, eu?

As mulheres ampliam o bloco do eu sozinho, seja pela separação, por trabalho ou pela simples opção de ser única na casa. Pode ser bom, ruim ou mais ou menos. Depende do ângulo para o qual se mira, do tipo de solidão em que a pessoa mergulha e da percepção que ela tem dessa própria solidão. Mas algo está visivelmente caindo por terra: o estigma da “solteirona” que não casou e se refugiou em seu próprio mundo.
O psicólogo Sérgio Pezzi salienta que esse estereótipo vem sumindo. A obrigação de estar sozinho foi trocada pela opção. “Como as mulheres ganham mais espaço no mercado de trabalho, com poder aquisitivo crescente, elas optam por morar sozinhas e questionar o tipo de relacionamento que querem.”
O fato de morar só não significa que a pessoa não tenha capacidade afetiva, mas revela um movimento cada vez mais na moda: o individualismo.


O mercado está para o single


Os supermercados estão preparados para receber o cliente que vai às compras sozinho. Meia dúzia de ovos, frutas divididas, embalagens com unidades menores. A paulista Sandra Regina Gonçalves Villasboas conhece os dois lados da moeda. É single e gerente de supermercado em Lajeado. Conquistou o cargo há dois meses e não se fez de rogada, saiu de São Paulo para vir morar em hotel. “Eu estou sofrendo com porções grandes. Como não tenho geladeira, um litro de leite é muito”, brinca, falando da impessoalidade da sua moradia. Psicóloga por formação, Sandra é bem resolvida com sua solidão. O tempo livre lhe propicia a pensar e repensar suas relações. Está escrevendo um livro e internalizando o modo único de viver. “O single sempre existiu. Mesmo em grandes famílias você pode se sentir sozinho, e você pode estar sozinho e se sentir completo.”
A multidão da rua dilui o bloco do eu sozinho: mas 15% dos lares falam às paredes

sábado, 19 de novembro de 2011

Quem não tem está louco!

A loucura me vem seguidamente à cabeça. É inerente. O estigma de "louquinha" combina com o meu brinco, com a minha calcinha seja ela de que cor for. A loucurinha é uma ingrata atrevida. Assiste televisão comigo, teima em digitar meus textos junto ao computador de trabalho.

 Eu sinto o cheiro do seu desodorante. Eu escuto a sua música. Ela gosta de Raul Seixas, Camisa de Vênus (não o preservativo gente, uma banda dos anos 80) e de Bidê ou Baldê. A loucura amiga minha chuta o balde. Eu às vezes fico louca quando ela encarna em mim. Eu sou uma louca que não pensa que Deus sou eu. Eu sou uma "louca" que queria ser sã. Sei que parece ser legal não se encaixar, pensar diferente. Mas pôxa, todo tempo assim você se sente uma "outsider". Ser estranha no ninho todo o tempo é se sentir rejeitada. Talvez se eu morasse em Porto Alegre, eu frequentasse o mundo dos "guetos", das pessoas alternativas. Talvez eu me esbaldasse numa daquelas boates lesbicas. Nem sair de casa eu faço, parece misantropia, mas não é.

A loucura é uma espécie de redenção. Fala a verdade, vai. Você se sente todo importante quando alguem diz: você é louco. Você se acha ousado, atrevido, você não se encaixa porque você se sobressai. Mas as vezes cansa, porque quando você passa de louquinho para "pôrraloca", aí o caldo engrossa.

O seu Oswaldo, CEO do Informativo, o Deus que manda e desmanda nesse jornal e até pode me dar uma bronca por essa crônica, costumava me apresentar assim para as suas visitas: "essa guriazinha toma sopa de garfo. Mas aqui é assim, nesse jornal a gente tem que ter os equilibrados e os louquinhos que é pra contrabalançar."

Agora ele não me chama mais de guriazinha, mas o resto continua igual. A Carine que é a CIO do jornal, isto é controla a informação e a edição - me estabiliza dizendo que eu sou louca no bom sentido. Ela garante que até gosta do meu jeito. Mas por via da dúvida, exige que minhas matérias sejam impreterivelmente relidas pelo Ermilo, que é o CKO, um sujeito chave nas consultorias (da redação, pelo menos). Na verdade, é o editor de Geral.

Loucura, loucura, loucura, diz Luciano Huck. Loucura é uma coisa que quem não tem só pode ser completamente louco, diz a escritora Adriana Falcão. Loucura é bom, ruim, ou assim assado. Os loucos gritam quando são contrariados. Eu falo alto com uma convicção que não tenho, mas como os outros compram a ideia, eu continuo agindo assim. Dá certo. As vezes eu penso que estou ficando louca de verdade. Me desfragmentando de mim. Eu me sinto enlouquecendo e bate um medo terriível. Mas meu psiquiatra me tranquilizou: "o principal sintoma de que você não está enlouquecendo é pensar que está."

No fim, que não é louco não pode ser muito certo. Tenho prá mim que somos tods
F na CID 10 da saúde. CID é a lista internacional de doenças. NO F estão os transtornos mentais e comportamentais. Sou F31. Imaginem que transexualismo é considerada doença mental, pois está na CID 10 como F64.

Eu desconfio de que alguns políticos sejam F63.2 A CID-10 assim define a cleptomania: “falhas repetidas em resistir a impulsos de roubar objetos que não são adquiridos para uso pessoal ou ganho monetário. Os objetos podem, ao invés, ser jogados fora, presenteados ou armazenados.”. Hum, pensando bem nao é a definição certa. Mas para safadeza, não existe F. Sou louca, então!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Trote apressado

A pauta era em plena "madrugada" de domingo. Acordar às 6h para estar as 7h em Arroio do Meio em tempo de trotar na "caminhada contemplativa". De tênis e com cara de sono, desço emburrada as escadas de casa, porque afina é domingo e eu não coloquei o despertador. Resultado: equipe em frente da minha casa a me esperar.
Quem afinal inventou a ideia de uma caminhada na madrugada de domingo? Pensava eu beiçuda. "Se tiver três pessoas nessa caminhada eu grito". Perderia o sono e a pauta.
Qual não foi minha surpresa quando avistamos no interior de Arroio do Meio mais de cem "atletas". E o prefeito, lépido e faceiro, de tênis, aguentou o tranco de quatro quilômetros.
Surpreendeu-me a disposição dos mais velhos. A turma dos sessenta, setenta, estava muito mais entusiasmada do que os alunos. Eu me dei conta de que os vovôs estão adotando bons hábitos, são os jovens que estão desleixados com o que comem, bebem, ou agem. Mas todo mundo quer ser magro. Eu sou a rainha do ócio, mas naquele momento, queria caminhar os quatro quilômetros. Queria. Eu juro. Respirar frescor e olhar as vaquinhas vindo em nossa direção, todas curiosas com aquele "plantel" de gente. A caminhada nada tinha de contemplativa. Eles nem notavam que estavam em passo apressado, acostumados estão a fazer exercícios diários. Senti inveja e vergonha. Pela primeira vez em muitos anos pensei em acordar sempre assim tão cedo e caminhar. Eu consegui assimilar o prazer dos caminhantes.
Meu colega Rodrigo também. Ele percorreu cem metros, ficou se achando com a "qualidade" de sua performance. Sentou no carro e veio com essa: "nossa, eu já sinto que estou liberando endorfinas. Estou sentindo aquele prazer que os atletas sentem no fim de cada exercício." A risada foi geral. Clube da endorfina em ação.

sábado, 12 de novembro de 2011

Costa larga e pouca "voglia"

Venho observando duas vertentes de defesa e um dilema: há quem não entende gente que defende os animais e não defende crimes contra crianças. De outro lado, estão os defensores de animais que fazem alarde, se organizam, as vezes saem mais cedo do trabalho para protestar diante do Forum. Eles acabam ganhando espaço na mídia porque se mobilizaram, tiveram vontade de agir, mandam e-mails marcando encontros, ligam para confirmar o ato. E no fim, levam animais que - queria ou nao- dão força a ação.
Eu poderia defender os ativistas porque compreendo seu amor pelos bichos. Mas também compreendo o amor por gente. E compreendo a ausência de manifestações contra a crueldade humana.
Mas vou falar o óbvio que é ululante. Nos ultimos tempos, ativistas estão mostrando poder de organização. Parecem muito mais unidos. Parecem menos preguiçosos porque lutam realmente por uma causa. Cumprem a promessa de se fazerem presentes nos locais. É um protesto forte, honesto, esperto e simpático.
Queria muito que as pessoas que não entendem as ONGs fizessem o mesmo. Por exemplo, quando lerem no jornal sobre um estupro, queria que fossem à frente das delegacias. Falar dos outros é facil. Dificil é fazer o que os outros fazem. O errado é sempre o cara do lado. Se os ativistas tem o poder de se unir, porque não criar Ongs de humanistas? De protetores de crianças? Eu não estou falando em fazer trabalho voluntário uma vez por semana em uma instituição de caridade. Eu estou falando em arregaçar as mangas.  Por que ninguém se mexeu quando um homem que estaria condenado a 46 anos de prisão por ter estuprado durante 13 anos as 3 filhas foi "absolvido"? Alguns vão dizer: mas eu nem li no jornal..Mas estava lá, em letras garrafais. Saiu muito na imprensa. Ninguem fez nada. Não houve protestos, não houve um ai sequer. Ninguem nem postou sua indignação no Facebook.
O que eu estou vendo ultimamente e que eu tenho medo é que com as manifestações contrarias aos ativistas, eles nunca mais se manifestem. Aí, nao vai ter defensor nem de humano, nem de animal. E ai tera gente que diz: como o povo é leso, não se manifesta por nada. É muito pacífico!
Lajeado tem 72 mil habitantes. Deve haver uns 200 ativistas na cidade (estou exagerando,  tem menos). Isso significa que sobram mais de 71 mil pessoas para protestar para os humanos. Vamos tirar a população nova: vamos colocar umas 30 mil pessoas. Então, 30 mil pessoas podem muito bem fazer um big protesto. Eu nunca vi nem dez se mobilizarem por estupros, exceto as mulheres do Outubro Rosa que o fazem pelo câncer de mama e alguma entidade que faz algo pela barranca do rio.
Mas então, cadê as 30 mil pessoas que poderiam estar nas DPs??? Quando lerem outro estupro no jornal, poderiam se mobilizar. Levar faixas, cartazes e bonecas (em menção a crianças com a infancia interrompida). E se tivesse a presença de empresários, engenheiros, médicos, arquitetos, mulheres da sociedade, o ato seria ainda mais valorizado. Tenho certeza que renderia manchetes, fotos, entrevistas ao vivo em radio, capa em jornal. Mas protestar no Facebook, blogs, orkut, twitter, ah isso não né. Isso nem é tirar a bunda da cadeira.

11 na cabeça

 Uma rara conjunção de números faz esotéricos, numerólogos e os nativos de escorpião se voltar a esta sexta-feira: 11/11/2011. Quando o relógio cravar 11h11min, o fenômeno vai se tornar a ocorrência mais incomum . É preciso esperar cem anos para que ocorra novamente. Para muita gente é só uma coincidência do relógio e dos astros. Mas alguns acreditam numa data de significados.

Mas  existe uma historia muito bacana que aconteceu com nativos de 11 do 11. Envolve Mariano Rodrigues e a nutricionista Ana Paula Dexheimer. Os dois nasceram há 37 anos no mesmo hospital e foram “trocados” na maternidade. É um fato que ambos relembram com bom humor e contam nas rodas de amizade. Ana Paula estará mudando de idade pontualmente às 11h30min - 19 minutos após a hora emblemática. Ontem, os amigos se reuniram para contar a história que relatam há anos quando as mães - Lory e “Lora” - foram para a maternidade em 11 de novembro de 1974.

As duas gestantes se conheciam, mas uma não sabia que a outra estaria no hospital. Ana Paula nasceu antes, mas foi Mariano que mamou antes no peito da mãe de Ana Paula. Levaram o menino para Lora. “Ele tomou o meu colostro, tem uma dívida eterna comigo”, brinca a nutricionista. O episódio poderia ter parado por aí. Acontece que os bebês cresceram: Mariano se casou uma semana antes de Ana Paula. E foi marido da melhor amiga da nutricionista. “Fomos colegas de catequese e fizemos junto a Comunhão”, informa Mariano. “Nós sempre brincamos que somos irmãos de leite.” Com personalidades expansivas, mas possuindo fortes ponderações, a censura rola solta quando um amigo contradiz o outro. “Nativo de 11 do 11 não faz isso”, admoesta Ana Paula.

Para Mariano, que não acredita em numerologia, nem em celebrar aniversários, o fato os uniu. Hoje, Ana Paula dá aulas de artesanato na sua loja.

Amor marcado pelo 11

Patrícia e Jorge Andres sobem ao altar hoje à noite. O casal de empresários convidou os amigos para festejar a data especial, justamente porque o 11 é onipresente na vida deles. “Só não fizemos a cerimônia às 11h da noite porque seria muito tarde para os convidados”, brinca Patrícia. O casal estrelense se conheceu num dia 11 e fez o casamento civil dia 11 de outubro, às 11h. “Escolhemos a data em função de que tudo que fizemos tem 11.” A sincronia do casal com o número provoca curiosidade e, para eles, um futuro cercado de boas vibrações. “Só faltava não dar certo”, diz a noiva, que é enamorada de sua cara-metade há quase 11 anos.

Ontem, o 11 deu a prova persecutória sobre o casal. Ao selecionar a fotografia que ilustraria a matéria, Patrícia apontou para um retrato em especial e pediu à fotógrafa: “Envia esta”. A profissional sorriu e exclamou: “Adivinhe o número da imagem: 111”.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Telhado de vidro

Às portas de novembro, as roupas encurtam.  Eu prometo um baita streap-tease. Essa nudez será verborrágica

.  Descarto de antemão também o compromisso de me fixar em opiniões eternamente imóveis. Sei que ao escrever, minhas palavras poderão ser usadas como munição no futuro. É tácito, aqui entre nós, mudo de ideias, mas nao de princípios. E eu adoro quando acende uma lamparina na minha cabeça que me indica que é hora de mudar de ponto de vista. Dá uma sensação de progresso. E mesmo quando eu volto atrás, parece que avanço um passo a frente.

Olha só, gente. Eu vou divagar. Mas não devagarinho. É certo que quanto mais a gente pensa, mais palavrinhas saltitam pela nossa cabeça. Eu  estou me propondo a exercitar o meu portal da transparência. Estamos tão acostumados a usar a maquiagem social, que sofremos por não mostrarmos o que vai na alma. Este será o meu teto de vidro e eu tenho medo disso. Mas quero fazer, porque quero testar minha coragem de ser eu. Nós cometemos tantos erros em nome dos extremos ou tentando acertar a mão. As vezes esticamos a corda falando demais, cometendo o "sincericídio". Em nome da franqueza, e porque nos achamos "honestos", detonamos o outro.

E eu creio que olhar para si, encarar teus medos, erros, teu mutismo ou tagarelice interna é uma forma de fazer emergir a lucidez. Se revelar nem sempre é cômodo. Nunca é. Tirar a blusa, a calça, o suéter é relativamente fácil. A proposta é despir a alma. Afinal tudo que traz honestidade significa enfrentamento. Este é um strip-tease que não ousamos com o marido, o parceiro, o amigo. Quanto muito, com o terapeuta ou psiquiatra. Mas não é para eles que temos de ser sedutoras ou sedutores. Este é um strip-tease que nem J.R Duran ou qualquer outro fotógrafo da Playboy poderá retratar. O clique é meu. É seu!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cordeiro excluído

Antes de descer, corpo é negado quatro vezes

Família de vítima vai à Justiça para transferir morto ao cemitério católico. Empresário foi separado do túmulo da companheira por ser luterano


Poço das Antas - O corpo de um cristão, um dilema religioso e a imprensa em cima. O caso passaria em branco não houvesse sucessão de coincidências para dar holofote ao sepultamento de Irineu Wasen, sexagenário que na hora da morte sentiu a rejeição de não estar no rebanho certo. Pelo menos no momento derradeiro.
Vítima de um acidente na BR-386, morreu durante o Feriado de Finados. O episódio vitimou ainda sua companheira Eunice Ely e a sogra Carmelita Ely. Pelo número de mortos, a tragédia recebeu atenção dos veículos de comunicação. Mas foi o funeral que causou repercussão. Irineu foi rejeitado quatro vezes. A luta para enterrar o morto foi angustiante e cansativa, relata sua irmã, Ana Lisete Windberg

Irineu Wasen era luterano e morava na capital. Mantinha em dia a mensalidade da congregação em Porto Alegre. Uma série de fatores o tornou “excluído” do rebanho divino. Inicialmente, desejavam enterrá-lo junto à mulher e a sogra no cemitério católico em Poço das Antas. Os familiares tiveram de bater em cinco “portas” até que ele fosse sepultado.

Em busca do “campo santo”

Na primeira vez em Poço das Antas, o padre negou por Irineu não ser católico. Na segunda vez, novamente em Poço das Antas , foi recusado pelo pastor por não fazer parte da congregação.

Na terceira vez, familiares dizem que Irineu foi negado pelo prefeito de Teutônia. Por não ser do município. Logo depois, teria aceitado autorizar o enterro diante da liberação do Ministério Público. Desta vez, teria sido a promotoria a engrossar o impasse.“A promotoria não autorizou alegando que ele não era munícipe”, conta a irmã do empresário, Ana Lisete Windberg, que mora e trabalha em Teutônia.

A quinta porta de Deus foi aberta e o empresário conseguiu ser sepultado: no cemitério evangélico em Linha Clara, interior de Teutônia, junto aos avós. A negociação do enterro teve o auxílio do presidente da comunidade Ariberto Magedanz “Conseguimos a autorização ao meio-dia de quinta-feira”, frisa Ana.“Foi desgastante e até humilhante, passamos a madrugada ligando e negociando”. Às 14h, o caixão do empresário foi colocado no jazigo dos ancestrais.

Na Justiça

Os parentes velaram os mortos absorvidos pelo desgaste de um dilema religioso. Ontem, algumas horas após o funeral, se mostraram indignados e vão levar o assunto adiante. Ana diz que vão procurar a Justiça para sepultar o irmão no cemitério católico, junto com companheira com a qual viveu durante 25 anos.“Eles se conhecem desde pequenos. Uma vida toda juntos e agora estão separados.” Segundo Ana, o casal acreditava na vida eterna e buscava isso na religião. “ Eles era muito religiosos, praticavam o bem e eram pessoas do bem. Pagam seus impostos como um brasileiro, honestos, e agora nesse momento de requerer um direito que a própria constituição lhes dá é negado.” Ana está inconformada pela separação em morte do pai e sua companheira. “Deus não é um só para todos?”


Para Bispo houve “falta de experiência”

O bispo emérito da diocese de Santa Cruz do Sul, Dom Sinésio Bohn, opina que a recusa tanto de padre quanto de pastor tenha sido ausência de experiência. “Falta de treinamento com a sociedade pluralista.”

domingo, 6 de novembro de 2011

Farra filosófica de fim de semana

Schopenhauer me absorveu tanto. Bebi da melancolia dele durante toda a madrugada e não conseguia parar de lê-lo.To me sentido tão lúcida. Uma vida feliz é impossivel, o maximo que se pode ter é uma vida heroica. A vida é uma sucessão de perdas e vai piorando cada vez mais até o pior acontecer. E a morte brinca um pouco com sua presa antes de abocanhá-la. É sempre assim. A lucidez só existe na tristeza. A poesia é perfumaria, é maquiagem social. É museu de cera. E a felicidade não só não existe, como desejá-la é para as almas rasas. É muito pouco desejar ser feliz. Todo mundo quer. O que ninguém consegue é ser sereno.
E que mal há na dor da vida? Olha só..se tu pensar pelo ponto de vista da eternidade, fingir durante uns 80 anos neste muito é muito pouco..

Creio que não era isso o que Spinoza quis dizer quando concebeu a tese "sub specie aeternitatis" (sob a perspectiva da eternidade). O homem comum vê as coisas no tempo, a partir das suas percepções, recordações e imagens, visando objectivos egoístas.  O sapiens abdica do carácter fortuito das coisas e interpreta-as a partir de Deus, na necessidade e eternidade que lhes são próprias.

Espinosa demonstra que a parte eterna da mente consiste no intelecto, cujas idéias representam adequadamente a realidade sob o aspecto da eternidade : “quanto maior é o número de coisas que a mente conhece pelo segundo e pelo terceiro gêneros de conhecimento, tanto maior é a parte dela que permanece ilesa”. 
Todas as idéias da parte eterna da mente, ou seja, do intelecto, nos permitem conhecer aspectos eternos, necessários e imutáveis da realidade.
(http://www.revistaindice.com.br/4marcosgleizer.pdf)


*** Spinoza ainda é demais prá minha cabeça. Em um fim de semana só eu misturei a impernanência do budismo e a realidade eterna de Spinoza.É  ainda encontrei Schopenhauer nua e cruamente sã. Um chopp para Tio Schop, que eu adoro e compreendo. 

Por que há de se orgulhar o homem?Sua concepção é uma culpa, o nascimento um castigo, a vida uma labuta e  a morte, uma necessidade! (Schopenhauer)



Me deseje merda do fundo da tua alma!

Segunda-feira passada foi minha estreia no Pitonicas do jornal O Informativo. Ganhei uma coluna e estou me sentindo a Martha Medeiros do Vale. Até fiz pose parecida. Escrevi tanto que atochei de texto a coluna. Não tive audiência, até eu passei batida pela página na primeira vez que folheei o jornal. Não me contive, murmurei um palavrãozinho.

Aquele básico - vou afrancesá-lo para não chocar você, meu caro leitor, embora esteja crente de que o escute pipocando nas filas de banco. "Mérde". Aliás esse termo no teatro é muito
bem vindo. É uma expressão que os artistas utilizam antes de entrar em cena.
É uma saudação de boa sorte. Não fique "p da vida" se ler nas redes sociais
algum amigo seu que vai encenar uma peça receber o veredicto: "muita mérde
para você". É bom presságio. E se você desejar isso a ele, estará na crista
da cultura teatral. O ator não irá retribuir seu "mérde" com um "obrigado".
Ao contrário, vai desejá-lo a você também.
Uma das explicações para a origem do termo é que antigamente, as pessoas iam para o teatro de carroças. E os cavalos faziam cocô nas calçadas. Assim, quando mais resíduos ali no local,
mais a casa estava lotada. Estrume fora, sucesso dentro.

Fora, o teatro, não disparo tantos palavrões. Mas sou a favor de emiti-los
em determinados momentos. Me desculpem os super-hiper-mega controlados, mas
sair do eixo às vezes é fundamental para manter a sanidade. Chutar o pau da
barraca, descer dos tamancos, berrar atrocidades é legal prá caramba.Bradar
PQP de vez em quando é um método terapêutico. É barato e eficaz. Eu faço
muito isso em trânsito. Se você estiver na minha frente atrapalhando o
tráfego, sinta-se insultado. Como motorista que "trabalha" suas neuras no
trânsito, disparo uma série de palavras inomináveis.
Descobri que soltar palavrão é bárbaro porque depois de alguns minutos, você nem lembra mais do
motivo que lhe fez rugir dessa maneira. Está tão ocupado em "achar" mais
adjetivos para o cidadão, que o motivo da raiva some e você quer brincar com
sua criatividade inventando mais palavras de baixo calão. Começa com os
palavrões mais comuns: Otário, Ôrra meu, FDP. Quando dá conta, está
inventando variantes.

A um tempo atrás, uma pesquisa registrou os dez palavrões mais utilizados. E
pela lista você percebe como o membro masculino é requisitado para curar o
"problema". A palavra mais dita começa com C. Aí você troca alhos com
bugalhos e manda ver no palavrão. A segunda mais proferida é sinônimo da
primeira. Ôrra meu, tanta gente lembra disso o tempo todo.

O reduto do palavrão é a partida de futebol. Você até desliga do jogo para
prestar atenção ao palavrão do cara ao lado. Ele consegue o cúmulo. Xingar o
juiz com um novo e criativo "palavrório". Todo mundo ri. É uma terapia em
grupo. Tão boa quanto o gol. Oléeee! Xingar é um ato de descarregar uma
raiva curta e momentânea. Serve para tirar o stresse. As vezes os piores
palavrões são nossos melhores amigos. Se não fossem eles, os consultórios
psiquiátricos estariam ainda mais abarrotados de gente. Haja dinheiro para
pagar tanta consulta. Na hora de desembolsar, seria inevitável soltar o
verbo: PQP!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Sexo casual dá confiança a eles e detona a auto-estima delas

Mulheres que procuram sexo casual como forma de sentirem-se mais bonitas e confiantes frustram-se no dia seguinte. Para os homens, uma noite de amor sem compromisso eleva o ego e a fama de conquistador.


A amizade colorida sempre existiu mas nunca esteve tão na moda. As baladas noturnas são a senha para relacionamentos sexuais de uma só noite. O sexo sem compromisso populariza-se cada vez mais entre as mulheres, que abrem mão do romantismo em favor da libido.Sem cobranças ou sentimentos, elas vivenciam experiências fugazes, de poucas horas e sem apego. Mas o arrependimento “pinta” no dia seguinte. É o que revela uma pesquisa conduzida por uma psicóloga inglesa Anne Campbell. Ela analisou o comportamento de 1743 homens e mulheres nas manhãs seguintes às relações sexuais casuais, na Grã-Bretanha. Os resultados mostram que 80% dos homens avaliaram o encontro de maneira positiva enquanto só 54% das mulheres julgaram o ato benéfico. A pesquisa revela que depois do sexo, eles demonstraram maior satisfação sexual e autoconfiança. E disseram que gostam de contar aos amigos sobre suas experiências. Já elas informaram se sentir usadas e decepcionadas e ainda se preocupam com a conseqüência da reputação. A pesquisa reflete o pensamento de homens e mulheres da região. No Vale do Taquari, as baladas pipocam nos finais de semana. Sair, flertar e emendar um bate-papo com uma pessoa interessante pode significar um convite ao prazer. O locutor C.R , 29 anos, de Lajeado, fez sexo casual com mais de 30 mulheres. Alto e atraente, as conquistas sempre foram fáceis para ele. Diz que o sexo sem compromisso é uma forma de levantar a auto-estima masculina. “O homem gosta de contar para seus amigos e isso eleva o ego”. Concorda com o estudo quando trata-se de analisar o sentimento feminino. “Acredito que as mulheres frustram-se, porque elas sempre esperam algo mais do homem.”
Dar de "prima", eis o dilema que se Shakeaspeare fosse vivo, reformularia a pergunta: "dar ou não dar? Eis a questão....

**** Quando a vontade vem, vem com a mesma força. "Uma pesquisa revela que em cerca de 30% dos primeiros encontros já acontece uma relação sexual. Em 25%, ocorre entre segundo e terceiro encontro!

Grupo frequenta cemitério para conversar

Os jovens inovam e renovam locais que antes eram conhecidos pelo ar lúgubre. Em tempo de Finados, fica a dica dessa galera descolada. Mas se a moda pegar....Faca na Caveira!


A árvore que produz sombra à sepultura de Waldo Jaeger, enterrado na década de 1940, alimenta a conversa de um quarteto que todas tardes, encontra-se no cemitério evangélico de Lajeado. Localizado no Centro, o local é murado, mas o portão de ferro entreaberto é a brecha para acolher quatro jovens.. A faixa etária varia entre 15 e 17 anos, o estilo de vida é uniforme: típico “Carpe Dien” (aproveite a vida) de uma forma rebelada. Nenhum estuda, todos amam música e bares, de preferência alternativos e gratuitos. Lucas é o extrovertido da turma: ele quem designou “Waldo” como protetor do grupo. Alojados a beira do túmulo e resguardados do sol, bebem refrigerantes e fazem o lanche. “Eu não tenho medo de gente morta”, salienta Priscila. Dois piercings no lábio, um no nariz e um no bridge (entre os olhos), seu perfil roqueiro se molda ás tribos urbanas que povoam as grandes cidades. “Gosto de aproveitar a vida.” Sair, conversar com os amigos, ouvir ACDC e Ozzy Osbourne. Não é adepta da televisão porque MSN, redes sociais e cemitério lhe ocupam o tempo. Toca guitarra e bateria, mas não gosta de rótulos. “A gente não segue um modelo, não temos um padrão.”

A turma rejeita estigma de góticos, cult ou emos, muito embora seja mistura de todos esses e outros tantos. A descontração e risadas impera entre os túmulos, mas a bagunça não. A zeladoria liberou a entrada desde que mantenham o lugar organizado. “Aqui é como a casa da gente. A gente conversa e toma refri”, expõe Lucas, sempre disposto ao sarcasmo e ao bom-humor.

O quarteto optou por encontros no cemitério por discrição, embora a iniciativa tenha saído pela culatra. “Não temos muitas opções para ir. E não queremos nos misturar com outras pessoas.” A lógica foi estar entre os mortos. Há quatro anos ocorreu a primeira reunião no cemitério no Bairro Florestal. Por questão de geografia, a turma migrou para o Centro. “É aconchegante”, diz uma voz sentada sobre Waldo. Em função das depredações das lápides porque há baderneiros que violam sepulturas a noite, o local ganhará câmeras. Não é algo que atormenta o grupo, que após a visita, arrecada o lixo produzido nas horas de conversa. “Vamos para o Galera”s à noite?”, indaga Priscila. A turma concorda. Mas a tarde é do Waldo.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Polêmica laringe abaixo!

O  episódio lulista abriu a "glote" do brasileiro: agora todos viramos maniqueistas sem saber que o somos: a primeira corrente quer Lula se tratando no SUS. Decerto é a população que  precisa da saude publica, enfiada guela abaixo e sentiu na pele a tal expressão: "esse ai entrou para o sistema." O sistema é o labirinto do Minotauro: quem entra não sai tão fácil.
Outra corrente preconiza que aqueles que querem Lula no SUS são hipocritas: estão mandando o ex-presidente fazer o que nem eles fariam se tivessem dinheiro. Odeio meio-termo, mas concordo com os dois lados.
Não creio que os primeiros estão fazendo piada tosca com a tragédia de alguém. Na verdade, se assim o fosse, teriam lançado campanha para José de Alencar também ter se tratado no Santa Casa em vez do Sírio LIbanês.  O que eu penso é que  o que o pessoal que entrou para o sistema quer é um último grito de ajuda de Lula. José de Alencar nunca teve tanto crédito com a população. O povo nunca achou que o cara iria nos salvar.Portanto, nem se dignou a fazer campanha pró-Sus para ele.  Lula ainda pode, mesmo na sua tragédia ajudar a gente. Acho que ninguém quer que Lula sinta na pele as mazelas "susianas", mas que ele ligue para Dilma e peça, com a mão de quatro dedos em riste: "Companheira, estou convencido de que nada será digno o bastante se você não melhorar nosso sistema. Agora eu vi, Dilma. Eu senti que precisamos melhorar". Quando o pessoal do SUS pede para o Lula entrar no sistema, não está querendo tripudiar da tragédia. Está querendo que os grandes olhem e orem por aqueles que não podem pagar o Sirio Libanês.
Da mesma forma, concordo com aqueles que dizem que é hipocrita esse tipo de campanha. É obvio que se eu tivesse cem mil reais no banco iria tratar  no "sistema único particular. Todos faríamos. Mas os intelectuais como Dimenstein deveriam compreender o que move essa aparente falta de "empatia" com a doença de Lula não é bestialidade. É desamparo. O buraco é mais embaixo. É um outro tipo de elemento cancerígeno causado por roubalheira política. É um protesto contra  a política corrupta e a falta de sensibilidade do grande escalão.
 Para não ficar em cima do muro, vou deixar minha opinião: eu quero que Lula se recupere no Sírio Libanês e depois de convalescer faça campanha para um SUS Plus. Afinal, Lula é brasileiro, e não desiste nunca. E eu acho que nem nós deveríamos desistir de berrar por nós mesmos. Afinal, câncer de laringe só é causado por tabaco e álcool. Não por protestos.