domingo, 21 de agosto de 2011

Sentindo um assalto

Eram 18h30 de uma sexta-feira fria. Havia acabado de sair da redação pois durante o dia, trabalhara na luta de Brizola e os 50 anos da Legalidade. O dia em que um taura macho enfrentou os generais. Saíra do reduto jornalístico com a sensação de dever cumprido, sem saber que dois minutos após, um outro dever estaria em minha frente. O dever de sentir o que passa uma vítima de assalto.
Acabara de colocar a mão no iogurte da geladeira quando ouço uma voz fraca: "E um assalto, é um assalto, não façam movimentos." Dois homens encapuzados protagonistas do ato. Fixei os olhos em um durante alguns segundos, pensando ser brincadeira. Olhei a arma, era lustrosa demais. Parecia leve demais. E certamente pela frouxidão da voz de comando, ERA UMA BRINCANDEIRA. Mas não era porque logo após eles tentavam coagir: "Vamos matar um. Vamos matar um."
Percebi que passava por um verdadeiro assalto. Sem pensar, agachei-me. Meu objetivo era jogar a bolsa no chão e pegar a chave do carro e os documentos. Sabia que a falta de carta de motorista, identidade, cartões, me daria uma dor de cabeça danada. Não deu tempo. O bodoso veio atrás da prateleira ao meu lado me intimar. "Larga, larga". Tomou-me a bolsa vermelha com toda minha vida dentro. Estou sem identidade. Nunca tive antes, sempre me achei meio errante. Mas agora não posso provar que eu sou eu. E isso vai me dar um trabalhão. Estou sem identidade, sem Sicredi, sem Refeisul, sem Unimed, sem Carteira de Habilitação, sem CPF, e sem inspiração pra falar desse mundo injusto e desolador.
Levaram a chave do meu carro. Eu não tinha copia em casa. A noite, tivemos de achar um chaveiro que se dispussesse a levar o carro prá casa dele e fazer "miolos" novos. Trocar todos os segredos do carro. Todo esse trabalhão por dois minutos de assalto.
No outro dia, tive de ir a polícia fazer registro. Não tinha um tostão para pagar nem o ônibus porque afinal minha carteira fora levada (tinha uns reais dentro) e meu cartão de credito também. Fui a pé, sem bolsa e sem nada. Me sentia invisível, eu não tinha tiracolo, parece que estave desanexada do mundo. No caminho a policia, entrei em duas lojas para comprar uma bolsa sem dinheiro e sem documento. Explicara que havia sido assaltada e que quando o banco restabelecesse o cartão eu pagaria. Queria fazer no crédito. Mas as lojas so trabalhavam com cartão.
Foi um assalto fútil. Um assaltinho, nem tomou grandes proporções para valer uma cronica, diante de tantos assaltos com mortes que a gente percebe na imprensa. Mas foi meu assalto. Foi o assalto que me tornou invisível perante a sociedade. Foi um assalto que me tornou invisível perante mim. Caminhado sem lenço e sem documento até o Centro, para bloquear cartões, ir na CDL e outras providências, lembrei-me dos mendigos que habitam na Praça da Matriz. Muitos deles me disseram que já não tinha mais documentos, eu então me dei conta de o quao impactante é viver sem noção de origem ou referencia. Um paria social.
Consegui comprar uma bolsa na terceria loja em que eu tinha crediário. Mesmo com crediário, a lojista teve de pedir permissão a gerente, se poderia fazer esse tipo de negociação. Ou seja, quando tu é vítima, tu fica ainda mais vítima das coisas que te cercam. Porque em situação normal, seria so eu pegar o artigo e levar ao caixa, já que a loja tinha todas as minhas informações e eu so pagaria um mês depois. Mas como fui vítima e estava sem nada, ela ainda tinha de pedir permissão. Isso me deu tanta raiva quanto eu tive dos assaltantes.
Fui pra casa com a bolsa vazia, mas ao menos com algo em cima do ombro, para me sentir menos estrangeira no meu mundo social. Aguardo que alguma boa alma encontre os documentos e os leve para a Delegacia. Ligo todos os dias para a DP e Brigada Militar verificando se foram encontrados. Ainda não.
Fico relembrado meus atos na hora do assalto. Ora pergunto porque não reagi. Deveria ter feito um gesto brusco e tirado a arma do cara. Ora pergunto porque me agachei. Deveria ter ficado paralisada. Ora fico com vontade de entrar em um curso de Defesa Pessoal. Aliás, creio eu que nas escolas, os alunos deveriam ter aulas de Defesa Pessoal em vez de Educação Física. O MEC deveria urgentemente repensar o currículo escolar.

Facebook
Coloquei no Facebook uma frase bem-humorada de Millor Fernandes: "Ser pobre não é crime, mas ajuda muito a chegar la". Imediatamente, recebi reações adversas. De que os maiores ladrões são os políticos e os colarinhos brancos. Retruquei que só porque os maiores ladroes são os de colarinho, a gente não tem de dar anistia e perdão para os ladrões menores. As cadeias e polícias estão abarrotadas de ladroezinhos que nasceram e viveram nas favelas. É lógico que a pobreza é um fator de motivação para o crime. Quem duvida é doido. Sem horizonte social, sem ter nada a perder, sem emprego que pague o mínimo de dignidade, é muito mais fácil assaltar uma fruteira do que ficar coçando o saco se lastimando pela vida. È louco também que não entende que não dá para generalizar. Tanto pobres quanto ricos fazem isso. So que estamos tentanto ser politicamente corretos e queremos "defender" os que tem menos em nome da nossa pseudo-compaixão pelos oprimidos. Acontece que é preciso usar o principio da isonomia. Temos de punir tanto pobres quanto ricos. O fato de ricos roubarem não exclui que pobres não façam isso, mas sim e a gente nao tem de dar anistia pra eles. Se você cerca sua propriedade para impedir que vacas e bois comam o pasto e os dois invadem ruminando tudo, você só vai punir os bois e deixar as vacas?Não, vc vai pedir para o dono do rebanho levar esses animais maléficos porque está de saco cheio de todos eles.
Amanhã eu terei de ir a pé para o trabalho e voltar tambem. E terei de fazer isso algumas semanas ate que venha a segunda via da minha CNH. Sim, pq eu tenho de andar na lei e nao posso descumprir as regras de dirigir sem documento. Tudo por um assalto chinfrim. Enfim, continuo concordando com Millor Fernandes: Ser pobre não é vergonha. Tem muito pobre sem-vergonha.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O fim de O Vale da Insensatez

Aumenta o número de suspeitos da morte da viuva milionária. A DP de Lajeado recebeu uma denúncia de Fontoura Xavier de que o assassino seria nativo de lá. O suspeito é o sortudo que ganhou a Mega Sena milionária de 119 milhões e que depois ficou visado por fraudar a loteria. O homem em questão teria tido negócios escusos com Teodoro Amaral, mas Teodoro deu um calote nele e ficou com a grana.
O homem, descobriu que Teodoro estava morto e matou a Norma para pegar o dinheiro de volta. Ele teria comprado um carro importado numa das revendas de Lajeado e fugido rumo ao Uruguai.

Enquanto a polícia vai atrás das pistas, o advogado Evandro Muliterno de Quadros cuida do espólio da viuva. Segundo o Chiarelli Corretor, Norma havia comprado pelo menos duas manões no Alto do Parque (mas ficou furiosa com o valor do IPTU). Ela também era sócia oculta da Sprtis. (Sim,Norma era uma baladeira e nos anos 80 gostava de ser chamada de Rainha da Sucata).
Há indícios também de que ela estaria fechando neogicação para comprar o Clube da Loira da Bicicleta, mas como morreu o negócio nao foi fechado, Chiarelli perdeu a comissão e a loira ficou triste. Teve que partir para a esquina do Antoniazzi, onde fez concorrencia com a Malu.

Norma foi enterrada no Cemitério Católico do Hidráulica, junto com os nomes quatrocentoes de Lajeado. Milhares ja confirmaram pelo Facebook a participação na missa de sétimo dia que será feita na Paróquia Santo INácio. O padre Antonio PUhl organiza os preparativos. A preocupação é com os abrigados da enchente que estão no pavilhao ao lado. A Defesa Civil aumenta a fiscalização na hora da cerimônia pois teme que os desabrigados junto com os caigangues façam um protesto no estilo: "Minha casa, minha vida".


O destino dos personagens
Natalie - depois de chafurdar no anonimato e perder a popularidae, Natalie entra em depressão e é atendida no Caps em Lajeado. Medicada com sertralina, rivotril e carbolitium ela se mantém estável e pensa em ser capa da Revista Tititi da Tina Ruschel

Douglas e Bibi - Douglas volta para o Mobral e enquanto estuda, a Bibi se diverte com os seguranças do Country Club

Jandira - vira namorada da ex de Araci. AS duas se acabam em baladas GLS em Porto Alegre. Querem promover a primeira no Bar do Gão,, mas vão esperar passar a epoca das chuvas. HOmologaram o contrato de união estavel no cartório de Lajeado e deram uma festinha no NIlo Beauty. O Nilo fez cabelo e maquiagem de graça para o casal.

Pedro e Marina - se separam no primeiro ano de casamento. Estavam morrendo de tédio. Pedro conhece o sofazão e se torna frequentador assiduo, junto com alugns colegas de Lajeado. 


Wanda - Apaixonada por jóias, se torna balconista do Weimer Acessórios no Unichsopping. Tem que trabalhar sabados até tarde da noite.

Tia Nene - vai parar na Central onde desvirtua os ensinamentos dos 12 passos do AA. Para ela, é assim: "So por hoje, tomarei mais um gole."


Raul - vira consultor do Ardemio Heineck e tem um alto cargo na Camara da Industra e Comercio do Vale do Taquari. Palestra seguidamente na Acil. A Camila Pitanga vira mulher dele, mas tem uma recaida e vive seus dias de Bebel na Rua dos Marinheiros em Estrela.

Andre - Sem saco pra tudo isso, se muda para Angola. Vira professor de Desing e acolhe os alunos do intercambio da faculdade da cidade

Vitória - quebra e vende a empresa. Com a morte da Norma, as ações provocaram reflexo no indice Down Jones. Vitoria teve o maior prejuizo da historia. Foi o crash da sua vida. Bsca se reeguer e mantém contato com o CFC Vitória. Não precisaria nem mudar o nome do negocio.

O jornalista semi-homofóbico é contratado pelo jornal O Informativo. Fica subalterno do editor Emilio Rotta no setor de polícia. Os dois se confrontam todo o dia e seguidamente sobem para a sala do seu Oswaldo onde assinam termo de advertencia.

Ismael - Recolhido ao Presídio Estadual de Lajeado, fez amizade com o ex-comparsa de Seco e é lider de sua ala. Gerencia o tráfico por smartphone no Cantão do Sapo.

Leo - O Leo mata mais um e salta. Boe, Gape, Policia Civil de Lajeado, Estrela, Montenegro e Encantado mobilizada. Delegado Reis trabalha com a hipótese de que Leo teria sido comparsa de Seco em assaltos a bancos marcantes na região. Bico Fino Brothers Band chamado a compor uma nova versão dos Rollings Stones: I cant get no, satisfaction". Seria a trilha que levaria Leo para o superlotado presido de Lajeado, onde ele morreria exterminado por ratos e baratas
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Eunice -A Liga de Combate ao Cãncer do Vale convidou Eunice, ex-diretora da Liga da Família Carioca para desfilar de lingerie no salão comunitário evangélico de Lajeado. Eunice vai apresentar a lingerie top, aquela que conquistou o Ismael. O evento será revertido a instituição.
A presença de Eunice faz parte dos serviços comunitários os quais ela foi condenada a prestar a comunidade


Juíza Patricia Acioli - Essa nunca entrou para a história e jamais terá seu crime desvendando. Nem ela, nem a amante do Bruno e nem o zé ninguém da esquina. Porque a vida minha gente, tem tanta coisa impressionante que os humanos mais parecem personagens de ficcção

Atenção
Os personagens são fictícios. Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidencia.

Assinado: Gilberto Braga

A morte de Norma no Vale da Insensatez

Repercute no Vale do Taquari a morte de Norma, ex-presidiária e viúva do Teodoro na novela Insensato Coração. A equipe de reportagem do Jornal O Informativo descobriu, depois de exaustivas investigações, quem de fato é o assassino da viúva.
Há uma semana Norma já havia solicitado, ao promotor Neidemar Fachineto, ampla proteção e acolhida na Casa de Passagem do Vale. O pedido foi indeferido pela delegada Márcia Scherer, que entendeu que a requerente tinha condições financeiras de se hospedar no Imperatriz.
Depois disso, Norma contratou uma equipe de advogados para lhe acompanhar, formada por Flávio Ferri, Jerson Zanchetin e Marco Mejia, que liderava a equipe.
Porém, de nada adiantou.
Norma é morta, anunciou o papa Ratzinger em sua preleção diária no Vaticano.
Mas antes mesmo do Papa ter conhecimento, Delmar Portz proferiu, na tribuna de terça-feira da Câmara de Lajeado: "Eu já sabia!!!!"
A exclamação alvorou os ânimos, tendo repercutido inclusive além das fronteiras do Legislativo, pois causou preocupação inclusive no pré-candidato a prefeito do PMDB no ano que vem, Ito Lanius. Ele, que também preside a Alsepro, mobilizou todos os órgãos de segurança e convocou uma reunião às pressas para recontratar a estagiária do vida urgente, alarmado com o aumento do índice de violência. Afinal, a morte de Norma poderia abrir precendetes no Vale do Taquari. Seria uma "matança".
A blogueira Laura Peixoto, única na plateia na sessão de terça-feira, "furou" Record, Globo, TV Fama e até a Sônia Abrão, e deu em primeira mão a notícia de que Delmar Portz já sabia. O tucano tem informações privilegiadas de que todos os telefones da região estão grampeados e, numa conversa entre o presidente do Lajeadense e o autor da novela, grampeada por alguém (por quer manter sigilo), o promotor Pedro Porto descobriu quem matou nNorma e contou para Portz.
Há informações de que mais membros do "ninho tucano", como Auram Terra, saibam dos desdobramentos deste mistério. Porém, alegou que só pode falar sobre Odete Roitmann e Salomão Hayallla, que ele lembra....
Agora, todos estão temerosos com as consequências. Além da reunião da Alsepro, o promotor Sérgio Diefenbach já convocou extraordinária do Fórum de Enfrentamento à Drogação, porque ele considerou o final da novela, uma droga.
O Executivo também está tomando providências para tentar acalmar os ânimos e esclarecer o caso, rebatendo denúncia de Antônio Schefer de que o culpado é o secretário Mozart Lopes. A prefeita Carmen Regina, inicialmente, pensou que Norma tivesse se afogado na enchente. Ela disse "este é o terceiro Vale mais fértil do mundo e um caso destes não aconteceria jamais em nosso pujante gopverno". Agora, Carmen, com auxílio de seu advogado Venâncio Diersmann, está ingressando com uma ADIN contra o autor da novela. Ela julga ser inconstitucional a Norma morrer na última semana.
Há indícios, ainda, de que a morte de NORMA possa ter sido motivada por uma concorrência. Os suspeitos são o CFC Delazeri e o CFC Vitória. Mas isto é assunto para o próximo capítulo.!!!!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A meu respeito

Jornalista e bipolar, controlada com medicação mas sem terapia. Ácida e divertida, tudo ao mesmo tempo!

O que eu quero

Alguem que seja sensivel mas nao derramado. Que me faça ver estrelas, mas nao me tire os pés do chão. Um paradoxo, um infinito particular
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É dos carecas que Deus gosta mais

Uma interessante mente.Para os fundamentalistas, um demente. O judeu americano e jornalista David Plotz  encoraja o mundo a ler a Bíblia. Ele diz que a Biblia deveria ser ensinada em faculdades, escolas e universidades. "Não ler a Bíblica é como ser cego". O cara não é nenhum carola, pelo contrário.  Ele incita a ler justamente para o povo perceber como o Deus do Velho Testamento é cruel. Na Bíblia, o que mais o perturbou foi o fato de Deus pedir e exigir o assassinato de pessoas inocentes. E se a Bíblia fosse intepretada ao pé da letra? O mundo seria segregado entre homens e mulheres  que estariam impuras quando menstruadas.

O mais engraçado
Para Plotz, o fato mais engraçado da Bíblica é a obsessão de Deus com os carecas. Ele afirma que homens carecas são puros e diz várias vezes para rasparem a cabeça e o corpo. (Com a nova onda dos neossexuais, Deus daria se agradaria muito deles). Há até um episodio em que alguns garotos zombam do profeta Elias, chamando-o de careca. Em seguida, um urso aparece e mata 42 crianças por causa disso.

* De acordo com Mark Twain, a Bíblia retrata Deus como um homem de impulsos maus muito além dos limites humanos, sendo classificada por ele a biografia mais condenável já vista por ele.[21] Ainda de acordo com ele, no Antigo Testamento, ele é mostrado como sendo injusto, mesquinho, cruel e vingativo, punindo crianças inocentes pelos erros de seus pais; punindo pessoas pelos pecados de seus governantes, descontando sua vingança em ovelhas e bezerros inofensivos, como punição por ofensas insignificantes cometidas por seus proprietários

domingo, 7 de agosto de 2011

Resumo da ópera

Me comportar?
Cinderela chegava meia noite, descalça. Pinocchio mentia. Aladim era ladrão. Batman dirigia a 320 km/h. Branca de Neve morava com 7 homens. Gargamel fazia chá de cogumelo e conversava com Smurfs. O Mario comia cogumelos. Popeye fumava grama e era todo tatuado. Pac Man corria numa sala escura com música eletrônica comendo pílulas que o deixavam acelerado.
TARDE DEMAIS! A culpa é da INFÂNCIA!

(peguei do Facebook)

As lições da soc - Idade

Os contornos do seu rosto não estão mais no mesmo lugar. O maxilar que antes era definido, agora invade o espaço do queixo. Aquele bócio te irrita tanto. Você, em frente ao espelho de narciso, eleva um tanto a cabeça num ângulo em que nâo vê a papada para fingir que realmente não existe esse queixo duplo. Foi uma mera impressão. Já não se fazem mais espelhos como antigamente.
Mas você vai pintar o cabelo e no salão de beleza, a profissional te obriga a ficar com a cabeça reta bem em frente aquele espelho enorme. Uma afronta. Engessada, sem poder se mexer, aquele queixo duplo aparece novamente. Maior, bem maior, espelho maldito. No salão de beleza, você percebe que a sua está indo embora. Pinte o cabelo. Passe tinta na realidade. Alfaparf, Majiblod, Keune. O seu segredo blondie está se esvaindo como uma areia na ampulheta.
Você só teve quinze anos para desfrutar de sua plena beleza. Só quinze. Seria a vida útil de um..um...um guarda-roupa.  Você se deu conta de que era bela na idade mágica, aos 15 anos. Não quis mais sapato baixo, aderiu ao vestido bem cintado e ao olho esfumado. Você estava pronta para os flertes. Sua beleza crescia em escalada.
Aos 20 anos, olhos claros e viço invejáveis. Aos 25, esperta em sedução. Mezzo jovem, mezzo mulher, uma tentação. Aos 30, você percebe que as cantadas de operários que te irritavam profundamente já não são mais frequentes. Logo você, que gostava de chegar no seu grupo de amigas reclamando das cantadas baratas. "É o cúmulo ser cantada por pedreiro. Que nojo".
Você fez muito bem o papel de bonitona blasé, aquela que está além do físico, que acredita na beleza interior. Sim, você parecia tão espiritualizada e modesta. Você dizia, a beleza é efêmera como se realmente soubesse o que seria isso. Mas era um jogo de cena. Você estava interpretando para você mesma.
Você amava as cantadas dos pedreiros. Só agora aos 35 anos, se deu conta disso. Agora também você descobriu  o sentido de "efêmero". Você nem passou por tantas construções assim em sua vida e sua beleza já entrou em declive.
Em frente ao prédio de 12 andares, você passa devagar, com todos os sentidos atentos. Se regozijará com o primeiro ruído. "Que boneca". Você ainda tem poder menina. Olha disfarçadamente e vê que a exclamação era para a garota atrás de você. Fiu Fiuuuuuu. Não restou nenhum elogio para você. Nem o restolho. E a irritante estudante faz aquele ar de quem não está gostando, igual ao que você fazia.
Seus pensamentos se aceleram e você repassa mentalmente as lisonjas que andou recebendo pela Internet: Mas não pode ser, eu tenho 38 anos, mas todo mundo diz que aparento menos. A idade está na cabeça.
Você quer comprovar sua tese na primeira balada que se motiva a ir. Agarra aquele garoto de 23 anos que lhe diz que você é gostosa e bonita. Um mulherão.
Você está certa. A idade ainda não chegou. Tem o DNA da Vera Fischer. Você está no páreo, na pista para negócio. Tem seu carro próprio, uma profissão e fez um rápido calculo mental: já beijou umas 200 bocas nessa sua carreira de mulher bonita. Nada mal, garota esperta.
Você está em vantagem contra as meninas de 20. Não é que você seja experiente, não, isso não. É só que você experimentou mais e agora sabe as artimanhas. O seu príncipe de 23 sabe disso e é claro está altamente atraido por você. Você virou uma mulher de alta performance.  Os dois passeiam no shopping, vão a barzinhos e mantém um papo com amigos em comum nas baladas. Mas você nunca frequentou a casa dele e nem ele a sua. Você protelou tudo isso não sabe porque. Um dia talvez, mas esse dia nunca chega, porque a senhora dá um fim no romance. Sim, você e não ele.Você descobriu no Facebook dele uma mensagem enviada a um amigo: "Vou sair com a coroa gostosa, hoje"
"Coroa gostosa", "coroa gostosa", "corosa gostosa". As palavras tilitam como um sino funebre. Você esquece o "gostosa" e só foca no "coroa". E então se dá conta da verdade acachapante. Você È coroa. Não lembra? Quantas vezes a balconista perguntou: a senhora quer débito ou crédito? E o vendedor da loja de eletrônicos. Qual foi a indagação mesmo? A senhora quer a vista ou a prestação?Eu quero crédito. Que a vida me dê mais crédito!
Você pensava que "senhora" era só um pronome de tratamento generalizado, mas para a garota de frente da fila, ele utilizou o termo "você". Para ela, é você. E você é senhora. Sem contar no repulsivo hábito aborrecente de chamar  de "tia". Mas isso você dá um desconto, porque eles chama de tia quaquer que tenha acima de 20 anos.
Mas aquele "coroa" exposto no FB pregado ali na tela pelo seu garboso rapaz, ah isso foi demais. Em que momento você não viu que o tempo é uma engrenagem que mastiga a todos que estão na sua esteira? Você quis fugir da lei da vida e está pagando por isso. Eu, você, a Angelina Jolie, todos nós caimos nas garras do tempo.
Todos os seus aniversários - são anos em que se vive a mais. Se você não quisesse viver pode se auto-imolar aos 30 anos. Só assim ficará jovem para sempre. Mas também você não poderá colocar seu pijama e pensar - depois que todos os pés-de-galinha estiverem depositados adequadamente em seus lugares - como se resignou com o crônometro - interno e externo. Uma dificulade depois de vencida, se torna fácil. No final, é só com o tempo que aprende uma das lições mais fatais do ser humano: a idade ensina a envelhecer. Uma lição que Marlyn Monroe jamais aprendeu.

Criar filhos é uma facada no flanco

É minha gente, há exatamente uma semana do Dia dos Pais, vivo um domingo emblemático de uma forma ultranegativa. Tive uma briga homérica com minha filha de 12 anos que envolveu ofensas, tapas e socos. Não consigo ser uma mãe de alta performance, como ensina Içami Tiba. Não consigo ter performance nenhuma nessa seara materno-infernal a que cada pai fica submetido assim que o espermatozóide fecuda o óculo. Depois disso, sai do útero o espermatozoide vencedor. Esse espermatozoide cresce com síndrome de poder e na adolescência acha que é rei. Que pode contestar, confrontar e empunhar a crença de que ele é ele. E ele é tudo que importa. Do utero para a sociedade, existe uma longa caminhada que tem que ser policiada por nós, provedores. A questão é que é phodas, que me desculpem os educadores politicamente corretos. Um cachorro dá menos trabalho e abana o rabo sempre que a gente chega em casa, o adolescente se tranca no quarto e não abre a porta nem que o raio o parta porque está em suas instalações como se estivesse deitado em sua cama de dossel, como se batalhasse e ganhasse ordenado para ter essa vida principesca regada a tecnologia (TV, internet, celular com mp3) e sonhando com seu netbook que vai sair o meu salário.Com toda essa dependência do provedor, ele se acha o tal. A adolescência é uma fase muito cara de pau mesmo.
A briga dominical iniciou porque percebi que ela havia feito um furo no seu pijama top de linha. O buraco era para enfiar o polegar, uma moda customizada inspirada creio eu, na tal Roberta Messi da novelinha idiota Rebelde. Indignada, indaguei-a o porquê do ato. Com a jactância de uma adolescente segura de si, ela disse que ela faz o que quer, que não está errada e que gostou do visual. Cobras e lagartos foram ditos. Nos pegamos nos tapas. Ela me mordeu, eu mordi também. Fomos para os cabelos e a briga só parou com a intervenção dos avós. Não se educa a base de bordoada e isso ela me deixou claro: "Tu vai ser presa e vai morrer na cadeia e eu vou dançar em cima do teu caixão."
Começou a guerra verbal: chamei-a de menininha. Ela me chamou de putinha. E lascou uma frase retirada de novelas de adolescentes: "eu não tenho respeito por ti, só tenho medo. So respeito quem eu admiro".
Quando a gente é adolescente, a gente acha que vai ganhar o embate com essas frases de efeito, que são bonitas e parecem bem articuladas. Cresça e apareça. Por ora, ter medo está bom. Medo implica em fazer a lei vigente do território ao qual ela está instalada. Logo, medo quer dizer não furar pijamas caros (nem os baratos)
Içami Tiba diz que é preciso aplicar em casa a cidadania familiar. Nome bonito que soa como um projeto possível. Mas é tudo tão complicado, muito mais do que os sem-filhos imaginam. Todo mundo diz que o diálogo é a solução. Tiba diz: as crianças estão cansadas de ouvir.Muitas vezes nem prestam atenção na hora da bronca, não há educação nesse momento. É preciso impor a obrigação de que o filho faça, isso cria a noção de que ele tem que participar da vida comunitária chamada família. O filho não pode fazer em casa o que não se faz lá fora na sociedade. Não posso deixar ela furar a blusa, assim como não posso deixar que ela coloque fogo em latas de lixo em atos de vandalismo. Provedor não é amigo. Se o mundo é meritocrata, os pais devem ser também:  Ganha-se destaque por alguma coisa que a pessoa fez; se não mereceu, logo o destaque se perde. Dar a mesma coisa para o filho que acertou e para o que errou não é bom para nenhum dos dois. É preciso ser justo.O pai não pode sustentar e não receber um retorno. É como se ele comprasse uma mercadoria e não a recebesse. Não dá para fazer a criança retroceder e voltar a ser um espermatozóide. É preciso engolir os filhos com tudo o que tem de bom ou de ruim. Eu percebi que assim como a família, a escola, a TV também deseduca. As frases feitas, os bordões da novelinha, tudo incrustrado no comportamento da minha filha, porque ela quer ser Rebelde.
A televisão inventa moda, quem paga o pato são os pais. E seu porventura eu querer ser a Rebelde, o Conselho Tutelar me detona a vida. Socorro, quem quer volta a ser espermatozoide sou eu.

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Nós queremos que nossos filhos tenham prazer sem responsabilidade. Por isso eles são irresponsáveis na busca deste prazer. E o que é uma droga, senão uma maneira fácil de se ganhar prazer? A pessoa não precisa fazer nada, apenas ingeri-la. Nós educamos os filhos para que eles usem drogas. Se ele tiver que preservar a saúde dele, pensa duas vezes.
Pai não pode dar tudo e não controlar a vida do filho. Quando digo controle, quero dizer que o pai deve fazer com que o filho corresponda às expectativas, que o filho faça o que precisa ser feito. Um filho não pode deixar de escovar os dentes ou de estudar e o pai não pode deixar isso passar.