terça-feira, 1 de novembro de 2011

Grupo frequenta cemitério para conversar

Os jovens inovam e renovam locais que antes eram conhecidos pelo ar lúgubre. Em tempo de Finados, fica a dica dessa galera descolada. Mas se a moda pegar....Faca na Caveira!


A árvore que produz sombra à sepultura de Waldo Jaeger, enterrado na década de 1940, alimenta a conversa de um quarteto que todas tardes, encontra-se no cemitério evangélico de Lajeado. Localizado no Centro, o local é murado, mas o portão de ferro entreaberto é a brecha para acolher quatro jovens.. A faixa etária varia entre 15 e 17 anos, o estilo de vida é uniforme: típico “Carpe Dien” (aproveite a vida) de uma forma rebelada. Nenhum estuda, todos amam música e bares, de preferência alternativos e gratuitos. Lucas é o extrovertido da turma: ele quem designou “Waldo” como protetor do grupo. Alojados a beira do túmulo e resguardados do sol, bebem refrigerantes e fazem o lanche. “Eu não tenho medo de gente morta”, salienta Priscila. Dois piercings no lábio, um no nariz e um no bridge (entre os olhos), seu perfil roqueiro se molda ás tribos urbanas que povoam as grandes cidades. “Gosto de aproveitar a vida.” Sair, conversar com os amigos, ouvir ACDC e Ozzy Osbourne. Não é adepta da televisão porque MSN, redes sociais e cemitério lhe ocupam o tempo. Toca guitarra e bateria, mas não gosta de rótulos. “A gente não segue um modelo, não temos um padrão.”

A turma rejeita estigma de góticos, cult ou emos, muito embora seja mistura de todos esses e outros tantos. A descontração e risadas impera entre os túmulos, mas a bagunça não. A zeladoria liberou a entrada desde que mantenham o lugar organizado. “Aqui é como a casa da gente. A gente conversa e toma refri”, expõe Lucas, sempre disposto ao sarcasmo e ao bom-humor.

O quarteto optou por encontros no cemitério por discrição, embora a iniciativa tenha saído pela culatra. “Não temos muitas opções para ir. E não queremos nos misturar com outras pessoas.” A lógica foi estar entre os mortos. Há quatro anos ocorreu a primeira reunião no cemitério no Bairro Florestal. Por questão de geografia, a turma migrou para o Centro. “É aconchegante”, diz uma voz sentada sobre Waldo. Em função das depredações das lápides porque há baderneiros que violam sepulturas a noite, o local ganhará câmeras. Não é algo que atormenta o grupo, que após a visita, arrecada o lixo produzido nas horas de conversa. “Vamos para o Galera”s à noite?”, indaga Priscila. A turma concorda. Mas a tarde é do Waldo.

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