"Eu me dou melhor comigo mesma quando estou infeliz:há um encontro. Quando me sinto feliz, parece-me que sou outra"
Lispector sempre teve o maior talento com as palavras e em várias frases suas eu identifico-me. Não saberia como costurar tão bem as frases. Na felicidade, eu tenho medo do próximo instante que pode não ser mais feliz. Eu tenho medo de me acostumar a felicidade e depois ter de chorar para voltar aos doces campos inócuos, onde nem alegria, nem melacolia se criam. Eu sinto essa agonia estapafúrdia que não quer parar de palpitar no meu peito. Me amedronta o que ela vai fazer comigo. Vai engolir um por um meus largos pensamentos a respeito da alegria, vai retirar com a pinça minhas ideias de ir avante. Vai solapar minha vontade de me sentir viva. Tenho medo de me iludir com a felicidade. Quero me olhar na poça da água e sentir que este é o riso real, aquele opaco refletido no chão, sem presunção de grandes alturas. Deus, cansei de andar de roda-gigante da felicidade. Prefiro o chão, a terra firme e um sentimento estabilizador, porque é com eles que sei lidar. Prefiro Deus, que tu me nine com tuas canções de ninar e me acolha no colo como uma garotinha que necessita de segurança. É este todo conforto que eu quero. Quero o aconchego de um colo mais do que a escalada para a felicidade. Um colo humano, também tá valendo.
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