quinta-feira, 14 de abril de 2011

A tristeza de Bethoven

Durante todo o dia chuvoso, ouvi queixas ferrenhas sobre a chuva e a destruição que dela decorreu. Os humanos vociferaram alto, mas é de um cão que trago o resumo da desolação. Bethoven, um cusco peludo de 12 anos, semi-cego e amarrado à madeira da casa, não sabia para onde ir. A água nas patinhas, nos pelos longos e ele ali, com os olhinhos brancos - a cegueira formava umas bolinhas brancas nas vistas. Ele não sabia que os canos estavam entupidos, que os bombeiros não tinham a mangueira adequada para sugar a água. Ele não sabia que o asfalto tomou conta de toda a terra. Ele não sabia que o berço da criança de um mês estava submerso. Eu acho que ele so queria sair dali. Ele aceitaria até fazer companhia para os gatos da vizinha, que se refugiaram no alto do sofá. Mas ele estava ali, molhado, como eu. So que eu tinha o direito de ir e vir. Ele não. Bethoven, nem a nona sinfonia prá te salvar.

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