segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Meus anti-herois sobem no pódium em 2012

Quarenta e oito horas depois da virada do ano eu decidi minhas resoluções de ano novo. E decidi isso num lampejo porque nunca, mas nunca mesmo me atribuo algum tipo de responsabilidade de um ano para outro. Se nunca dá certo de uma segunda para outra, imagine então esperar um ano para saber que fracassou.

 Por isso, o único foco desde ano, depois de passar a virada em casa e nem querer ser cumprimentada porque Oxala vai reinar, decidi virar a casaca. Vou trocar a casaca, porque depois de tanta comilança, perdi o cós. Estou me sentindo a sucursal da Cosuel e quando caminho mais aceleradamente, me dá a impressão de coxas se confrontando sendo roçadas no fino tecido da bermuda. Me sinto parte do livro do Jô Soares, As Esganadas. E com tanta revolta calórica que me atordoa o coração, decidi dar um tempo aos meus heróis: um ano. Pelo menos um ano não tentarei viver como Buda, nem incorporar o pensamento de Schopenhauer e bem capaz que vou ler Nietszche neste ano. Escolhi a dedo meus ídolos: Homer Simpsons, Sue, a treinadora do seriado Glee e Garfield. Este último é meio lugar comum, mas eu estou bem a fim de ser lugar-comum. Seja como for compartilho com ele a tese: “ Mostre-me uma pessoa que gosta de caminhar e eu lhe mostrarei uma estranha pessoa com gosto pela dor.”

O Garfield sabe exatamente a dicotomia da vida: os gordos odeiam amar a comida e os magros amam odiá-la. É por isso que sou como ele: prefiro calçar as botas a fazer exercícios. Faz um mês que estou na academia, não sinto amor pelo Leg-press ou pelo supino, conto os 30 minutos cravados que fico lá mas ainda tenho esperança de me viciar em endorfina. Serei do clube dos marombados, mas enquanto esse dia não chega, sou mais Garfield: Eu adoraria as manhãs, se elas começassem mais tarde!

Meu outro anti-heroi que vou cultuar ate o fim do ano bissexto: Homer, um pai de família americano rude, acima do peso, grosseiro e preguiçoso. Homer foi considerado o mais influente personagem de desenho na televisão. Homer é uma sátira da família americana, tudo nele é politicamente incorreto. É um “loser”. Nunca fui para os EUA mas pelo que vejo nos filmes os americanos tem uma obsessão por achar “losers” ou os perdedores. Alguém vai ser escolhido, principalmente se não tiver popularidade ou renda. No país da competição, viver de birita, de preguiça, com pouca grana como Homer não faria sucesso na faculdade ou High School.

Se não fosse protagonista de desenho famoso, Homer com certeza seria em um filme americano, no máximo o garçom obeso de uma cidadela quase abandonada. É esse o papel que dão a loser. Mas No fundo, Homer não se importa. Ele diz que a “ vingança é um prato que se come três vezes ao dia”.

E há nele uma filosofia inerente digna de ser citada nos anais dos losers: “A iniciativa é o primeiro passo para o fracasso”. Depois de anos e anos me servindo de profetas como Augusto Cury e Thimoty Robbins, descobri que Homer é meu guru. “Se algo é difícil de fazer, não vale a pena ser feito!” Bingo. É dele também a sábia orientação: “ Se algo está dando errado, culpe o cara que não fala inglês”. No nosso caso, vamos culpar aqueles que não falam português. Atenção nesse item, gente. Vamos culpar só quem não fala, porque se for quem não escreve, teremos um exército de culpados.
E por ultimo, Homer fez uma pergunta que eu nem sabia que existia. Mas depois que eu a vi, achei que não poderia viver sem ela: “ Deus, porque eu tenho que gastar 2 horas do domingo na igreja ouvindo as diferentes maneiras que irei para o inferno!”.

Garfield e Homer são personagens relativamente “velhos” para mim. No final do ano passado, vi pela primeira vez o seriado Glee, que obviamente foi liberado para a televisão aberta. E sim, eu vi Glee, apesar dos 40 anos, tenho alma de adolescente. Eu e minha filha ficávamos esperando ansiosamente as 11h de sábado para começar a série. E que ninguém ousasse nos tirar de lá. No início detestei até a morte, Sue Sylvester, a treinadora vilã. Insensata, insensível, egoísta, mas engraçada.Segundo a Desciclopédia, é mais macha que os vampiros do Crepúsculo juntos. Gosta de destruir os sonhos das outras pessoas a todo e qualquer preço, de tão ruim que é a personagem, ficam verossímil. Sue sabe que é casca grossa. Ela reconhece isso:

“” Mandei tirar as glândulas lacrimais … não usava elas mesmo ! É na arrogância que Sue faz seu palco filosófico com verdades abissais. E eu acho esta uma grande verdade: Não é fácil sair da zona de conforto .As pessoas vão acabar com você. Vão dizer que nem devia ter tentado.Mas escutem isso...Não há muita diferença entre um estádio cheio de fãs e um bando de gente te xingando. .Ambos estão apenas fazendo barulho.Como encarar isso é com você.Convença-se que estão torcendo por você.Se fizer isso,um dia,eles irão."

Não esqueci o Doutor House, considero sua filosofia inspiradora: “Qualquer um pode odiar a humanidade depois de levar um tiro. É necessário um grande homem para odiar antes disso.” Mas ele é viciado em Vicodin, que ele pega na farmácia do hospital. É um analgésico para tratamento de dor cronica, utilizado em pacientes com cancer. Não sou muito de narcóticos. Uso sertralina.
Meu pai de cabelos arrepiados na passagem do ano: parece o Homer  Simpson

Frases avessas

“Eu vou pedir a vocês que cheirem seus sovacos. Esse é o cheiro do fracasso e está contaminando meu escritório.” (Sue Sylvester – Glee)

“ Existem três frases curtas que levarão sua vida adiante: Não diga que fui eu!, Oh, boa idéia chefe! e Já estava assim quando cheguei”(Homer Simpson)
Ah, que bem me sinto hoje! Tenho vontade de ser amável com toda a gente. Deve haver algo de errado comigo ! (Garfield)

“Tudo que eu queria é apenas um dia no ano no qual eu não fosse visualmente agredida por feios e gordos. Essas retinas precisam de um dia de folga.” (Sue)

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