sexta-feira, 29 de junho de 2012

Porque eu nao tenho pena para a morte

A Delegacia de Polícia da Mulheres de Lajeado recebe em média, cinco denúncias de abuso sexual por mês. Ocorre não apenas com meninas, mas com garotos. Desde o início do ano, quatro meninos foram vítimas. Para eles, o prejuízo emocional é ainda maior porque fere a masculinidade.
Em muitos casos, o estupro ocorre durante anos. Geralmente são agressores que estão envolvidos dentro da família, padrastos, tios ou parentes. As mães e os professores são os principais responsáveis pelas denúncias.

No mês passado, um registro feito em fim de semana da Delegacia de Polícia chamou a atenção. Uma menina de seis anos teria sido estuprada por um vizinho. O caso aconteceu em Cruzeiro do Sul. O homem teria convidado a criança para “tomar um café” e lhe dado um bombom. O homem foi preso em flagrante.

No fim do ano passado, a polícia gaúcha inaugurou um banco de dados com DNA de vítimas e agressores. Com o banco, a polícia chegou até a um estuprador que agia em série em Lajeado. Um rapaz de 23 anos que escolhia suas vítimas de acordo com o biótipo: a preferência do agressor por loiras, altas, magras e de olhos claros.
Segundo o site da Polícia Federal, o autor hoje está “está preso em regime semiaberto no Presídio Estadual de Lajeado”.

O presídio de Lajeado tem hoje 40 que cumprem pena por abuso sexual. Eles estão mantidos em duas celas separadas. “Os outros presos não aceitam esse tipo de delito porque também tem famílias.

Então, nessa semana foi mais um homem para lá.Estuprou, torturou e escravizou duas enteadas durante sete anos. Uma a cada dia, dia sim e dia não. Preferia a mais novinha que obrigou a pintar o cabelo de loiro talvez para dar vazão a sua lascivia. Dava choque nelas com o concluio da mãe delas. Chegou a ser preso em 2003, mas por falta de provas a Justiça teve medo de fazer injustiça e o soltou. Lancei a pergunta: tem de ter pena de morte nestes casos? Tem sim senhor. Fui eu mais julgada do que o proprio acusado. Me disseram que como jornalista tenho de ser imparcial.
Julguei e puni. Mataria. Quem preserva o lobo mata as ovelhas. Essa gente que espera a justiça do juiz tem valores morais e eticos meio bizarros. Não querem parecer que condenam a morte uma pessoa que precisa ser morta, porque na mentalidade judaico-cristã, matar é crime. Então, antes de sofrer a condenação de matá-lo, preferem deixar que o criminoso mate alguem, afinal, ai é ele que mata, e elas não sujaram as mãos e nao terão peso na consciência. A gente vive como Poncio Pilatos, lavamos as mãios sempre..é sempre dever do outro julgar, fiscalizar o bem-publico, olhar pela cidadania. É dever da justiça julgar. Nós nunca temos nada com isso.É a ética do obvio.

A coisa que é evidente nao é aprazível, porque parece que você está arrumando uma coisa que nao deveria ser arrumada. Isso é desconcertante. Parece que vc quer colocar os braços na vênus de Milo. Isso choca, porque as pessoas não querem consertar o que é mais legal ficar desarrumado..Cortella disse isso em uma proposição diferente. Eu a alterei para esse momento, me perdoe filósofo, mas indagar é voar fora das asas.
A ética é feita por três determinantes: quero, devo e posso. Tem coisas que eu quero mas não devo, tem coisas que devo mas não posso, tem coisas que posso mas não quero.

Talvez a pena de morte nada mais é do que a legítima defesa da sociedade contra o criminoso. Quando aplicada a um criminoso irrecuperável, ela impede que ele cometa mais crimes. Mas a gente prefere que ele continue cometendo crimes, porque se a gente o matasse o fantasma da culpa rondaria em nós. Já se ele permanece matando, não temos culpa, porque ele é quem continuou matando e nós fomos bons, pois demos a ele a chance da vida. Mentira, nós só nao queríamos nos sujar com o sangue do crime...ele que continue praticando-os sozinhos..


Aqui tem haitiano, tem sim senhor!

Eles desembarcaram de avião de Manaus para Lajeado para trabalhar nas obras da cidade e se encantaram com o monte de prédios que tem aqui, mas não gostaram da comida. É muito arroz. Surpreendem pela eficiência e pela diligência em enviar dinheiro à família. Temos de tomar lições com os haitianos que por terem pouco, valorizam o que está em suas mãos.

Estão na cidade há três semanas, atuando como serventes, pedreiros e operadores em prédios no centro da cidade. Os haitianos ganham, além de salário por nove horas trabalhadas cinco dias por semana, alimentação e alojamento. Há muito tempo que as construtoras enfrentam a falta de mão de obra na construção civil.

Os haitianos que assumem a construção civil de Lajeado dialogam em francês, alguns são fluentes em inglês mas poucos arranham o português. A comunicação é escassa, feita principalmente por sinais, mas a cada dia, o domínio do idioma aumenta.

Estão se revelando bons trabalhadores. O ofício é ensinado pelos colegas e há entre eles vontade de trabalhar e reconstruir suas vidas. Muitos deixaram família no Haiti e com o dinheiro da construção civil, enviam auxílio à mulheres, filhos ou pais.

Dos 14 contratados, três compreendem o português e são interpretes. Dieffi Jean é um deles. Com 20 anos e facilidade para entender o idioma, em três semanas consegue ser entendido e ajuda os colegas. Ele fala francês e inglês. Como servente, está aprendendo o ofício e diz que não quer mais voltar ao Haiti. Gostou de Lajeado.

A extrema miséria no Haiti, os empurrou para a migração a partir de 2010, quando começaram a chegar os primeiros a Manaus. Muitos vivem no limbo burocrático, sem visto de permanência, mas com um protocolo que lhes dá direito a procurar emprego. O governo brasileiro os tem acolhido e com a brecha de trabalharem no Sul, abre-se novas chances.


Os nomes são incompreensíveis aos pedreiros brasileiros, mas eles logo arranjam apelidos ou abreviam a nomenclatura. Wilteam Mattheuls tem 37 anos e veio de Thomazeau, cidade próxima à capital do país e não consegue dialogar. Riclerc Pamphile tenta o português, mas o pedreiro Josef Bonecleticane de 42 anos é quem compreende melhor por estar no Brasil há três meses. Ele tem mulher e filho no Haiti, se assustou com o frio mas está se acostumando. Impressionou-se com os vários prédios da cidade e ainda está tentando habituar seu paladar ao cardápio brasileiro. “É arroz, arroz, arroz de notche e de matina”, diz falando da comida: arroz, feijão, carne e salada.

Texto anormal da Marianna

Ótimo, mais uma vez me peguei sentado em frente a tela do computador chorando por ler coisa que não deveria. A falta de respeito das pessoas me consume e em seguida é substituída pela raiva, que logo o choro toma lugar.

Droga, mil vezes droga. Por que eu tinha que ser essa manteiga derretida? Ou melhor, por que a sociedade tanta dificuldade de aceitar o gosto dos outros? Acho que deveria haver um respeito continuo, não "turbilhada" como se vê hoje em dia.

Habitualmente me vejo pensando em como seria a pessoa perfeita para a sociedade.
Algumas analises me levaram a algumas conclusões.
Ai vai algumas dicas para você se tornar um ser humano perfeito diante da sociedade:
Negros vocês perderam a vez, a sociedade não aceitará você de forma alguma. Mesmo que façam branqueamento o teu passado te condena.

Pobres, estão na mesma situação dos negros. E ainda por cima não valem um tostão.
Gordos, recomendo um regime ou uma lipo.

Magros de Mais, alguns mercados vendem 2 barras de chocolate pelo preço de 1. Engorde.
Deficientes mentais ou físicos, sem chances já mais o aceitaram.
Homossexuais, mesma situação dos deficientes, pobres e negros.
A partir daqui o que nós chamamos de "Pessoas Normais"

primeira dica, qualquer pergunta que lhe fizerem:
EX: Gosta de tal banda?
Responda : Não porém respeito, quem goste.
Diga que respeita acima de tudo. Você ganha pontos.

Segunda dica
Não assista TV, mas fique por dentro de seriados, noticias e etc. As pessoas vão te achar de outro século se você não souber ao menos o que é "Plim Plim". Porém vão te achar um anti-social se dizer que vivem no Computador ou na frente da TV.

Terceira dica:
Não fale muito, mas não fique calado. Ou te acharam timido ou acharam que você quer aparecer.

Quarta Dica:
Não se demonstre sentimental, as pessoas te acharam dramática, porém diga que chora em velório, se não te acharam um sem coração.

Quinta dica:
Não de ache bonito, acharam você vaidoso de mais, porém não se julgue feio, pensaram que você quer um elogio.

Sexta Dica:
Nunca toque no nome de Deus. Assim você fica bem com os religiosos e com os ateus.

Sétima dica :
Não se meta na conversa dos outros, apenas quando pedirem a sua opinião, e mesmo quando isso acontecer tente mostrar os dois lados. Nunca diga que um está errado mesmo que esteja.

Oitava dica:
Não estude muito, mas também não seja o mais burro da turma.

Nona dica:
Nunca queira nada, morra de fome, de sede, mije-se nas calças, mas em caso algum aceite algo oferecido por outra peço. Ela espera que você não aceite.

Decima Dica:
Não seja você, acima de tudo e de qualquer coisa, agrade a todos.


OBS: Eike Batista, Mark Zuckerberg, Bill Gates, entre outros milionários. Não precisam fazer nada acima, apenas divida seu dinheiro com a humanidade que você será o homem mais perfeito do universo.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O dia em que chorei na frente dos vereadores


O músico Tonho Crocco, foi processado no ano passado por ter gravado uma música de protesto. No rap “Gangue da Matriz”, cita os 36 parlamentares que votaram pela aprovação do aumento de 73% em seus salários. O rap lista todos eles, , inclusive nomes conhecidos que tem reduto eleitoral no Vale do Taquari - o terceiro mais fértil do mundo: Befran Rosado,Heitor Schuch, Edson Brum, Alexandre Postal e Zilá Breitenbach e Marcio Biolchi. Crocco foi então processado por intermédio de uma ação no Ministério Público encaminhada em nome do ex-presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul Giovani Cherini por crimes contra a honra. O músico desabafou sobre situação em seu blog: “Não seria esta ação uma forma de censura à liberdade de expressão?” Tonho não se considera culpado por ter direito de exercer sua cidadania e sua crítica. Ele disse ser músico e não político e sua manifestação foi fazendo música. Sua música está no youtube e foi vista por mais de 190 mil pessoas.



O dia em que eu chorei em público foi na terça-feira. Fui para a Câmara de Vereadores para ver se iriam topar a redução do salário. Eu não achei que iriam mesmo. Mas aí, o baque foi maior: eles aumentaram o salário através de uma emenda. Seis se levantaram para aprovar mil a mais por mês. E na hora em que se questionou: alguém quer falar algo? Ninguém deles se levantou para justificar. Eu tive um surto. Não sou política, esqueço o nome dos partidos, mas naquele momento me senti ofendida. Não por mim, mas por todos os 71 mil habitantes. Eu queria que as 50 pessoas que estavam na plenária fizessem coro a mim. Eu me senti tão sozinha. O presidente da Câmara pediu que eu respeitasse os vereadores quando eu num impulso gritei alguma coisa que nem lembro mais. Mas eu disse: “e os vereadores estão respeitando o povo?’ Ninguém falou. Eu passei por insana. Chorei, não consegui conter as lágrimas. Chorei profundamente porque pela manhã, eu havia ido num protesto e visto que as mães tinha filhas doentes porque não conseguiam médicos para sua prole. Tinha um homem com uma protuberância horrível na barriga e ele so seria atendido em 20 dias. Chorei pelo povo e por mim. Chorei porque eu acreditei que o povo poderia se manifestar. Porque as pessoas sempre pedem a ajuda da imprensa para protestar sobre o buraco de rua, a falta de médicos ou o aumento do IPTU.



Os vereadores disseram que não era aumento. Mas que os mil reais a mais serviriam a titulo de “manutenção”. Quando fiz o que fiz, levantando na plenária, eu senti que as pessoas me olhavam com dó. Algumas tinham até vergonha de mim. Eu achava que elas tinham de ter vergonha deles.



Uma vereadora me olhou com desprezo quando eu a questionei sobre isso. Ela me perguntou se eu aceitaria baixar meu salário. Mas eu trabalho integralmente durante sete horas por dia. O vereador so necessita atuar duas horas por semana e conta com a ajuda dos assessores. Ele pode ter sua profissão principal. Ser vereador é dar amparo ao povo. O salário contaria a título de ajuda e não deveria ser sua remuneração principal.



Eu chorei porque perdi a compostura por ter chorado em público. Eu queria ter me controlado. Ter dado a resposta na urna, apenas. Mas a urna está tão longe. Eu acho que os políticos precisam ter uma reação imediata das pessoas. Parece que a gente fica impotente perante a situação e a situação de impotência é uma das piores que existem. Depois eu fiquei com medo de perder o emprego por ser jornalista e como jornalista eu teria de ser imparcial. Mas eu não estava na camara como jornalista. Eu estava lá como cidadã.



Eu também achei que o crime aconteceu no plenário e de dia, votado e aprovado pelos proprios vereadores. Até os que eu achava que eram sangue bom, vejo que agora o discurso deles era balela. Eu queria gritar para a plenária, para uma psicóloga e um psiquiatra que estavam La. Para empresários, professores e o povo da comunidade. Eu queria dizer: “meta seu nariz”. Somos 71 mil contra dez edis. Vamos se unir e barrar o reajuste. Mas eu em vez de motivar o povo, os envergonhei com minha postura. Uma pessoa depois me enviou uma mensagem pelo Facebook: “ Pita comungo com a tua indignação mas só em 07/10/2012 para começarmos a mudar essa realidade. Hoje não tinha o que fazer pois o povo não comparece e quem comparece se cala. Parabéns pelo teu ato, mas corria o risco de ser expulsa. Abraços. Falamos.” Eu choro por mim e choro por vocês. Como diz Tonho Crocco: “Não sei quanto a você mas eu vou lutar, e se a memória é curta mude sua conduta”.







Trecho da música Gangue da Matriz
“O crime aconteceu em plena luz do dia
Votado e aprovado pelos próprios Deputados
Subiram seu salário; me senti 1 otário
Capitalistas, comunistas
Todas as vertentes presentes na lista
Confortavelmente embaixo dessa aba
73 por cento
Feriu meu sentimento
Bate o ponto, tem diária e não trabalha
Pra eles benefícios
Pro povo migalhas
Aposto que o salário deles nunca atrasa
É hora de falar
É hora de mudar
Não sei quanto a você mas eu vou lutar
E se a memória é curta mude sua conduta
Posso perder um round mas não fujo da luta”







quinta-feira, 21 de junho de 2012

Vida de jornalete



Todo dia eu vejo eles
Estampados no jornal
Vira e mexe ele me dizem, “eu tenho moral”

Tão sempre cheios de razão
Ligo o gravador e digo então
Fale logo para o povo
Que pelo menos vc vale um ovo

Queria ver leitor aqui no meu lugar
Eles iriam se espantar e chorar
So vendo político se desculpar
Escondendo a ficha suja e rezar

Meu colega quis botar
Neguinho na manchete dele
Virou ringue e foi pior pra ele

Viu o BO daquele patrão
Era um cara vacilão
Tinha dois assessores e um carrão

Levo vida de jornalete
Com meu piso vivo no “brete”
Fim de semana é de plantão
Escrevendo a ronda
E levando sermão

Um dia eu dou uma de giovani grizotti
E viro a “merda” desse pote
Chamada de capa vou botar
e denúncias vão brotar

Levo vida de jornalete
com o povo reporter vira o jogo
sair do clipe da novela
e fazer a revoluçao fora da tela

terça-feira, 19 de junho de 2012

Marianna e o dom da indignação

Querem justiça. Mas e o que fazem pra isso acontecer? Querem um país mais limpo. Mas e cadê os protestos? Chances temos aos montes. Mas parece que o medo toma conta da opinião. Estamos nos omitindo diante deles. E eles? Acham que tem poder. Enquanto não tomarmos uma atitude continuará assim. Reajam. Lutem. Protestem. Somos mais fortes juntos. Enquanto outros arrumam o colarinho. Nós nos calamos. Queremos menos corrupção, menos impostos, menos sujeira. Mas e as atitudes cadê? De que adianta querer e não fazer para isso acontecer?! Cada vez mais acham que estão no controle, continuarão aumentando seus salários e vocês que os pagarão. Enquanto meia dúzia luta por um país de 1º mundo, três dúzias se omitem e ficamos na mesma. Ou pior, caindo. Não gastem as chances que tem, se gastarem, lutem pra conseguir mais e dessa vez fazer certo, porém sempre faça certo da primeira vez. Não temos que ter vergonha de gritar e clamar por justiça. Temos que ter vergonha de nos calarmos diante da sujeira.

Um número judeu


O relatos de Max Wachaman Schanzer;  judeu sobrevivente da guerra mundia, causou, arrepios no braço e lágrimas sufocadas.O holocausto ocorreu há 75 anos e é uma história que causou perplexidade  e faz pensar sobre a dimensão ética do acontecimento.
 Judeu polonês, tinha 11 anos quando a guerra chegou em sua cidade. Os nazistas obrigaram sua família a ir para um gueto: um local feito para cinco mil pessoas, mas as tropas amontoaram 40 mil. Um pedaço de pão e a sopa aguada era a única refeição do dia. Os pais foram mandados para a câmara de gás e ele, para um campo de concentração para fazer trabalho escravo: ajudava a fabricar armas que depois eram utilizadas contra o seu povo.  No inverno, a temperatura chegava a 26 graus negativos.  “. Trabalhava quatorze horas por dia o menino que os nazistas amputaram o nome. Mas não tinha direito a uma denominação. Era só o numero 25.861. E quando disse isso aos alunos, a voz tremeu.
Max passou por três campos de concentração.

Seu nome: Max Wachsmann Schanzer
 ------------" No dia primeiro de setembro de 1939 estourou a 2ª Grande Guerra Mundial. A Alemanha declarou guerra e invadiu a Polônia. Eu tinha 11 anos. A cidade, Jaworzno, ficava na fronteira da Alemanha e foi a primeira a ser atacada e ocupada pelo exército alemão.
Em 29 de setembro, quase um mês de guerra, a Polônia capitulou para os alemães. Nós judeus fomos obrigados a fazer trabalho forçado. Nossos bens foram confiscados e a comida foi racionada.

--------------Em 1941 fomos confinados no Gueto Shredlice, na Polônia. Fomos levados em vagões de gado, somente com a roupa do corpo e nos obrigaram a usar a estrela de David na camisa para sermos  identificados como Judeus.

-----------   Nós trabalhávamos na fábrica em condições sub-humanas, miseráveis. A comida, racionada, era um pedaço de pão e uma sopa aguada por dia. Muitos morriam de fome, sede e de doenças.

------------Meus pais e minha irmã de 5 anos foram transportados,  em vagões de gado, para o campo de extermínio de Auschwitz , que ficava há apenas 50 quilômetros da nossa cidade natal e lá chegados, foram levados diretamente para a morte por envenamento nas câmaras de gás.

------------Eu fui levado para o campo de trabalho escravo na cidade de Markstaet,  na Alemanha. Foi alojado em galpão de madeira. Fazía trabalho forçado, fazendo covas para canos de água encanada de 6 metros de profundidade, para a fábrica de armamentos da firma Krup.Isto no inverno, com frio de até 25 graus negativos.

----------------De fato, não sei como eu sobrevivi, porque muitos morreram a tanto frio, pelas péssimas condições de nutrição e vestimenta e trabalho forçado de pelo menos 14 horas por dia.

---------Os alojamentos não tinham calefação e as camas eram beliches de 3 andares, uma fábrica de escravos.
Neste momento eu não era mais chamado pelo meu nome, e sim pelo número que me deram: 25861.

---------No início do ano de 1944 me levaram para o campo de concentração Finfteichen,  Alemanha. Neste campo tudo era mais rigoroso. Trabalhei na fabrica de tanques e armamentos da Krup, na parte externa. Éramos vigiados pela policia nazista “SS Totenkopf” (caveira), (Esquadrão de matança da Gestapo, Comando de Homicídios), que era uma corporação dirigida diretamente pelo general Himler, um dos nazistas mais cruéis e facínoras.

Estes soldados da SS eram na maior parte Ucranianos ou Lituanos. Eles eram tão brutais, que se um dia  não matavam alguém, não ficavam satisfeitos, era algo insano.

-----------No inicio de 1945, a Alemanha estava perdendo a guerra, e foi invadida dos dois lados: ao leste pelos Russos e do lado oeste pelos Americanos e aliados.

---------Para não deixar vestígios das terríveis barbaridades que as SS fizeram conosco, estes resolveram fugir e nos levaram junto. Era um inverno muito rigoroso de baixa temperatura. Tivemos que andar dia e noite, sem comida e controlados pelos guardas da SS.

----------Foi a marcha da morte. No caminho, quem não conseguiu caminhar foi fuzilado a tiros pelos guardas  SS. Nós, que ao sair do campo éramos 500 prisioneiros, quando voltamos ao campo de Goerlitz somente sobraram 80 pessoas.

----------Porém, os alemães não se renderam e os russos bombardearam e destruíram quase toda cidade. Eu me escondi dentro de um bunker, onde havia também prisioneiros de guerra poloneses e franceses, e me salvei.

----------No dia 7 de maio foi assinada a rendição dos alemães. Os  guardas  SS, fugiram do campo para não serem presos e nós fomos libertados pelo exercito russo.Acabou a guerra e então eu tive que procurar uma nova vida. Estava com 17 anos. Tive diversas doenças como tifo e inicio de tuberculose. 

-----------Eu me mudei definitivamente para Porto Alegre em agosto de 1954.  Casei e tive três filhos:
Helena, Dora e Sergio e tenho dois netos, Pedro e Leandro   e vivo feliz neste belo país BRASIL, que me acolheu com seu clima tropical e com paz.

A revolução dos bípedes



Quando livro a Revoluçao dos Bichos foi publicado, causou mal estar no establlischt político da época. O livro de George Orwel conta a história de animais que eram explorados pelos donos de uma granja. Eles começaram a ficar bravos com os humanos. Diziam que o homem oprimia os bichos e os colocava em trabalho escravo. O porco que era um dos animais mais inteligentes da fazenda começou a incitar uma revolução e declararam o homem como inimigo. Colocaram sete mandamentos: qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo e todos os animais são iguais.
O homem foi derrotado pelos bichos e os porcos viraram líderes e começaram a comandar a granja. Os outros bichos achavam que tudo ia mudar, mas agora os porcos estavam escravizando os bichos. Eles mudaram uma lei. Em vez de: todos os animais são iguais, ele trocaram para “todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais que os outros”
Os porcos que tanto critivaram os humanso, começaram a ter comportamentos de humanos quando tomaram o poder. Os porcos que no inicio tinha a norma: “proibido beber”, começaram a beber em mudaram as regras. Colocaram: “proibido beber em excesso”. Mas o povo animal não se dava conta de que o porco se tornava bípede. E os animais não se deram conta de que os únicos animaisd que enriqueceam eram os porcos, os outros cotniaram trabalhando como escravos, como na época do homem. Quando os animais singelos se deram conta, perceberam que olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e deu um porco para um homem outra vez. Mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco. Quais são os mecanismos do poder? Quais são os diversos animais que encarnam a alma humana? O autor escolheu os porcos para ser a casta governante e isso certamente poderá ofender muitas pessoas. A Revolução dos Bichos mostra mostra uma visão pessimista da política, lugar onde os homens, na maioria das vezes, se comportam como animais.

Andreia Rabaiolli
"Votando em idiotas, até o Diabo se dá mal"
(Goethe)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Cobertor de orelha

As temperaturas despencam no Sul e a pauta do dia na redação e fora dela é o frio. A friaca é assunto de gaudério que aproveita para colocar fotos das paisagens sulinas e bate com orgulho no peito: este é o meu Rio Grande, terra e cor.
Pois aqui em casa, o frio de renguear cusco é coisa do passado. Na cozinha, tem aquecedor, cama, cobertor e duas bolsas de água quente que se revezam para os bichanos. Como se não bastasse, Tedy e Nina são os típicos "cobertor" de orelha. Um aquece o outro e acalenta a diversidade animal.
Casa dos Rabaiolli,

onde a bolsa de água quente é acessório canino!

O livro da Vida (O prefácio visto por Marianna)


 Durante dias e dias Marianna me pediu como foi o início, o fim e o meio de sua vida. Como conheci seu pai - que para ela é um desconhecido, como rompemos, como ela veio ao mundo. Ela pedia detalhes como: se o dia que nos conhecemos era de sol, ou qual era a estação..depois disso tudo, me explicou que era para fazer o Livro da Vida. Na sétima série, aqui no Vale do Taquari (talvez em todo o Brasil) é costume os estudantes redigirem a narrativa de suas vidas, inclusive como eles gostariam de ser enterrados. Pensar na morte, nos mistérios insondáveis do universo, faz parte da experiência de aluno.
É um livro que os estudantes pensam durante todo o ano e fazem por partes. A primeira parte ela já entregou a professora e depois, com uma frustração de ter tirado B, me entregou o trabalho. Ela própria ficou muito orgulhosa do resultado e eu mais ainda, até porque me espantei com tudo o que ela percebeu em mim e sobre a vida dela. Ás vezes, um filho é o melhor espelho que você pode ter: ele revela os seus potenciais e os seus fracassos, ele revela até mesmo seus alçapões secretos.
Marianna escreveu o prêambulo e pelo texto, percebi o que ela não falou a mim. Um dia, ela me perguntou o que era "desinência". Eu expliquei, citando Millôr Fernandes, porque ele gostava de usar essa palavra. Ela pensou e disse: "gostei dessa palavra". E quando eu vi o texto, percebi que ela tratou de encaixar a palavra desinência no início do seu livro da vida. 
Gostei muito da minha escrevinhadora: eis o resultado..o B de Marianna!


 Por Enquanto

  Sabe aquela historia da princesa e do príncipe ? Ela a outra metade dele e vice-e-versa, declarações apaixonadas, beijos quentes e calmos , como se fosse o primeiro , onde na desinência tem o clichê   “Felizes para sempre” ?
   Então ... Esta não é a história .
   Ela , loira do cabelo até o ombro, olhos azuis um tanto fracos, um corpo nem muito e nem pouco. Ele não se sabe-la as feições , talvez um moreno ou loiro, sabe-se pouco, lembra-se pouco, mas leva-se muito .
   Ela no interior do Rio Grande do Sul, no ano de santo cristo não me lembro . Ele no Rio de janeiro tentando “sacanear” mais um bocó por ai .
  Não estou dizendo que ele era um golpista nem sinônimos deste, longe disto. Muito pelo contrario, pelo que se ouviu, era esperto , ágil , pensativo e um bolso furado. Nome sujo na praça, comia do bom e do melhor, vivia nos melhores hotéis e apartamentos, vistas de frente pro mar, boa lábia, sabia passar até  um leopardo para trás , tanto em perna quanto em cabeça.
  Ela na faculdade de jornalismo cansada de escutar o “blábláblá” do professor entrou em um tal de chat da uol ( sim existia naquele tempo). Não demorou e um cara bom de lábia foi a elogiando, a conhecendo, indo com calma mas rápido ao mesmo tempo, ingênua a pobre coitada nem notou que estava caído em mais uma armadilha do destino ( vulgo amor , os dois são a mesma coisa , sempre ferram com a gente) .
   Todas as noites ela e ele conversam via internet ( como eu disse , sim já existia naquele tempo ) . Um tempo se passou e uma proposta tentadora foi sugerida. Ele viria passar alguns dias no interior do Rio Grande do Sul , se desse certo ela iria para o Rio de Janeiro junto a ele . Topou , como eu disse , era ingênua.  
  Alguns dias depois lá estava ele, com as malas na Rodoviária de Lajeado, como boa moça Andreia foi busca-lo, não, ele não era dos mais bonitos, mas era gentil, carinhoso, educado ... A sensualidade não importou naquele instante .
  Os pais dela ( meus avós) gostaram do Mauro, parecia ser bem sucedido, e além do mais morava no Rio de Janeiro. Tudo até em então estava do bom e do melhor, aos pais lhe cabiam a ideia da filha deles passar a residir no RJ, ficaram com certo medo mas cederam, lhes pareciam um futuro certo ...
  Depois de uns três ou quatro dias , Andreia e Mauro partiram para o Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa era um mundo novo  para alguém que vinha do interior do RS , cada lugar novo para explorar , praias belas para conhecer e um transito infernal para enfrentar .
  Ele morava no Leblon em frente ao mar , o apartamento era vago de espaço, mas a vista era linda . Todo santo dia de manhã minha mãe caminhava no calçadão do Rio , avistou famosos correndo na praia , e se encantava cada vez mais com a cidade .
  Mas ela também teria que ajudar nas contas da casa . O aluguel estava atrasado, era caro pois o apartamento onde moravam era um dos melhores do Leblon.
  Uma empresa de anúncios virtuais seria montada, estava tudo certo , a chances de dar certo eram as mesmas de dar errado .
  O tempo passou e o negocio tinha andando e as crises de casal chegado . Eles brigavam por tudo mas o principal assunto era o dinheiro, e com a noticia de que eu viria ao mundo alguns dias de pois as coisas apenas pioraram , mas meu suposto pai acima de tudo acompanhava minha mãe ao pré-natal e essas coisas que gravidas tem de fazer.
  Acho que ele seria um bom pai , queria poder conhece-lo, talvez um futuro longe ou próximo pouco se sabe sobre o amanhã.
  A noticia da gravidez surpresa de minha mãe  não amenizou as coisas , as brigas foram ficando mais frequentes e insuportáveis. Não tinha outra saída , a não ser minha mãe voltar para casa e me ter na pequena cidade do interior do Rio grande do Sul .
  Como não havia outra saída , foi isto que ela fez . Voltou para Lajeado em um dia que meu pai não estava em casa , pegou apenas algumas coisas e se mandou dali .
   Estava novamente em casa com os seus pais, e preocupada com a chegada da mais nova habitante deste mundo redondo mas quadrado ao meu ver.  Depois de três meses as roupas deixadas no Rio de janeiro voltaram para o lugar de nunca deveriam ter saído , as gavetas do armário do quarto da casa dos Rabaiolli do bairro Americano da cidade de Lajeado do estado do Rio Grande do Sul . Não se sabe a causa dele ter mandando as roupas de minha mãe apenas três meses depois de sua volta para casa, talvez raiva , talvez esperança , ou quem sabe não tinha dinheiro para mandar nem via sedex os trapos de minha mãe .
“ [...] Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como esta , nem desistir nem tentar agora , tanto faz , estamos indo de volta pra casa  [ ...] “ - Por Enquanto ; Renato Russo .

Filhos do asterisco


Essa matéria eu fiz no ano passado e vi com surpresa que está divulgada no site da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais - Arpen-Brasil - achei bacana!!!

Mães solteiras criam "filhos do asterisco"

Vale do Taquari - Com 12 anos, Maria Eduarda jamais soube do nome do pai. Reconhecida e criada pelos avós, cresce como uma adolescente extrovertida. Há três semanas sobreveio a primeira crise: "Eu quero saber onde está meu pai". A reação surpreendeu a família, mas não os especialistas. Um estudo mostra que a ausência da figura paterna é um dos fatores que levam os jovens ao uso de drogas e à evasão escolar. Pesquisa realizada na Comarca de Lajeado revela que de 13.905 crianças registradas nos últimos dez anos, 819 não tinham a paternidade declarada, o que representa 5,89% dos registros. "É um número alto", enfatiza o autor do levantamento, o registrador Rogerio Brochado, que atua no Cartório de Cruzeiro do Sul.

Após se debruçar nos números, ele averiguou que a lei implantada há 18 anos - que determina a busca pelo genitor - não é eficaz. "A própria mãe tem resistência em declarar o nome do pai." Grande parte das crianças sem pai contam com mães imaturas. Quase metade delas, ao registrar o menor, tinha menos de 21 anos. A faixa etária sinaliza mulheres que não se dão conta dos danos psicológicos ao pequeno.

Julgar mães que desestimulam o registro de paternidade não ajuda no processo. O sociólogo Renato Zanella reconhece que muitas negam o direito à origem por desilusão e mágoa. Outras fantasiam que o filho é fruto de alguém bem-sucedido. Ele diz que é fundamental mostrar à criança sua origem para que possa ter um referencial de sua identidade. "Mesmo que esse pai não seja um bom exemplo. Mesmo que esse pai seja um exemplo do que a criança não quer ser." A vida em sociedade exige uma herança. "Na escola, ela será cobrada e terá de nominar a família. Sofrerá pressões externas e internas."

Em todo o Brasil, quatro milhões de crianças não têm pai declarado; no Rio Grande do Sul, 200 mil. São filhos do "asterisco", como citam autores referindo-se aos espaços preenchidos nas certidões de nascimento com a "estrelinha" do teclado.

Direito a origem

O defensor público Marcelo da Silva lida com mães que vão à Justiça gratuita requerer testes de paternidade. A cota da comarca é três exames mensais. Em alguns meses sobram aferições. Há muito tempo que a Justiça percebe a resistência das mães em declarar a paternidade. Por isso, instituições vinculadas à Justiça lançaram o Projeto Pais Presentes. "Há uma articulação entre Judiciário, Defensoria, Promotoria e Secretaria de Educação para que as crianças sem paternidade que estão matriculadas nas escolas sejam contatadas. A mãe pode solicitar teste de DNA. Ela sai da Defensoria com dia e hora para fazer o exame em Porto Alegre", frisa Silva. Segundo ele, a ausência da origem constrange a criança. "Os filhos acabam copiando o modelo do pai. A falta de referência é mais prejudicial, mais do que o exemplo negativo do pai."

A falta da figura paterna é um dos fatores que levam ao uso de drogas, à evasão escolar, à delinquência juvenil e à criminalidade. "A identificação do pai, com a inclusão do seu nome no registro civil de nascimento e na vida das crianças e adolescentes é fundamental para o saudável desenvolvimento. É um direito deles ter a referência da figura paterna."

Perfil das mães

Mães novas sonegam mais o direito do filho de conhecer o pai quando fracassa a relação. É o que o registrador Rogerio Brochado constatou ao traçar o perfil das mães pelos cartórios das cidades da comarca: - 43,83% das mães eram menores de 21 anos na hora do parto - 41% delas não estavam empregadas - 7% eram estudantes - das mães que tinham emprego, 11% eram domésticas; 10%, industriárias; e 10%, agricultoras.


 * Pesquisa realizada na Comarca de Lajeado nos cartórios de Cruzeiro do Sul, Lajeado, Marques de Souza, Progresso, Santa Clara do Sul e Sério, no período de 1º de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2010, revela que 819 crianças foram declaradas sem pai. Dessas, 290 tiveram o reconhecimento de paternidade e 529 continuam sem pai.

* Em dez anos, 5,89% das certidões foram registradas inicialmente sem pai. Desse universo de sem-origem, em 35,41% a lei conseguiu o reconhecimento de paternidade espontâneo ou judicial, mas em 64,59% não houve qualquer reconhecimento.

Os cegos e o elefante!

Três cegos estavam diante do elefanteUm deles apalpou a cauda do animal e disse:_ é uma corda.Outro acariciou uma pata do elefante e opinou:_ é uma coluna.O terceiro cego apoiou a Mao no corpo do elefante e advinhou:_ é uma parede.Assim estamos: cegos de nós, cegos do mundo.Desde que nascemos, somos treinados para não ver mais que pedacinhos.A cultura dominante, cultura de desvinculo, quebra a história passada como quebra a realidade; e proíbe que o quebra cabeça seja armado.

O todo

"O elefante é tudo isso que vocês falaram.", explicou. "Tudo isso que cada um de vocês percebeu é só uma parte do elefante. Não devem negar o que os outros perceberam. Deveriam juntar as experiência de todos e tentar imaginar como a parte que cada um apalpou se une com as outras para formar esse todo que é o elefante."

Algumas conclusões sobre essa história...

A experiência das coisas que cada homem pode ter é sempre limitada. Por isso, a sensatez obriga a levar em conta também as experiências dos outros para se chegar a uma síntese.
A pessoa, o ser humano, apresenta muitas facetas. Existe o risco de polarizar a atenção em algumas delas, ignorando o resto. Fazendo isso, estaríamos repetindo os cegos da parábola. Cada um ficaria com uma visão unilateral e parcial.
Para obtermos uma visão o mais integral possível do que é uma pessoa, devemos reunir, numa unidade, os numerosos aspectos que podem ser observados no ser humano.

(Não é meu esse texto, mas eu o guardei e sempre penso nele)

domingo, 3 de junho de 2012

A geração Y ensina a Baby Boomer

Engraçado como a vida anda em círculos, mesmo através das gerações. Significa que todos aprendem com todos, nao existe mais a hierarquia do saber. No pos-guerra, a geração Baby Boomer construira hoteis, fez novos empreendimentos, povoou a terra com negócios e senso de liderança. Alguns enriqueceram, outros apenas derivaram-se dessa vertente Baby, os filhos da guerra, os boomers. Meu pai que tirou a primeira carteira de motorista em 1966 hoje é um dinossauro do trânsito, com olho vivo e olhar treinado. Em cinco anos ele deve ensinar seu olhar de motorista a minha filha (mesmo que ela faça as aulas do Detran), mas hoje, neste domingo de sol puro e ameno, em que a chuva pouco pisou no Vale do Taquari, ele aprendeu sua primeira lição na Internet, aos 67 anos.
A primeirissima lição foi ligar o computador, a segunda pior do que a primeira, foi domar o mouse. Meu Deus, como a seta fugia dele. Ele levou cinco minutos para colocar a seta num link e clicar em cima dele. Aí vc pode ver a evolução do tempo. Minha filha disse: "em cinco minutos eu ja teria assistido a um monte de vídeos". O tempo de um nao é o tempo de outro. Mas os dois tempos convivem na mesma residência. A geração Y apressada, dizia a geração baby boomer: "faz assim vô", numa voz apressada, nao entendendo como o cursor nao seguia a vontade da mão do avô.
Daqui a alguns anos o avô vai ensinar o ponto da embreagem. Lembro como foi "horrível" eu aprender onde estava esse ponto: até pegá-lo foi um desafio. Depois a intuição segue o seu rumo. Hoje, aqui em casa, o ponto do cursor para meu pai foi igual ao desafio da embragem para mim ha duas decadas. Ele ainda nao pegou o ponto da internet: mexeu, mexeu. Mas foi legal ver avô e neta se fundirem num proposito pós-moderno que ja virou trivial. Nao para meu pai: que ao ver que um familiar respondeu a ele em três minutos disse: "o que, ela ja respondeu. Mas como é que pode?" e chamou sua parceria de toda vida - a avó: "Ô mãe, vem aqui ver. A Tania ja respondeu. O que é essa internet".
Internet ou embreagens, a vida ensina que todos temos a aprender, em uma ou outra fase dessa existência cíclica.