Há meia hora minha filha chorou. E foi o choro mais lindo de todos. Eu fiquei tão feliz. Os olhos vermelhos lacrimejando me deram orgulho. Ganhei na loteca sem nunca jogar. Marianna terminou de ler as 94 páginas de O Pequeno Príncipe e emocionou-se como eu nunca a vira sentir-se assim em filme algum. Foi um livro que fez isso. Não é qualquer livro, já que Saint-Exupéry foi lido por milhões de pessoas em 80 línguas diferentes e todas elas tiveram a capacidade de emocionar-se com o principezinho. Por muito tempo eu guardei esse livro no roupeiro e tentei dá-lo a ela. Mas ela folheava, até tentava relancear algumas páginas, contudo, não ia adiante. Desta vez ela mesma tomou a frente de lê-lo e ao finalizar as páginas, chorou em borbotões. Ao sentar com ela e relembrar dos melhores lances da obra, também chorei. O Pequeno Principe devolve a cada um de nós o mistério da infância. A linguagem acolhe e tudo isso começa no prefácio da obra: "Todas as pessoas grandes foram um dia crianças, mas poucas se lembram disso."
Infância é também o prefácio da vida. Não dá para sentir pulos no coração com frases que se tornaram manjadas nas dedicatórias das misses, mas que significam profundamente um modo de existência essencial: "Só se vê bem com os olhos do coração. O essencial é invisível aos olhos." Ou essa: "Você se tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Se chegares às quatro, desde as três começarei a ser feliz."
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Marianna: cativada pelo livro |
Mas minha filha começou a chorar na página 93: "Esta é para mim a mais bela e a mais triste paisagem do mundo." E quando ela chorou eu sorri, porque ela descobriu a emoção do livro. E eu chorei por ela ter chorado de emoção. E eu chorei porque agora ela me entende um pouco mais. E eu chorei porque minha alma sorriu. E nenhuma pessoa grande jamais entenderá que isso possa ter tamanha importância!
4 comentários:
Não tem como não se emocionar... tanto pelo texto, escrito de forma exemplar pela mãe e pela reação da filha. Elejo o trexo: tu te comprometes com quem tu cativas como filosofia de vida. O pequeno principe é leitura obrigatória em todas as fases da vida.
Que lindo isso Rôdi!!!!
E eu, daqui das esquinas de Gravataí, tão distante de ambas, também chorei ao ler seu texto, Pitinha, pois me senti, por um átimo, pertinho dessas duas choronas... as lágrimas rolaram, pois eu tanto queria presenciar esse momento, pois sei quão especial foi... lindo, lindo, emocionante esse textinho...amo as duas... Acho que agora a Nanna entrou mesmo no teu mundo, ou no nosso... e que ela pegue o gosto, pra sempre!!! Saudade...
Sim, dona Rapousa Macartney..tu captou o espirito da coisa. Creio que deu o insight nela,,,rs , beijaoooooooooooooo
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