quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Por mais que você escolha não viver,a vida te agarra em uma esquina. O melhor é logo se lambuzar nela,enfiar o pé na jaca. Vá, mesmo com medo. Não há como viver sem pecado.Então faça um favor para si mesmo:peque sempre pelo excesso!(Eliane Brum)
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Quando a terra cobriu a cova rasa do filho, o pai soube que seu coração permaneceria insepulto. Não há nada pior do que morrer de favor. A cova do pobre tem menos de sete palmos que é para facilitar o despejo do corpo quando vence os três anos de prazo. "Esse é o caminho do pobre" disse o pai. E disse com tal dor que a frase açoitou o cemitério da pobreza. Porque uma frase só existe quando é a extensão em letras da alma de quem a diz. É a soma das palavras e da tragédia que contém...(Eliane Brum/A Vida Que Ninguém Vê - "Enterro de Pobre)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Boba sim, burra não

`As vezes a vida parece uma raposa ladina que insidiosamente te prega peças. São ciladas que, não importa o quanto você leia, analise ou articule, faz se sentir bobo. Boba por si só já é uma palavra boba. Pueril. Inocente. Parece mais boba ainda quando cai em cima de você como uma chapa de concreto, cai do alto do céu sobre uma cabeça com mais de 30 anos. Adultos não gostam de se sentirem bobos. É uma pegaçao geral pagar mico poela bobice. Mas eu já me decidi. Eu vou ser boba sempre. Vou acreditar nas pessoas sempre. Eu sei que sendo boba fico mais vulnerável a ser enganada. E que também, por ser boba, é fácil me enganar. A vida para mim, a boba, é como um ladrão que rouba meu tamagochi das minhas mãos fingindo ser um tio legal. Eu quero ser boba e correr o risco de ser feliz e de confiar em todos do que ser esperta e desconfiar de todos e viver em aflição com medo que me enganem. Pessoas, podem me enganar. Eu sempre vou acreditar em vocês. Vou chorar quando me disserem a verdade, é claro, vou perguntar porque, pessoas, me fizeram de boba. Mas a cada manhã vou reafirmar minha fé em vocês, pessoas e correr o risco de ser ludibriada novamente. Eu por ser boba, tenho redenção, pois meu único pecado é a boa-fé. Acreditar demais e sempre nas pessoas é saber ser boba. Mas é preciso ter audácia para ser boba, enganada e continuar na convicção da bobeira. É preciso ser muito macho para continuar boba. Boba eu, que dou a cara a tapa e me mostro sem subterfúgios. Burro quem me estapeia com a túnica da mentira e enganação. Pode rir de mim, mas é provável que chore pela sua vida. Eu boba, posso chorar por você um tempo, mas vou me abrir para a vida. Porque a boba sempre olha para o horizonte com pueril ingenuidade. E como é boba, acredita que a humanidade tem jeito. E um dia com sua fé, pode encontrar uma outra pessoa boba que pense igual. Uma outra pessoa boba. Não burra!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A retórica do corpo


Discutir sempre dialética e retórica? Eu não quero um filósofo. Eu só quero um amor, um cara bonitinho e gatinho e inteligentinho. Sim, palavras têm força mas não se deve ser tão inflexível sobre elas. Sabe pq? O corpo fala. Segundo A Mehribian , são só onze por cento, a força da palavra. O resto e cinestésica e linguagem não verbal. Invocando o lado filosófico vamos citar EMERSON que diz: O QUE VC É GRITA TÃO ALTO QUE EU NÃO ESCUTO O QUE VC TÁ DIZENDO. Uma pessoa pode ser bem situada culturalmente, mas todas as teorias caem por terra quando se ama de vero. Vc pode citar Sócrates, Sófocles, Darwin. Vc pode orar por Deus, Buda e Krisnha, invocar o poder de druidas e as sagradas escrituras ou relatar de cor teses científicas. Você pode ter um monte de pré-requisitos e exigir isso de alguém, teorias, cultura, beleza, medidas perfeitas. Mas quando dá o click, tudo muda. Ninguém é como o amor da gente é. E isso é tão simples e tão democrático e singelo que é acessível a todos. Até uma faxineira pode amar ou um motorista de carreta que leva o feijão para sua mesa. E até os que fazem ou fizeram faculdade e os que são doutores, mestrandos ou pós graduados e sim, também líderes em multinacionais. Eis o fascínio da vida. Amar é simples. E é um poder que se estende a todos. Só exige boa vontade. Eu preencho todos os quesitos para você e você os meus. Ambos não temos ficha no SPC. Meu cabelo é louro e meus olhos são azuis, eu sei de cor os poemas de Mário Quintana e Fernando Pessoa. Eu sei até da precária situação em Burundi. E posso detonar o nivel de qualidade do BBB só para me escarafunchar no eruditismo. Você é um um cara tri gato, sabe falar, ser gentil, sensível e educado. Cita Niestche e adota a teoria carteziana,detesta a visao machista e sofredora e atualmente está lendo As entrevistas de nuremberg e a era dos extremos, de Eric Hosbawm. E as duas criaturas - eu e você - estamos sem parceria afetiva. Sem amor ou odor de namorado ou namorada. Deus desenhe essa explicação para nós dois. Sim eu adoro namorar, apertos e puxões com a pessoa certa. Eu no caso, adoro ser safada com a pessoa certa. Eu desejo um namorado incomodante, que não me deixa quieta, um safado só meu.Um namorante. Pode falar de Niestche. Ou não. O que não pode é me deixar na mão.

Os defeitos e os sapos

Um cara sem defeitos me intimidaria. Às vezes eu fico querendo que um homem venda o seu peixe ao contrário. Em vez de falar das qualidades, falar do que não é tão bom para consumo. Ah eu tenho um monte de defeitos. Emocionalmente sou carente, irritada, estourada, dependente. Eu queria que alguém tivesse o bom senso e a coragem de ser o anti herói e mostrar que pode e quer ser comprado pela sua falibilidade. Eu queria que alguém me dissesse: "olha só os defeitos dela, são tao grandes mas tão bonitinhos. Eu vou levá-la mesmo assim. Tão imperfeita, mas eu nem reparo. Tão perfeita na sua imperfeição que nem exige reparos."
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Eu acho que num relacionamento é preciso saber engolir sapos. Aceitar as diferenças é uma coisa. Mas como eu sei que uma pessoa fica menos atrativa aos olhos da outra quando depende dela, isso e mais complicado que aceitar as diferenças. Aprendi isso: que ninguém muda a natureza de ninguém. Portanto, às vezes aceitar as diferenças requer em um ir para um lado e outro ir po outro.

Considerações

Mas eu acho que tanta transparência cedo demais incomoda. E tudo que é demais, cedo demais, é demais. Talvez eu seja alegre e não sei. Porque boto sempre a dor na frente de tudo o que vivencio.
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Existe uma dor que não mata. Ela é chata porque não é lancinante. Mas ela está ai. Sempre lembrando que existe. É a dor "pedrinha de sapato". A gente calça ela e pode sair andando, mas ela fica incomodando. E nem é a gente que pisa nela. É ela que entra de sola na gente.

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Tem gente que não tem vergonha de escancarar as feridas. Talvez a maneira de lidar com isso seja mostrando, jogando no ventilador. É uma forma inversa de defesa. Para dizer prá gente mesmo "Olha, no fundo somos fortes por demonstrarmos ser tão fracos." Como se o fato de se mostrar fraqueza merecesse redenção. Talvez seja extraviada pelo fato de estar me expondo e me encontrando pela própria experiência, sensibilidade, intuição e razão. Eu escapulo me mostrando. E esse é um outro embate, tão ardiloso quanto as máscaras que nos escondem.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Constatação

A melancolia decorre de uma certeza: qualquer objeto de desejo é uma decepção. A dor que dela escorre é uma fonte de inspiração.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Quem eu gostaria de encontrar

Um destino. Eu viajei sem ele. Esqueci o destino na sala de jantar. Ficou em cima da mesa, ao lado da pia. Estou evadida do próprio destino. Alcanço um outro ali na frente. Sigo cruzando bifurcações. To querendo encontrar minhas escolhas e decidir se quero mesmo deixar de lado todas as minhas renúncias. Eu quero encontrar palpitação...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Carne Vale

Chegou o carnaval. Em latim, quer dizer a festa da carne. Muito movimento e arreganho para dar vazão a toda nossa alegria. Eu acho o máximo botar o bloco na rua. O dia que conseguirmos promover a folia em nossa própria passarela será a apoteose. Assim como a festa realizada em fevereiro, a folia pessoal exige preparo. A ginga nasce do suor. Mas a vida exige mais cadência. É preciso uma disposição ferrenha para manter o jogo de cintura. Segurar o tamborim. A vida exige tropeços. Se a passista for boa, saberá descer do salto sem perder a compostura. Até pode, mas dá jeito de se aprumar de novo. A vida deixa de imitar a arte no que trata-se do quesito fantasia. Tem muito mascarado no salão tratando de levar dez. Mas esses não merecem os melhores conceitos.Podem se sentir gratificados com as plumas e paetês. Serpentinas, afinal, são um tanto demodés. Merece dez quem dá a cara a tapa, mostra a dor por trás das lantejoulas, se estatela e levanta do chão. Não é que deva sacolejar sorrindo durante todo o trecho da vida. Tem eitos que são arados a lágrimas. Mas é preciso manter a convicção de ir adiante, sapatear a firmeza de ideais. Vencer a idéia do desânimo. Seja você campeão da sua própria Sapucaí.

Alfaiate virtual

Articulado, alinhavado e bem customizado...O alfaiate que há em mim tece lentamente as frases que são cerzidas durante diálogos, mais internos do que externos. Os nós são constantes. Alinhavando meus monólogos eu me enlio nas minhas própria retóricas. Sou mui humana, mas a gata que há em mim se enrola nos novelos de lãs incrustrados dentro das dobras da minha memória. Estou tricotando um pano de fundo onde me sobressaio no cenário da vida. Bem lépida, faceira, uma verdadeira costureira das palavras. Não, não sou caminhante de estradas em linhas retas. Antes uma escrevinhante desses guetos virtuais.

O espelho de narciso

Te vi noutras paradas; completamente diferente de mim, seja pelo conteúdo intrépido das citações, seja pela doçura do olhar e franqueza do sorriso. A impetuosidade, espírito guerreiro, impassividade diante da vida, se refletem até na disposição, e ótima argumentação, para o debate. Não gosto do info-voyeurismo, mas a correria da vida poderia obstaculizar algum contato mais próximo. Mas relações virtuais p/mim, são só uma porta de entrada, não um estacionamento...