terça-feira, 24 de abril de 2012

Os dois lados do Seu Oswaldo


 Diferentemente dos líderes empresariais da região, Oswaldo Carlos van Leeuwen é reconhecido pelo  nome e não pelo sobrenome. 

Dado o respeito que angaria com a comunidade e os funcionários, invariavelmente o pessoal coloca o “seu” na frente para marcar a reverência. Nem precisa. “Seu Oswaldo” como homem derivado do microfone, dispensa cerimônia e aprendeu a fazer rádio na marra. Oswaldo viu muitas vezes o canto, gauchesco e brasileiro, já que Alegre era sua audiência nos postes com alto-falante.
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Um dia chegou em Lajeado, motivado a empreender. Um amigo dele disse: “vou te apresentar uma rua grande como esperança de pobre”. Era a Julio de Castilhos, um descampado de estrada de chão.
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O Oswaldo colocou um jornal, empregou meia duzia de gente e se foi fazer informação. Porque ele tinha arrepios de ouvir falar em ser médico. E era tudo o que o pai dele queria, que seguisse a medicina.
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Oswaldo entornou o caldo e com o jornal crescendo, se tornou o porta voz dos médicos, advogados, professores. No fim, deu mais certo do que seu próprio pai previu. Mas se o guri tivesse sido obediente na época, o Informativo não estava aqui para contar histórias hoje.
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Ninguém pegou o tempo em que seu Oswaldo era galã. Mas quando ele se tornou pai aos 68 anos, virou um chefe ainda mais admirado. Esse é raçudo. E aos 82 anos anda na moda com iPhone, uma esticada prolongada na praia todo o verão, um programa de entrevistas na TV Informativo e uma inquietude que o faz madrugar. Chega antes de todo mundo à empresa.
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Seu Oswaldo lança cápsulas de sabedoria pelos corredores. Uma hora fala com este, outra com aquele e vai largando sua  experiência de vida entre um dito e outro. Ele diz que a vida é uma escada com 33 degraus e quem está no mais alto tem que saber descer para ouvir aquele que está abaixo. Nem tudo é completamente bom ou mau. Tudo tem os dois lados. O verso e o reverso, o côncavo e o convexo. E o bis de seu Oswaldo aos jornalistas é sempre o mesmo: “escutem os dois lados”.  O jornalismo é a arte de ouvir as partes. O legado de um decano da informação.

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