sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Solitude” domina pub à meia-luz

O tema vem à tona em uma época em que o Censo revela ter quase quatro mil pessoas falando pras paredes. No teatro, a solidão evoca emoções dúbias: abandono ou autoconhecimento

Foto: Carolina Alberton Leipnitz



Uma livraria estilo pub vira movimento divulgador da arte. No palco, a solidão; na plateia, pessoas com mais de 30 anos e duas adolescentes. O tema gruda em quem atinge amadurecimento cronológico ou pessoas sensíveis à ponderação. Mas a solidão é um campo vasto que evoca abandono ou autoconhecimento. Em Lajeado, quase quatro mil pessoas vivem em lares compostos de uma só pessoa, segundo o Censo 2010. “Singles”, que adoram comida instantânea e vivem apressadamente, no ritmo da aceleração dos dias modernos.


Singles podem ser solteiros, separados e viúvos. Ou jovens que vão para outro país em busca de si mesmo. O texto do escritor lajeadense Ismael Caneppele, que hoje mora em Berlim, funcionou como pano de fundo para o pocket show de 50 minutos apresentado na Espazzo Livraria Pub nesta semana. A jornalista Laura Peixoto criou os esquetes baseada na solidão de duas irmãs morando juntas. Ela própria faz a irmã carola, e a atriz Monica Kirchheim dá vida àquela que está entrevada em uma cadeira de rodas. Ambas passam a vida esperando alguém. Enquanto aguardam, implicam entre si: “Padre Hermann não vem mais aqui trazer as hóstias”. A outra retruca: “Também, da última vez você disse que elas estavam azedas”.

Persiste um sorriso na plateia compenetrada. A melancolia misturada ao bom humor, na penumbra do pub, evoca um clima intimista.

“Quando a gente se debruça sobre a solidão, percebemos  o quanto essa privação faz parte da condição humana”, pensamentos da jornalista que abundam na mente, blog ou redes sociais.

Atores singles

Paulo Arenhardt encena o homem que lê. Personagem que abre a cena em uma mesa, acompanhado de um copo de vinho. Com 57 anos e separado, o advogado faz da solidão um exercício. “Tenho vários dias de solidão e é uma ocasião de grandes reflexões e de crescimento de alma. Não sou deprimido.”

Na banqueta ao canto, o artista plástico Alessandro Cenci (38) dá o tom da música. Violão, voz e solidão: “Só eu sei as esquinas porque passei”. Cenci mora sozinho porque acredita que a solidão é um processo criativo. Não há drama na vida single. Quando o homem perceber que a solidão é inevitável, transforma o modo de encarar a realidade. Caneppele, que emprestou seus textos ao pocket show, metamorfoseou o sentimento no outro lado do oceano. E por meio do teatro trouxe a mensagem: “não há necessidade de fotografar a solidão. Ela é sempre o melhor registro”. No fim da peça, os flashes espocaram.

domingo, 20 de novembro de 2011

Bloco do "eu sozinho" cada vez aumenta mais

Mais de 14 mil pessoas no Vale tem apenas as paredes como companhia. Você não está sozinho nessa multidão de gente só.  A maré está para solidão, que não devora, se você souber usá-la como sua parceira.

Na região, 14% dos lares são compostos por uma pessoa só. Em Lajeado, o índice sobe um pouco, 15%. São 3.744 almas. Sozinhos sim, solitários, há controvérsias. São dados do IBGE. Mas o que querem esses humanos? Comida congelada, lazer e paz.  Os singles são apressados, tudo tem que ser feito ao mesmo tempo agora.
Em Lajeado, apartamentos de um dormitório são os mais alugados. Há pessoas que alugam com dois quartos para abrigar o animal de estimação. Com o avanço salarial, os singles se dão ao luxo de alguns confortos.

Solteirona, eu?

As mulheres ampliam o bloco do eu sozinho, seja pela separação, por trabalho ou pela simples opção de ser única na casa. Pode ser bom, ruim ou mais ou menos. Depende do ângulo para o qual se mira, do tipo de solidão em que a pessoa mergulha e da percepção que ela tem dessa própria solidão. Mas algo está visivelmente caindo por terra: o estigma da “solteirona” que não casou e se refugiou em seu próprio mundo.
O psicólogo Sérgio Pezzi salienta que esse estereótipo vem sumindo. A obrigação de estar sozinho foi trocada pela opção. “Como as mulheres ganham mais espaço no mercado de trabalho, com poder aquisitivo crescente, elas optam por morar sozinhas e questionar o tipo de relacionamento que querem.”
O fato de morar só não significa que a pessoa não tenha capacidade afetiva, mas revela um movimento cada vez mais na moda: o individualismo.


O mercado está para o single


Os supermercados estão preparados para receber o cliente que vai às compras sozinho. Meia dúzia de ovos, frutas divididas, embalagens com unidades menores. A paulista Sandra Regina Gonçalves Villasboas conhece os dois lados da moeda. É single e gerente de supermercado em Lajeado. Conquistou o cargo há dois meses e não se fez de rogada, saiu de São Paulo para vir morar em hotel. “Eu estou sofrendo com porções grandes. Como não tenho geladeira, um litro de leite é muito”, brinca, falando da impessoalidade da sua moradia. Psicóloga por formação, Sandra é bem resolvida com sua solidão. O tempo livre lhe propicia a pensar e repensar suas relações. Está escrevendo um livro e internalizando o modo único de viver. “O single sempre existiu. Mesmo em grandes famílias você pode se sentir sozinho, e você pode estar sozinho e se sentir completo.”
A multidão da rua dilui o bloco do eu sozinho: mas 15% dos lares falam às paredes

sábado, 19 de novembro de 2011

Quem não tem está louco!

A loucura me vem seguidamente à cabeça. É inerente. O estigma de "louquinha" combina com o meu brinco, com a minha calcinha seja ela de que cor for. A loucurinha é uma ingrata atrevida. Assiste televisão comigo, teima em digitar meus textos junto ao computador de trabalho.

 Eu sinto o cheiro do seu desodorante. Eu escuto a sua música. Ela gosta de Raul Seixas, Camisa de Vênus (não o preservativo gente, uma banda dos anos 80) e de Bidê ou Baldê. A loucura amiga minha chuta o balde. Eu às vezes fico louca quando ela encarna em mim. Eu sou uma louca que não pensa que Deus sou eu. Eu sou uma "louca" que queria ser sã. Sei que parece ser legal não se encaixar, pensar diferente. Mas pôxa, todo tempo assim você se sente uma "outsider". Ser estranha no ninho todo o tempo é se sentir rejeitada. Talvez se eu morasse em Porto Alegre, eu frequentasse o mundo dos "guetos", das pessoas alternativas. Talvez eu me esbaldasse numa daquelas boates lesbicas. Nem sair de casa eu faço, parece misantropia, mas não é.

A loucura é uma espécie de redenção. Fala a verdade, vai. Você se sente todo importante quando alguem diz: você é louco. Você se acha ousado, atrevido, você não se encaixa porque você se sobressai. Mas as vezes cansa, porque quando você passa de louquinho para "pôrraloca", aí o caldo engrossa.

O seu Oswaldo, CEO do Informativo, o Deus que manda e desmanda nesse jornal e até pode me dar uma bronca por essa crônica, costumava me apresentar assim para as suas visitas: "essa guriazinha toma sopa de garfo. Mas aqui é assim, nesse jornal a gente tem que ter os equilibrados e os louquinhos que é pra contrabalançar."

Agora ele não me chama mais de guriazinha, mas o resto continua igual. A Carine que é a CIO do jornal, isto é controla a informação e a edição - me estabiliza dizendo que eu sou louca no bom sentido. Ela garante que até gosta do meu jeito. Mas por via da dúvida, exige que minhas matérias sejam impreterivelmente relidas pelo Ermilo, que é o CKO, um sujeito chave nas consultorias (da redação, pelo menos). Na verdade, é o editor de Geral.

Loucura, loucura, loucura, diz Luciano Huck. Loucura é uma coisa que quem não tem só pode ser completamente louco, diz a escritora Adriana Falcão. Loucura é bom, ruim, ou assim assado. Os loucos gritam quando são contrariados. Eu falo alto com uma convicção que não tenho, mas como os outros compram a ideia, eu continuo agindo assim. Dá certo. As vezes eu penso que estou ficando louca de verdade. Me desfragmentando de mim. Eu me sinto enlouquecendo e bate um medo terriível. Mas meu psiquiatra me tranquilizou: "o principal sintoma de que você não está enlouquecendo é pensar que está."

No fim, que não é louco não pode ser muito certo. Tenho prá mim que somos tods
F na CID 10 da saúde. CID é a lista internacional de doenças. NO F estão os transtornos mentais e comportamentais. Sou F31. Imaginem que transexualismo é considerada doença mental, pois está na CID 10 como F64.

Eu desconfio de que alguns políticos sejam F63.2 A CID-10 assim define a cleptomania: “falhas repetidas em resistir a impulsos de roubar objetos que não são adquiridos para uso pessoal ou ganho monetário. Os objetos podem, ao invés, ser jogados fora, presenteados ou armazenados.”. Hum, pensando bem nao é a definição certa. Mas para safadeza, não existe F. Sou louca, então!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Trote apressado

A pauta era em plena "madrugada" de domingo. Acordar às 6h para estar as 7h em Arroio do Meio em tempo de trotar na "caminhada contemplativa". De tênis e com cara de sono, desço emburrada as escadas de casa, porque afina é domingo e eu não coloquei o despertador. Resultado: equipe em frente da minha casa a me esperar.
Quem afinal inventou a ideia de uma caminhada na madrugada de domingo? Pensava eu beiçuda. "Se tiver três pessoas nessa caminhada eu grito". Perderia o sono e a pauta.
Qual não foi minha surpresa quando avistamos no interior de Arroio do Meio mais de cem "atletas". E o prefeito, lépido e faceiro, de tênis, aguentou o tranco de quatro quilômetros.
Surpreendeu-me a disposição dos mais velhos. A turma dos sessenta, setenta, estava muito mais entusiasmada do que os alunos. Eu me dei conta de que os vovôs estão adotando bons hábitos, são os jovens que estão desleixados com o que comem, bebem, ou agem. Mas todo mundo quer ser magro. Eu sou a rainha do ócio, mas naquele momento, queria caminhar os quatro quilômetros. Queria. Eu juro. Respirar frescor e olhar as vaquinhas vindo em nossa direção, todas curiosas com aquele "plantel" de gente. A caminhada nada tinha de contemplativa. Eles nem notavam que estavam em passo apressado, acostumados estão a fazer exercícios diários. Senti inveja e vergonha. Pela primeira vez em muitos anos pensei em acordar sempre assim tão cedo e caminhar. Eu consegui assimilar o prazer dos caminhantes.
Meu colega Rodrigo também. Ele percorreu cem metros, ficou se achando com a "qualidade" de sua performance. Sentou no carro e veio com essa: "nossa, eu já sinto que estou liberando endorfinas. Estou sentindo aquele prazer que os atletas sentem no fim de cada exercício." A risada foi geral. Clube da endorfina em ação.

sábado, 12 de novembro de 2011

Costa larga e pouca "voglia"

Venho observando duas vertentes de defesa e um dilema: há quem não entende gente que defende os animais e não defende crimes contra crianças. De outro lado, estão os defensores de animais que fazem alarde, se organizam, as vezes saem mais cedo do trabalho para protestar diante do Forum. Eles acabam ganhando espaço na mídia porque se mobilizaram, tiveram vontade de agir, mandam e-mails marcando encontros, ligam para confirmar o ato. E no fim, levam animais que - queria ou nao- dão força a ação.
Eu poderia defender os ativistas porque compreendo seu amor pelos bichos. Mas também compreendo o amor por gente. E compreendo a ausência de manifestações contra a crueldade humana.
Mas vou falar o óbvio que é ululante. Nos ultimos tempos, ativistas estão mostrando poder de organização. Parecem muito mais unidos. Parecem menos preguiçosos porque lutam realmente por uma causa. Cumprem a promessa de se fazerem presentes nos locais. É um protesto forte, honesto, esperto e simpático.
Queria muito que as pessoas que não entendem as ONGs fizessem o mesmo. Por exemplo, quando lerem no jornal sobre um estupro, queria que fossem à frente das delegacias. Falar dos outros é facil. Dificil é fazer o que os outros fazem. O errado é sempre o cara do lado. Se os ativistas tem o poder de se unir, porque não criar Ongs de humanistas? De protetores de crianças? Eu não estou falando em fazer trabalho voluntário uma vez por semana em uma instituição de caridade. Eu estou falando em arregaçar as mangas.  Por que ninguém se mexeu quando um homem que estaria condenado a 46 anos de prisão por ter estuprado durante 13 anos as 3 filhas foi "absolvido"? Alguns vão dizer: mas eu nem li no jornal..Mas estava lá, em letras garrafais. Saiu muito na imprensa. Ninguem fez nada. Não houve protestos, não houve um ai sequer. Ninguem nem postou sua indignação no Facebook.
O que eu estou vendo ultimamente e que eu tenho medo é que com as manifestações contrarias aos ativistas, eles nunca mais se manifestem. Aí, nao vai ter defensor nem de humano, nem de animal. E ai tera gente que diz: como o povo é leso, não se manifesta por nada. É muito pacífico!
Lajeado tem 72 mil habitantes. Deve haver uns 200 ativistas na cidade (estou exagerando,  tem menos). Isso significa que sobram mais de 71 mil pessoas para protestar para os humanos. Vamos tirar a população nova: vamos colocar umas 30 mil pessoas. Então, 30 mil pessoas podem muito bem fazer um big protesto. Eu nunca vi nem dez se mobilizarem por estupros, exceto as mulheres do Outubro Rosa que o fazem pelo câncer de mama e alguma entidade que faz algo pela barranca do rio.
Mas então, cadê as 30 mil pessoas que poderiam estar nas DPs??? Quando lerem outro estupro no jornal, poderiam se mobilizar. Levar faixas, cartazes e bonecas (em menção a crianças com a infancia interrompida). E se tivesse a presença de empresários, engenheiros, médicos, arquitetos, mulheres da sociedade, o ato seria ainda mais valorizado. Tenho certeza que renderia manchetes, fotos, entrevistas ao vivo em radio, capa em jornal. Mas protestar no Facebook, blogs, orkut, twitter, ah isso não né. Isso nem é tirar a bunda da cadeira.

11 na cabeça

 Uma rara conjunção de números faz esotéricos, numerólogos e os nativos de escorpião se voltar a esta sexta-feira: 11/11/2011. Quando o relógio cravar 11h11min, o fenômeno vai se tornar a ocorrência mais incomum . É preciso esperar cem anos para que ocorra novamente. Para muita gente é só uma coincidência do relógio e dos astros. Mas alguns acreditam numa data de significados.

Mas  existe uma historia muito bacana que aconteceu com nativos de 11 do 11. Envolve Mariano Rodrigues e a nutricionista Ana Paula Dexheimer. Os dois nasceram há 37 anos no mesmo hospital e foram “trocados” na maternidade. É um fato que ambos relembram com bom humor e contam nas rodas de amizade. Ana Paula estará mudando de idade pontualmente às 11h30min - 19 minutos após a hora emblemática. Ontem, os amigos se reuniram para contar a história que relatam há anos quando as mães - Lory e “Lora” - foram para a maternidade em 11 de novembro de 1974.

As duas gestantes se conheciam, mas uma não sabia que a outra estaria no hospital. Ana Paula nasceu antes, mas foi Mariano que mamou antes no peito da mãe de Ana Paula. Levaram o menino para Lora. “Ele tomou o meu colostro, tem uma dívida eterna comigo”, brinca a nutricionista. O episódio poderia ter parado por aí. Acontece que os bebês cresceram: Mariano se casou uma semana antes de Ana Paula. E foi marido da melhor amiga da nutricionista. “Fomos colegas de catequese e fizemos junto a Comunhão”, informa Mariano. “Nós sempre brincamos que somos irmãos de leite.” Com personalidades expansivas, mas possuindo fortes ponderações, a censura rola solta quando um amigo contradiz o outro. “Nativo de 11 do 11 não faz isso”, admoesta Ana Paula.

Para Mariano, que não acredita em numerologia, nem em celebrar aniversários, o fato os uniu. Hoje, Ana Paula dá aulas de artesanato na sua loja.

Amor marcado pelo 11

Patrícia e Jorge Andres sobem ao altar hoje à noite. O casal de empresários convidou os amigos para festejar a data especial, justamente porque o 11 é onipresente na vida deles. “Só não fizemos a cerimônia às 11h da noite porque seria muito tarde para os convidados”, brinca Patrícia. O casal estrelense se conheceu num dia 11 e fez o casamento civil dia 11 de outubro, às 11h. “Escolhemos a data em função de que tudo que fizemos tem 11.” A sincronia do casal com o número provoca curiosidade e, para eles, um futuro cercado de boas vibrações. “Só faltava não dar certo”, diz a noiva, que é enamorada de sua cara-metade há quase 11 anos.

Ontem, o 11 deu a prova persecutória sobre o casal. Ao selecionar a fotografia que ilustraria a matéria, Patrícia apontou para um retrato em especial e pediu à fotógrafa: “Envia esta”. A profissional sorriu e exclamou: “Adivinhe o número da imagem: 111”.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Telhado de vidro

Às portas de novembro, as roupas encurtam.  Eu prometo um baita streap-tease. Essa nudez será verborrágica

.  Descarto de antemão também o compromisso de me fixar em opiniões eternamente imóveis. Sei que ao escrever, minhas palavras poderão ser usadas como munição no futuro. É tácito, aqui entre nós, mudo de ideias, mas nao de princípios. E eu adoro quando acende uma lamparina na minha cabeça que me indica que é hora de mudar de ponto de vista. Dá uma sensação de progresso. E mesmo quando eu volto atrás, parece que avanço um passo a frente.

Olha só, gente. Eu vou divagar. Mas não devagarinho. É certo que quanto mais a gente pensa, mais palavrinhas saltitam pela nossa cabeça. Eu  estou me propondo a exercitar o meu portal da transparência. Estamos tão acostumados a usar a maquiagem social, que sofremos por não mostrarmos o que vai na alma. Este será o meu teto de vidro e eu tenho medo disso. Mas quero fazer, porque quero testar minha coragem de ser eu. Nós cometemos tantos erros em nome dos extremos ou tentando acertar a mão. As vezes esticamos a corda falando demais, cometendo o "sincericídio". Em nome da franqueza, e porque nos achamos "honestos", detonamos o outro.

E eu creio que olhar para si, encarar teus medos, erros, teu mutismo ou tagarelice interna é uma forma de fazer emergir a lucidez. Se revelar nem sempre é cômodo. Nunca é. Tirar a blusa, a calça, o suéter é relativamente fácil. A proposta é despir a alma. Afinal tudo que traz honestidade significa enfrentamento. Este é um strip-tease que não ousamos com o marido, o parceiro, o amigo. Quanto muito, com o terapeuta ou psiquiatra. Mas não é para eles que temos de ser sedutoras ou sedutores. Este é um strip-tease que nem J.R Duran ou qualquer outro fotógrafo da Playboy poderá retratar. O clique é meu. É seu!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cordeiro excluído

Antes de descer, corpo é negado quatro vezes

Família de vítima vai à Justiça para transferir morto ao cemitério católico. Empresário foi separado do túmulo da companheira por ser luterano


Poço das Antas - O corpo de um cristão, um dilema religioso e a imprensa em cima. O caso passaria em branco não houvesse sucessão de coincidências para dar holofote ao sepultamento de Irineu Wasen, sexagenário que na hora da morte sentiu a rejeição de não estar no rebanho certo. Pelo menos no momento derradeiro.
Vítima de um acidente na BR-386, morreu durante o Feriado de Finados. O episódio vitimou ainda sua companheira Eunice Ely e a sogra Carmelita Ely. Pelo número de mortos, a tragédia recebeu atenção dos veículos de comunicação. Mas foi o funeral que causou repercussão. Irineu foi rejeitado quatro vezes. A luta para enterrar o morto foi angustiante e cansativa, relata sua irmã, Ana Lisete Windberg

Irineu Wasen era luterano e morava na capital. Mantinha em dia a mensalidade da congregação em Porto Alegre. Uma série de fatores o tornou “excluído” do rebanho divino. Inicialmente, desejavam enterrá-lo junto à mulher e a sogra no cemitério católico em Poço das Antas. Os familiares tiveram de bater em cinco “portas” até que ele fosse sepultado.

Em busca do “campo santo”

Na primeira vez em Poço das Antas, o padre negou por Irineu não ser católico. Na segunda vez, novamente em Poço das Antas , foi recusado pelo pastor por não fazer parte da congregação.

Na terceira vez, familiares dizem que Irineu foi negado pelo prefeito de Teutônia. Por não ser do município. Logo depois, teria aceitado autorizar o enterro diante da liberação do Ministério Público. Desta vez, teria sido a promotoria a engrossar o impasse.“A promotoria não autorizou alegando que ele não era munícipe”, conta a irmã do empresário, Ana Lisete Windberg, que mora e trabalha em Teutônia.

A quinta porta de Deus foi aberta e o empresário conseguiu ser sepultado: no cemitério evangélico em Linha Clara, interior de Teutônia, junto aos avós. A negociação do enterro teve o auxílio do presidente da comunidade Ariberto Magedanz “Conseguimos a autorização ao meio-dia de quinta-feira”, frisa Ana.“Foi desgastante e até humilhante, passamos a madrugada ligando e negociando”. Às 14h, o caixão do empresário foi colocado no jazigo dos ancestrais.

Na Justiça

Os parentes velaram os mortos absorvidos pelo desgaste de um dilema religioso. Ontem, algumas horas após o funeral, se mostraram indignados e vão levar o assunto adiante. Ana diz que vão procurar a Justiça para sepultar o irmão no cemitério católico, junto com companheira com a qual viveu durante 25 anos.“Eles se conhecem desde pequenos. Uma vida toda juntos e agora estão separados.” Segundo Ana, o casal acreditava na vida eterna e buscava isso na religião. “ Eles era muito religiosos, praticavam o bem e eram pessoas do bem. Pagam seus impostos como um brasileiro, honestos, e agora nesse momento de requerer um direito que a própria constituição lhes dá é negado.” Ana está inconformada pela separação em morte do pai e sua companheira. “Deus não é um só para todos?”


Para Bispo houve “falta de experiência”

O bispo emérito da diocese de Santa Cruz do Sul, Dom Sinésio Bohn, opina que a recusa tanto de padre quanto de pastor tenha sido ausência de experiência. “Falta de treinamento com a sociedade pluralista.”

domingo, 6 de novembro de 2011

Farra filosófica de fim de semana

Schopenhauer me absorveu tanto. Bebi da melancolia dele durante toda a madrugada e não conseguia parar de lê-lo.To me sentido tão lúcida. Uma vida feliz é impossivel, o maximo que se pode ter é uma vida heroica. A vida é uma sucessão de perdas e vai piorando cada vez mais até o pior acontecer. E a morte brinca um pouco com sua presa antes de abocanhá-la. É sempre assim. A lucidez só existe na tristeza. A poesia é perfumaria, é maquiagem social. É museu de cera. E a felicidade não só não existe, como desejá-la é para as almas rasas. É muito pouco desejar ser feliz. Todo mundo quer. O que ninguém consegue é ser sereno.
E que mal há na dor da vida? Olha só..se tu pensar pelo ponto de vista da eternidade, fingir durante uns 80 anos neste muito é muito pouco..

Creio que não era isso o que Spinoza quis dizer quando concebeu a tese "sub specie aeternitatis" (sob a perspectiva da eternidade). O homem comum vê as coisas no tempo, a partir das suas percepções, recordações e imagens, visando objectivos egoístas.  O sapiens abdica do carácter fortuito das coisas e interpreta-as a partir de Deus, na necessidade e eternidade que lhes são próprias.

Espinosa demonstra que a parte eterna da mente consiste no intelecto, cujas idéias representam adequadamente a realidade sob o aspecto da eternidade : “quanto maior é o número de coisas que a mente conhece pelo segundo e pelo terceiro gêneros de conhecimento, tanto maior é a parte dela que permanece ilesa”. 
Todas as idéias da parte eterna da mente, ou seja, do intelecto, nos permitem conhecer aspectos eternos, necessários e imutáveis da realidade.
(http://www.revistaindice.com.br/4marcosgleizer.pdf)


*** Spinoza ainda é demais prá minha cabeça. Em um fim de semana só eu misturei a impernanência do budismo e a realidade eterna de Spinoza.É  ainda encontrei Schopenhauer nua e cruamente sã. Um chopp para Tio Schop, que eu adoro e compreendo. 

Por que há de se orgulhar o homem?Sua concepção é uma culpa, o nascimento um castigo, a vida uma labuta e  a morte, uma necessidade! (Schopenhauer)



Me deseje merda do fundo da tua alma!

Segunda-feira passada foi minha estreia no Pitonicas do jornal O Informativo. Ganhei uma coluna e estou me sentindo a Martha Medeiros do Vale. Até fiz pose parecida. Escrevi tanto que atochei de texto a coluna. Não tive audiência, até eu passei batida pela página na primeira vez que folheei o jornal. Não me contive, murmurei um palavrãozinho.

Aquele básico - vou afrancesá-lo para não chocar você, meu caro leitor, embora esteja crente de que o escute pipocando nas filas de banco. "Mérde". Aliás esse termo no teatro é muito
bem vindo. É uma expressão que os artistas utilizam antes de entrar em cena.
É uma saudação de boa sorte. Não fique "p da vida" se ler nas redes sociais
algum amigo seu que vai encenar uma peça receber o veredicto: "muita mérde
para você". É bom presságio. E se você desejar isso a ele, estará na crista
da cultura teatral. O ator não irá retribuir seu "mérde" com um "obrigado".
Ao contrário, vai desejá-lo a você também.
Uma das explicações para a origem do termo é que antigamente, as pessoas iam para o teatro de carroças. E os cavalos faziam cocô nas calçadas. Assim, quando mais resíduos ali no local,
mais a casa estava lotada. Estrume fora, sucesso dentro.

Fora, o teatro, não disparo tantos palavrões. Mas sou a favor de emiti-los
em determinados momentos. Me desculpem os super-hiper-mega controlados, mas
sair do eixo às vezes é fundamental para manter a sanidade. Chutar o pau da
barraca, descer dos tamancos, berrar atrocidades é legal prá caramba.Bradar
PQP de vez em quando é um método terapêutico. É barato e eficaz. Eu faço
muito isso em trânsito. Se você estiver na minha frente atrapalhando o
tráfego, sinta-se insultado. Como motorista que "trabalha" suas neuras no
trânsito, disparo uma série de palavras inomináveis.
Descobri que soltar palavrão é bárbaro porque depois de alguns minutos, você nem lembra mais do
motivo que lhe fez rugir dessa maneira. Está tão ocupado em "achar" mais
adjetivos para o cidadão, que o motivo da raiva some e você quer brincar com
sua criatividade inventando mais palavras de baixo calão. Começa com os
palavrões mais comuns: Otário, Ôrra meu, FDP. Quando dá conta, está
inventando variantes.

A um tempo atrás, uma pesquisa registrou os dez palavrões mais utilizados. E
pela lista você percebe como o membro masculino é requisitado para curar o
"problema". A palavra mais dita começa com C. Aí você troca alhos com
bugalhos e manda ver no palavrão. A segunda mais proferida é sinônimo da
primeira. Ôrra meu, tanta gente lembra disso o tempo todo.

O reduto do palavrão é a partida de futebol. Você até desliga do jogo para
prestar atenção ao palavrão do cara ao lado. Ele consegue o cúmulo. Xingar o
juiz com um novo e criativo "palavrório". Todo mundo ri. É uma terapia em
grupo. Tão boa quanto o gol. Oléeee! Xingar é um ato de descarregar uma
raiva curta e momentânea. Serve para tirar o stresse. As vezes os piores
palavrões são nossos melhores amigos. Se não fossem eles, os consultórios
psiquiátricos estariam ainda mais abarrotados de gente. Haja dinheiro para
pagar tanta consulta. Na hora de desembolsar, seria inevitável soltar o
verbo: PQP!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Sexo casual dá confiança a eles e detona a auto-estima delas

Mulheres que procuram sexo casual como forma de sentirem-se mais bonitas e confiantes frustram-se no dia seguinte. Para os homens, uma noite de amor sem compromisso eleva o ego e a fama de conquistador.


A amizade colorida sempre existiu mas nunca esteve tão na moda. As baladas noturnas são a senha para relacionamentos sexuais de uma só noite. O sexo sem compromisso populariza-se cada vez mais entre as mulheres, que abrem mão do romantismo em favor da libido.Sem cobranças ou sentimentos, elas vivenciam experiências fugazes, de poucas horas e sem apego. Mas o arrependimento “pinta” no dia seguinte. É o que revela uma pesquisa conduzida por uma psicóloga inglesa Anne Campbell. Ela analisou o comportamento de 1743 homens e mulheres nas manhãs seguintes às relações sexuais casuais, na Grã-Bretanha. Os resultados mostram que 80% dos homens avaliaram o encontro de maneira positiva enquanto só 54% das mulheres julgaram o ato benéfico. A pesquisa revela que depois do sexo, eles demonstraram maior satisfação sexual e autoconfiança. E disseram que gostam de contar aos amigos sobre suas experiências. Já elas informaram se sentir usadas e decepcionadas e ainda se preocupam com a conseqüência da reputação. A pesquisa reflete o pensamento de homens e mulheres da região. No Vale do Taquari, as baladas pipocam nos finais de semana. Sair, flertar e emendar um bate-papo com uma pessoa interessante pode significar um convite ao prazer. O locutor C.R , 29 anos, de Lajeado, fez sexo casual com mais de 30 mulheres. Alto e atraente, as conquistas sempre foram fáceis para ele. Diz que o sexo sem compromisso é uma forma de levantar a auto-estima masculina. “O homem gosta de contar para seus amigos e isso eleva o ego”. Concorda com o estudo quando trata-se de analisar o sentimento feminino. “Acredito que as mulheres frustram-se, porque elas sempre esperam algo mais do homem.”
Dar de "prima", eis o dilema que se Shakeaspeare fosse vivo, reformularia a pergunta: "dar ou não dar? Eis a questão....

**** Quando a vontade vem, vem com a mesma força. "Uma pesquisa revela que em cerca de 30% dos primeiros encontros já acontece uma relação sexual. Em 25%, ocorre entre segundo e terceiro encontro!

Grupo frequenta cemitério para conversar

Os jovens inovam e renovam locais que antes eram conhecidos pelo ar lúgubre. Em tempo de Finados, fica a dica dessa galera descolada. Mas se a moda pegar....Faca na Caveira!


A árvore que produz sombra à sepultura de Waldo Jaeger, enterrado na década de 1940, alimenta a conversa de um quarteto que todas tardes, encontra-se no cemitério evangélico de Lajeado. Localizado no Centro, o local é murado, mas o portão de ferro entreaberto é a brecha para acolher quatro jovens.. A faixa etária varia entre 15 e 17 anos, o estilo de vida é uniforme: típico “Carpe Dien” (aproveite a vida) de uma forma rebelada. Nenhum estuda, todos amam música e bares, de preferência alternativos e gratuitos. Lucas é o extrovertido da turma: ele quem designou “Waldo” como protetor do grupo. Alojados a beira do túmulo e resguardados do sol, bebem refrigerantes e fazem o lanche. “Eu não tenho medo de gente morta”, salienta Priscila. Dois piercings no lábio, um no nariz e um no bridge (entre os olhos), seu perfil roqueiro se molda ás tribos urbanas que povoam as grandes cidades. “Gosto de aproveitar a vida.” Sair, conversar com os amigos, ouvir ACDC e Ozzy Osbourne. Não é adepta da televisão porque MSN, redes sociais e cemitério lhe ocupam o tempo. Toca guitarra e bateria, mas não gosta de rótulos. “A gente não segue um modelo, não temos um padrão.”

A turma rejeita estigma de góticos, cult ou emos, muito embora seja mistura de todos esses e outros tantos. A descontração e risadas impera entre os túmulos, mas a bagunça não. A zeladoria liberou a entrada desde que mantenham o lugar organizado. “Aqui é como a casa da gente. A gente conversa e toma refri”, expõe Lucas, sempre disposto ao sarcasmo e ao bom-humor.

O quarteto optou por encontros no cemitério por discrição, embora a iniciativa tenha saído pela culatra. “Não temos muitas opções para ir. E não queremos nos misturar com outras pessoas.” A lógica foi estar entre os mortos. Há quatro anos ocorreu a primeira reunião no cemitério no Bairro Florestal. Por questão de geografia, a turma migrou para o Centro. “É aconchegante”, diz uma voz sentada sobre Waldo. Em função das depredações das lápides porque há baderneiros que violam sepulturas a noite, o local ganhará câmeras. Não é algo que atormenta o grupo, que após a visita, arrecada o lixo produzido nas horas de conversa. “Vamos para o Galera”s à noite?”, indaga Priscila. A turma concorda. Mas a tarde é do Waldo.