A loucura me vem seguidamente à cabeça. É inerente. O estigma de "louquinha" combina com o meu brinco, com a minha calcinha seja ela de que cor for. A loucurinha é uma ingrata atrevida. Assiste televisão comigo, teima em digitar meus textos junto ao computador de trabalho.
Eu sinto o cheiro do seu desodorante. Eu escuto a sua música. Ela gosta de Raul Seixas, Camisa de Vênus (não o preservativo gente, uma banda dos anos 80) e de Bidê ou Baldê. A loucura amiga minha chuta o balde. Eu às vezes fico louca quando ela encarna em mim. Eu sou uma louca que não pensa que Deus sou eu. Eu sou uma "louca" que queria ser sã. Sei que parece ser legal não se encaixar, pensar diferente. Mas pôxa, todo tempo assim você se sente uma "outsider". Ser estranha no ninho todo o tempo é se sentir rejeitada. Talvez se eu morasse em Porto Alegre, eu frequentasse o mundo dos "guetos", das pessoas alternativas. Talvez eu me esbaldasse numa daquelas boates lesbicas. Nem sair de casa eu faço, parece misantropia, mas não é.
A loucura é uma espécie de redenção. Fala a verdade, vai. Você se sente todo importante quando alguem diz: você é louco. Você se acha ousado, atrevido, você não se encaixa porque você se sobressai. Mas as vezes cansa, porque quando você passa de louquinho para "pôrraloca", aí o caldo engrossa.
O seu Oswaldo, CEO do Informativo, o Deus que manda e desmanda nesse jornal e até pode me dar uma bronca por essa crônica, costumava me apresentar assim para as suas visitas: "essa guriazinha toma sopa de garfo. Mas aqui é assim, nesse jornal a gente tem que ter os equilibrados e os louquinhos que é pra contrabalançar."
Agora ele não me chama mais de guriazinha, mas o resto continua igual. A Carine que é a CIO do jornal, isto é controla a informação e a edição - me estabiliza dizendo que eu sou louca no bom sentido. Ela garante que até gosta do meu jeito. Mas por via da dúvida, exige que minhas matérias sejam impreterivelmente relidas pelo Ermilo, que é o CKO, um sujeito chave nas consultorias (da redação, pelo menos). Na verdade, é o editor de Geral.
Loucura, loucura, loucura, diz Luciano Huck. Loucura é uma coisa que quem não tem só pode ser completamente louco, diz a escritora Adriana Falcão. Loucura é bom, ruim, ou assim assado. Os loucos gritam quando são contrariados. Eu falo alto com uma convicção que não tenho, mas como os outros compram a ideia, eu continuo agindo assim. Dá certo. As vezes eu penso que estou ficando louca de verdade. Me desfragmentando de mim. Eu me sinto enlouquecendo e bate um medo terriível. Mas meu psiquiatra me tranquilizou: "o principal sintoma de que você não está enlouquecendo é pensar que está."
No fim, que não é louco não pode ser muito certo. Tenho prá mim que somos tods
F na CID 10 da saúde. CID é a lista internacional de doenças. NO F estão os transtornos mentais e comportamentais. Sou F31. Imaginem que transexualismo é considerada doença mental, pois está na CID 10 como F64.
Eu desconfio de que alguns políticos sejam F63.2 A CID-10 assim define a cleptomania: “falhas repetidas em resistir a impulsos de roubar objetos que não são adquiridos para uso pessoal ou ganho monetário. Os objetos podem, ao invés, ser jogados fora, presenteados ou armazenados.”. Hum, pensando bem nao é a definição certa. Mas para safadeza, não existe F. Sou louca, então!
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