Íntima é uma palavra bonita, mas o órgão sexual feminino é
uma palavra tenebrosa. Quem for pela palavra, jamais chegará lá. Parece
algo pernicioso. Coisa que não é, porque bem se diz que brasileiro adora
fornicação.
Trago o assunto à baila porque Erasmo Carlos me fez pensar
sobre o tema. Estava eu na cama semi-acordada quando ouço o cantor
declarar para um canal de televisão: “quem criou o português devia ter
inventado palavras mais bonitas para as partes íntimas”. Minha filha que tem 12
anos também ouviu. Refletiu e me disse: “é verdade mãe, as pessoas tem mais
medo das palavras do que o ato em si”. Logo depois a gente chegou à conclusão
de que talvez não seja a palavra tão feia, mas o que ela evoca que a deixa
assim tão “desairosa”. Realmente, não há decoro com o que o tio Aurélio
define como: “designação comum a diversas formações com feitio de bainha.”
Acho que a gente é preconceituoso com as palavras. Quando a
periquita é a ave, o nome é até jeitosinho. Quando vira eufemismo dos dotes
femininos, aí vem aquele sorrisinho. Existe mais de 700 espécies de pererecas
que gostam de viver em galhos de árvores. Mas a gente só ri quando se trata
daquela que não é da família dos anfíbios. Por que damos nomes tão feios
a algo que todos julgam prazeroso? Se o que dá prazer envergonha, porque não
temos vergonha de dizer Cho-co-la-te?Chocolate não é coisa íntima, a não ser
que você queira chamar o do seu marido de “ouro branco” ou “diamante negro.”
E como se as partes íntimas já não fossem íntimas, na
tentativa de ficarmos mais íntimos com nosso companheiro, temos a mania de dar
nomes carinhosos. Creio que essa mania começou com Dom Pedro. Juro. Quem leu a
obra 1822 do jornalista Laurentino Gomes vai matar a charada sobre a “máquina
triforme”.
Vou fazer um breve resumo: a imperatriz Dona Leopoldina era
uma mulher feiota, gorda e depressiva. (Naquele tempo não tinha Prozac). Mas
era da mais alta realeza da Europa. Super culta e caridosa, costumava ajudar os
pobres brasileiros. Foi ela a verdadeira proclamadora da independência junto
com José Bonifácio (que era maçom). Dom Pedro batia nela - naquele tempo
a Lei Maria da Penha era uma utopia. Em sua última gravidez, Dom Pedro deu um
chute em sua barriga e ela morreu no dia seguinte. Enquanto a defunta nem
esfriava no caixão, o Pedro, que tinha o dom fornicava com a sua amante.
Este sim foi seu verdadeiro caso de amor: Marquesa de Santos. Eles formavam o
casal 20 da época. A paixão era avassaladora e consumia o casal. O romance dos
dois rendeu um dos conjuntos mais pitorescos da historia. Nas cartas para a
marquesa, Dom Pedro assinava como: "O Demonão" e "Seu Fogo
Foguinho". E a marquesa intitulava a genitália dele como
"máquina triforme".
Pedro era um “latin lover” meio abrutalhado e cheio de
autoestima. Laurentino Gomes diz que o imperador utilizava nas cartas com a
marquesa uma linguagem de borracharia. Se Dom Pedro existisse hoje e
reinasse entre os comuns, aposto que seria um Alexandre Frota.
2 comentários:
Pita, te admiro cada vez mais mais. Tu escreve muiiiitoooooooo!!! Parabéns, de coração... Kokynho
Obrigada Kokys,,,me arruma um emprego aí..rs..bj
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