quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sou jornalista, mas sou limpinha


Quando a Fátima Bernardes nasceu, Deus disse: “Desce e arrasa”. Quatro anos depois, eu quis pegar carona nessa premonição e falei para o Altìssimo: Ó senhor, me deixe ser jornalista igual à Fátima. Talvez ele tenha confundindo que eu queria ser igual àquela Fátima de Portugal – das três crianças pobres que vislubraram um fenômeno na estradinha de chão. Aquela que virou santa. Tres crianças sem dinheiro e sem moral. Deus, na atual conjuntura, tem muitas vozes e pedidos para ouvir. É que o Uno deve ter confundido meu pedido. Mas ai então eu desci e em vez de arrasar como a Fátima do tio Bonner, me ferrei como a Fátima do fenômeno.



Fui levando a vida, desapegada do materialismo extremo. Quando dei por mim, percebi que meu Corsa 95 já vai atingir a maioridade e que eu tive de costurar os bancos com agulha e linha cinza da minha mãe.  Percebi um certo endurecimento na direção, talvez coitado, esteja pegando reumatismo. E me dei conta que estou sempre a um passo do SPC. Não, não foi a banda do Alexandre Pires que ressurgiu e eu jamais cheguei perto dele para entrevistá-lo. Mas suas músicas poderiam  servir de metáfora para meu pai me dizer: sai da minha aba sai pra lá... 
Já para mim, cairia bem o refrão: eu não tenho culpa de viver pobrinha, no meu cantinho rezo pra pagar. Levo a minha vida, bem enxugadinha, trabalho pra viver, não pra badalar. O meu textinho uai, é bom demais, não tem como duvidar.  Quem pagar vou me amarrar... Ai, ai, paga um pouco mais...
Então, agora, com talento para escrever mas não para cantar, gostaria de pedir a  força de vocês. Eu sou pelada de grana e visto a camiseta do trabalho. Se alguém souber de um trabalho por fora, uma assessoria, um servicinho que possa me render nada que um Eike Batista ganha, mas um plus que possa ajudar a pagar a fruteira, a farmácia e a escola da minha filha, eu honestamente, ficaria imensamente grata.  Eu sou limpinha, organizadinha, chego sempre no horário. Eu  reconheço que sou bipolar, mas  eu sei cumprir minhas tarefas, sei escrever para folder, para house organ, para políticos e entidades de classe. Se quiserem me contratar para feiras, eu não sou nenhuma beleza estonteante, mas faço bonito nos relises. Eu queria mudar meu iogurte Languiru para um Activia de vez em quando. Não estou pedidndo muito, só algumas vezes. Não me importo que meu papel higiênico não seja Neve. Juro, sou desapegada disso. Mas sabe, as contas eu queria pagar e parar de ter vergonha de abastecer cada vez o carro com R$ 10. Ah sei La isso fere a autoestima da gente. Se alguém, meus amigos, já que eu tenho mais de 1.900 pessoas no Facebook- souber de alguma coisa legal, por favor, entrar em contato.
Eu também preciso pagar sertralina, meu remédio que preciso tomar sempre, ininterruptamente. E é com humildade que me coloco a disposição do Sindicato dos Comerciários, da OAB de Lajeado, do Sindicato dos Sapateiros, do Grupo de Sargentos, de todas as empresas que vivem e pulsam na pujante Lajeado, Estrela, Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Forquetinha, Paverama e arredores.

Assinado: uma trabalhadora que não faz greve e não quer vender o voto. 

2 comentários:

Karla Enger disse...

te admiro muito, teus textos, teu peito aberto, tua sinceridade, teu caráter! se souber de algo, vou te avisar! beijo

Unknown disse...

Muito obrigada, Karla....beijaooo