terça-feira, 3 de abril de 2012
Três dias depois do desabafo
Três dias após eu publicar no Pitônicas, O Vale das Meias Palavras, recebo muitos comentários. Na verdade, desde que eu comecei a fazer a coluna, esta foi a crônica que de longe teve mais manifestações. Quando eu a escrevi, de um fôlego só, sem nem olhar para os erros de português ou puxar pela memória para achar a palavra mais bonita, eu estava com muita raiva por ter sido "cerceada" e coagida a usar meias palavras. Não pensei realmente nessa repercussão porque achei que eu estava falando algo tão obvio, tão banal que era chover no molhado. Julguei mesmo que as pessoas pensariam: "ah não, mas agora ela quer envolver assunto particular em coluna pública: azar o dela que escolheu esta profissão". Fiquei abismada como as pessoas pensam iguais a mim e nao só no mundo jornalístico. Pessoas de fora do jornalismo foram ainda mais convictas: "chega de meias palavras" Por telefone, por Facebook, por e-mail, me falaram que eu tinha coragem e que era para "continuar assim." Eu agradeci a todos e fiquei feliz com esta motivação. Porém percebi algo: ninguém me falou. "Continue assim, farei como você". Conta comigo para começar a dizer verdades inteiras. Todo mundo diz que está na hora de mudar. Ninguém quer ser o agente provocador da mudança. Talvez, no andar da carruagem, lá pelo meio caminho, quando as pessoas descobrirem que muitas estão dizendo realmente verdades, talvez descubram que o caminho é por ai e então sigam juntas.
Um político expôs um questionamento: E se começássemos a dizer a verdade verdadeira o que daria ? É um paradigma ? Será quebrado um dia ? Talvez ele tema que ao dizer as verdades abissais o mundo se torne mais caótico afinal todos avisam sobre o prejuízo do sincericídio. Não é para ser grosso. Embora grossura seja mais ética do que dourar a pílula. Com a crônica, eu quis fazer uma provocação. Eu comecei a escrever o Pitonicas com este proposito, de me colocar como telhado de vidro. Escrever é se expor, e se expor doi e nao é facil. Mas se a gente quer que os portais de transparencia dos governos deem certo, que sejam mais do que meros números jogados ao leu numa tabela imbecil, temos de deixar a zona de conforto de lado. Temos de deixar que falem mal da gente no texto de jornal, deixar que olhem a gente como eles nos veem. Vamos romper com o espelho da bruxa da Branca de Neve, aquele que dizia: você é a mais bela, rainha. Você é a mais honesta, rainha. Você fez o mais certo, rainha. É simples mas nao é fácil. E ademais, tudo é vaidade que passa com o vento. Se um repórter não foi tão lisonjeiro quanto você gostaria, lembre-se, haverá outra semana e mais outra. E você sempre poderá fazer projetos legais que vai conquistar o público e os jornalistas. Faz parte do jogo não agradar todo mundo. Por isso, agrade seu âmago sendo sincero. A satisfação interior que isso te proporcionará, ninguém vai te tirar. Envolva-se, comprometa-se, porque uma vida sem causa é uma vida sem efeito.
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