A pauta era em plena "madrugada" de domingo. Acordar às 6h para estar as 7h em Arroio do Meio em tempo de trotar na "caminhada contemplativa". De tênis e com cara de sono, desço emburrada as escadas de casa, porque afina é domingo e eu não coloquei o despertador. Resultado: equipe em frente da minha casa a me esperar.
Quem afinal inventou a ideia de uma caminhada na madrugada de domingo? Pensava eu beiçuda. "Se tiver três pessoas nessa caminhada eu grito". Perderia o sono e a pauta.
Qual não foi minha surpresa quando avistamos no interior de Arroio do Meio mais de cem "atletas". E o prefeito, lépido e faceiro, de tênis, aguentou o tranco de quatro quilômetros.
Surpreendeu-me a disposição dos mais velhos. A turma dos sessenta, setenta, estava muito mais entusiasmada do que os alunos. Eu me dei conta de que os vovôs estão adotando bons hábitos, são os jovens que estão desleixados com o que comem, bebem, ou agem. Mas todo mundo quer ser magro. Eu sou a rainha do ócio, mas naquele momento, queria caminhar os quatro quilômetros. Queria. Eu juro. Respirar frescor e olhar as vaquinhas vindo em nossa direção, todas curiosas com aquele "plantel" de gente. A caminhada nada tinha de contemplativa. Eles nem notavam que estavam em passo apressado, acostumados estão a fazer exercícios diários. Senti inveja e vergonha. Pela primeira vez em muitos anos pensei em acordar sempre assim tão cedo e caminhar. Eu consegui assimilar o prazer dos caminhantes.
Meu colega Rodrigo também. Ele percorreu cem metros, ficou se achando com a "qualidade" de sua performance. Sentou no carro e veio com essa: "nossa, eu já sinto que estou liberando endorfinas. Estou sentindo aquele prazer que os atletas sentem no fim de cada exercício." A risada foi geral. Clube da endorfina em ação.
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