Em Santa Clara do Sul, o “padre bruxo”, protagoniza uma série de histórias que o fazem um sacerdote diferente.
“Eu sou um estranho no ninho”, conclui padre Hilário Dewes, sentado num dos
dois sofás da sua “tenda” – vocábulo para seu cômodo de 25 metros quadrados
onde está morando atualmente, no Centro da cidade. É ali, espremido entre
um banheiro minúsculo, a cama e o fogão portátil que ele faz seu consultório de
parapsicologia.
O padre chama seus pertences de “badulaques” –
inclusive a cruz - diz que a Bíblia foi escrita por “gente quase
analfabeta para analfabetos” e catequiza através da hipnose.
Há poucas semanas, era o pároco oficial de Santa Clara
do Sul. Ele diz que foi retirado da paróquia por fugir do que reza a cartilha
tradicional. “Foi um grupo de padres que não me aceitou porque eu proponho
coisas diferentes.”
Diz que a Igreja é um contrasenso e não teme represálias. “Agora eu me sinto livre.”
Fora da paróquia o padre continua
benzendo, batizando, rezando missa onde é convidado a ir.
Versão do padre Quevedo
Padre Hilário é a versão local do Padre Quevedo – um jesuíta
polêmico que diz que fenômenos como possessões não existem. “Tenho tudo
do padre Quevedo, menos a brabeza”. Sorrindo com o chimarrão na mão,
esconjura o satanás com a mesma calma com que o sorve. Para o padre
bruxo, o demônio é uma energia mal utilizada. Hilário expulsa o capeta com
técnicas de parapsicologia.E para suposta possessão demoníaca, o bruxo utiliza
a reprogramação mental.
Padre
Hilário percorre o Rio Grande do Sul promovendo cursos para empresários, grupos
e entidades. Também faz consultas, regressão e palestras. Diz que é um
“padre bombril” – porque faz de tudo um pouco.
Enquanto houver gente com sofrimento psíquico, o sacerdote bruxo vai missionar assim: com fé, hipnose e treinamento da mente.
“Se os padres tivessem vergonha na cara, teriam amor ao povo. Eles são carrascos na maioria das vezes. Digo porque é verdade. Eles tem de se tornar gente.”
“O
demônio é uma energia. Os cristãos transformaram-no em bicho, a
energia mal usada.”
“Eu
proponho coisas diferentes, fora da cartilha tradicional. Quem não me aceitou
mais na paróquia foram os sumo-sacerdotes, os mesmos que mandaram matar
Jesus. Se Jesus viesse aqui, eles também o eliminariam da Diocese”
“A
bíblia pode ser entendida como uma manifestação do inconsciente coletivo de uma
experiência com Deus entre muitos povos. Eu estudei muito Freud na psicanálise
e ainda acho que não entendi um por cento”.
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